Trabalho

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XI JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2011 – UFRPE: Recife, de
09 a 13 de Dezembro.
As práticas socioeconômicas da produção do açúcar por
famílias judaicas em Ipojuca durante o período holandês, a
influência cultural desses grupos para a região.
Pollyana Calado de Freitas1, Ana Lúcia do Nascimento 2
Introdução
Investigar os vestígios judaicos durante a colonização do Brasil abre um leque de
interpretações fundamentadas em novas abordagens da historiografia, aprofundar o estudo para
a participação das famílias judaicas e seus costumes nos traz a possibilidade de observar o
cotidiano através dos símbolos e características culturais. As capitanias do Norte em especifico,
hoje correspondente ao Nordeste do Brasil, sofreram bastante influencia judaica, e ainda na
atualidade apresentam características territoriais e culturais deste momento. A presença judaica
nas Américas efetivamente se deu no século XVII durante a ocupação holandesa (1640-1654),
principalmente no ano de 1635. Contudo antes da presença dos judeus no Brasil Holandês, a
América Portuguesa já era palco de alguns costumes e rituais judaicos, com a participação dos
cristãos-novos desde 1542, de forma permanente, segundo José Antônio Gonçalves de Melo.
Os espaços construídos são referências territoriais, que testemunham o modo de vida do
passado. 3 Em um processo continuo a faixa litorânea da atual zona da mata pernambucana foi
cedendo lugar aos engenhos distribuídos em grandes latifúndios, visto que está região
disponibilizava de grandes riquezas naturais como solos de aluvião de acentuado índice de
fertilidade. A presente pesquisa encontra-se inserida em um projeto maior denominado: Os
Estudos Arqueológicos e Históricos para a Construção do Material Didático para a Educação
Patrimonial. Subsidiando através de novas pesquisas acadêmicas.
Material e método
O projeto de salvamento arqueológico realizado no espaço que hoje abriga a refinaria
Abreu e Lima coordenado pelo laboratório de arqueologia da UFRPE proporcionou, entre
outros estudos, a problematização da ocupação judaica durante a colonização do país.
A
arqueologia é antes de mais uma ciência social, que visa, a partir da analise das
materialidades que nos rodeiam, contribuir para o conhecimento da história da nossa espécie.
4
. O grande destaque se dá ao sítio arqueológico RNEST-30, visto que entre os vestígios
encontrados está a estrutura de uma casa, com características de construções coloniais (o tipo de
tijolo, o aditivo, construção, entre outras). O que mais nos chama atenção na estrutura é uma
1
O Primeiro Autor é graduando do curso de Licenciatura Plena em História pela Universidade federal Rural de
Pernambuco (UFRPE), e bolsista PIBIC_CNPq.
2
O Segundo é Professor Adjunto do Departamento de História, Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE).
3
SANTOS, Shirlei Martins dos. Reconhecendo os engenhos da freguesia de Santo Antônio do Cabo: uma
leitura interpretativa da cultura material remanescente do final do século XVI e inicio do século XVII. Recife,
UFPE,1995. p.26.
4
JORGE, Vítor Oliveira. Arqueologia, Patrimônio e Cultura. 2° Ed. Instituto Piaget, 2007. p11
XI JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2011 – UFRPE: Recife, de
09 a 13 de Dezembro.
forma circular, quase que totalmente conservada e que diante das condições que se apresentou
durante a escavação pode ser remetida a um poço. A possível estrutura do poço foi evidenciada,
porém não foi totalmente escavada por se encontrar em estado muito friável, podendo desabar
se escavássemos sem antes realizar a consolidação. Existe uma grande é a possibilidade de o
poço ser judaico (o bor), o qual está inserido no conjunto maior da mikvê (elemento no ritual
judaico). Especialistas ainda investigam a confirmação de ser esse achado um elemento de
origem judaica. Ver anexo I. Realizamos um casamento de fontes, assim buscamos trabalhar
fontes históricas e arqueológicas. Utilizamos também fontes bibliográficas para melhor
compreensão do tema. Para a construção do material didático contribuímos com os dados
levantados e construímos uma oficina de educação patrimonial, a qual foi oferecida a alunos de
escola publica do município de Ipojuca. Ver anexo II.
Resultados e discussões
A grande particularidade tanto dos cristãos-novos como dos judeus é o poder de
assimilação da cultura local de onde se encontram, aculturação inicial torna-se um mecanismo
de “negociação” para uma “adaptação” desejável, um novo ambiente que envolveu elementos
da cultura judaica e da cultura local. Sendo assim presentes na colônia ambos foram inseridos na
cultura colonial de forma social e econômica, principalmente.
Aparentemente, o maior peso da lógica de preservação das tradições foi
dada pelos cristãos-novos através da vertente cultural, uma vez que a
estrutura de uma vida religiosa não podia ser cumprida dentro dos preceitos
do judaísmo, pelo menos abertamente5.
O símbolo que o sítio arqueológico pode representar para a sociedade traz grande
complexidade, visto que reafirmaria a passagem durante a colonização do Brasil de um grupo
distinto, os judeus. A cultura material – mikvê- possibilita pensarmos em uma colônia dinâmica,
que era permissiva a transgressões dentro de seu cotidiano. “Não seria possível uma história da
vida cotidiana sem as evidências da cultura material, assim como a história da cultura material
seria ininteligível se esta não fosse colocada no contexto da vida cotidiana”. 6. Com o objetivo
de resgatar a memória e a história da região da refinaria, faz parte do projeto de salvamento a
construção de um museu com a restauração e preservação do RNEST-30, para visitação pública
da sociedade. No processo de reconhecimento e identificação faz parte etapas de ação educativa,
onde oficinas de educação patrimonial são oferecidas a comunidade e também a construção de
outro projeto que leva para todo o estado o patrimônio arqueológico através do ônibus museu e
5
KAUFMAN, Tânia Neumann (org.). A Cultura Alimentar Judaica de Pernambuco. Recife, PE: Edição do
Arquivo Histórico Judaico de Pernambuco. 2010, p 31.
6
BURKE, Peter. “A cultura material na obra de Gilberto Freyre”. In: FALCÃO, Joaquim; ARAÚJO, Rosa Maria
Barboza de. [Orgs.]. O imperador das ideias. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho/Topbooks, 2001. p. 68).
In: QUINTAS op. cit., p. 53.
XI JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2011 – UFRPE: Recife, de
09 a 13 de Dezembro.
hoje vem ampliando para o Brasil, o Projeto Expondo Cultura, coordenado pelas professoras
Ana Nascimento e Suely Luna.
Agradecimentos : diante de meu ultimo projeto de pesquisa na graduação, aproveito o espaço
para agradecer a quem desde o primeiro período me deu oportunidades e acreditou em meu
potencial, a professora Ana Nascimento. Sou grata também a todos meus colegas de curso que
de forma positiva estiveram comigo.
Referências
BURKE, Peter. “A cultura material na obra de Gilberto Freyre”. In: FALCÃO, Joaquim; ARAÚJO,
JORGE, Vítor Oliveira. Arqueologia, Patrimônio e Cultura. 2° Ed. Instituto Piaget, 2007. p11
KAUFMAN, Tânia Neumann (org.). A Cultura Alimentar Judaica de Pernambuco. Recife, PE:
Edição do Arquivo Histórico Judaico de Pernambuco. 2010, p 31
MELO, José Antônio Gonsalves de. Gente da Nação: Cristãos-novos e Judeus em Pernambuco, 15421654. Recife: FUNDAJ, editora: Massangana, 1990.
Rosa Maria Barboza de. [Orgs.]. O imperador das ideias. Rio de Janeiro: Fundação Roberto
Marinho/Topbooks, 2001. p. 68). In: QUINTAS op. cit., p. 53.
SANTOS, Shirlei Martins dos. Reconhecendo os engenhos da freguesia de Santo Antônio do Cabo:
uma leitura interpretativa da cultura material remanescente do final do século XVI e inicio do
século XVII. Recife, UFPE,1995. p.26.
Anexo I
Aplicação da oficina de educação patrimonial, em
Ipojuca.
Anexo II
Sitio arqueológico – 30. Evidência do poço
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