O Sr

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O Sr. ULDURICO PINTO (PMN–BA) pronuncia o
seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores
Deputados, ocupamos esta tribuna para manter em alerta
esta Casa e a toda sociedade brasileira acerca da grande
ameaça em que, cada vez mais, o câncer se constitui e sobre
a situação da luta contra essa
oportunidade,
atenção
patologia. Darei, nesta
especial
às
crianças,
lamentavelmente, vítimas cada dia mais freqüentes dessa
verdadeira pandemia mundial, e abordarei outros aspectos
relevantes sobre o tema.
O número de casos de câncer tem aumentado
consideravelmente em todo o mundo, principalmente a partir
do século passado, configurando-se, atualmente, como um
dos mais importantes problemas de saúde pública mundial.
Na infância, a incidência de neoplasias malignas varia de 1 a
4% dos registros sobre a doença.
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As neoplasias mais freqüentes na infância são as
leucemias (glóbulos brancos), tumores do sistema nervoso
central e linfomas (sistema linfático). Também acometem
crianças o neuroblastoma (tumor de gânglios simpáticos),
tumor de Wilms (tumor renal), retinoblastoma (tumor da retina
do olho), tumor germinativo (tumor das células que vão dar
origem às gônadas), osteossarcoma (tumor ósseo), sarcomas
(tumores de partes moles).
O câncer já foi considerado uma doença aguda e de
evolução invariavelmente fatal. Nos dias atuais, é entendido
como uma doença crônica, com perspectivas de cura na
maioria dos casos. Assim, estudos apontam que 70% das
crianças acometidas por câncer podem ser curadas, quando
o diagnóstico ocorre precocemente e o tratamento é realizado
em centros especializados, onde são evidentes os progressos
alcançados em decorrência do desenvolvimento científicotecnológico.
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Essa constatação da crescente possibilidade de cura,
Srs. Deputados, apresenta-se, por
um lado, como uma
grande esperança e, por outro, como um fator de indignação,
quando identificamos que. no Brasil. muitos não têm acesso a
todas essas possibilidades oferecidas pelo avanço da ciência,
especialmente as crianças das camadas menos favorecidas
da população.
Outro aspecto relevantíssimo na luta para se derrotar o
câncer e muitas vezes não adequadamente valorizado é o
papel da família. Todos sabem que o diagnóstico é um
momento estressante, cheio de incertezas e que sempre
provoca um processo doloroso na vida dos familiares. Tratase de conviver com a doença e suas preocupações acerca do
futuro e, especialmente, com o medo da morte de um
parente, de um irmão ou de um filho, a dor maior.
Ocorre, portanto, profundas mudanças na dinâmica das
relações familiares, em todos seus aspectos. Todavia, na
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maioria das vezes, os métodos de tratamento, inclusive os
protocolos quimioterápicos, não preparam devidamente o
paciente e seus familiares para enfrentar esse momento.
A família e a criança portadora de uma doença crônica
como o câncer merecem atenção especial, não somente do
ponto de vista biológico, mas também sobre os aspectos
psicológicos, sociais, econômicas e até mesmo espirituais.
Ademais, esse conjunto de cuidados é indispensável como
suporte para o sucesso do tratamento, que deve envolver a
unidade de saúde, sua equipe e recursos, a família e os
amigos.
Nesta perspectiva, os serviços de saúde devem buscar
novos caminhos e modalidades assistenciais, considerando,
além das necessidades da criança, a sua família, ampliando
dessa maneira o cuidado. Sem dúvida, além de acelerar o
processo de cura, trata-se de uma iniciativa de humanização
efetiva de nossos serviços de saúde. Essa tão propalada
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humanização que tão pouco vemos no atendimento de nossa
população e, como se pode observar, tão essencial para a
melhoria da qualidade de nosso Sistema de Saúde.
Sr. Presidente, a luta contra o câncer, em especial,
contra o câncer infantil, deixa-nos ainda mais preocupados,
quando se sabe que a grande maioria dos nossos serviços de
saúde são débeis e tem se caracterizado por crônica falta de
recursos e de preparo inadequado de seu pessoal. Diferente
fosse, poderiam ser evitadas muitas mortes de crianças
portadoras desse terrível mal e sofrimento de seus familiares.
A manutenção desse quadro de assistência inadequada
e precária, especialmente para os mais pobres, constitui-se
em séria ameaça aos esforços para se garantir o acesso
universal à prevenção, tratamento e cuidados aos portadores
de câncer infantil e em geral.
Sr. Presidente, as limitações de nosso sistema de saúde
na luta contra o câncer podem ser percebidas, também,
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quando analisamos o acesso das mulheres ao exame mais
indicado para a prevenção da modalidade de câncer que
mais atinge as mulheres brasileiras. O câncer de mama.
No Brasil, não existem aparelhos suficientes para fazer
rastreamento do câncer de
mama,
pela
mamografia,
procedimento muito eficiente na identificação precoce de
qualquer problema e essencial para o sucesso de programas
de controle e tratamento. Há claro entendimento internacional
de que a mamografia é o único exame que consegue
diagnosticar precocemente e prevenir mortes por câncer de
mama.
O grave é que o tempo de espera pode ser tanto que
muitas mulheres, que poderiam resolver com simplicidade
algum problema menor, acabam passando por enorme
sofrimento, e até mesmo perdem a vida.
Srs. Deputados, pode-se ter uma noção da gravidade do
problema ao se constatar que quase 90% dos municípios
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brasileiros não tem aparelho de mamografia ou que o tempo
de espera para esse exame em São Paulo chega a 01 ano.
Esse tempo, lamentavelmente, pode significar a morte ou a
aflição desnecessária de milhares de mulheres.
Essa situação é altamente preocupante, porque,
segundo dados do INCA – Instituto do Câncer, a doença mata
mais de 10 mil a cada ano e surgem quase 05 vezes mais,
cerca de 50 mil, casos novos. Houve também um forte
aumento na taxa de incidência da doença nas duas últimas
décadas.
Srs. Deputados, está muito claro que muito se tem que
investir nesta área, para que haja qualquer perspectiva de
sucesso nessa luta. A demanda pela tomografia é crescente.
A recomendação do Ministério da Saúde é de que todas as
mulheres acima de 50 anos façam a mamografia a cada dois
anos e se submetam a exame clínico anualmente. As que
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têm histórico familiar da doença devem fazer mamografia
todos os anos, a partir dos 35 anos.
Segundo especialistas, o Brasil deveria realizar o que é
recomendável
pelas
principais
instituições
de
saúde
mundiais. Ou seja, mamografia exame clínico da mama, a
partir dos 40 anos, a cada ano. Estima-se, assim, que 50
milhões de brasileiras (aquelas com mais de 40 anos)
precisem da mamografia anual. Estamos muito longe de
atender essa necessidade.
Srs. Deputados, merece, também, nossa atenção, nesta
oportunidade, um dos métodos mais utilizados no tratamento
do câncer de mama e de quase toda modalidade dessa
doença.
O tratamento quimioterápico do câncer de mama é um
dos mais estabelecidos que existe. Estudos mostram que a
resposta a longo prazo, ou seja, tempo livre de doença após
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o fim da quimioterapia, é maior. Por outro lado, os esquemas
de tratamento utilizados hoje em dia aumentam os efeitos
colaterais.
Essa é a conclusão de um estudo realizado pelo DanaFarber Cancer Institute, instituição norte-americana afiliada à
Harvard Medical School. Após a análise de registros de 35 mil
mulheres com menos de 63 anos submetidas à quimioterapia,
entre janeiro de 1998 e dezembro de 2002, percebeu-se que
16% das pacientes sofreram efeitos colaterais graves. O
resultado foi o aumento considerável no número de
atendimentos
de
emergência
ou
internações,
o
que,
naturalmente, gera um custo maior.
As razões mais comuns para as visitas hospitalares
após a quimioterapia foram febre ou infecção (8,4%), baixo
número
de
glóbulos
brancos
ou
plaquetas
(5,5%),
desidratação ou alterações hidroeletrolíticas (2,5%) e náusea,
vômitos ou diarréia (2,4%). Esses efeitos são percebidos por
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uma em cada seis mulheres com câncer de mama. Ainda
assim, é importante lembrar que eles são individuais e
dependem
do
sistema
imunológico
mais
ou
menos
desenvolvido de cada mulher. Isso é válido para todos os
tipos de câncer.
Destaco esse aspecto pouco considerado, por ser de
grande valia para as vítimas de câncer. Todavia, é bom que
se frise, que tais estudos, de forma alguma, sugerem que a
quimioterapia não funcione ou que ela não seja benéfica à
mulheres com câncer de mama. Apenas oferece elementos
concretos para que pacientes e profissionais de saúde fiquem
atentos ao fato de que efeitos colaterais graves decorrentes
da quimioterapia podem ser mais comuns do que se pensava.
Na hora de decidir se a mulher vai receber ou não este tipo
de tratamento, é preciso tentar balancear os benefícios e
riscos para cada caso.
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Por sua vez, preocupa-nos,
ainda mais, a falta de
acesso de muitos à quimioterapia e outras formas de
tratamento, em tudo semelhante à análise que fizemos sobre
a questão da mamografia.
As desigualdades em nossa sociedade estão sempre
nos assombrando e se manifestam em todos os momentos,
especialmente nos mais dolorosos e difíceis, como no caso
das possibilidades diferentes de milhões de receber os meios
de prevenir e tratar alguma modalidade de câncer.
Senhores Deputados, voltarei a esta Tribuna todas as
vezes que forem necessárias, para deixar bem viva em
nossas mentes e na mente de toda a sociedade brasileira a
verdadeira situação dos nossos principais problemas de
saúde. Hoje destacamos as esperanças e tristezas na luta
contra o câncer infantil e levantamos problemas importantes
relacionados ao diagnóstico e ao tratamento do câncer que
mais atinge e mata nossas mulheres.
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Temos, Sr. Presidente, a obrigação de continuar
mostrando a verdadeira situação desse grave problema e de
promover todos os esforços necessários para buscar os
meios para apoiar a luta contra a escalada do câncer e seus
terríveis efeitos.
Muito obrigado.
2008_5810_Uldurico Pinto
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