uso de gel hidroabsorvente no plantio de mudas de cana-de

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Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP - 2016
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USO DE GEL HIDROABSORVENTE NO PLANTIO DE MUDAS DE CANA-DE-AÇÚCAR
LUIS E. BATISTA¹, MATHEUS I. BULGARELLI², JUAN G.C.L. RUIZ³, PAULO R.P.
MARTINELLI4
1
Pós-Graduando em Fertilidade de Solo e Nutrição de Plantas, UNIFAFIBE,
[email protected]
2
Pós-Graduando em Fertilidade de Solo e Nutrição de Plantas, UNIFAFIBE,
[email protected]
³ Professor Doutor Engenharia Agronômica e Pós Graduação, UNIFAFIBE, Campus Bebedouro
4
Professor Doutor UNIFAFIBE, Campus Bebedouro , e IFSP, Campus Matão
Campus
Bebedouro,
Campus
Bebedouro,
Área de conhecimento (Tabela CNPq): Produção de Mudas – 5.01.03.04-0
Apresentado no
1° Congresso de Pós-Graduação do IFSP
29 de novembro a 02 de dezembro de 2016 - Matão-SP, Brasil.
RESUMO: A água é essencial para o desenvolvimento, crescimento e produção das culturas
agrícolas, sendo assim, o seu déficit interfere negativamente na produtividade agrícola. O uso de
plantio de mudas já formadas garante melhor viabilidade populacional (stand) á campo, porém sua
necessidade de faixas ideais de umidade de solo são maiores quando comparados ao plantio
convencional. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento de plântulas de cana-de-açúcar
com diferentes lâminas de irrigação e diferentes doses de polímero hidroabsorvente no solo. O
experimento foi conduzido em vasos em casa de vegetação com delineamento totalmente casualizado.
Foram avaliadas as características agronômicas de altura de plantas, mensurada do solo até a última
aurícula visível; diâmetro do colo, medida no colo da planta; e massa seca da parte aérea. O uso de
hidroabsorvente não influenciou as características de altura e diâmetro das plantas, porém a massa
seca da parte aérea das plantas foi diretamente afetada pela lâmina de irrigação empregada, sendo que,
quanto maior a lâmina de água aplicada maior a massa seca mensurada.
PALAVRAS-CHAVE: Polímero, plântulas, Saccharum officinarum, lâminas de irrigação.
.
USE OF HYDROGEL IN PLANTING OF SUGARCANE SEEDLINGS
ABSTRACT: Water is essential for development, growth and yield of crops, thus, its deficit interferes
negatively on agricultural productivity. The use of planting seedlings already formed ensures better
population viability (stand) will field, but their need for optimum range of soil moisture are higher
when compared to conventional tillage. The objective of this study was to evaluate the development of
sugarcane seedlings with different irrigation and different doses of hydrogel polymer into the soil. The
experiment was conducted in pots in a greenhouse with completely randomized design. the agronomic
characteristics of plant height were evaluated, measured from the ground to the last atrium visible;
stem diameter, measured at the plant lap; and dry mass of shoots. The use of hydrogel did not
influence the characteristics of height and diameter of the plants, but the dry mass of the shoot was
directly affected by the employed irrigation depth, and the higher the water depth greater applied dry
weight measured.
KEYWORDS: Polymer, plants, Saccharum officinarum, irrigation depth.
54
55
INTRODUÇÃO
A cana-de-açúcar desempenha um papel importante na economia do Brasil, devido aos
56
aspectos sociais e ambientais, estendendo-se por 9 milhões de hectares com produção de 600 milhões
57
de toneladas concentrada principalmente em São Paulo, Centro-Sul e Nordeste (CONAB, 2014).
58
Nos últimos anos tem ocorrido a inserção de mudas pré-brotadas e micropropagadas para
59
plantios de cana-de-açúcar. Estas plântulas são altamente dependentes de solos úmidos e a
60
compensação normalmente é realizada com lâminas de irrigação, que são caras e extremamente
61
onerosas ao processo produtivo canavieiro.
62
No plantio á campo, em mudas utiliza-se de gel hidroabsorvente durante o plantio de
63
eucalipto, café, citros e outras culturas como forma de reposição de água ou tolerância à seca. Segundo
64
RIBEIRO (2010), no momento do plantio, as condições de baixa precipitação, solos com baixa
65
capacidade de retenção de água e mudas produzidas em tubetes podem causar baixas eficiências de
66
pegamento no campo, o que torna viável o uso do polímero hidroabsorvente.
67
Segundo Saad (2009) os polímeros hidroretentores podem melhorar as propriedades físicas e
68
químicas do solo, reduzindo o número de irrigações e perdas de nutrientes por lixiviação ou
69
volatilização. Na cultura da cana observou-se maior porcentagem de germinação, perfilhamento e
70
melhora na retenção de água no solo quando houve a aplicação do polímero no plantio (OLIVEIRA et
71
al., 2004).
72
Marques et al. (2013) verificaram maior perfilhamento da cana-de-açúcar durante a
73
biometria, maior produtividade da cana planta e menor queda de produtividade da cana soca, além de
74
uma correlação positiva entre ATR (açúcares totais recuperáveis) e a aplicação do gel hidroabsorvente.
75
76
77
MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi desenvolvido em casa de vegetação na cidade de Itápolis – SP, coordenadas
78
geográficas S 21°32’10,5” W 048°46'46,0" e altitude de 523 metros. O experimento foi realizado com
79
vasos de 2,8 litros e 18 centímetros de diâmetros com diferentes intervalos de irrigações (1, 2, 3 e 4
80
dias) e diferentes doses do gel hidroabsorvente, 0; 1,125; 2,25 e 4,5 gramas de polímero por litro de
81
água, que representam 0, ½, 1 e 2 vezes a dose recomendada pelo fabricante, respectivamente. Foram
82
utilizadas 5 repetições em delineamento inteiramente casualizado.
83
O volume de água aplicado foi calculado levando em consideração que a plântula consumiria
84
5 mm/dia (máximo de 4,3 mm/dia segundo RODRIGUES, 2005), que foi fornecido a cada 24, 48, 72 e
85
96 horas, portanto fornecendo-se 5; 2,5; 1,67 e 1,25 mm/dia de água, respectivamente.
86
O solo foi coletado na camada arável, de 0 a 20 cm de profundidade e peneirado com peneira
87
para café, isto para retirar impurezas vegetais e minerais e não haver torrões que podem dificultar o
88
enchimento dos vasos. Não houve correção dos atributos químicos do solo devido a análise química.
89
O enchimento dos vasos ocorreu 5 dias antes do plantio do experimento, no mesmo dia
90
realizou-se uma irrigação em todos os vasos de 10 mm calculada levando-se em conta o diâmetro do
91
vaso utilizado. O polímero foi mensurado em balança analítica, adicionado uma garrafa de 5 litros
92
(tipo de água mineral) e posteriormente adicionado 4 litros de água osmolizada mensurada com
93
proveta de 500 ml.
94
O plantio ocorreu 20 horas após a pesagem e hidratação do polímero. Cada vaso recebeu o
95
volume de 100 ml de polímero hidratado e na dose 0 foram adicionados 100 ml de água em cada vaso.
96
A cobertura foi realizada com o solo do próprio vaso e no dia seguinte iniciaram-se as irrigações.
97
Foram avaliadas características de altura da planta e diâmetro de colmo aos 10, 20 e 30 dias
98
após o plantio (DAP) e massa seca da parte aérea aos 30 DAP. Para avaliação de altura, utilizou-se de
99
régua plástica graduada mensurando a planta do nível do solo até a última aurícula visível; para o
100
diâmetro utilizou de paquímetro digital mensurando o colo da planta; A massa seca foi obtida por
101
pesagem da parte aérea em balança analítica após a secagem do material em estufa seca por 24 horas,
102
com temperatura de 60°C e ventilação forcada.
103
104
105
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As avaliações de altura e diâmetro de plantas aos 10, 20 e 30 dias após o plantio (DAP) não
106
apresentaram diferenças estatísticas entre as doses aplicadas de polímero ou ao estresse hídrico
107
aplicado. Mostrando que o polímero não influenciou o desenvolvimento inicial das mudas.
108
Tabela 1: Médias da altura, em centímetros, das plantas submetidas a diferentes intervalos de
109
aplicação de água com diferentes doses de polímero hidroabsorvente aos 10, 20 e 30 DAP.
Tratamentos
24 horas + testemunha
24 horas + Pol. Hid. 1,125 g/l
24 horas + Pol. Hid. 2,25 g/l
24 horas + Pol. Hid. 4,5 g/l
48 horas + testemunha
48 horas + Pol. Hid. 1,125 g/l
48 horas + Pol. Hid. 2,25 g/l
48 horas + Pol. Hid. 4,5 g/l
72 horas + testemunha
72 horas + Pol. Hid. 1,125 g/l
72 horas + Pol. Hid. 2,25 g/l
72 horas + Pol. Hid. 4,5 g/l
96 horas + testemunha
96 horas + Pol. Hid. 1,125 g/l
96 horas + Pol. Hid. 2,25 g/l
96 horas + Pol. Hid. 4,5 g/l
110
H Média
aos 10 DAP
(em cm)
10,50
12,83
11,33
12,83
12,17
11,83
12,33
12,33
11,83
12,33
12,17
12,67
11,33
12,33
12,00
12,83
F 0.9366 ns
CV% = 13.28
H Média
H Média
aos 20 DAP
aos 30 DAP
(em cm)
(em cm)
14,17
15,67
14,67
16,17
13,67
16,00
15,83
17,50
13,83
16,17
13,83
15,33
15,00
16,83
14,67
17,67
13,17
16,00
14,33
16,50
14,67
18,50
14,50
17,00
15,00
17,83
14,83
16,50
14,67
16,17
15,33
17,83
F 1.2464 ns
F 1.5348 ns
CV% = 10.10 CV% = 10.71
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de
111
5% de probabilidade.
112
Onde: H média significa Altura Média e; Pol. Hid. Significa Polímero Hidroabsorvente.
113
114
Tabela 2: Médias do diâmetro, em milímetros, das plantas submetidas a diferentes estresses
115
hídricos com diferentes doses de polímero hidroabsorvente aos 10, 20 e 30 DAP.
ø Médio
aos 10 DAP
Tratamentos
(em mm)
24 horas + testemunha
6,00
24 horas + Pol. Hid. - 1,125 g/l
5,52
24 horas + Pol. Hid. - 2,25 g/l
6,08
24 horas + Pol. Hid. - 4,5 g/l
5,98
48 horas + testemunha
6,07
48 horas + Pol. Hid. 1,125 g/l
6,13
48 horas + Pol. Hid. 2,25 g/l
6,00
48 horas + Pol. Hid. 4,5 g/l
6,10
72 horas + testemunha
5,60
72 horas + Pol. Hid. 1,125 g/l
5,63
72 horas + Pol. Hid. 2,25 g/l
6,20
72 horas + Pol. Hid. 4,5 g/l
5,88
96 horas + testemunha
5,85
96 horas + Pol. Hid. 1,125 g/l
5,72
96 horas + Pol. Hid. 2,25 g/l
5,90
96 horas + Pol. Hid. 4,5 g/l
6,02
F 0.3932 ns
CV% = 13.53
ø Médio
aos 20 DAP
(em mm)
6,62
6,73
6,85
6,82
7,20
6,52
6,63
6,82
6,05
7,08
6,52
6,63
6,95
7,05
7,17
7,17
F 0.7983 ns
CV% = 12.38
ø Médio
aos 30 DAP
(em mm)
8,03
8,20
8,02
8,12
7,98
7,62
7,85
8,05
7,52
8,12
7,55
7,52
8,52
8,07
7,77
8,18
F 0.7217 ns
CV% = 10.19
116
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de
117
probabilidade
118
Onde: ø Médio significa Diâmetro médio e; Pol. Hid. Significa Polímero Hidroabsorvente.
119
120
AZEVEDO; BERTONHA; GONÇALVES (2002) observaram que a altura, a massa seca da
121
parte aérea e massa seca das plantas de café tiveram um aumento significativo quando foi aplicado
122
hidrogel em comparação com a testemunha divergindo com os resultados observados.
123
Segundo TALHEIMER et al. (2009) houve incremento de altura e resistência a períodos de
124
seca com uso de polímero hidroabsorvente hidratado na dose de 150 ml por planta no plantio de
125
Eucalipto, dados também observados por VIER et al. (2007) e RODRIGUES (2007). Pode-se
126
constatar também que com o aumento da dose do polímero houve maior retenção de água no solo, o
127
que proporcionou menor mortalidade precoce das mudas de eucalipto (TALHEIMER, et al., 2009).
128
Dados também observados por BUZETTO et al. (2002) e RODRIGUES (2007) para mudas de
129
Eucalyptus urophylla em pós plantio.
130
ADAMS & LOCKABY, (1987) estudando o efeito de polímeros em sementeiras de espécies
131
florestais, observaram que dezoito dias após a primeira irrigação, 100% das mudas utilizadas como
132
testemunha murcharam, enquanto as que receberam o hidrogel permaneceram túrgidas.
133
A massa seca das plantas teve relação direta com o volume de água aplicado nos vasos,
134
constatando-se que quanto maior a dose aplicada de água maior é a massa seca da parte aérea das
135
mudas de cana-de-açúcar.
136
Tabela 3: Massa seca das plantas, em gramas, submetidas a diferentes estresses hídricos com
137
diferentes doses de polímero hidroabsorvente aos 30 dias após o plantio (DAP).
Tratamentos
Média (em gr)
24 horas + testemunha
2,76 abc
24 horas + Pol. Hid. 1,125 g/l
2,90 ab
24 horas + Pol. Hid. 2,25 g/l
3,13 ab
24 horas + Pol. Hid. 4,5 g/l
3,32
a
48 horas + testemunha
2,84 ab
48 horas + Pol. Hid. 1,125 g/l
2,33 bcde
48 horas + Pol. Hid. 2,25 g/l
2,26 bcde
48 horas + Pol. Hid. 4,5 g/l
2,48 abcd
72 horas + testemunha
1,91 cde
72 horas + Pol. Hid. 1,125 g/l
1,70 de
72 horas + Pol. Hid. 2,25 g/l
1,67 de
72 horas + Pol. Hid. 4,5 g/l
1,83 de
96 horas + testemunha
1,68 cde
96 horas + Pol. Hid. 1,125 g/l
1,51
e
96 horas + Pol. Hid. 2,25 g/l
1,45
e
96 horas + Pol. Hid. 4,5 g/l
1,56
e
Resumo da análise de Variância
Ponto médio = 2.49
F 11.8802 **
CV% = 17.94
138
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de
139
probabilidade.
140
A dose de 4,5 g/l de polímero hidroabsorvente proporcionou maiores massas quando não
141
houve estresse hídrico (aplicação de 5mm/dia) e quando houve estresse hídrico moderado (aplicação
142
de 2,5mm/dia). Nos demais déficits hídricos o polímero hidroabsorvente não diferiu da testemunha.
143
Corroborando com Gonçalves et al. (2010) que estudou quatro variedades submetidas a três
144
diferentes estresses hídricos, controle (80 – 100% da água disponível do solo), moderado ( 40-60% de
145
AD) e crítico (0-20% da AD) e observou redução nas variáveis da fotossíntese (taxas transpiratórias,
146
condutância estomática) em todos tratamentos, com decréscimos acentuados na plantas submetidas ao
147
nível crítico de disponibilidade de água. ARIAS et al. (1996) observou que quando a água disponível
148
do solo está abaixo de 20% a transpiração de plantas de milho torna-se praticamente nula.
149
Ainda segundo Gonçalves et al. (2010) houve redução drástica da taxa de fotossíntese devido
150
ao estresse hídrico durante o experimento, notando queda de 49,53% quando as variedades de cana-de-
151
açúcar foram submetidas á 40-60% da água disponível no solo e redução de 78,34% da taxa de
152
fotossíntese quando submetido á 20% de água disponível no solo.
153
Marques et al. (2013) constatou que devido ao uso do polímero e a consequente maior
154
capacidade de retenção de água no solo houve maior perfilhamento e maior formação de palhiço na
155
cana planta constatando com Oliveira et al. (2004) que relataram maior brotação e maior número de
156
perfilhos em viveiros de produção com o uso de polímero hidroabsorvente; Azevedo et al. (2002)
157
observou maior crescimento vegetativo dos colmos. Para cana soca Marques et al. (2013) também
158
observou maior perfilhamento, que pode ser explicado pela persistência do polímero no solo.
159
160
CONCLUSÕES
161
O uso de hidroabsorvente não influenciou as características de altura e diâmetro das plantas.
162
A massa da parte aérea das plantas foi diretamente afetada pela lâmina de irrigação
163
164
165
166
167
168
empregada, sendo que, quanto menor a lâmina aplicada menor a massa mensurada.
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