de horticultura

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DE HORTICULTURA
PUBLICADA
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Com a colla"boraçao dos. Srs.
J. Barbosa Rodrigues, Conselheiro lt. de Beaureiialre Roliaii,
BI a*, «f. M. CaiiiiRiltoÃ, I.. Ca.uinlioá, Conselheiro G. S. ile Cni.it nem..,
Ur. C. «lobert, Dr. Miguel A. da Silva, Dr. Nicoltlo «I. Moreira,
Dr. T. Feckolt, etc.
Chronica, por E. Albuquerque.—Os costumes oamivoros das plantas, pelo Dr. Hooker. — Abrigo ás
plantas, por A. V.—Retratos de plantas novas.
A REVISTA DE HORTICULTURA
apparccerá regularmente uma vez por mez, cm fasciculos de 20 paginas pelo menos, com figuras intercaladas
no texto, e formará todos os annos um volume de 210 paginas, contendo numerosas figuras.
Hssipcrlucti por anno:
PARA A CORTE.
6$000
UM NUMERO
.
.
PARA AS PROVÍNCIAS
«
.
.
.
7$000
600 rs.
A. Revista de Horticultura aceita e solicita
mesmo a remessa de artigos que cstejão no quadro
do seu programma.
Todas as informações, cominunicações, reclamações,
etc, etc, devem ser remettidas, a
rua do Hospício 5 A, onde também podem-se tomar
assignaturas.
F. Albuquerque
A. Revista de Horticultura recebe annuncios
pelos preços dc :
. . .
Pagina inteira.
101000
6$000
Meia pagina ....
4|000
Quarto de pagina. .
que se tratào na Livraria Universal dos Srs.
E. &H. Laejnmerfc, rua do Ouvidor 66, onde também
se tomâo assignaturas.
EDITOR DA
«REVISTA DE HORTICULTURA»
Caixa do Correio n. 418
ou ser deixadas em casa do Sr. Oliveira Real,
»
MOTA.—Como com o numero 4, vai este numero retardado de alguns dias, em conseqüência de
cumprirmos hoje um dever que nos cabia : o de dar de novo o n. f, no actual formato. Os
Srs. assignantes encontrarão dentro desta mesma cana.
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AlICIOS DA fflISTA BI
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É quasi escusado chamar a attenção dos Horticultores, Negociantes de Plantas e Sementes, e Negociantes de outros objectos relativos á jardinagem, como vasos, ferramentas, etc, etc, sobre as vantagens
desenfreguçzcs; o
que offerece para seus annuncios, um jornal dirigido exclusivamente aosusoseus horticultores grande
e
negociantes
que
volvimento da horticultura na Inglaterra é attribuido principalmente ao
horticultura.
de
nos
sabem fazer de annuncios
jornaes
IMaMtf.
REVISTA DI 1111 lá 18 PROVÍNCIAS
Como se pode OBTER GRATUITAMENTE uma, duas, três, ou mais assignaturas da REVISTA DE HORTICULTURA ?
Arranjando seis assignantes, e remettendo a importância das
seis assignaturas (7f 000 cada uma) acompanhada de uma lista
de sete nomes; ou então
arranjando QUATORZE ASSIGNANTES, e remettendo somente a importancia de doze assignaturas, acompanhada de uma lista de quinze
nomes; ou então
arranjando TRINTA ASSIGNANTES, e remettendo somente a importancia de VINTE E QUATRO ASSIGNATURAS, acompanhada de uma lista
de trinta e um nomes.
I^ROVIISTCIAS.— A melhor maneira para as pessoas das províncias poderem tomar assignaturas da
REVISTA. DE HORTICULTURA, é rcmcttcrcm sua importância (7,^000) cm carta registrada com
declaração do valor, directamente a
F.
EDITOR
ALBUQUERQUE
DA
REVISTA
DE
HORTICULTURA
RIO DE JANEIRO
Nota»-*-" À cautela do correio lhes servirá de recibo.
A Revista ile Horticultura tem sido, e continuará a ser remettida a todas as lledacções dc
Jornaes ilas Províncias, de que temos noticias, e que, no geral, nos têm obsequiosamente rèfribuido com a remessa de suas folhas; áquellas que o não têm feito ainda, lembramos que muitas vezes
em suas folhas podendo encontrar noticias que interessem ao publico Jiorticula, nos parece de justiça e
interesse geral que o façào.
C-/J&Z1
ROIfcTICA
Maio de 1870.
Tronco monstruoso. —Na fazenda de S. Aleixo,
município da Serra Negra, diz a Tribuna
Amparense, foi cortado um páo de tambory,
cujo tronco produzio 42 taboas de 4"\84 de
comprimento por 0m,33 de largura ; restando ainda um pedaço, que pôde dar 60 taboas
da mesma largura com 3m,08 de comprimento.
Um fructo extraordinário. - Diz o Caldense
ter visto na chácara do Sr. M. Borges da
Fonseca um immenso morango (uma abóbora
mogango provavelmente) de l,n,50 de circumferencia, peznido 44 kilos.
Producçao do vinho.—A França possue 2,000,000
de hectares plantados de videiras, cuja producção media annual é de 80,000,000 de
hectolitros no valor de2,500,000,000 de fran.
cos. Só de vinhos espumosos exporta a
França mais de 50,000,000 de garrafas.
A producçao media annual de vinho é: na
Hespanha 30,000,000 de hectolitros; Itália
33,000,000; Portugal 4,000,000; Austria-Hungria 174,000; Roumauia 600,000 hectolitros.
Escola de Horticultura.—Em Copenhague acaba de ser creada uma escola de Horticultura.
Flores comestíveis.—-Muitas vezes, em criança, comemos, e vimos outras crianças comerem, as flores do Jasmim do Cabo [Gardênia
florida) cujo gosto é bastante agradável,
mas ignorávamos que existissem flores que
formassem um artigo regular de alimentação, não contando como taes a conserva de
botões de flor da Capparis spinosa (alcaparra). Conta porém o Dr. Brandis que nos
bazares da índia vende-se
as flores
à&Bassia lati folia, da família das Sapotaceas,
e que em Mysore e no Malabar as da
Bassia longifolia são seccas, assadas, e
comidas então, ou reduzidas a pó, depois de
seccas, cozidas, e transformadas em balas,
estado em que são vendidas.
Jardim de Inverno.— O rei dos Belgas está
mandando edificar junto do seu palácio
de Laeken um grande jardim de inverno,
com 120 pés de altura, no qual grandes arvores acharáõ o espaço necessário para o
seu desenvolvimento. Calcula-se o custo em
2,000,000 de francos.
Ainda as minhocas.—A propósito de minhocas
diz um articulista no Moores Rural, usar
simplesmente de agua quente na qual seja
possível introduzir as mãos, aífiançando que
todas morrem instantaneamente, sem o menor sofTrimento das plantas, ainda mesmo
das mais delicadas. A receita merece ser
experimentada.
0 trigo no Rio-Grande. — Segundo a Reforma
de Porto Alegre foi extraordinário este anno
a producçao do trigo na Freguezia de S.
Amaro, provincia do Rio Grande do Sul, teudo a variedade Candial produzido 50 aiqueires, e a variedade miúdo 44 alqueires,
por alqueire de semente.
Uma roseira que já não è pequena.— Em Darlington (Inglaterra) no estabelecimento do
Sr. Harrisson existia ultimamente uma roseira Marechal Niel, cujo tronco e varas
tinhao um desenvolvimento de 500 jardas, e
cujo desenvolvimento diário, em diversos
pontos já se ve, eqüivalia a duas jardas.
Infelizmente deve já ter sido arrancada em
conseqüência de ter sido vendido o terreno
onde estava plantada.
A latitude e a vegetação.—De numerosas observa ções feitas na Europa Central sobre a
influencia da latitude sobre a vegetação, vêse que cada gráo de latitude causa uma demora de 3 3/4 dias sobre a floração das plantas.
0 aroma do chá.— As principaes plantas s adas na China para aromatisar o chá são:
a Gardênia radicans, o Jasmim Sambac, a
Aglaia odorata, a Termtrojmia japonica, a
Camelia Sasanqua, e a Olea fragrans(aco-
.
82
REVISTA
DE
HORTICULTURA
conhecida e estimada arvore do Imperador)
que é de todas a preferida.
A Horticultura em Philadelphia. — Quarenta
acres de terreno, pouco mais ou menos a
superfície do Campo da Acclamação, estão
destinadas para a parte horticula na grande
exposição de Philadelphia, e devem estar a
esta hora cobertas pelas arvores, arbustos,
hervas de todas as partes do mundo, para
os quaes 150 expositores tinhão pedido lugar.
Todas as arvores indígenas nos EstadosUnidos devem estar representadas, bem como
a maior parte das arvores úteis do resto da
terra, especialmente as ultimamente introduzidas da China e do Japão. A gran le estufa deve conter uma infinidade de plantas
colleccionadas por toda a superfície da terra.
Horticultores da França, Inglaterra, Aliemanha, Hollanda, Cuba, México, e dizem
mesmo que do Brazil, tinhão reclamado espaço, em quantidade.tal que se tomava providencias paia a edificação de uma estufa
já se dizia que o ceiesupplementar, na qual "Waterer
exporá uma
bre horticultor inglez
esplendida e numerosa collecção de Rhododendrons. Entre outras plantas já collocadas
na estufa sobresahia uma grande e bonita
collecçâo de fetos (sambambaias) da Austra.
ha exposta por Miller & Siever, de S. Francisco da Califórnia.
Vasos de um novo systema. —Na Allemanha
o
parece ir tomando grande incremento
emprego de vasos para flores, feitos com uma
mistura de terra e excremento de boi; só
um estabelecimento empregou na ultirca
estação 16,000 destes vasos.
Enxertos de roseiras. — PerguntAo-nos se os
enxertos de roseiras sFío preferiveis ás plantas
que vivem sobre suas próprias raizes; como
nao estamos habilitados a responder convenientemente,pedimos a algum de nossos leitores que o faça, com o que prestará verdadeiro
serviço aos nossos rosomanos, que nao sao
poucos, serviço pelo qual muito lhe agradeceremos.
Um viveiro de plantas. — A Lawson Seed
and Nursery Company, na Inglaterra, possuia em seus viveiros, no ultimo outono,
30,000,000 deLarix (gênero de coniferas), de
um anno de sementeira, que fôrfio quasi
todos vendidos. Forão semeados em Abril e
Maio do anno pas.*ado, empregando-se então
perto de três tonelladas de sementes. Quando
chegaremos lá V
Maio de 1876
0 ozona e as plantas. - O professor Mantogazza, de Pavia, descobrio ultimamente que
todas as plantas de folhas verdes e flores aromaticas desprendem immensa quantidade
de ozona ; o jacintho, o rezedá, o heliotropio,
ahortelã, a alfazema, os narcisos, o lourocereja, todos assim procedem quando expostos aos raios solares. O poder purificador
do ozona é tal, que os rhimicos pensão que
todas as paragens sujeitas á malária possão
ficar isentas delia, cobrindo-se simplesmente
o paiz com vegetaes aromaticos, É simplesmente o que já foi observado nas plantações
de Eucalyptus, menos a propriedade especifica que lhe attribuião.
Morte de M. Brogniart.—O conhecido e celebre
botânico Mr. A. Brogniart, professor no
Museu de Historia Natural, morreu em Pariz
no dia 18 de Fevereiro, com a idade de r/5
annos, é uma perda sensivel que a sciencia
acaba de soffrer.
Exposição de Bruxellas. — No dia 30 de Abrij
deve ter sido inaugurada a Exposição Centc.
naria e Internacional da Sociedade Real de
Flora* em Bruxellas. Um Congresso de Bolanica Agrícola deve ter lugar ao mesmo
tempo.
Digestão nas plantas.—Vemos nos jornaes que
Heckel acaba de publicar observações, das
quaes parece que as glândulas existentes nas
flores da parnassia (provavelmente a P.
palustris da Europa) são também dotadas de
propriedades digestivas.
Os nomes das flores. — Alguns jle nossos leitores se queixão por empregarmos os nomes
botânicos das plantas de que falíamos: esta
queixa nos parece sobremodo injusta, pois
tanto quanto possivel damos ao mesmo tempo
os nomes vulgares, se por ventura ellas os
têm. Para aquellas que o não possuem seria
preciso invental-os, o que longe de offerecer
utilidade aos leitores, só prejuizos lhes poderia
causar.
Seria tão fóra de propósito ao fallarmos de
cravos, nomea-los dianthus, como seria ridi-"
culo chamarmos a zinnia de zabumba, como
já o ouvimos. A verbena é ainda a mesma verbena, tanto no Peru, como na China, ou na
Inglaterra, mas sabem porventura todos os
leitores do Rio de Janeiro qual é a Câmaradinha do Sul e os leitores do Rio-Grande. qual
é ajurujuba do Norte? cremos que não. Além •
disso muitas vezes os nomes vulgares induzem
Maio de 1876
REVISTA
DE
HORTICULTURA
em graves erros; nao lia muito que contámos o
engano em que estava um amador,por causa do
nome de malva de cheiro, que commummente
dao a uma espécie do gênero Pelargonium»
de uma familia tao differente das malvaceas
como das rosaceàs. Commummente o íris da
Allemanha (íris germânica) é conhecido pelo
nome de lyrio, nao obstante ser este de farailia diversa, e no íris de Suze [íris Suziana)
o ridículo accresce ao errôneo quando o chamao lyrio Suzanna; o nome de assucena é tao
commummente applicado ás espécies do verdadeiro gênero lyrio (lilium) como as do gene
ro amaryllis, nao obstante serem estes dous
gêneros os typos de duas famílias, diversas.
Acabavao de ser introduzidas entre nós as
zinnias, quando em uma cidade de província
visitámos cinco jardins diversos, em todos os
quaes a encontrámos, mas com cinco nomes
differentes, e cada qual mais absurdo, dentre
os quaes só nos lembramos dos de bumba e
zabumba, felizmente que elles passarão e
todos nos entendemos quando falíamos de
zinnia; quem não se lembra ainda das rosas
do Japão, ás quaes o bom gosto fez justiça?
e quem ignora o que seja uma camelia?
A ninguém prejudica saber que o cravo e
o Dianthus caryophülus e a larangeira o
Citrus aurantium dos botânicos, mas duvido
que haja alguém a quem interesse saber que
h Luxaria bipariita era a Mariquinhas do
minha avó.
jardim de
As violetas em Pariz. — Vende-se diariamente
em Paris 15,000 bouquets de violetas, valendo
annualinente mais de 500,000 francos; durante o Império ellas estavao ainda mais na
moda, pois a violeta é considerada por muita
gente como o emblema da familia Bonaparte. O numero de pessoal que vivem desse
commercio, e da cultura de violetas nos arredores de Paris, é avultado.
Vinho.— Já estava na typographia a nossa
chronica do numero passado, quando recebemos a Gazeta de Paraná, de 27 de Fevereiro, que dá noticia dos resultados cenologicos obtidos pelo Sr. Sigwald, acompanhando-a de judiciosas observações sobre a
cultura da videira, observações que nao
podemos senão apoiar, convencidos como estamos, que nenhum outro vegetal pôde ser
fonte de tao grande riqueza e opulencia para
os climas temperados do Brasil, como algum
dia o será a videira
Pensamos que para o presente o comterapo-
83
raneo nao pôde dar a seus comprovincianôs
melhor conselho que o de plantarem a videira
americana (Isabella) que produzTem quantidade satisfactoria um vinho suficientemente bom, e muito superior ao que geralmente importamos do estrangeiro, além da
vantagem de ser genuíno e puro.
Concordamos ainda, e sabemos de experiencia própria que a Catawba é melhor que a
Isabella ; cremos que a. Diana, tao sujeita ás
moléstias diversas que atacap a videira, como
a própria Isabella, e a Catawba, passa por
ter um grande defeito a irregularidade na
qualidade, que faz com que esta varie de anno
para anno, sendo ás vezes excellente e má
no anno seguinte; confessamos que a Delaware 6 tida por muitos como a melhor das
uvas de origem americana, e que a Union
Village é talvez de todas ellas, por sua belleza
e pelo tamanho de seus bagos, a mais própria
para apparecer sobre as mesas, como suppomos também que muitas outras espécies
possue ainda a America do Norte que devão
ser preferidas á Isabella.
Mas julgamos que o contemporâneo emitto
uma opinião menos acertada, e que muito
pôde, se for aceita, comprometter o futuro
desenvolvimento da cenologia brasileira, como
ató hoje o tem contrariado assaz, quando diz
que de todas as videiras de origem européa
não existe uma só que de esperanças de produzir bem entre nos.
Nem .cremos que o Sr. H. Tower Fogg,
intelligente lavrador, e conciencioso experimentador, como nos consta ser, tenha enunciado a sua opinião por um modo tao absoluto, cremos na possibilidade do máo resultado das experiências feitas pelo Sr. Fogg,
com um numero resumido, ou mesmo grande
de variedades europeas, mas nao acreditamos
que elle tenha experimentado todasas 1000 ou
2000 variedades que possue a Europa; e se
o tivesse? por ventura nas margens doRheno
prosperao as variedades das praias daGarona?
os outeiros de l'Hermitage estão complantados com as mesmas cepas que as collinas da
Côte-d'Or? Porque nao prosperaria uma só
das variedades experimentadas pelo Sr. Fogg,
quando transportada a município diverso,
ou no mesmo município a um terreno de
outra qualidade, ou ainda no mesmo terreno
a um lugar de outra exposição ?
Na província do Rio-Grande começámos
84
REVISTA DE HORTICULTURA
Maio de 1876
ensaios deste gênero, ensaios que infelizmente descobrio, descreve o e classificou a Odina
tivemos de suspender muito cedo; mas nao Francoana Netto, e sobretudo a Pisonia Caantes de termos adquirido a convicção, Io de parosa Netto, pretendemos apenas que esses
queas variedades europeas sao mais vigorosas trabalhos, muito importantes sem duvida, e
que as americanas, 2o, que sao mais produc- que sao provas patentes dos profundos conhetivas, 3o, que enraizao com mais facilidade, e cimentos de S. S. nao lhe dao autoridade
crescem mais depressa, 4o, que muitas dellas, bastante para tao cavalürement cortar a
sinao todas, produzem perfeitamente entre questão, e pronunciar a sua opinião a resnós, quando collocadas convenientemente. peito.
Todavia, nao obstante apresentarmos neste
Nao ensaiamos uma nem duas variedades,
pois a nossa collecção se compunha de mais numero da Revista a opinião do modesto Dr.
de 200 variedades, incluindo as melhores do Hooker, como a curta sentença sobre o stransRheno,da Hungria, da Borgonha, do Bordelez, for mistas foi um accidente ao querer o illusda Hespanha, da Itália, e mesmo da Syria; as trado Sr.Dr,Netto faltar da digestão em certos
melhores e mais estimadas variedades ame- vegetaes, e reconhecendo
que S. S. tem tolo
ricanas alli existiao tamhem em numero supe- o
direito de ser transformista, ou deixar de
rior a 30.
sel-o, de ser evolucionista, ou nao, como
Quanto ás qualidades respectivas dos vinhos,
quizer ou desejar, reconhecendo ainda que está
não pôde haver discordância.
também no seu direito aceitando a tradição
__
Associação de acclimação. Esta muito útil bíblica,
como geralmente ella tem sido interassociação que tantos serviços vai já presaté hoje, e aceitar por tanto a estando ao Brasil, deve brevemente começar prelada
a publicar o seu Bolletim, cuja redacção está pecie sabida das mãos de Deus tal qual ella
é actualmente, perguntaremos nós a S. S. se
confiada ao Sr. Dr. J. M. Caminhoá, bem
Deus fez primeiramente as plantas uma por
conhecido professor de botânica da Escola de
uma, depois, edo mesmo modo, os animaes
Medicina. Parabéns áDirectoria pela escolha
deviao comer as plantas, depois Adão,
que
nao
ser.
melhor
fez,
e
que
que
podia
nosso pai commurn feito de um pedaço de
Conferência do Museu. Sob esta epigraphe
barro, para commandar os animaes, e, finalnosso
numero,
em
dar
promettêmos,
passado
mente Eva, nossa mãi, feita de uma costella
hoje a estampa, como fazemos, a importante
memória que sobre os Costumes das Plantas de Adão, ou, segundo um profundo investigacarnivoras o Dr. Hooker leu perante a Asso- dor dessas cousas, da cauda de um cao que se
aproveitasse de certo descuido para comer a
ciaçao Britannica em Belfast.
A transcripcão da interessante memória costella, o que é que impossibilitaria Deus de
fazer os Nepenlhes eas Broseras, e &Sarrapara as nossas columnas, è devida a ter o
Sr. Dr. Ladisláo de Souza Mello e Netto,director cenia com a faculdade de digerir a matéria
animal? ou pretenderá por ventura S. S.
geral do Museu Nacional, e seu professor de
botânica, dito ao abrir em 10 de Marco_. o seu que as Broseras e a Bionea forão inventadas
curso semanal de botânica, que sô ignoran- por Darwin ?
tes echarlatães aceitavao taes doutrinas.
S. S. já vai sem duvida desconfiando que,
Nao contestaremos de modo'algum as habi- contra sua opinião e sentença, acreditamos
litàçòés e capacidades do Sr. Dr. Mello e que ha plantas que comem animaes; e S. S.
Netto, como distincto archeologo, quando, acerta, mas a importância archeologica
além de outros casos quasi tao importantes, e mineralogica de S. S. é immensa e
elle deu exhuberantes provas de seu vasto S. S. é assaz modesto, para nao se julgar
saber por occasiao da celebre questão phe- oírendido por neste assumpto darmos prefenícia; aceitamos ainda a sua competência rencia á opinião do Dr. Hooker c de Darwin,
em matérias de mineralogia, pois sabemos o que fazemos pela razão mais simples possivel, a de serem dous contra um, além de
que S. S. descobrio, ou pelo menos tornou
se é verdade o que dizem as gazetas,
conhecidas por seus estudos, importantes que,
delles parece ser, nesta matéria,mais
mina;, de ouro lá para as bandas de Cacapava; qualquer
especialista que S. S.
Botânica,
sem
á
pretendermos
quanto porém
F, Albuquerque.
que S. S. seja leigo, pois sabemos que elle
Maio de 1876.
REVISTA DE HORTICULTURA
85
OS COSTUMES CARNÍVOROS DAS PLANTAS.
Memória lida á Secçao de Zoologia e Botânica da Associação Britannica em Belfast,
a 21 de Agosto de 1874 pelo Dr. Hooker, G, B„ D. C. L., Pres. E, S.
Como assumpto da leitura que devo fazervos da cadeira onde o Conselho da Associação
Britannica fez-me a honra de collocar-me,
escolhi os costumes carnívoros de alguns dos
organismos nossos irmãos—as Plantas.
Vários observadores tem descripto, com
mais ou menos cuidado, os costumes desses
caçadores vegetaes, Venus agarra-moscas, as
Rosasolis e as Plantas de Amphoras. Poucos
porém indagarão dos motivos de taes cosWies; e as opiniões daquelles que mais
acuradamente os apreciarão, Mo encontrarão
a geral aceitação que merecem.
Muito recentemente o assumpto adquirio
novo interesse, das pesquizas que o Sr.
Darwin tem feito sobre os phenomenos que
se originão da presença de substancias albu.
minosas sobre as folhas das Droseras e das
Pinguiculas, e que, na opinião de um emipente physiologista, provão que a Dipneea
digere exactamente as mesmas substancias,
e justamente pelo mesmo processo que o
estômago humano.
O Sr. Darwin está ainda oecupado activamente com essas pesquizas (*) e foi com o
íim de prestar-lhe a cooperação que minha
posição, bem como as opportunidades de
Kew, offerece, que eu, seguindo suas instrucções, examinei algumas outras plantas carnivoras.
Durante minhas pesquizas fui levado a
estudar a historia da questão, historia que
achei tão interessante e tão pouco conhecida,
que pensei que um resumo delia, do começo
íité as pesquizas do Sr. Darwin, deve ser bem
acolhida pelos membros desta associação.
(«f Publicadas no anno seguinte. Julho de 1875,
com o titulo de—Th<i Tnsectivorous Plant. R
Ao escreve-la fui obrigado a limitar-me ás
plantas mais interessantes ; emquanto deixo
ao Sr. Darwin o annunciar as descobertas
que tem feito sobre as plantas que tem estudado, descobertas que, com a sua franqueza
habitual, elle communicou tanto a mim como
a outros amigos, detalharei suecintamente
sobre as Sarracenias e sobre os Nepenthes,
que eu próprio estudei, as observações e experiencias que forem de mais importância.
Fig. M. — Dionea niiiseipula.
Dionaa.—Em 1768, Ellis, naturalista ingiez
muito conhecido, mandou a Linneo o desenho
Â
86
REVISTA DE HORTICULTURA
dè uma planta que recebeu o poético nome
de Dionoéa. « No anno de 1775, escrevia
Ellis, o nosso fallecido e digno amigo, o
Sr. Peter Collinson, mandou-me um especimen secco desta curiosa planta, que recebera do Sr. John Bartram, de Philadelphia,
botânico do ultimo rei. » Ellis, recebendo
da America especimens vivos, fez a planta
florescer em seu aposento. Vou ler a noticia
que elle deu a Linneo, e que fez o grande
naturalista declarar que, ainda que tivesse
visto e examinado não pequeno numero de
plantas, nunca vira phenomeno mais admiravel:
« A planta, diz Ellis, mostra que a natureza
ao formar sua folha como uma machinapropria para agarrar o alimento, teve em vista
a alimentação delia; no meio da folha existe
o engodo para os desgraçados insectos, que
se tornao sua preza. Muitas glândulas diminutas e vermelhas, que lhe cobrem a superficie, e exsudão provavelmente um liquido
assucarado, tentão o animal a prova-lo; eno
momento em que estas partes delicadas sao
irritadas por seus pés, os dous lobulos da
folha levantão-se, agarrão-no com força,
apertão as duas fileiras de espinhos e o comprimem até a morte. E ainda mais, para que
os esforços do animal por essa maneira prezo,
não o possao livrar, existem, no centro de
cada lobulo e no meio das glândulas, tres
pequenos espinhos erectos, que põem termo
a luta.
Os lobulos nunca se tornão a abrir emquanto o animal permanece entre elles. l5
certo todavia que a planta não pôde distinguir entre um animal e uma substancia
vegetal ou mineral, e se fôr tocada por uma
palha ou com um alfinete, sua folha se fechará
tão completamente como se o fosse por um
insecto. »
Esta descripção, que é apenas menos horrivel que a daquellas estatuas que abrião os
braços para abraçar e apunhalar suas vic"
timas, é exacta no fundo, ainda que errada
em vários pontos. Prefiro porém relatar os
factos em sua ordem chrouologica, por importar muito, mostrar desse modo quanto as
idéas que já occupão nosso espirito, influem
na apreciação das cousas as mais simples.
Temos um notável exemplo dessa influencia, no que Linneo publicou alguns annos
Maio de 1876.
y
mais tarde. Todos os factos que vos tenho
relatado lhe erão bem conhecidos, todavia
elle não podia acreditar quê a natureza tornasse a planta capaz—empregando as palavras de Ellis—« de tirar algum alimento dos
animaes que agarrava. » Nessa admirável
accão elle via tão somente um exemplo da
extrema sensibilidade da folha, que a fazia
fechar-se quando tocada, justamente como
acontece com a sensitiva; e por conseqüência
elle julgava a captura dos insectos perturbadores, como meramente accidental, e de nenhuma importância para a planta. Foi todavia
bastante sagaz para aceitar a commovente
opinião de Ellis sobre o coup de grâce que
o insecto recebe dos tres espinhos que existem no centro de cada lobulo da folha.
A autoridade de Linneo estava superior á
critica, se alguma apparecesse, e a sua opiniao a este respeito foi fielmente copiada de
livro para livro.
Brussonet (1784) tentou explicar a contracção das folhas, suppondo que os insectos
capturados as picavão, e fazião assim sahir
os líquidos que antes as tornavão turgidas e
abertas.
O Dr. Darwin (1761) contenta-se em
pensar que a Dioncea rodea-se de taes ciladas
para impedir os estragos dos insectos sobre
suas flores.
Sessenta annos depois de Linneo ter
escripto, um hábil naturalista, o Rvd. Dr.
Curtis fallecido ha poucos annos, residia em
Wilmington, Carolina do Norte, principal
localidade onde habita esta planta muita
localisada. Em 1834 elle publicou no Boston
Journal of Natural History um trabalho
sobre a Dioncea,trabalho queé um verdadeiro
modelo de observação scientifica. Eis o que
elle diz:— ((Cada metade da folha é um pouco
concava na face superior onde existem tres
órgãos delicados, semelhantes a pellos, e collocados de maneira tal que diflicilmente um
insecto poderia atravessar a folha sem tocar
em um delles; os dous lados reunem-se então
subitamente, e envolvem a presa, com forçai
superior aos esforços que um insecto pôde
fazer para se escapar. As franjas de pello
que guarnecem os bordos dos dous lobulos
cruzao-se como os dedos de duas mãos entrelaçadas. A sensibilidade reside sómèjate
nesses pellos da superfície, pois a folha pôde
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Maio de 1876.
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REVISTA DE HORTICULTURA
ser tocada ou apertada, em qualquer outro
ponto sem mostrar-se sensivel. O pequeno
prisioneiro não é esmagado, immediatameute
morto, como alguns escriptores tem dito,
pois muitas vezes libertei moscas e aranhas
presas, que fugião tão depressa como o medo
ou a alegria lhes permittia. Outras vezes
encontrei-as -envolvidas por um liquido de
consistência mucilaginosa, que parecia obrar
como um dissolvente, estando os insectos já
em parte consumidos.»
O merecimento da descoberta dos fins da
captura dos insectos pelas folhas da Dioncea
pertence a Ellis. Curtis porém reconhecendo
a sede da sensibilidade nas folhas, fez conhecer a maneira como as cousas se passavão
e mostrou também que a secreção não era
um engodo offerecido antes da captura, mas
um verdadeiro liquido digestivo secretado,
como o nos30 próprio sueco gástrico, depois
da ingestão do alimento,
A historia desta admirável planta ficou
estacioaria por mais uma geração, em 1868,
porém, um botânico americano,o Sr. Canby,
que felizmente se ocupa ainda de pesquisas
botânicas, morando no districto que a Dionoea
habita, estudou muito cuidadosamente os
costumes desta planta, especialmente nos
pontos de que o Dr. Curtis já so oecupára.
Sua primeira idéia foi que «a folha tinha a
propriedade de dissolver as matérias animaes
que corrião então pelo peciolo, em fôrma de
rego, para a raiz, fornecendo assim á planta
um alimento muito azotado. » Nutrindo
porém as folhas com pequenos pedaços de
carne/vio que esta era inteiramente dissolvida
e absorvida; a folha abrio-se de novo com
a superfície secca, e prompta para novo banquete, ainda que com menos appetite. O Sr.
Canby vio que o queijo fazia um mal horrivel
á folha, tornando-a escura, matando-a porfi.nl. Finalmente elle relata os inúteis esforços
que um gorgulho fazia para fugir, mostrando
assim perfeitamente que o liquido já mencionado é secretado na occasião, e não o resultado da decomposição do objecto preso pela
felha. O gorgulho, que era valente, tentou
roer o seu caminho a través da folha, mas
enfraquecia visivelmente. Abrindo a folha, o
Sr. Canby encontrou uma grande quantidade
de liquido envolvendo-o, e que sem duvida
87
alguma o enfraquecia pouco a pouco. Consontindo que a folha de. novo se fechasse, o
gorgulho morreu bem depressa.
Na reunião desta associação no anno pàssado o Dr. Burnon Sanderson fez-lhe uma
commuuicação que, pela sua importância,
condiz com a singular historia desta planta;
ainda que não seja o seu final,formará todavia
um de seus mais interessantes capitulos.
É uma theoria, — quasi perfeitamente
provada — que todas as cousas vivas tem
um ponto de semelhança em certa substancia
—sempre presente onde quer que a vida se
manifeste — e da qual se origina toda a
struetura das mesmas cousas : chama-so
o protoplasma. Uma de suas propriedades
mais especiaes, é a aptidão á contracção:
e quando, em um organismo qualquer, as
partículas do protoplasma estão arranjadas de
maneira a obrarem de concerto, ellas prodivzem um effeito cumulativo que se manifesta
por seus resultados. É uma manifestação
desta espécie a que existe na contracção do
músculos, e igual manifestação podemos ver
na contracção das folhas da Dionoea.
Sabe-se perfeitamente que as contracções
dos músculos são sempre acompanhadas de
certos phenomenos electricos. Quando um
fragmento de músculo é posto em contacto
com um galvanometro delicado, vê-se que
entre as duas superfícies existe uma corrente
electrica, devida ao que se chama força
electromotora do músculo. Se. porém, o musculo é obrigado a contrahir-se, a força electromotora desapparece momentaneamente.
A agulha do galvanometro até então muito
desviada, volta para o seu ponto de descanso;
é o que'se chama uma variação negativa.
Todos os membros desta associação que se
oceupavão da natureza organizada, ficarão
sorprendidos ao ouvir o Dr. Sanderson dizei'
que algumas experiências que fez, por pedido
dp Dr. Darwin, provarão até a evidencia que,
quando uma folha de Dioiuna se contrahe, os
eífeitos produzidos sobre o galvanometro são
precisamente semelhantes aos produzidos pela
contracção de um músculo.
Não são pois somente os phenonemos de
digestão desta admirável planta que sao
iguaes aos dos animaes, concordando também
com os destes os phenomenos de contracção.
88
REVISTA DE HORTICULTURA
Maio de 1876.
Brosera (fig. 15)—-Não mais limitadas a tavão encurvados como um arco, mas que não
um único districto dc Novo Mundo, mas repar- havia mudança alguma ssnsivel no peciolo»
diz elle: «Encontrei em
tidas por todos os climas temperados dos dous ao abrir essas folhas,
donde imaginei
hemispherios, onde habitão os lugares areno- cada uma um insecto morto;
sos e humidos, existem as curiosas plantas que esta planta, que tem alguma semelhança
chamadas Rosasolis—espécies do gênero Dro- com a Dionoea musipula, pôde ter também
será. Actualmente estão reconhecidas como a propriedade de mover-se.
«. Colloquei, com uma pinça, uma formiga
próximas congêneres das Dionoeas, facto que
era apenas suspeitado, quando os curiosos cos- no centro da folha de D. rolundifolia mas
tumes que descrevi forão descob ertos.
de modo a não perturbar a planta. A forescapar-se, mas o liquido
Dentro dos limites de um anno duas pessoas, miga procurou
dos pellos, que seus
a primeira um Inglez, a segunda um Alie- visgoso das extremidades
como linhas finas, lhe impedio
estendião
curiosos
os
pés
que
pellos,
observarão
que
mão,
os pellos curtos
todos conhecem nas Droseras, erão sensíveis. a fuga. Em poucos minutos
do disco da folha coEsta é a noticia que
mecárão a inclinarGardom, botânico de
se, depois os pellos
Derbyshire, deu das
compridos, e collocáobservações que seu ;
rão-se por cima do
amigo o Sr. Whateinsecto. Depois de ailey, «distineto cirurgum tempo, a folha
fez
Londres»,
de
gião
começou a vergarem 1780: « Examise, e dentro de agulnando algumas das
mas horas o estava
folhas contrahidas,
tanto que a sua exnotámos um pequetremidade tocava na
no insecto ou mosca,
base. A formiga morpreso
perfeitamente
reu em quinze minunellas, e causou-nos
XJÍ^* tos, que se passarão
muita admiraçãoque
«SI muito antes que to»
elle podesse ter petfeSv ^os os Pe^os estivesnetrado em um lugar
sem i nclinados. »
tão apertado. Depois,
Estes factos c-tabetocando o Sr. Walecidos ha quasi um
teley com um alfiséculo pelo testem unete o centro de
nho de observadores
uma das folhas aberFig. 15.— t í-ascra spatimluta.
independentes, têm
tas, e no seu estado
natural, notámos um movimento muito sido até agora quasi ignorados ; e Trecul,
negou sua
rápido, e elástico, da folha, a ponto de ficar escrevendo em 1855, ousadamente
ella invertida, e cercando o alfinete, o que existência.
claramente mostrou como a mosca se tinha
Todavia ha pouco elles forão por vezes vècollocado em prisão tão apertada. »
rificados: na Allemanha por Nilschke em
Esta noticia deve ter sido feita de memória, 1860; na America por uma senhora, Mis. Treat
e apresenta os movimentos dos pellos muito deNova-Jersey, em 1871; e neste paiz pelo
mais rápidos do que são na realidade. .
Sr. Darwin, e também pelo Sr. A. W. Bennett.
Em Julho do anno anterior (ainda que só
Devemos ao Sr. Darwin, que durante muianodous annos mais tarde fosse publicada
tos annos se tem oecupado d'este assumpto,
na
notado
tinha
ticia) Roth, íiaAllemanha,
não somente a completa confirmação dos fa ctos
«quemuilongifolia,
Broscraroti0idi/blia,e
observadores, como
tas folhas estavão dobradas, reunindo a extre- attestados pelos primeiros
novos factos de grande importância.
midade com a base, e que todos os pellos es- também
Maio de 1876.
REVISTA DE HORTICULTURA
O completo dessas investigações ainda não foi
publicado, mas alguns dos pontos estabelecidos forao annunciados na America pelo professor Asa Gray, a quem o Sr. Danvin os
•communicou.
O Sr. Darwiu reconheceu que os pellos das
folhas das Droseras sao sensíveis á presença
de um pedaço de músculo, ou outra substancia animal, em quanto permanecem completamente indifforeutes á presença de qualquer substancia inorgânica. Sendo mais sensiveis á presença de diminutos fragmentos
de carbonato de ammonia.
Darei agora, com suas próprias expressões,
o resultado das experiências da Sra. Treat:
« Ás dez horas e quinze minutos colloquei
sobre as mais vigorosas folhas da Drosera
longifolia pedaços de carne crua. Dez minutos depois do meio dia duas folhas tinhao-se
dobrado em redor da carne, escondendo-a
completamente. Ás onze e meia. horas, do
mesmo dia, colloquei moscas vivas sobre folhas da Drosera longifolia. Ao meio dia e
quarenta e oito minutos, uma das folhas tinha-se enrolado completamente ao redor de
sua victima, e outra o estava a meio, e as
moscas tinhão cessado de lutar; ás duas e
meia quatro folhas tinhao-se enrolado
cada qual sobre uma mosca. As folhas
inclinão-se do vértice paraopeciolo, do mesmo
modo que durante o somno. Experimentei
substancias mineraes, pedaços de greda secca,
de magnesia e pedrinhas. Dentro de vinte e
qiiatro horas nem as folhas, nem os pellos tinhfio feito movimento algum para cercar
estes objectos. Molhei com água um pedaço
de greda, e em menos de uma hora os pellos
se inclinavâo, mas depressa se levantavão,
deixando agreda livre nasuporficie da folha.»
O tempo de que agora posso dispor não
chega para entrar em mais amplos detalhes
a respeito da Dionoea e das Droseras. Os repetidos testemunhos de muitos observadores
durante um século, ainda que nao tenhão sido
recebidos com enthusiasmo, bastão, creio eu,
para convencer -vos que nesta pequena familia
das Droseraceas existem plantas que: Io, capturão animaes para usal-os como alimento;
2o, que os digerem e dissolvem por meio de
um liquido secretado para esse fim : e 3o que
absorvem a solução da matéria animal, preparada por aquelle meio.
Antes que as investigações do Sr. Danvin
tivessem levado outras pessoas a trabalhar
no mesmo assumpto, a interpretação desses
phoiiomenos era muito pouco conhecido. Há
poucos annos ainda que Duchartre, physiologista francez, depois de citar as opiniões
de Ellis e de Curtis sobre a Dionea, exprime
como opinião sua, que a idéa das folhas
absorverem substancias animaes dissolvidas,
estava evidentemente muito em desaccordo
com os nossos conhecimentos sobre as funcções das folhas, e sobre a nutrição dos vegetaes, para merecer serio exame.
Se as Droseraceas formassem um caso isolado de um grupo de plantas mostrando propensões deste gênero, talvez houvesse alguma
razão para uma critica semelhante. Penso
porém poder provar-vos que tal não é o caso.
Jatemos motivos para crer que existem muitos
exemplos de semelhantes costumes carnívoros
em diferentes partes do reino vegetal, e entre
plantas que só isso tem de commum com
aqueltas de que já tratámos.
Como novo exemplo, tomarei o muito (íurioso grupo de plantas de amphoras, que e
peculiar ao Novo Mundo. E ahi também penso
que achareis conveniente seguir a ordem
histórica dos factos.
Sarracenias.— O gênero Sarracenia contém
oito espécies, todas semelhantes nos hábitos,
e to Ias naturaes dos Estados de Le.ste. da
America do Norte, ondo são encontradas especialmente nos lugares¦ Imundos, e mesmo
nos lugares cobertos por uma pequena camada (1'agua. As folhas, que lhe dão um caracter
inteiramente próprio, são om forma do puearos
ou de trombetas, e surdem immediatamente
da terra, formando rosaceos; a florescência
consiste de uma ou mais hastes delgadas
snpportando uma flor solitária. A flor tem
uma apparencia singular, devida á grande
extensão da expamsão em forma de umbella
que termina o estylete; a forma deste, ou
talvez de Ioda a flor, fez com que os primeiros
povoadores inglezes dessem á planta o nome
de Side-saddle flower (Sellim de senhora).
Ãsarracenia parpurea (íig. 16) é a espécie
mais conhecida. Ha cousa de dez annos gozou
ella de uma transitória importância por terem
suas raizessido aconselhadascontra a vatiola.
Habita desde a Terra Nova até a Florida, e
é facilmente cultivada ao ar livre nas ilhas
90
REVISTA DE HORTICULTURA
Britannicas. No começo do século 17, Clusius
publicou uma figura desta Sarracenia copiada
de outra que tinha sido levada de Lisboa
para Paris. Trinta annos mais tarde Johnson
copiou-a em sua edição do Gerartfs HerbaU
desejando « que alguém que viage nos paizes
estrangeiros encontre esta elegante planta e
reconheça pelajpequena estampa, e a traga
Maio de 1876.
Morisson falia da tampa, que em todas as
espécies é perfeitamente rigida, como provida, por um acto especial da providencia, de
Esta idéia, adoptada por Linuma dobradica.
_>
neo, que declarou que durante o tempo secco
a tampa abaixava-se e impedia a perda d'agna
por evaporação, foi ainda um tanto amplificada pelos escriptores que lhe suecedêrão.
Catesby, na sua excellente obra JSiatúral
Ilistory ofCarolina, suppõe que esses receptaculos de água servem a numerosos
insectos de asylo contra as rãs e outros animães que osdevorão. Outros aceitarão a opinião deLinncp, que considerava as amphoras
como reservatórios de água para os pássaros
e outros animaes, especialmente para cs
tempos de secca; apreabet aquam süientibus
avicidis. »
ATheologia superficial do século passado
era fácil de contentar sem procurar melhores
explicações; é porém aqui, fazendo por alguns
momentos uma pausa, a oceasiao de observar
que, ainda que Linneo não possuísse material
algum para fazer qualquer investigação real
sobre a destinação das amphoras das Sarracenias, elle antecipou, com muita sagacidade,
as opiniões modernas sobre suas affiinidades.
As Sarracenias são hoje consideradas como
próximas alliadas das Callas (jarros) justamente o lugar que Linneo lhes dava nos
seus fragmentos sobre uma verdadeira classiíicação natural. E alem disso elle lembrava
a analogia, que por pouco provável que possa
parecer á primeira vista, foi detalhadamente
tfigç. m. — Sarraecuií- nuri-urca.
estudada por Baillon (em apparente ignorancia dos escriptos de Linneo), entre as folhas
comsigo,para que possamos ter delia comple- das Sarracenias edas Callas.
to conhecimento. » Poucos annos depois esse
Linneo parece ter crido que as Sarracenias
desejo foi cumprido. JohnTradescant, o mais
fossem ao principio aquáticas e tivessem
moço, encontrou a planta na Virgínia, e
conseguio traze-la viva para a Inglaterra. Foi folhas semelhantes ás dasNympheas, e que
também remettida de Quebec para Pariz por passando a viver vida terrestre, suas folhas
Sarrazin, cujo nome foi por Tournefort per- ficassem ocas para conterem a água na qual
não podiãomaisíluetuar—Na realidade Linneo
petuado no gênero.
mostrou ser evolucionista tão legitimo como
A primeira observação feita foi que as
amphoras continMo água em quanto vegeta- Darwin.
A idéia de Catesby foi uma verdadeira idéia
vão, masa segunda é curiosamente mythologica. Talvez Morrisson, que é o responsável por infeliz. Os insectos que visitão esta planta
ella, não tivesse conveniente opportunidade podem encontrar nel Ia um asylo, mas asylo de
de estudar as plantas, pois elle as declara, onde nunca mais tomfío a sahir. Ocorrespono que não é de modo algum verdade, impôs, dente de Linneo, Ccllisson, nota em urna de
siveis de serem cultivadas (respucre cullu- suas cartas que (.muitos pobres insectos perdem a vida afogados nesses depósitos d'água, »
ram videnlur).
Maio de 1876.
REVISTA DE HORTICULTURA
91
mas William Bartram, o filho do botânico que ella secreta um liquido, mas limita-se a
parece ter sido o primeiro que fez conhecer, acreditar que apenas ; os productos gazozos
no fim do século passado, que as Sarracenias da decomposição dos insectos sejão approveiagarrao os insectos, e os matão, pela verda- tados
para o processo da vegetação. Todavia,
deira maneira como a cousa acontece.
em 1829, trinta annos depois da obra de
Antes de parar para ver como realmente o Bartram, uma Memória contendo excellentes
facto se dá, devo levar a narrativa um pouco idéias, expressas de um modo original, foi
mais longe.
escripta por Burnet, insistindo com força
Nas duas espécies em quea abertura daam- na existência de um verdadeiro processo diphora não é protegida pela tampa, não pôde gestivo nas Sarracenias, processo análogo ao
haver duvida que uma-parte, qualquer que que existe no estômago dos animaes.
ella seja, do liquido contido, seja fornecido
Os conhecimentos que temos actualmente
dos costumes
pela chuva.
Mas na Sarrada Sarracecenia varíolania voriolaris
ris (fig. 17) na
são completos,
qual a tampa
x graças ás obmíoyXWXX^--XXX
X.y'
está por cima
servações __de_
d a abertura,
dous^ médicos
da Carolina do
por fôrma tal
fí /MÊlillllii ml ^sMi*%\\\ \ VA^Sáí
*f// liIlilMIi jÈmSk
I xT
Sul.Um dclles,
que é impôssivel penetrar
o Dr. M.Bride,
ahi a agua da
fez suasobserchuva, não ha
vacões ha meio
duvida que um
século , mas
liquido seja seell as ficarão escretado pela
üecidas até pouco temo. M.Bride dedicou-se
parte inferior IfmtiMlllí
i descobrir a razão por
da amphora, o
ue as moscas irritavão
qual prováveli Sarracenia varíolamente tem uma
funcção digesis, e como era que esta
as capturava. Eis o que
tiva. William
Bartram , no
ilíè afíirma:
de
« A causa que attraprefacio
suas viagens
he as moscas é eviem 1791, desdentemente uma subs'esse'-litancia viscosa, somecreve
hante ao mel, que é sequido; cngalcretada, ou exuda da
na-se porém
Fig. n- Srirraceni» varioláris. superficie interna dotllsuppõe
quando
bo. Da entrada, onde começa, ella se estende
que elle seja um engodo. Na amphora existe
apenas até um quarto de pollegada inferiorumasecreção assucarada que attrahe os in""
mente. A descida do insecto, logo que elle
sectos, mas só é encontrada na parte superior do tubo. A idéia, que na verdade foi
penetra no tubo, deve ser inteiramente attriaventada com duvidas, de serem os insectos
buida á posição dos pellos que forrao a sude
dissolvidos no liquido, e tornarem-se assim
perficie interna da folha. Na extremidade
um tubo completamente aberto, os pellos,
próprios para a alimentação das plantas, pertence a Bartram.
apontados para a extremidade inferior, são
descem,
Sir J. E. Smith, quo publicou uma figura e
perfeitamente visíveis; ámedida que
elles tornão-se gradualmente mais curtos e
descripçãoda Sarracenia varioláris, declara
II IJIlfÊ m X^^dmf
'IIIli ví JI
CJ
¦': -
•¦
¦
.¦-¦¦¦•:.¦:
92
REVISTA DE HORTICULTURA
finos; nos limites, ou um pouco abaixo da
superfície coberta pelo engodo, elles deixão
de ser percebidos pelo olho nú, e pelo tacto
mais delicado. É ahi que a mosca cessa de
encontrar um ponto de apoio sufficiente,
e cahe, »
O Dr. Mellichamp, que habita presentemente o districto onde o Dr. M. Bride fez as
suas observações, accrescentou muitas particularidades ao que já sabíamos. Primeiramente estudou o liquido que é secretado na extremidade do tubo; certificou-se de que era na
realidade secretado, e o descreve como sendo
mucilaginoso, mas deixando na língua uma
adstringencia particular. Comparou a acção
desse liquido com a da água distillada, sobre
pedaços de carne fresca, e vio que no fim de
quinze lioras o liquido tinha produzido uma
grande mudança, e também desenvolvido
muito cheiro. Como as folhas, quando cheias
de insectos, produzem mâo cheiro, elle concluioquehavia,nãouma verdadeira digestão
mas uma decomposição accelerada. Ainda que
.não attribuisse ao liquido secretado pelas
amphoras poder algum digestivo, reconheceu
que tinha sobre os insectos uma acção anesthesica muito notável. Notou[que «umamosca
quando cahe na água tem muita facilidade
em escapar-se, pois ò liquido parece fugir das
azas,» mas nunca escapa da secreçâo das
Sarracenias. Meio minuto depois de ter cabido
na secreçâo, a mosca fica apparentementc
morta, pois que, se retirada logo, ella torna
gradualmente á vida em menos de uma hora.
Segundo o Dr. Mellichamp, o engodo assucarado, descoberto pelo Dr. M. Bride, na abertura das amphoras, não existe nem nas amphoras muito novas, nem nas velhas do anno
anterior. Achou porém que ella existe commummcnte desde o mez de Maio, e, o que é
ainda mais admirável, encontrou um sulco
de mel que ia desde o chão até á abertura da
amphora, pela face mais larga da folha, encaminhando assim os insectos para a sua des_
truição. Dessas narrações se collige fácilmente que existem nas Serraccnias dous typos
de amphoras muito diversos, e do exame das
plantas parece mesmo existir três typos.
Podem ser classificados: primeiramente em
amphoras abertas e com as tampas levantadas, recebendo por conseqüência, com mais
ou menos facilidade, a água da chuva; depois
em amphoras com a abertura coberta pelas
:
Z
' ¦
.'.'
¦
.
Maio de 1876.
tampas, e nas quaes a água da chuva só com
muita dificuldade poderá, por acaso, penetrar.
Ao primeiro typo pertence abem conhecida Sarracenia purpurea, com as amphoras
inclinadas, e com a tampa disposta de modo
a dirigir ao interior da folha toda a água que
lhe cahe em cima; também as S.flava, rubra e
Drwnmonãi: todas com as amphoras erectas
e as tampas verticaes; nestas três a tampa está
no começo collocada horizontalmente sobre a
abertura, tornando-se mais tarde quasi vertical, com os bordos levantados por tal modo
que toda a água que cahe sobre ella é dirigida
ao exterior da amphora, de modo a impedir
que esta se encha de agu a.
Ao segundo typo pertence a S. psittacin^
e a S. variolaris.
Os tecidos das superfícies internas das amphoras são extremamente bellos. Em uma
espécie apenas, a S. purpurea, forão elles
estudados por Augusto Vogl; mas todas as
outras espécies que tenho examinado differein muito daquella. Começando da parte
superior da amphora, existem quatro superficies caracterisadas por tecidos diferentes>
que denominarei e definirei assim:
1.° Uma superfície attracüva, occupando á
face interna da tampa, coberta por uma epiderme, por stomatas, e (juntamente com a
abertura da amphora), por glândulas diminutas que secretão um liquido assu carado;
além disso é, muitas vezes, dotada dc cores
mais vivas do que as outras partes da amphora, afim de attrahir os insectos para o
lado do mel.
2o. Uma superfície conductora, queé opaca,
c formada de cellulas vitrosas (glassy), em
fôrma de espinhos conicos, curtos, voltados
para baixo. Esses espinhos, superpostos como
telhas em uma telhado, formão uma superficie, pela qual um insecto desce perfeitamente, mas que lhes impede completamente
a subida.
3.° Uma superfície glandular (visivel na
S. purpurea) que occupa uma parte considcravcl logo por baixo da superfície conductora. É formada por uma camada de epiderme com cellulas sinuosas, c está cheia de
glândulas; e, por ser muito lisa e poliida, nao
offerece nenhum caminho aos insectos.
4.° Uma superfície detento?^, que occupa
a parte inferior da amphora, e em alguns
casos quasi toda a sua extensão. Não possue
m.
'..
"'tt..¦'
:
¦
'
'
:.
.:
..;.¦..
aio de 1876.
REVISTA DE HORTICULTURA
cuticulo algum, e é guarnecida de pellos
inflexos, rigidos, vitreos, em forma de aguUias, e esfriados, convergentes para o eixo da
cavidade que vai se estreitando por fôrma
tal que um insecto, que esteja sobre elles,
fica effectivamente detido, e a luta não tem
outro resultado senão fazel-o descer ainda, e
com, mais pressa para o fundo da amphora.
E cousa muito curiosa que nenhuma secreção assucarada tenha sido notada até
agora na S. purpurea, cujas amphoras são
abertas, e formadas de modo a receber e deter
o máximo de agua da chuva, nem mesmo
secreção alguma de qualquer outra espécie '>
além disso, a S. purpurea é a única espécie na
qual (como ficou dito acima) não encontrei
uma superfície glanclular, e na qual não
existem glândulas na superfície detentora.
A reunião dessas circumstancias faz crer na
possibilidade da não existência de secreção
nessa planta, ou então que a secreção só tenha
lugar depois de estar a amphora Cheia de agua
da chuva.
Na S. fiava (fig. 18), cujas amphoras são
abertas, eque não possue superfície glancluj0§
lar, encontrei glanduIas na porção superior
da superfície detentora*
entre os pellos, mas
não as encontrei nem
na porção mediana,
nem na inferior. Está
provado que a S. fiava
secreta líquidos, porém ignora-se em que
condições.
Não os encontrei
nos poucos especirhens cultivados que
examinei, quer em
completo desenvolviFig. *8.—Folha tio
mento, quer só a meio
S. fiava.
desenvolvidos, com a
tampa ainda por cima da abertura, senão só
os que podião ter sido introduzidos por accidente. Encontrei o mel, como descrevem os
observadores americanos, e as glândulas,
que o secretão, nos lados das azas das amphoras, como forão vistas por Vogl na S.
purpurea.
Quanto ás amphoras tapadas só examinei as
,.*
oa
da S. variolaris, cujos tecidos se assemelhãó
muito aos da S. (lava. Que secretão um liquido nocivo aos insectos, não ha duvida,
ainda que eu o não encontrasse nos specimens
que examinei.
Ha muito ainda que aprender sobre as Sarracenias, e tenho a esperança de que os botanicos americanos se applicaráõ a esse trabalho. Não é provável que taes amphoras, tão
diferentemente construídas, como as da S.
fiava, purpurea e variolaris, e mostrando tã°
grandes differenças em seus tecidos, obrem
da mesma maneira. O facto de insectos serem
normalmente decompostos no liquido de todas
ellas, deve fazer crer que todas tirem alimentos dos productos da decomposição, mas
ignoramos ainda completamente se as glandülas do interior das amphoras são secretoras
ou absorventes, ou ambas as cousas; se secretoras, se secretão agua ou um dissolvente,
ese absorventes se absorvem a matéria animal ou os productos da decomposição.
É muito favorável que as funcções digestivas da planta sejão de curta duração, como
acontece com a secreção saccharina, que só
apparece durante um curto periodo da vida da
amphora.
E mais facilmente devemos crer isso ao
notarmos que as folhas da Dionoea cessão,
depois de certo tempo, de serem aptas para a
absorpção, e tornão-se menos sensíveis. É
certo que os insectos que se vão accumulando
nas folhas das Sarracenias excedem ás necessidades da digestão.
Elles se decompõem,e outros insectos, mais
prudentes para se deixarem prender, deitão
seus ovos pela abertura das amphoras, e se
aproveitão assim da accumulação de alimentos. As amphoras velhas são por isso
encontradas cheias de larvas e de chrysalidas, prova bastante do exhaurimento das
propriedades primitivas do liquido secretadoBarton conta que vários pássaros insecti.
voros rachão as amphoras com o bico para
comerem o seu conteúdo. É provavelmente
esta a origem da opinião de Linnêo, de serem
as amphoras reservatórios de agua para os
pássaros. .
Finalmente, morrem as amphoras, e uma
parte de seu conteúdo, qualquer que seja a
proporção, deve supprir algum alimento á
planta e fertilisar a terra em que crescem.
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REVISTA DE HORTICULTURA
Maio de 1876.
novas, como nas plantas adultas,se asseme.
lhao muito ás das Sarracenias variolaris e
fiava.
Examinando um especimen de Darlingtonia em flor, fiquei sorprendido com anotavel analogia que existe entre a disposição e
colorido das folhas, e o das flores.
Aspetalassãodamesmacôrque o appendice da tampa, e entre cada duas pétalas existe
um buraco (formado por um entalhe nas maraos
gens oppostas das mesmas) conduzindo
a
estames e ao stigma. Voltando á amphora,
é
relação entre o appendice e a abertura
muito semelhante. Quando sabemos que as
pétalas coloridas são órgãos essencialmente
attractivos,cujo colorido tem por fim attrahir
os insectos sobre o pollen e o nectar, para
fertilisarem aflôr,passando pela Darlingtonia
atravez dos buracos de que fallei, não podee
mos duvidar que o objectivo do appendice,
os
do seu assucar, seja também attrahir
diíferente.
Fig 19 -Folbaila Warling- treitOS tubos em insectos, mas com destino muito
tonia ealir».uiea. f&]^ &&
esta maravilhosa planta
^ Concebe-se pois que
suas flores com um
insectos
os
extremias
com
attrahe
para
retorcidos,
um
beta,
pouco
em quanto elles a fertilisãos
dades abertas e muito obliquas, o operculo fim,e os alimenta
depois alguns desses bemfeitore,
e
escarlate,
capuz
um
de
que
fôrma
a
com
dorsal
amphoras com o fim de
ás
attrahidos
a
tapa
são
não
arqueado,
estreito, comprido,
a planta.
abertura. O ligeiro retorcimento do tubo alimentarem
simples conjecturas, aos
das
diversos
voltando
em
dirijão
Mas,
se
aberturas
as
faz que
deixar a Darlingsentidos; apenas agarrão pequenos insectos. dados scientificos,não posso
um facto de sua historia
Antes de chegar ao estado adulto a planta tonia sem contar-vos
sub-erectas que me parece muito curioso, e vem a ser que
maiores,
muito
amphoras
produz
das amphoras estreitas, tubulares,
transição
a
transoperculo
o
com
também,
retorcidas
as amphoras largas e tampaformado em um capuz, largo, inchado, co- e abertas para
em todas os especimens que examinei,
é
das,
muito
entrada
uma
completamente
brindo
encontrei uma
repentina.Não
completamente
Um
pequena para a cavidade da amphora.
intermediário. Isto,
estado
em
amphora
só
órgão singular, molle, alaranjado, bilobado,
si é de muita importância, tira
por
já
deque
bem
tampa,
da
pende da extremidade
do facto de serem de alguma
fronte da entrada, e está sempre molhado, novo intere.vse
amphoras primitivas os representanas
sorte
assuliquido
um
na superfície inferior, por
amphoras abertas,e das tampas levandas
tes
informado
fui
dias
carado, como ha poucos
de certas Sarracenias, e as amphoras
tadas
Gray.
Asa
Prof.
do
por carta
da planta adulta os representantes das Sarrade
cheias
grandes
Essas amphoras estão
de amphoras tampadas, e operculos
cenias
insectos, que ahi se decompõem e transforEm uma espécie de habito diverso,
globosos.
mão-se em uma massa pútrida. Ignoro se a reunião de caracteres específicos não pôde
no seu paiz natal encontra-se água no inte- ser considerada como um facto maravilhos0
rior dessas araphoras,mas eu próprio enconmorphologistas que aceitão a doutrina
pelos
trei uma secreção ligeiramente acida,em amda evolução.
bas as fôrmas de amphoras, em quanto
flepentlies.— O gênero Nepenthes é formado
novas.
trepadeiras, semiAchei também que os tecidos das superfícies por mais de trinta espécies,
do
interiores das amphoras, tanto nas plantas arbustreas, naturaes dos lugares quentes
Darlingtonia. - (fig. 19) Não posso deixar as
Sarracenias sem faliar do seu próximo alliado, a Darlingtonia, planta ainda mais admiravel, cujo habito
é muito diverso
do das Sarracenias, pois só é
encontrada na
Serra Nevada da
Califórnia, muito
ao occidente das'
localidades que
estas habitão. A
Darlingtonia possue amphoras de
duas sortes; a
primeira pertencendo ao estado
novo da planta,
consiste de es-
F
S
Maio de 1876
REVISTA DE HORTICULTURA
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archipelagoasiatico,desdeBorneu até Ceylão, sendo gradual a transição de uma para oucom algumas espécies na Nova-Caledonia, na tra.
Nas plantas novas as amphoras são mais
Austrália tropical, e nas Ilhas Seychelles,
na Costa d'África. Suas amphoras são pro- curtas, e mais dilatadas, tem no lado exteduzidas com abundância, sobre tudo na pri- rior duas azas largas, longitudinaes e franmeira idade das plantas. Apresentão modiíl- jadas, que provavelmente servem para guiar
cações muito grandes na fôrma o nu structura os insectos ao interior; o operculo é menor
externa, e varião muito em tamanho, desde e mais levantado, e toda a superfície intepouco mais de uma pollegada, até um pé de rior está coberta de grandulas secretoras.
comprimento ; uma espécie das montanhas de Sendo formadas perto da raiz da planta, estas
Borneu, que eu possuo, tem amphoras de pé amphoras jazem muitas vezes sobre a terra,
e estão ás vezes,
e meio de coraprinas espécies que
mento, incluindo
não produzem foo operculo, e seu
lhas perto das
bojo é assaz granraizes, suspensas
depara afogar um
de peciolos que
pequeno mammichega"o a ter uma
fero ou um passajarda de compriro. A structura. da
mento, e que as
amphora dos Neapproximão do
penthes é menos
chão. No estado
complicada q u e
adulto da pi anta,
nas Sarracenias ,
as amphoras cosainda que alguns
tu mão ser muito
de seus tecidos
mais compridas,
sejão ainda mais
mais . estreitas,
especialisados. A
menos dilatadas,
própria amphora
em forma de
é , como
não
trombei a, ou
acontece nas Sarmesmo conicas;
\ <l
TO
iK^
racenias , u m a
as azas são tamfolha transformaem mais estreida, ou um limbo
tas, menos franmodificado como
Wig. 20. — _Vei».cntIie-_ yliyllami.-iors..
jadas, ou quasi
na Dionea, mas
ausentes. O oporappcndice
u rn
desenvolvido na extremidade da folha, e cülò é maior, jaz obliquamente por cima
a porção inferior
corresponde a uma glândula secretora, quo da abertura, e somente
de glândulas secre,ás vezes termina a nervura mediana das da amphora está coberta
um tecido pafolhas, em certas plantas. As amphoras sao toras, tendo a porção superior
das Sarramunidas de uma sorte de pcciolo, algumas recido com o tecido conduclor
vezes muito comprido, que , nas amphoras cenias,mas anatomicamentemuitodiíferente.
nessas duas formas
formadas nas folhas elevadas da planta, A diferença de structura
em relação á sua
pude (antes do completo desenvolvimento de amphoras, considerada
a intelligencia a conda amphora) enrolar-se, como se fora uma posição na planta, força
a seu cluir que uma é apropriada para caçar no
objectos
dos
ao
redor
(fig.20)
gavinha
caça á alada. Em ambos
outra
a
e
a
chão,
a
modo
deste
ajudando
planta
alcance,
os casos a abertura da amphora está guarnetrepar, ás vezes, a uma grande altura.
rebordo enrugado, que
um
cida
grosso
por
de
são
amphoras
Em muitas espécies, as
fins: reforça a abertura e a
três
serve
para
estado
ao
duas fôrmas, uma correspondendo
secreta mel (pelo menos cm
novo da planta, e outra a seu estado adulto, conserva aberta,
Iw
l\l
Im
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REVISTA DE HORTICULTURA
todas as espécies cultivadas que eu examinei,
pois não sei que algum outro observador tenha
notado a secreção do mel pelos Nepenthes),
é em varias espécies desenvolve-se em um
tubo em fôrma de funil que desce ao interior
da amphora, e impede a sabida dos insectos,
ou então fôrma uma fileira de pontas curvas,
Maio de 1876.
que em algumas espécies sao bastante fortes
para reterem um pequeno pássaro, se esto
em procura do água ou de insectos, introduziro corpo na amphora além de certo limite.
No interior das amphoras dos Nepenthes
existem tres superfícies principaes ; uma
attractiva, outra conductora, e a ultima secre-
Fig. 81.—Nepenthes iiitcrmcdía
tora-, a superfície detentora das Sarracenías
é representada pelo liquido secretado, sempie presente em todos os estados de crescimento da amphora.
As superfícies aUraclivas dos Nepenthes são
duas: a borda dá amphora ea face inferior
do operculo, que em quasi todas as espécies
ó provida de glândulas secretoras de mel, ás
vczgs muito abundantes. Essas glândulas
são formadas de massas esphericasde cellulas,
cada uma embutida em uma pequena cavidade
no tecido do operculo, e cercada por um
annel de um tecido celluloso, de aspecto
vitreo. Do mesmo modo quenasSarraceniac,
tanto o operculo como a abertura da amphora
são de um colorido mais vivo, com o fim
Maio de 187.(5..
REVISTA DE HORTICULTURA
de attrahir os insectos para o mel. Um facto
muito singular se apresenta no Nepenthes
ampullaria, cujo operculo, voltado horizontalmente para traz, é o único que eu sei carecer de glândulas secretoras de mel. A presença de mel em um operculo situado dessa
fôrma, longe de attrahir os insectos para o
interior da amphora, os faria permanecer no
seu exterior.
Desde a bocca da amphora até um pouco
abaixo existe uma superfície glauca e opaca,
muito parecida, tanto.no aspecto como na cor,
com a superfície condmíora das Sàrracenias,
não oferecendo, como estas, caminho algum
aos insectos, mas de facto muito ditYerente;
essa superfície é formada de uma rede fina
de cellulas, cobertas por um cuticulode apparencia vitrea, e cheia de diminutas excrescencias transversaes e reniformes.
O resto da amphora é inteiramente occupado pela superfície sccrelora, que consiste
em um plano cellular cheio de um numero
infinito de glândulas esphericas. Estas glandulas assemelhão-se perfeitamente ás glandulas secretoras de mel que existem no operculo,e estão contidas em cavidades da mesma
natureza, mas semicirculares e com a abertura voltada para baixo, de modo que todo
o liquido secretado cahe no fundo da amphora.
No1 Nepenthes Rafjlesiana 3000 destas glanduIas se encontrão em cadapolle^ada quadrada
da face interior da amphora, epara mais de
100,000 em uma amphora de tamanho ordinario. Certifiquei-me de que, como era de esperar, o liquido contido no interior da amphora é secretado antes que esta se abra, e
que o mesmo é sempre ácido.
O liquido, sempre presente, occupa uma porção da superfície glandular comparativamente
pequena, e junta-se antes que o operculo se
levante. Se uma amphora perfeitamente
criada, e na qual matéria animal alguma
tenha ainda sido introduzida, fôresvasiada,o
liquido é de novo secretado, mas em menor
quantidade,e sua secreção continúàpor alguns
dias, mesmo se a amphora fôr separada da
planta. Não notei augmento algum de secreção ao collocar no liquido substancias inorganieas, mas por duas vezes, depois de ter
collocado nelle matérias animaes, observei
que a secreção augmentava considerávelmente,
97
Para verificar o poder digestivo dos Nepenthes,segui exactamente o processo do Sr.Darwin com asDionceas e as Droseras, usando de
clara de ovo, carne crua, fibrina e cartilagens.
Em todos os casos a acção foi evidente, e em aiguris sorprendente» Depois de vinte e quatro
horas deimmersão,os cantos dos cubos de clara
de ovo estavão completamente comidos,eassu~
perficies gelatinisadas. Fragmentos de carne
forão reduzidos rapidamente, e os pedaços de
fibrina, pesando muitos grãos, forão dissolvidos e desapparecerão completamente em
dous ou três dias. Com as cartilagens a acção
é ainda mais notável, pedaços pesando de oito
a dez grãos ficarão meio gelatinisados dentro de vinte e quatro horas, o em três dias a
massa tinha diminuído muito, e estava reduzida a uma geléa perfeitamente transparente.
Depois de ter feito seccar ao ar livre durante
uma semana um pedaço de cartilagem, col"
loquei-a em uma amphora ainda fechada,
mas completamente formada de N. líaíílesiana, que obrou sobre ella do mesmo modo
e apenas mais vagarosamente.
Parece-me muito provável que esta acção
comparável á digestão, não seja devida
somente ao liquido primitivamente secretado
pelas glândulas, pois que tirando o liquido
das amphoras e collocando-o em tubos de vidro,
notei que sua acção sobre as mesmas substancias era muito menor, e, depois de seis
! dias, nenhuma acção foi notada sobre cartilagem e fibrina immersas nas amphoras de
um IS. Ampullaria, collocado cm um quarto
frio, mas retirando a cartilagem da amphora
deste Nepenthes e collocando-a em uma
amphora de N. Rafjlesiana que estava na
estufa quente, foi a cartilagem atacada immediatamente. Comparando fibrina, carne e cartilagem collocados em tubos cheios com o
liquido dos Nepenthes, com as mesmas substancias collocadas em tubos cheios de água
distillada, observei que a desintegração era
três vezes mais rápida na secreção; mas essa
desintegração era muito differente daquella
effectuada sobre as mesmas substancias introduzidas nas próprias amphoras.
No caso de pequenos pedaços de carne
tudo parece
pesando dc meio até dous grãos,
ser absorvido; mas com oito ou dez grãos dc
cartilagem não acontece o mesmo—uma certa
reduzido
quantidade desapparece, o resto fica
a uma geléa transparente, e por fim apodrece,
98
REVISTA DE HOBTICUIOTBA
Maio de 1876.
Os caracte.
mas somente depois de muitos dias. A acção na sua presença e propriedades.
das paredes
sobre os insectos parece ser differente, pois res dos tecidos cellulares
interiores da amphora me fazem crer^ que
de
um
immersão
dias
da
muitos
de
depois
que
elles têm pouca participação quer na digesura
achei
de
cartilagem.,
grande
que
pedaço
assimilação, que são, bem como
insecto, que procurando alcançar a carti- tão quer na
do liquido ácido, funcções das
secreção
a
como
lagem, cahira no liquido, e se afogara
glândulas.
prêmio de sua temeridade, tinha apodrecido
Tenho descripto os mais notáveis exemplos
o
insecto,
a
Retirando
dia.
logo ao segundo
inverter a ordem nade
parecem
que
plantas
dias
cartilagem permaneceu ainda por Tnuitos
e tirar seu alimento,—em parte ao
tural,
sem cheiro. Neste caso o liquido antiseptico
menos,—do reino animal, cuja alimentação
tinha sem duvida penetrado os tecidos da
muitas vezes se diz ser o objetivo do reino
não
suficiente
cartilagem, mas quantidade
vegetal.
tinha podido penetrar os tecidos mais comPodia accrescentar alguns casos aquelles
apodreceu.
isso
insecto,
do
que por
pactos
de que já tratei. Provavelmente existirado
As cartilagens collocadas no liquido
tem outros vegetaes ainda desconhecidas amphoras apodrecem, mas não tão depressa
dos á sciencia, ou cujos costumes ainda
como quando collocadas em agua distillada. não forão estudados. Delpino, por exemplo,
Das observações acima, parece provável lembrou
uma planta, que eu fui o prique
que uma substancia com as mesmas proprie- meiro a descrever na parte botânica da Viadade dapepsinasejaproduzidapelas paredes
gem Antarctica, a Callha dioncefolia, pareinferiores da amphora, sobretudo na presença ce-se tanto na structura de suas folhas com
das matérias animaes immersas no liquido a DioiKea, que é diíficil resistir á convicção
ácido; se porém esse agente activo é forne- de
captura
que também seja apropriada á
cido pelas glândulas, ou pelo tecido cellular, de pequenos insectos.
em que estas estão embutidas, é o que não
O problema porém que se apresenta, exipude descobrir.
gindo imperiosamente nossa attenção, é o
Não tenho alludido á acção produzida sobre seguinte : Como é que estas singulares aberas cellulas das glândulas pelas matérias mi- rações do mido tão uniforme de nutrição
neraes que, como foi-observado na Drosera das plantas apparece em partes do reino venão são
pelo Sr. Darwin, produzem notáveis mu- getal tão distantes entre si ? Por que
danças sobre o seu protoplasma, acabando por ellas mais freqüentes, ou como poderáõ nassua descoloração. Não somente o protoplasma cer, ou ser adquiridos, semelhantes costumes'?
aggrega-se nas cellulas, como também as Considerando, como faremos por alguns moda nutrição ordinária
próprias paredes das cellulas descolorão-se, mentos, a natureza
e ainda a superfície glandular da amphora, das plantas, não se diminue immediatamente
A vegetação, como se vê
que ao principio era de um verde uniforme, a perplexidade.
côr
cobre-se de innumeraveis pontos pardos (que em toda a parte, distingue-se por sua
são as glândulas descoloridas).Depois que a verde, que sabemos ser devida a uma subfuncção das glândulas se exhaure, o liquido stancia fparticular chamada chlorophylla,
se evapora, e a amphora murcha vagarosa- substancia que tem a propriedade singular
mente.
de attrahir o gaz ácido carbônico, que a
Sou obrigado a deixar estas interessantes atmosphera contém em diminuta quantidainvestigações. Que os Nepenthes possuem de, de decompol-o em parte, de modo a tornar
um processo verdadeiramente digestivo, livre uma porção do seu oxigeneo, e de comcomo já foi provado para as Droseras, a Dio- binal-o com os elementos da agua, para fornea, e a.Pinquiculas, não ha duvida. A mar substancias taes comoafecula, a celluacção porém passa-se em um liquido, que lose, e o assucar, com as quaes são formados
nos impede de levar mais longe a observa- os tecidos das plantas.
Mas além disso as raizes tirão da terra
ção directa. Não o podemos attestar isolando o liquido digestivo, mas pelo modo de certos materiaes. O azoto fôrma quasi
comportar-se da matéria animal immersa no quatro quintas partes do ar que respiramos,
liquido das amphoras somos obrigados a crer mas as plantas não se podem apoderar da
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mínima porção delle em quanto livre. Ellas
tirao. da terra azotatos e saes de ammonia
em quantidades diminutas, ecom elles, juntamente com a fecula, ou outros materiaes
análogos, ellas preparao os compostos albuminoides, ou proteicos, necessários para a
alimentação e crescimento do protoplasma.
Á primeira vista cousa alguma pôde ser
tao differente disto como uma Dionoea ou
um Nepenthes capturando insectos, deitando
sobre elles um liquido digestivo, e absorvendo as matérias albuminoides do animal,
em uma fôrma provavelmente já apropriada
á sua nutrição. Existe porém neste facto
alguma cousa que não deixa de ter analogia com o que acontece nas plantas mais regularmente constituídas. A semente do mamono contém, além do embrião, uma massa
de tecido cellular, ou endosperma, cheia de
substancias muito nutritivas. A plantulajaz
no meio dessa massa, em contacto com ella,
e quando o calor e ahumidadeda germinação
causao mudanças, que produzem a liquefacçao do conteúdo do endosperma, e quando o
embrião os absorve, elle cresce á custa delles,
e, por fim, tendo já tirado quanto possível do
endosperma exbaurido,
elle
desenvolve
debaixo da influencia da luz a chlrophylla
nos seus cotyledons, e vive desde então de
seus próprios recursos.
Um grande numero de plantas encontra
pois no começo de sua vida sua alimentação
já preparada e é apenas isso o que as
plantas carnívoras fazem ainda mais tarde
no decorrer da sua.
Que isto nao é apenas uma maneira de
explicar pela imaginação a relação entre o
embrião e o endosperma, foi provado pelas
engenhosas experiências de Van Tieghem,
que conseguio substituir ao verdadeiro um
endosperma artificial, formado de convenien.
tes matérias nutritivas. Exceptuandoo facto do
embrião receber o «eu alimento em um estado
que dispensa o acto da digestão—verdadeira
concessão feita ao seu estado infantil—a
analogia entre o que se dá com elle e o que
acontece com a* plantas adultas, que se aliraentao de substancias animaes, parece ser
completa.
Começamos também agora a tor conhecimento do facto de grande numero de plantas
phanerogamas completarem sua vida sem
executarem a menor porção do trabalho
99
reservado ás plantas verdes. Taes plantas
forão chamadas Saprophytas.— A Monotropa,
a curiosa oiv-hidea ninho de pássaro (Neottia
nidus avis), o Epipogium e a Corallorhiza sao
exemplos de plantas inglezas que se alimentão
absorvendo a substancia meio decomposta
de outras plantas, nos lugares sombrios ou
humidos onde habitão. Ellas reconstituem
os productos da decomposição orgânica e
edificao com elles novos organismos.È todavia
digno de nota que os tecidos da Neottia
ainda contêm chrorophylla em um estado
nascente, mas inútil, e que a côr verde caracteristica se revela se uma dessas plantas é
mettida n'agua fervendo.
O Epipogium e a Corallorhiza perderão os
orgaos próprios daabsorpção: são destituídos
de raizes, e recebem o alimento pela superficie de seus caules subterrâneos.
A differença absoluta entre as plantas que
absorvem os productos da decomposição de
outras plantas, o com elles se alimentão, o
aquellas que fazem dos animaes um uso semelhante, não é muito grande. Podemos
suppôr que algumas plantas permittão accidental mente a accumulação de insectos cm
algumas partes do seu organismo, e que o
costume se desenvolva por ter-se mostrado
de utilidade. Já ha muito tempo que foi
lembrada a possilidade de ser o receptaculo
formado pelas folhasàdo Dipsacus; um órgão
desse gênero em começo, e ainda que até hojo
nenhum costume carnívoro tenha sido reconhecido nesta planta, a sugestão não deixa
de ser possível.
Linneo, e mais"modernamente Baillon, mostrarão como uma amphora deSarracenia podia
ser encarada como a modificação de uma
folha semelhante á das Nympheas. Podemos
imaginar uma dessas folhas tornando-se a
principio oca, e permittindo que destroços de
diversas espécies se accumulassem nella,
estes se decomporião, e uma solução seria
produzida, da qual alguns dos constituintes
se introduzirião pelos tecidos subjacentes.
Isto seria de facto um caso de absorpção, e
pod mos suppôr que nos primeiros exemplos
—como talvez ainda hoje na Sarracenia purpurea—& matéria absorvida fosse somente os
productos salinos da decomposição dotados
de propriedades nutritivas, taes como os saes
ammoniacaes. O acto da digestão, isto é, o
processo pelo qual o alimento solúvel é
REVISTA DE HORTICULTURA
100
Maio de 1876.
exudados devem,
e
casos,
dos
quando
maioria
de
estado
um
a
decomposição,
sem
reduzido,
uma espécie de
certeza,
com
produzir
dusem
quasi
absorpção—foi
á
solução apropriado
solução das substancias com que estiverem
vida adquirido mais tarde.
as secreções ácidas das
Assim
contacto.
em
líquidos
de
pelas
Além disso a secreção
Sachs corroerem o
vistas
forão
por
raizes
muitas
Em
raro.
plantas não é umphenomeno
com que se punhão em
mármore
na
polido,
situada
Aroideas uma pequena glândula,
assim a absorpção da
facilitarem
e
contacto,
extremidade das folhas, ;secreta um liquido,
matéria mineral.
ás vezes em quantidades consideráveis, e a
Comtudo a solução das substancias albumiamphora do Nepenthes é apenas, como já
mostrei, uma glândula dessa espécie enorme- noidesrequer/alémdeum ácido apropriado,
mente desenvolvida. Não poderião por ventura a presença de outras substancias albuminoias maravilhosas amphoras dos Nepentes e os des análogas á pepsina. Taes substancias são
seus costumes carnívoros, terem-se ambos todavia freqüentes nas plantas. Além da bem
originado, por selecção natural, de uma
transforma a fecula
diastase,
conhecida
que
dessas glândulas secretoras de mel, que ainda
outros exemplos da
existem
assucar,
em
vemos se desenvolverem perto da porção da synaptase
determina a formação doacido
que
da
amphora que representa a extremidade
da emulsina, e do myrosino
hydrocyanico
ficassem
insectos
folha? Podemos suppôr que
semelhantemente produz a formação do
dessas
de
uma
que
viscosa
na
secreção
prezos
oleo de mostarda. Não devemos pois admiraratacados
e
fossem
morressem,
ahi
glândulas,
nos se fluidos secretados por uma planta
em
e
nesta
abunda
ácida
secreção
que
pela
os ingredientes necessários
outras plantas. A subsequente diferenciação mostrarem possuir
digestão das matérias animaes insodos órgãossecretoresda amphora, em aquosos, para a
saccarinos e ácidos, devia seguir pari passu luveis.
Estas observações devem, espero, mostrara evolução da própria amphora, de conformidade com as mysteriosas leis de que resultão vos que, não obstante o processo da nutrição
a correlação dos órgãos e das funcções em das plantas ser em geral differente do
toda a natureza, e que em minha opinião é processo da nutrição dos animaes, e só se
mais admirável e mais interessante, do que dirigir a compostos muito simples, o protoa evolução e a origem das espécies.
plasma das plantas não está absolutamente
Delpino lembra que o spatho das Alocasias impossibilitado de utilisar-se de alimentos
secreta um liquido ácido que destroe as ignaes áquelles de que se nutre o protolesmas que o visitão, e que elle pensa servirem plasma dos animaes; ponto de vista este
á fertilisação. Aqui qualquer processo de nu- onde os phenomenos das plantas carnívoras
trição pôde apenas ser secundário. Mas os devem encontrar o seu lugar, como mais um
líquidos das plantas são ácidos na grande élo dacadêa de continuidade na natureza.
ABRIGO AS PLANTAS
II.
Temos procurado provar que a horticultura nacional não pôde prescindir dos abrigo?,
e mui especialmente das vitrinas e estufas,
cuja introducção acarretará necessariamente
uma transformação na disposição dos nossos
jardins e profunda modificação na pratica
entre nós seguida de tão útil quão importante ramo dos conhecimentos humanos?
ainda assàs atrazados e descurados no nos.,o
paiz.
Tratando do extenso território do Brasil
notámos a existência de dous climas muito
distinctos, cada um possuindo a sua flora
especial; o equatorial e o tropical.
Maio de 1876
REVISTA
DE. HORTICULTURA
Ainda ahi os vegetaes se achão repartidos
em zonas determinadas pela humidade,
natureza do solo e por outras causas cosmographicas e meteorológicas.
Si a natureza assignalou para cada vegetal
um lugar próprio, e nelle dispoz todos os
elementos necessários à sua existência, é
obvio que elle não poderá passar para um
outro diferente sem que soffra em sua organização intima, tanto mais, quanto menos
encontre aquelles elementos; a sua expainação, por conseguinte, demanda certos cuidados que tenhão por principal objecto proporcionar-lhe clima o solo os mais approximados possíveis daquelle em que estava
habituado a viver.
Quanto ao solo, o problema é fácil de resolver mais ou menos satisfatoriamente á vista
dos progressos que a chimica horticoia tem
feito modernadamente.
A questão porém do ambiente, que reuna
Certas condições meteorológicas e atmosphericas, é mais complicada'; comtudo se é de
todo o ponto impossível imitar a natureza, já
muitcise consegue preparando artificialmente,
por meio dos abrigos, uma atmosphera, onde
os vegetaes encontrão, se não todos, os principaes elementos favoráveis ás evoluções da
sua existência.
É baseado nas considerações que ficão expendidas que se tem tornado improficuas todas
as tentativas para a acclimação das plantas, e
que cahem por terra as theorias a favor de
semelhante possibilidade.
Para acclimar uma planta será necessário
modificar profundamente a sua organização,
afim de que ella possa prosperar em condicões climatologicas diferentes das do seu
paiz natal.
Se não nos é dado pois modificar a estructura das plantas, podemos para as exigências
da horticultura, favorecer a sua vegetação
pelos meios que temos indicado.
Occorre uma outra circumstancia de muito
valor ao assumpto de que nos occupamos.
Os seres viventes uma vez domesticados
ou civilisados perdem para sempre os habitos do seu estado selvagem, ao qual não
podem voltar sem grave sofrimento e alteração na sua constituição, adquirem pela propagação da espécie hábitos diferentes dos de
sua vida selvagem.
No reino vegetal manifesta-se o mesmo
atl
101
phenomeno: as plantas cultivadas e aperfeicoadas pelos cuidados do homem, uma vez
entregues ás leis da natureza, degenerão o
não dão bons fructos.
Firme nestes princípios e na utilidade de
abrigar as plantas das intempéries atmosphericas, vamos occupar-nos das regras e
preceitos que devem presidir ao estabelecimento dos abrigos, de harmonia com o nosso
clima.
Alguns autores fazem distineção entre
abrigos e estufas, porém quando tratão dellas
cahem no circulo vicioso, definindo-as como
abrigo. Entendemos que em these uma estufa ó um verdadeiro abrigo, motivo pelo
qual no correr destes artigos a temos considerado sob aquella classificação.
Em horticultura dá-se o nome de abrigo a
tudo quanto serve para conservar as plantas,
preservando-as do sol, do frio, das chuvas,
dos ventos, etc.; por isso são elles muito
variados.
O abrigo pôde ser applicado a plantas isoladas, ou commum a collecções de vegetações reunidos em um lugar—temporário ou
permanente—natural ou artificial.
Trataremos somente dos mais importantes,
e que requerem mais complicada direcção,
como sejão as vitrinas e estufas.
Chamamos vitrina a uma construcção coberta de vidro que tem por fim abrigar os
vegetaes da accão directa dos raios solares e
dos phenomenos meteorológicos, cujos effeitos lhes são nocivos, como as chuvas torrenciaes, os ventos fortes, a excessiva humidade,
etc; assim não é indiferente a escolha do
seu local.
Sempre que as circumstancias o permittirem, esse abrigo deve ser situado isoladamente e construído com duas águas, de modo
que fique sugeito á exposição E-0.
Esta exposição é, segundo nos parece, a
melhor, por isso que em todas as estações a
victrina terá a luz solar actuando mais ou
menos uniformemente em certas e determinadas horas do dia, mediante uma simples
disposição, que consiste em contornai-a á distancia de seis a oito metros por ar voredo de
mediana grandeza, que servirá ao mesmo
tempo de anteparo aos ventos rijos e aos raios
do sol no seu nascimento eoceaso. Além disto
concorrerá também para conservar em torno
da vitrina uma atmosphera suave e fresca,
" '
102
REVISTA
DE
HORTICULTURA
aio de 1876
alvenaria em forma
e diminuir areverberaçao da luz solar; deven- trucçao de madeira ou
os vasos; a do
do-se porém obstar, que as arvores possao de de degráos, onde se arrumao
degrà' s
algum modo embaraçar a circulação do ar centro, por igual construcçao onde os
são dispostos de um lado e de outro: dous
e o penetramentò da luz.
O vento norte entre nós, pela sua impetuo- caminhos de 1 a l,m5entre essas construcções
sidade, seccura e elevada temperatura exerce facilitaráõ o serviço.
Deste modo, todos os vegetaes estarão a
uma perniciosa influencia sobre os vegetaes
e
e mesmo sobre os animaes, inclusive o vista e poderáõ ser facilmente observados
tratados.
homem.
No caso em que não haja sufiâciente larLugares ha onde em certas estações do anno
elle se torna freqüente e de duração mais ou gura, dispensãoas construcções lateraes.
Se porém a vitrina é destinada á cultura
menos longa; por isso é conveniente que a
será modiface que lhe fica exposta .seja fechada afim de de orchideas, a disposição interior
e apropriada para receber estes inteficada
mais
aquelles
maxime
vegetaes,
os
preservar
ressantes hospedes, dependendo o seu ardelicados, da accão nociva deste vento.
e perspicácia do
intelligencia,
da
ranjo
gosto
A cobertura de uma vitrina semelhante á dos
horticultor. O centro porém deve ser occupado
uma
estabelecer
necessário
edifícios em que é
onde se possão cultivar aitanque,
um
por
indusventilação constante, como nas ofificinas
e sobre cuja borda
aquáticas,
plantas
gumas
mais
triaes, munida de ventiladores na parte
collocaráõ as espécies de orchideas que
elevada, é formada de caixilhos com vidra- se
de estar perto d'agua.
gestão
de
construidos
ser
altos
mais
os
devendo
cas,
'
__
Também é estylo collocar-se no fundo uma
modo que se possão suspender.
com plantas de
Esta disposição dos caixilhos, de fácil con- cascata artificial, adornada
da familiadas aroideas,
strucçao, tem por fim não só arejar a vitrina, folhagem ornamental
e begoniaceas, etc.
logo que a temperatura seja sensivelmente marantaceas
vitrinas é feita por meio
nas
irrioacao
A
_.
as
o
como
também
elevada,
planpermrttir que
a esse
tas em occasião de chuvas finas sejão expôs- de seringas e bombas apropriadas
e mais extasporalgumtempo á sua acção salutar, assim mister, ou então, o que é melhor
artificicomoá vivificadora acção do orvalho da noite. pedito, por meio de uma chuva que
um tempo. Para isso
a
cahir
faz
se
almente
ás
necessária
a
sombra
Para obter-se
plantoda a extensão da vitrina e
tas, sem prival-as comtudo da acção do sol, collocao-se em
tubos de chumbo com
as vitrinas sao cobertas por uma espécie de perto da cobertura
communicando com um
cortina, que se estende sobre os vidros; ordi- pequenos orifícios,
de uma vainariamente serve para este mister um tecido re. ervatorio de água. Por meio
movimento a água pelos
convenientemente preparado eembebidoem vula põe-se em
orifícios em forma
uma solução de sulphato de cobre, que lhe faz tubos que se projecta pelos
fina.
adquirir uma côr esverdeada e maior dura- de chuva
excesso da água deposita-se nos vidros
O
emprego.
a
esse
aniagem
a
presta-se
çao;
a
Ultimamente tem se introduzido na Europa, e pelo seu peso corre para os canos que
e mesmo entre nós, umas esteiras formadas levao ao tanque ou a um determinado lugar.
A água preferível para a irrigação é a de
de delgados sarrafos de pinho pintados de
verde, que permittem ser enrolados e desen- chuva, por ser de todas a mais pura e a mais
elementos
rolados facilmente; quer se empregue este rica de ar e de saes ammoniacaes,
desta a de
ou qualquer outro systema deve-se ter em favoráveisá vegetação; na falta
rio é empregada com vantagem.
vista o coamento da luz solar.
As águas de poço só devem ser utilisadas
As vitrinas podem abrigar vegetaes plantados no próprio solo, ou em vasos, caixas, na irrigação das plantas, quando nno haja de
etc. Neste caso exigem uma disposição par- outra, devendo-se porém banir as que não
de
ticular, na qual se deve attender e facilitar o dissolverem o sabão, por ser isto indicio
tratamento delles, e á economia de espaço. conterem em dissolução priucipios mineraes
Quando offerecer em largura suficiente, será nocivos ás plantas. Estas águas antes de
dividida longitudinalmente em três partes, serem empregadas é conveniente expô-las
sendo as lateraes occupadas por uma cons- ao ar e agita-las por algum tempo, afim de
Maio de 1876
REVISTA
DE
HORTICULTURA
adquirirem o ar de que carecem para serem
úteis, e perderem ao contacto deste e da luz
parte das propriedades que as tornão imprestaveis para a rega.
As plantas serão dispostas por grupos da
mesma espécie, collocando-se na frente as
que tiverem maior desenvolvimento, e na
retaguarda as deporte mais elevado; é ainda
conveniente que não estejão muito juntas para
não se abafarem umas ás outras, e evitar o
103
estiolamento, e que de vez om quando se
examine se as raízes" têm sabido pelo fundo
do vaso, para serem trasplantadas com todo
o- cuidado para outro de maior capacidade.
EJsta operação se fará independente dessa circumstancia, em épocas que mais tarde indicaremos.
29 de Marco de 1876.
A. V.
RETRATOS DE PLANTAS NOVAS
PUBLICADOS EM 1875.
THE
FLORAL
junho n
Phalaenopsis leucorrhoda.—Reich. fils. — Orchideas.—Muito semelhante á P. amabilis,
da qual se distinguepor ter o callus amarello
e as pétalas ligeiramente rosadas.
Amaryllis Mendeli.—Amaryllidaceas.—Gram
do quantidade de flores muito grandes, e do
mais rico esmalte que se possa imaginar ;
taes são as qualidades que recommendão esta
nova variedade.
íris ibérica.— Stev. — Iridaceás. — Bonitas
como são todas as espécies do gênero íris,
vulgarmente conhecido entre nós pelo nome
de Lirio, nenhuma de certo será capaz de
rivalisar com o esplendido e extraordinário
íris Susiana, anãeser a espécie ultimamen.
te descoberta no Caucaso, e conhecida pelo
nome de íris ibérica, que si se approxima
muito do Susiana, pela fôrma e pelas cores,
lhe é todavia inferior no tamanho, inferioridade que é de alguma sorte compensada por
não ser como elle delicado e de cultura difficil.
(?) Vide pag. 80.
MAGAZINE
JULHO
Rosa hybrida.— Duchessof Edinburgh.—Rosacea.— Duas são as rosas ultimamente publicadas com o nome de Duchess of Edinburgh,e convém não confundi-las. A primeira
obtida, ou pelo menos propriedade da
casa Veitch, de Londres, é uma rosa chá, do
mais vivo carmim,côr muito rara nessa classe;
a segunda, que é precisamente aquella cujo
retrato ora publicao Floral Magazine, éuma
rosa hybrida reflorescente obtida pelo Sr. H.
Bennet de Manor Farm Nursery, e nascida
da rosa Marguerite Si. Armand, fecundada
flores
pela Ume. Rothschüd, e que produz
extraordinariamente grandes, e muito regulares, de uma bonita côr de rosa desmaiada,
o cenque se vai tornando mais viva para
tro, até tornar-se còr de cravo, e tão aromatica, que oRev. S. Reynold, escrevendo sobre
ella, disse: «O aroma é admirável mesmo
para uma rosa.»
Blandfcrdia princeps.—liliacka.- Grande já
é o numero de introducções de plantas novas
feitas na Inglaterra pelo afamado horticultor W. Buli ; a Blandfordia princeps, da
¦•«•
A
104
REVISTA
DE
Maio de 187
HORTICULTUÜS
Nova Galles do Sul, <, mais um titulo que
o Sr. Buli apresenta á estimados amadores ;
verüuas grandes flore* tubulares, de um
amamelho decinabre, com as extremidades
uma
i ellas, pendem em grande numero de
haste central.
—
Cypripedram japonicum.—thumb. oechídeas
des Serres
Quando em .1874 a Flore
colorida do C. Japopublicava uma estampa
no
nicum, copiada de uma pintura feita
Japão, houve quem accusasse de fantasiador
a
ao artista japonez; bem depressa, graças
uma grande introducção de plantas vivas
Bulb Company, a
pela New Plant and
Inglaterra, e o Cypripeplanta floresceu e a
dium japonicum mostrou-se muito superior
á estampa da Flore des Serres.
está sem duvida alguma destinada ao mais
brilhante futuro.
Pelargonium « Beauty of Oxton.»—geraniaceas.
—Flores grandes e muito dobradas, da mais
brilhante cor de castanha, com uma larga
beira perfeitamente branca.... mas para
uma varieque continuar a descripçfto de
dade de plantas do maior mérito possível....
em outras terras $
— E
Cattleya Trianoe Colemanü.— oeceICeas.
esta talvez a mais bonita de todas as cattleyas.
Flores enormes; pétalas e sepalas branco-rosadas,franjadas, labello côr de carmim, com
a base amarella riscada de branco.
— Folhas
Abutilon Darwnii. — malvaceas.
flores grandes,
grandes, e tricuspidadas ;
vermelhas, rajadas de vermelho-escuro, e
muito abundantes: taes são as qualidades
.me recommendão este novo abutilão.
AGOSTO
Polargonium.—geraniaceas.-—Pena é que
ontre.nós sejão tão pouco estimadas, para
não dizer tão desprezadas flores de tanto melito como os Pelargoniums ; se os nossos
amadores tivessem oceasião de examinar os
P, Mr$. Hart. lhe Shah, Countess ofDudley, e
íkwhcss of Edinburgh, que o Floral Magazine
oublica agora, talvez mudassem de opinião
o de proceder; se fosse possível dizer a
belleza de
perfeição de suas fôrmas e a
seu colorido, mm por isso tentaríamos descrever flores tão desprezadas.
Rosa «Glazenwood Beauty» — uosaceas.— O Sr.
L. Woodthorpe, horticultor, de Glazenwood
Nurst ry, é provavelmente ainda o único pos<uidor desta extraordinária rosa, que parece
ter vindo d.) Japão, e que elle chama« Glch
zemcood Beautg » do nome de seu estabeleciíaei.to ; as flores são grandes, de um bonito
f.m-irello,e comlargas listras de carmim vivo;
se essa rosa fôr sempre como a que
seivio ao Floral Magazine yvtm ser retratada,
SETEMBRO
Lcelia Jongheana.—orchideas.—Plantapequena, não excedendo de 20 a 26 centímetros,
pétalas e sepalas, carmim brilhante,desmaiado nas extremidades; labello amarello, rajado
de pardo e laranja, e beirado de carmim;
descoberto no Brazil pelo mallogrado Libon.
Potbosviolacea.—aroidea.—Mais uma aroidea, cuja única belleza, porém grande,^consiste nos brilhantes cachos de fructos côr de
violeta.
Pelargonium Konig Albert.— geraniaceas.-O
desçopelargonium lateripes,é inteiramente
nhecido entre nós.seu porte, suas folhas, suas
flores são bastante differentes dos outros
mereção
pelargoniums para que talvez lhe
alguma attenção de nossos amadores; as
hastes flexíveis, os tornão nimiamente prosuspenprios para serem cultivados em vasos
sos; asfolhasangulosas,carnudas,s"íodeum
verde brilhante e parecem envernizadas. 0 P.
Konig Albert é a primeira variedade de flores
dobradas que apparece.
Antlmrium Williamsü.— ahoidea.— O mesmo
habito, o mesmo aspecto, a mesma frescura
de cores que no Anthurium Sclierzerianum,
tão estimado; o A. Willamsü apenas differe
delle na cor do spato que é do branco mais
alvo possível, e na do spadice que é côr de
limão.
Continua.
A.
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