Cavidade do corpo do embrião

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Capítulo 9
Cavidades do Corpo, Mesentério e Diafragma
No início da quarta semana, o celoma intra-embrionário é uma cavidade em forma de
ferradura no mesoderma cardiogênico e lateral. A curvatura representa a futura cavidade pericárdica
e suas extensões laterais indicam as futuras cavidades pleural e peritoneal. Há união da parte distal
de cada ramo do celoma intra-embrionário com o extra-embrionário. O celoma fornece espaço para
o desenvolvimento e movimentação dos órgãos.
Cavidade do corpo do embrião
Durante a quarta semana, o celoma intra-embrionário dá origem a três cavidades do corpo
bem definidas:
 Cavidade pericárdica;
 Dois canais pericardioperitoneais que unem as cavidades pericárdica e peritoneal;
 Grande cavidade peritoneal.
Elas têm uma parede parietal revestida por mesotélio derivado do mesoderma somático e
uma parede visceral revestida por mesotélio derivado do mesoderma esplâncnico. A cavidade
peritoneal se une ao celoma extra-embrionário na região umbilical.
Durante a formação da prega cefálica, o coração e a cavidade pericárdica se deslocam
ventrocaudalmente, colocando-se em frente ao intestino anterior. Assim, a cavidade pericárdica se
abre nos canais pericardioperitoneais. Após o pregueamento embrionário, a parte caudal do
intestino anterior, o intestino médio e posterior ficam presos à parede abdominal posterior pelo
mesentério dorsal.
Mesentérios
Um mesentério é uma camada dupla de peritônio que une o órgão à parede do corpo e
conduz vasos e nervos a este.
Os mesentérios dorsal e ventral dividem a cavidade peritoneal em duas metades  direita e
esquerda , mas o mesentério ventral logo desaparece exceto onde fica preso à parte caudal do
intestino anterior.
As artérias que suprem o intestino primitivo correm entre as camadas do mesentério dorsal.
Divisão da cavidade do corpo do embrião
Cada canal pericardioperitoneal se situa lateralmente ao intestino anterior (futuro esôfago) e
dorsalmente ao septo transverso  placa espessa de tecido mesodérmico entre a cavidade torácica e
canal vitelino; primórdio do tendão central do diafragma. Formam-se septos nos canais
pericardioperitoneais que separam a cavidade pericárdica das cavidades pleurais e estas da
peritoneal. O crescimento dos brotos brônquicos (primórdios dos pulmões) para dentro dos canais
produz cristas membranosas:
 Cristas cefálicas  pregas pleuropericárdicas: superiormente aos pulmões;
 Cristas caudais  pregas pleuroperitoneais: inferiormente aos pulmões.
Membranas pleuropericárdicas
As pregas pleuropericárdicas aumentam e formam septos (membranas pleuropericárdicas)
que separam a cavidade pericárdica das cavidades pleurais e que contêm as veias cardinais comuns
(drenam o sistema venoso primitivo para o seio venoso do coração primitivo).
Inicialmente, os brotos brônquicos são pequenos; depois crescem lateralmente a partir da
extremidade caudal da traquéia para dentro dos canais pericardioperitoneais. As cavidades pleurais
dividem o mesênquima em:
 Uma camada externa que se transforma na parede torácica;
 Uma camada interna (a membrana pleuropericárdica) que se transforma no pericárdio fibroso, a
camada externa do saco pericárdico que contém o coração.
Na sétima semana, as membranas pleuropericárdicas se fundem com o mesênquima ventral
ao esôfago, formando o mediastino primitivo e separando a cavidade pericárdica das cavidades
pleurais. Mediastino é constituído por mesênquima que se estende do esterno à coluna vertebral,
separando os pulmões. A abertura pleuropericárdica direita se fecha um pouco antes da esquerda.
Membranas pleuroperitoneais
Gradativamente, as pregas pleuroperitoneais se tornam membranosas, formando as
membranas pleuroperitoneais que vão separar as cavidades pleurais da cavidade peritoneal. Essas
membranas são produzidas quando os pulmões em desenvolvimento e as cavidades pleurais se
expandem e invadem a parede do corpo.
Durante a sexta semana as membranas pleuroperitoneais se estendem ventromedialmente até
suas bordas livres se fundirem com o mesentério dorsal do esôfago e do septo transverso, separando
as cavidades pleurais da peritoneal. O fechamento das aberturas pleuroperitoneais é ajudado pela
migração de mioblastos (células musculares primitivas) para dentro das membranas
pleuroperitoneais. A abertura do lado direito se fecha um pouco antes da do lado esquerdo.
Desenvolvimento do diafragma
O diafragma  septo musculotendinoso, em forma de cúpula, que separa as cavidades
torácica e abdominal  é formado pelos componente embrionários:
Septo transverso
O septo transverso (tecido mesodérmico) é o primórdio do tendão central do diafragma.
Cresce dorsalmente a partir da parede ventrolateral do corpo e forma uma prateleira semicircular,
que separa o coração do fígado. Se localiza caudalmente à cavidade pericárdica e a separa
parcialmente da cavidade peritoneal em desenvolvimento. É identificável ao fim da terceira semana.
Não separa completamente as cavidades torácica e abdominal  há uma grande abertura, o canal
pericardioperitoneal, a cada lado do esôfago. O septo se expande e se funde com o mesênquima
ventral do esôfago.
Membranas pleuroperitoneais
Se fundem com o mesentério dorsal do esôfago e com o septo transverso, completando a
separação entre as cavidades torácica e abdominal e formando o diafragma primitivo. Representa
pequenas porções do diafragma do recém-nascido.
Mesentério dorsal do esôfago
Esse mesentério constitui a porção mediana do diafragma. Os crura do diafragma  par de
feixes musculares divergentes que cruzam o plano mediano em posição anterior à aorta 
desenvolvem-se a partir de mioblastos que crescem para dentro do mesentério dorsal do esôfago.
Invasão muscular a partir das paredes laterais do corpo
Da nona à décima segunda semana os pulmões e as cavidades pleurais aumentam,
“escavando” as paredes laterais do corpo, dividindo-as em duas camadas:
 Uma camada externa, que se torna parte da parede abdominal;
 Uma camada interna, que contribui com tecido muscular para as porções periféricas do
diafragma.
A extensão das cavidades pleurais para dentro das paredes laterais do corpo forma os
recessos costodiafragmáticos direito e esquerdo.
Alterações de posição e inervação do diafragma
Durante a quarta semana de desenvolvimento, o septo transverso se coloca em frente do
terceiro ao quinto somitos cervicais. Mioblastos desses somitos migram para dentro do diafragma
levando suas fibras nervosas (nervos frênicos, que provêm dos ramos ventrais do terceiro ao quinto
nervos espinhais cervicais). Os três ramos de cada lado se unem para formar um nervo frênico.
Na sexta semana, o diafragma em desenvolvimento fica ao nível dos somitos torácicos. Com
o movimento relativo do diafragma “deslocando-se” em sentido caudal no corpo, os nervos sofrem
um alongamento correspondente. No início da oitava semana, a parte dorsal do diafragma fica ao
nível da primeira vértebra lombar. Os nervos frênicos entram no diafragma passando pelas
membranas pleuropericárdicas.
Quando as quatro partes do diafragma se fundem, o mesênquima do septo transverso se
estende para dentro das outras três parte e forma mioblastos que se diferenciam no músculo
esquelético do diafragma; por esse motivo, a inervação nervosa motora do diafragma é feita pelos
nervos frênicos. A inervação sensitiva é feita pelos nervos frênicos e também por fibras sensitivas
dos nervos intercostais inferiores.
Hérnia diafragmática congênita
A anomalia mais comum no desenvolvimento do diafragma é um defeito póstero-lateral do
diafragma através do qual ocorrem hérnias. Uma hérnia diafragmática congênita (CDH) é
caracterizada pela presença de vísceras abdominais na cavidade torácica.
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