DENGUE, CHIKUNGUNYA E ZIKA VÍRUS NA ESCOLA: UMA EXPERIÊNCIA REALIZADA EM SÃO FRANCISCO DE ASSIS/RS Daiane Viero Funck 1 Denise Gabriel de Melo 2 Catiane Mazocco Paniz 3 Resumo: O Programa Institucional de Iniciação a Docência (Pibid) é um programa do Ministério da Educação, que tem como foco central aproximar os acadêmicos das Licenciaturas em geral com as realidades escolares, da rede básica de Ensino. O presente trabalho traz questões relacionadas à atividade sobre Dengue, Chikungunya e Zika Vírus desenvolvida pelas pibidianas no Munícipio de São Francisco de Assis/RS, na Escola Instituto Estadual de Educação Salgado Filho. A atividade teve como objetivo geral identificar junto aos alunos as maneiras de prevenção da proliferação do mosquito Aedes aegypti, sanar dúvidas e ainda sensibiliza-los quanto os riscos que essas doenças trazem. A atividade foi implementada em turmas de primeiros anos e foi dividida em dois momentos: uma parte teórica e uma parte prática. A parte teórica foi feita a partir dedados, fatos e notícias atuais, primeiramente sobre o mosquito e logo sobre cada uma das doenças, separadamente. Num segundo momento, os alunos realizaram uma saída de campo, nas ruas próximas a escola, onde todos procuraram objetos ou locais que havia água parada, com o objetivo de promover a consciência crítica e conscientizar estes alunos do que eles podem fazer. A implementação proporcionou o compartilhamento e troca de conhecimentos entre as pibidianas e os alunos, os quais demostraram interesse e participação nas atividades propostas, solicitando o retorno das atividades do Pibid em suas turmas. Promoveu a formação complementar dos alunos da licenciatura em Ciências Biológicas, o desenvolvimento de habilidades e competências nas diversas áreas do conhecimento, além de contribuir para a futura ação docente de forma comprometida com a comunidade local. Palavras-chave: Aedes aegypti; Pibid; Formação de professores. Introdução A educação brasileira vem sofrendo varias transformações e reformulações que há muito tempo se fazem necessárias e que busca melhorar a qualidade do ensino ofertado bem como a valorização da Educação e Educadores. Alguns fatores ainda em evidência determinam o caos como o descaso por parte do governo, escassez de verbas e recursos para investimento, baixa infraestrutura e a desvalorização dos profissionais da Educação. Além 1 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Bolsista do Programa Institucional de Iniciação a Docência. Instituto Federal Farroupilha Campus São Vicente do Sul/RS. E-mail:[email protected] 2 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Bolsista do Programa Institucional de Iniciação a Docência. Instituto Federal Farroupilha Campus São Vicente do Sul/RS. E-mail:[email protected] 3 Coordenadora de área do Pibid Subprojeto de Biologia do Campus São Vicente do Sul do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha. E-mail: [email protected] disso, há outro ponto forte que contribui para toda essa precariedade: a qualidade da formação dos licenciandos e o ensino ofertado pelas Instituições. De acordo com Pimenta (2005) além de fornecer a habilitação legal para o exercício da docência, espera-se que o curso realmente forme o professor. [...] espera-se da licenciatura que desenvolva nos alunos conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que lhes possibilitem permanentemente irem construindo seus saberes-fazeres docentes a partir das necessidades e desafios que o ensino como prática social lhes coloca no cotidiano (p.17-18). Considerando a necessidade urgente de mudanças da educação brasileira e visando a oportunidade de um ensino de qualidade a todos os cidadãos, foram criados os Institutos Federais no ano de 2008, que segundo o artigo 2ª da Lei nº 11.892/2008“[...] são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei” (BRASIL, 2008, p. 1). O Instituto Federal Farroupilha Campus de São Vicente do Sul, situado na região central do estado, oferta além dos cursos de Educação Básica, dois cursos de licenciatura (Ciências Biológicas e Química), que anseiam não apenas ampliar o quadro de professores da Rede de Ensino Básico, mas ofertar um ensino diferenciado e voltado para a realidade local. Como um incentivo aos acadêmicos, o Instituto foi contemplado em 2009 pelo Programa Institucional de Iniciação a Docência (Pibid), tanto para a Licenciatura em Ciências Biológicas, quanto para a Licenciatura em Química, desde o ano de 2010. O Pibid é um programa do Ministério da Educação, que abrange todas as áreas da Educação, e tem como foco central aproximar os acadêmicos das Licenciaturas em geral com as realidades escolares, da rede básica de Ensino. No que diz respeito à formação inicial de professores, o Pibid foi uma das mais importantes iniciativas do país, pois além de incentivar e valorizar as Licenciaturas em geral, oportuniza que acadêmicos tenham contato direto com as realidades escolares durante sua graduação, preparando-os, qualificando-os e formando-os enquanto profissional. Também possibilita um amadurecimento enquanto docente, podendo articular os conteúdos vistos no decorrer dos cursos com a prática da sala de aula, além de aprender e aprimorar novas metodologias e didáticas. Outra possibilidade que o Pibid oferece é a de se trabalhar nas escolas com temas que não façam parte do conteúdo programático, masque são tão importantes quanto, pois fazem parte do cotidiano e da comunidade escolar que o aluno está inserido. O tema é escolhido a partir da necessidade e relevância para aquele contexto social, buscando conscientizar e motivar a comunidade escolar para intervir na manutenção da saúde e do meio ambiente, ressaltando a importância da prevenção e precaução. Além disso, os educandos se tornam disseminadores dos conceitos, críticos e atuantes em sua comunidade. O tema do presente trabalho foi às três doenças causadas pelo Aedes aegypti, sendo Dengue, Chikungunya e Zika Vírus. Vários fatores desencadeiam epidemias de Dengue no Brasil e no mundo, como: [...] a proliferação do mosquito Aedes aegypti, o rápido crescimento demográfico associado à intensa e desordenada urbanização, a inadequada infraestrutura urbana, o aumento da produção de resíduos não-orgânicos, os modos de vida na cidade, a debilidade dos serviços e campanhas de saúde pública, bem como o despreparo dos agentes de saúde e da população para o controle da doença. Por outro lado, o vetor desenvolve resistências cada vez mais evidentes às diversas formas de seu controle. (MENDONÇA et al., 2009, p. 258) Atualmente, a Dengue é uma das doenças com maior incidência no Brasil, atingindo as mais diversas populações, estados e pessoas. Com isso, se torna imprescindível o desenvolvimento de atividades que sensibilize as comunidades escolares, e consequentemente a comunidade em geral, de forma a prevenir e identificar casos relacionados com a doença, evitando o aumento do número de casos. Ao trabalhar com temas voltados a saúde, possibilita a formação de educandos disseminadores de ideias/cuidados e fiscalizadores das ações dos familiares e vizinhos, cobrando muitas vezes a mudança das práticas e a construção de hábitos saudáveis. Brassolatti (2012) acredita que "uma intervenção educativa deve ser baseada em um treinamento forte de professores, para servirem de multiplicadores aos alunos e colegas, e auxiliarem, por meio de uma vigilância entomológica no ambiente da escola, na prevenção da dengue nesse espaço e, por extensão, na comunidade”. Desenvolvimento O presente trabalho foi desenvolvido por acadêmicas do Curso de Licenciatura em Ciências biológicas do Instituto Federal Farroupilha - Campus São Vicente do Sul, bolsistas do Pibid e pela supervisora da Escola. A atividade foi desenvolvida no Instituto Estadual de Educação Salgado Filho localizado na cidade de São Francisco de Assis, e tinha como tema Dengue, Zika vírus e Febre Chikungunya. A atividade foi implementada em turmas de primeiros anos e foi dividida em dois momentos: uma parte teórica e uma parte prática, com objetivo de discutir as doenças que estão em evidencia atualmente, que preocupa a todos de uma forma geral e ainda apresenta um grande risco a população. Além disso, teve o intuito de proporcionar aos alunos conhecimentos necessários sobre as doenças e acima de tudo sensibiliza-los sobre o seu papel como cidadãos perante esta realidade, podendo assim compartilhar estes conhecimentos com aquelas pessoas que não tem acesso à escola, a educação ou a informações. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais (1997): Não basta ensinar, por exemplo, que não se deve jogar lixo nas ruas ou que é necessário não desperdiçar materiais, como água, papel ou plástico. Para que essas atitudes e valores se justifiquem, para não serem dogmas vazios de significados, é necessário informar sobre as implicações ambientais dessas ações. Nas cidades, lixo nas ruas pode significar bueiros entupidos e água de chuva sem escoamento, favorecendo as enchentes e a propagação de moscas, ratos ou outros veículos de doenças. (p. 37). Especial atenção deve ser dada às doenças e aos problemas de higiene, saúde pessoal e ambiental que incidem sobre a comunidade local (p. 52). É importante que se estudem as doenças de veiculação hídrica recorrentes na região, seus principais sintomas, modos de contágio e prevenção, em conexão com o tema transversal Saúde e o bloco ‘Ser humano e saúde’ (p. 69). No primeiro momento foram trabalhadas as maneiras de prevenção e de proliferação do mosquito Aedes aegypti, sendo ele o principal vetor das doenças, mostrando características, seu ciclo de vida, origem, hábitos e diferença dos demais mosquitos. Após ter o conhecimento do principal vetor das doenças, foi trabalhado separadamente cada uma das três doenças (Dengue, Chikungunya e Zika Vírus) abordando as principais características, aspectos como sintomas, prevenção, índices das doenças no Brasil, tratamento e etc. Optou-se também por esclarecer a relação das bromélias como possíveis locais de água parada, mostrando aos alunos que elas apresentam um risco bem pequeno quando comparado com outros locais que armazenam água. Do mesmo modo que formam um pequeno ecossistema onde vários outros tipos de organismos utilizam para sua sobrevivência e habitat, não sendo o tipo preferido do mosquito Aedes aegypti para o deposito de seus ovos e consequentemente sua reprodução. Para o encerramento do primeiro momento do trabalho desenvolvido, foi mostrado formas de evitar a reprodução do mosquito Aedes aegypti, medidas simples que podem ser tomadas pelos próprios alunos evitando o acumulo de água. Já no segundo momento da atividade, foi realizada uma saída de campo, nas ruas próximas a escola, onde todos procuraram objetos ou locais que havia água parada, com o objetivo de promover a consciência crítica e conscientizar estes alunos do que eles podem fazer. A atividade foi concluída com sucesso sem encontramos nenhum foco do mosquito. Segundo Viveiro e Diniz (2009, p.3-4) “as atividades de campo permitem o contato direto com o ambiente, possibilitando que o estudante se envolva e interaja em situações reais. Assim, além de estimular a curiosidade e aguçar os sentidos, possibilita confrontar teoria e prática.” Ainda, uma atividade de campo pode possibilitar que “o aluno se sinta protagonista de seu ensino, [sinta] que é um elemento ativo e não um mero receptor de conhecimento” (DE FRUTOS et al., 1996, p.15). A implementação proporcionou o compartilhamento e troca de conhecimentos entre as pibidianas e os alunos, os quais demonstraram interesse e participação nas atividades propostas, solicitando o retorno das atividades do Pibid em suas turmas. formação complementar dos alunos da licenciatura em Ciências Promoveu a Biológicas, o desenvolvimento de habilidades e competências nas diversas áreas do conhecimento, além de contribuir para a futura ação docente de forma comprometida com a comunidade local. Considerações finais O Pibid é um programa que tem como foco central aproximar os acadêmicos das Licenciaturas com as realidades escolares, da rede básica de Ensino, proporcionando atividades onde os acadêmicos adquirem uma vasta experiência e os alunos da educação básica a oportunidade de tornar seus conhecimentos mais amplos. É muito relevante e de extrema importância trabalhar doenças na sala de aula, pois a escola é capaz de proporcionaram pensamento mais crítico e de conscientização dos alunos sobre saúde pública. Fornece conhecimentos necessários sobre as doenças, e acima de tudo tem a função de sensibiliza-los sobre o seu papel como cidadãos perante esta realidade, podendo assim compartilhar estes conhecimentos com aquelas pessoas que são desprovidas de informações. Referências BRASIL. Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Brasília: 2008. _______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Ciências Naturais/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 136 p. Disponível em: <file:///C:/Users/Oficina/Downloads/PCN%20CI%C3%8ANCIAS%20NATURAIS.pdf > . Acesso em 20 mai 16, às 10h 52 min. BRASSOLATTI, Rejane Cristina; ANDRADE, Carlos Fernando S. Avaliação de uma intervenção educativa na prevenção da dengue. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v7n2/10244.pdf> Acesso em 15 mai16, às 10h 17min DE FRUTOS, J. A. et al. Sendas ecológicas: un recurso didáctico para el conocimiento del entorno. Madrid: Editorial CCS, 1996. MENDONÇA, Francisco de Assis; SOUZA, Adilson Veiga e; DUTRA, Denecir de Almeida. Saúde pública, urbanização e dengue no Brasil. Sociedade & Natureza, Uberlândia, 21 (3): 257-269, dez. 2009. PIMENTA, Selma Garrido (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2005. VIVEIRO, Alessandra Aparecida e DINIZ, Renato Eugênio da Silva. Atividades de campo no ensino das ciências e na educação ambiental: refletindo sobre as potencialidades desta estratégia na prática escolar. Ciência em Tela, v. 2 n. 1, 2009.