FILOSOFIA: ANTIGUIDADE E IDADE MÉDIA Coleção Filosofia • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Antropologia filosófica contemporânea: subjetividade e inversão teórica, Manfredo Araújode Oliveira Corpo, alma e saúde: o conceito de homem de Homero a Platão, Giovanni Reale Cristo na filosofia contemporânea: de Kant a Nietzsche – vol. I, Silvano Zucal (org.) Cristo na filosofia contemporânea: o século XX – vol. II, Silvano Zucal (org.) Curso de filosofia – vol. 1, Battista Mondin Curso de filosofia – vol. 2, Battista Mondin Curso de filosofia – vol. 3, Battista Mondin Deus nas tradições filosóficas – vol. 1: Aporia e problemas da teologia natural, Juan Antonio Estrada Dioniso pseudo-areopagita: mística e neoplatonismo, Cícero Cunha Bezerra Direito e ética: Aristóteles, Hobbes, Kant, Maria do Carmo Bettencourt de Faria Educação do homem segundo Platão, Evilázilo Francisco Borges Teixeira Estética: fundamentos e questões de filosofia da arte, Peter Kivy (org.) Ética em movimento, VV.AA. Filosofia da comunicação, Jean-Marc Ferry Filosofia da linguagem, Alexander Miller Filosofia da religião, Urbano Zilles Filosofia para todos, Gianfranco Morra Filosofia prática e a prática da filosofia, Antonio Bonifácio Rodrigues de Sousa Filosofia social: a responsabilidade social do filósofo, André Berten Filosofia, encantamento e caminho: introdução ao exercício do filosofar, Vanildo de Paiva Filosofia: Antiguidade e Idade Média – vol. 1, Giovanni Reale; Dario Antiseri Filosofia: Idade Moderna – vol. 2, Giovanni Reale; Dario Antiseri Filosofia: Idade Contemporânea – vol. 3, Giovanni Reale; Dario Antiseri Filósofos através dos textos (Os): de Platão a Sartre, VV.AA. Homem, quem é ele? (O): elementos de antropologia filosófica, Battista Mondin Introdução à filosofia: problemas, sistemas, autores, obras, Battista Mondin Léxico de metafísica, Aniceto Molinaro Metafísica: antiga e medieval, Luciano Rosset; Roque Frangiotti Metafísica: curso sistemático, Aniceto Molinaro Modelos de filosofia política, Stefano Petrucciani Natureza humana em movimento: ensaios de antropologia filosófica, VV.AA. Ontologia em debate no pensamento contemporâneo (A), Manfredo Araújo de Oliveira Panorama das filosofias do século XX, Urbano Zilles Pensamento ocidental. Antiguidade e Idade Média – vol. I, Giovani Reale; Dario Antiseri Perfil de Aristóteles, Enrico Berti Por que São Tomás criticou Santo Agostinho. Avicena e o ponto de partida de Duns Escoto, Étienne Gilson Problema do ser em Aristóteles (O), Pierre Aubenque Quem é Deus? Elementos de teologia filosófica, Battista Mondin Silêncio e contemplação: uma introdução a Plotino, Gabriela Bal Sofistas (Os), William Keith Chambers Guthrie Teoria do conhecimento e teoria da ciência, Urbano Zilles GIOVANNI REALE DARIO ANTISERI FILOSOFIA: ANTIGUIDADE E IDADE MÉDIA Vol. 1 Nova edição revista e ampliada Título original Il pensiero occidentale – 1. Antichità e Medioevo © Editrice la Scuola, 2013 Tradução: Pe. José Bortolini Direção editorial: Claudiano Avelino dos Santos Coordenação de revisão: Tiago José Risi Leme Capa: Marcelo Campanhã Editoração, impressão e acabamento: PAULUS Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Reale, Giovanni Filosofia: Antiguidade e Idade Média, vol. 1 / Giovanni Reale, Dario Antiseri; [tradução José Bortolini]. – Ed. rev. e ampl. – São Paulo: Paulus, 2017. – Coleção Filosofia. Título original: Il pensiero occidentale, 1: Antichità e Medioevo ISBN 978-85-349-4191-4 1. Filosofia - História I. Antiseri, Dario. II. Título. III. Série. 17-01064CDD-109 Índice para catálogo sistemático: 1. Filosofia: História 109 Seja um leitor preferencial PAULUS. Cadastre-se e receba informações sobre nossos lançamentos e nossas promoções: paulus.com.br/cadastro Televendas: (11) 3789-4000 / 0800 16 40 11 1ª edição, 2017 © PAULUS – 2017 Rua Francisco Cruz, 229 • 04117-091 – São Paulo (Brasil) Tel.: (11) 5087-3700 • Fax: (11) 5579-3627 paulus.com.br • [email protected] ISBN 978-85-349-4191-4 PREFÁCIO “Uma vida sem busca não é digna de ser vivida.” Sócrates 1. Há teorias, argumentações e debates filosóficos porque há problemas filosóficos. Como na pesquisa científica ideias e teorias científicas são respostas a problemas científicos, assim, analogamente, na pesquisa filosófica as teorias filosóficas são tentativas de solução dos problemas filosóficos. Portanto, os problemas filosóficos existem, são inevitáveis e irreprimíveis, e não poucos desses problemas envolvem toda pessoa que não renuncie a pensar: Deus existe, ou existimos só nós, perdidos neste imenso universo? O mundo é um cosmos ou um caos? A história humana tem sentido? E se tem, qual é? Ou na verdade tudo – a glória e a miséria, as grandes conquistas e os sofrimentos inocentes, vítimas e algozes –, exatamente tudo será envolvido no absurdo, no nada de sentido? E o homem é livre e responsável, ou é mero fragmento insignificante do universo, determinado em suas ações por rigorosas leis naturais? A ciência pode dar-nos certezas? O que é a verdade? Quais são as relações entre razão científica e fé religiosa? Quando podemos dizer que um Estado é democrático? E quais são os fundamentos da democracia? É possível obter justificativa racional dos valores mais elevados? E quando é que somos racionais? Eis, portanto, alguns dos problemas filosóficos de fundo, que dizem respeito às opções e ao destino de cada homem, com os quais se amalgamaram as mentes mais elevadas da humanidade, deixando-nos em herança autêntico patrimônio de ideias, que constitui a identidade e a grande riqueza do Ocidente. Einstein escreveu que as ideias são a coisa mais real que pode haver no mundo. E disso decorre que, entre essas coisas mais reais, as mais importantes humana e socialmente sejam justamente as ideias filosóficas. A história da filosofia é a história dos problemas filosóficos, das teorias filosóficas e das argumentações filosóficas. É a história dos debates entre filósofos, das conquistas e dos erros dos filósofos. É a história de sempre novas tentativas de tomar de assalto questões inevitáveis, na esperança de conhecer, entre outras coisas, sempre mais a nós mesmos e de encontrar orientações para a nossa vida e menos frágeis motivações para nossas opções. Não é difícil constatar que a história da filosofa ocidental é a história das ideias que “in-formaram” – isto é, deram forma – a história do Ocidente. É patrimônio que não deve ser desperdiçado; riqueza que não deve ser perdida. E justamente para esse objetivo, os problemas, as teorias, as argumentações ■ ■ 6 Filosofia: Antiguidade e Idade Média - Vol. 1 e os debates filosóficos devem ser analiticamente explicados, expostos com a maior clareza possível. 2. Evidentemente, se medirmos o presente trabalho pelo número de páginas, dever-se-á dizer que se trata de livro extenso. Todavia, e aqui é o caso de lembrar a bela sentença do abade Terrasson, citada por Kant no Prefácio à Crítica da razão pura: “Se se mede a extensão do livro não pelo número de páginas, mas pelo tempo necessário para compreendê-lo, de vários livros poder-se-ia afirmar que seriam muito mais breves se não fossem tão breves”. E de fato, em muitos casos, manuais e tratados de filosofia provocariam menor fadiga se tivessem algumas páginas a mais acerca de uma série de temas. Com efeito, a brevidade, na exposição das problemáticas filosóficas, não simplifica as coisas, pelo contrário, complica-as e, então, torna-as pouco compreensíveis, quando não inclusive incompreensíveis. Consequentemente, a presente história do pensamento ocidental das origens aos nossos dias pretende avançar ao menos em três níveis além do mero “o que” disseram os filósofos, ou seja, além daquele nível que os antigos denominavam doxográfico (nível de colagem de opiniões), chegando a explicar “por que” os filósofos enfrentaram determinados e exatos problemas e disseram aquilo que disseram, procurando, além disso, dar adequado sentido de “como” o disseram e, por fim, indicando alguns dos “efeitos” teóricos e às vezes também práticos, isto é, histórico-políticos, das concepções examinadas. O “porquê” das afirmações dos filósofos nunca é algo simples, pois temas sociais, econômicos e culturais frequentemente se interpõem e de modos diversos se entretecem com os temas teóricos e especulativos. Do pano de fundo do qual emergiram os problemas e as teorias dos filósofos fomos pouco a pouco dando-nos conta, porém evitando os perigos dos reducionismos sociológicos e psicológicos (que nos últimos anos foram levados a excessos hiperbólicos, chegando quase a esvaziar a identidade específica do discurso filosófico) e evidenciando as concatenações dos problemas teóricos e os nexos conceituais e, portanto, as motivações lógicas, racionais e críticas que, em última análise, constituem a substância das ideias e das teorias científicas filosoficamente relevantes. A seguir, procurou-se dar o sentido de “como” os pensadores e cientistas propuseram suas doutrinas, fazendo amplo uso das suas próprias palavras. Algumas vezes, quando se tratava de textos fáceis, a palavra viva dos vários pensadores foi utilizada no mesmo nexo expositivo; outras, pelo contrário, foram reproduzidos trechos de vários autores (os mais complexos e mais difíceis), à guisa de corroborar a exposição. E tudo isso pelo fato de que, visto não ser possível ter uma ideia do modo de sentir e de imaginar de um poeta sem ler trechos da sua obra, não é possível ter uma ideia do modo de pensar de um filósofo ignorando o modo como expressava seus pensamentos. Por fim, os filósofos são importantes não só por aquilo que dizem, mas igualmente pelas tradições que geram e põem em movimento: algumas de suas posições favorecem o nascimento de algumas ideias, mas, ao mesmo tempo, Prefácio 7 impedem o florescimento de outras. Os filósofos, portanto, são importantes quer por aquilo que dizem, quer por aquilo que proíbem dizer. Esse é um dos aspectos acerca do qual frequentemente as histórias da filosofia se calam e aqui quisemos evidenciar, sobretudo na explicação das complexas relações entre as ideias filosóficas e as científicas, religiosas, estéticas, econômicas e sociopolíticas. 3. Com razão foi dito que, em linhas gerais, um grande filósofo é o gênio de uma grande ideia: Platão e o mundo das Ideias; Aristóteles e o conceito de Ser; Plotino e a concepção do Um; Agostinho e a “terceira navegação” no madeiro da Cruz; Descartes e o cogito; Leibniz e as mônadas; Kant e o transcendental; Hegel e a dialética; Marx e a alienação do trabalho; Kierkegaard e o Indivíduo; Bergson e a duração; Wittgenstein e os jogos de linguagem; Popper e a falsificação das teorias científicas, e assim por diante. Pois bem, é exatamente nesse horizonte que esta nova edição do Pensamento ocidental se apresenta enriquecida por uma série de aprofundamentos referentes a questões nevrálgicas genuinamente filosóficas, que são como anéis constitutivos da grande corrente de pensamentos que é a história da filosofia ocidental: a identidade da Europa entre Atenas e Jerusalém; a grande revolução espiritual trazida pela mensagem bíblica que modificou radicalmente a impostação do pensamento antigo e é premissa indispensável para a compreensão do pensamento posterior medieval, bem como do pensamento ocidental em geral; o debate sobre os universais entre os coletivistas e individualistas; os motivos da atualidade do pensamento franciscano; as raízes escolásticas tardias do liberalismo inglês; a função política do Jusnaturalismo; a controvérsia relativa à contraposição iluminista entre fé na autoridade e uso da própria razão; o pensamento utópico entre bons diagnósticos e nefastas terapias; a inconsistência da teoria conspiratória da sociedade; a origem espontânea da moeda; a substancial igualdade do método para trial and error e o “círculo hermenêutico”; método científico e raciocínio do médico, questões de metodologia da clínica; o princípio de subsidiariedade como baluarte da liberdade dos indivíduos e dos “grupos espontâneos”; se o filólogo e o historiador são cientistas como o físico ou não; pesquisa pura e pesquisa aplicada, o grande problema da inovação; fé e razão na Aeterni Patris e na Fides et Ratio; a controvérsia sobre a tese de Max Weber relativa à gênese do espírito do capitalismo; o debate sobre a cientificidade ou não da psicanálise; se é ou não sustentável a “despótica dicotomia” entre cognitivo (ou científico) e emotivo (ou artístico); a bioética e seus problemas. Essas, justamente, são algumas das temáticas objeto de aprofundamentos utilizáveis como temas de reflexão e discussão. 4. Posterior novidade não irrelevante da presente obra – que, desde o início, há trinta anos, foi apreciada e reiteradamente continuou sendo apreciada, e hoje é a história do pensamento filosófico e científico mais difundida no mundo –, posterior novidade, portanto, consiste em vasta atualização ■ ■ ■ ■ 8 Filosofia: Antiguidade e Idade Média - Vol. 1 referente a pensadores, movimentos e história da crítica não abordados ou não desenvolvidos suficientemente nas edições anteriores. Essa “atualização” se refere não somente à filosofia contemporânea, mas também ao pensamento antigo, medieval e moderno. E é graças às sugestões e justas críticas de colegas com quem discutimos a estas alturas em inúmeros encontros que abraçamos com fadiga o dever desta nova edição. Exatamente como dever: uma história da filosofia, assim como qualquer texto de literatura, de ciências, de arte, de história não concebido como dom para nossos jovens, para seu crescimento mental e moral, poderá transformar-se em negócio comercial, mas será sempre produto de desonestidade, claro sintoma de irresponsabilidade. Apresenta-se, portanto, um texto cientificamente construído com o objetivo de oferecer instrumentos adequados para entrar na história dos problemas e das ideias filosóficas, naquela história grande, fascinante e nem sempre fácil dos esforços intelectuais que as maiores mentes do Ocidente nos deixaram como herança, mas também como empenho. Giovanni Reale – Dario Antiseri