DISCURSO PROFERIDO PELO DEPUTADO MAURO BENEVIDES NA SESSÃO DE 03 DE MARÇO DE 2006 SENHOR PRESIDENTE SENHORAS E SENHORES DEPUTADOS: A investidura do novo Ministro da Fazenda, GUIDO MANTEGA, vem sendo objeto de comentários favoráveis, a partir do instante em que o substituto de Antonio Palocci proclamou-se favorável a uma política de JUROS CIVILIZADOS, o que representou, implicitamente, enfática crítica à atual TAXA SELIC, situada em patamar elevado, conforme seguidas vezes temos apontado nesta tribuna, particularmente quando se reúne o COPOM, com a finalidade de reajustar os índices então predominantes entre nós. Embora o Comitê haja enveredado, afinal, por uma trilha que se embasa numa gradualidade decrescente, mesmo assim há quem patrocine maior celeridade na adoção desse decesso, conforme entendem, aliás, as classes empresariais, especialmente a Confederação Nacional da Indústria, através de seu presidente, deputado ARMANDO MONTEIRO NETO. Agora, a ascensão de Guido Mantega vem suscitando outras especulações de maior amplitude, como a diminuição da CARGA TRIBUTÁRIA, considerada asfixiante, uma vez que se enquadra entre as maiores cobradas por outras Nações do continente sulamericano. No último sábado, por exemplo, em editorial intitulado SUFOCO TRIBUTÁRIO, o jornal O GLOBO assume posicionamento a respeito dessa temática, enfatizando, explicitamente: “PESO DOS IMPOSTOS 1 AUMENTA E PREJUDICA A ECONOMIA”. A esta altura do apreciado comentário, vai ressalvado com clareza e precisão que “O MODELO SE REPETE COM LULA E OS ALIVIOS TRIBUTÁRIOS CONCEDIDOS SELETIVAMENTE NÃO SÃO CAPAZES DE CONTER O APETITE DA MÁQUINA ARRECADADORA”. Pela atualidade e ressonância do comentário, entendi de meu dever solicitar a sua transcrição neste pronunciamento, ensejando a que sobre ele se manifestem os nossos eminentes Pares, numa linha de conscientização que haverá de refletir junto ao novo Czar das Finanças brasileiras. Eis a respectiva integra, Sr. Presidente: Sufoco tributário Mais uma vez, apesar de todo o discurso oficial de alívio tributário, aumentou a já pesada carga de impostos. Com a divulgação do PIB de 2005 pelo IBGE, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) pôde confirmar estimativas anteriores: no ano passado, a soma dos impostos federais, estaduais e municipais avançou ainda mais sobre a renda nacional, e passou de 36,8% do PIB para 37,82%. O governo Lula mantém o país firme na tendência de aumento do confisco da renda da sociedade pelo Estado, estabelecida ainda no primeiro governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, em 1996, quando a carga tributária foi de 27,29%. A razão para isso é o crescimento constante dos gastos públicos, numa velocidade sempre acima da expansão da economia. E quando, ainda na era FH, no segundo mandato dele, por determinação do FMI, o país começou a 2 gerar superávits primários nas contas públicas – para sustar a expansão descontrolada da dívida – o caminho escolhido foi o pior: mais impostos e menos investimentos. O modelo se repete com Lula e os alívios tributários concedidos seletivamente não são capazes de conter o apetite da máquina arrecadadora. E como sempre é o avanço dos gastos públicos de custeio que causa todo o estrago. A despesa primária do governo central – ou seja, sem considerar a conta dos juros – era de 20,4% do PIB no segundo governo FH e, conforme cálculos do economista Fabio Giambiagi, chegará no fim do governo do PT a 23%. Esses três pontos percentuais de diferença são aproximadamente seis vezes o que o Estado tem investido. Os aumentos reais, acima da inflação, que vêm sendo concedidos ao salário-mínimo, têm levado os gastos com a Previdência e outras despesas ditas sociais a pesarem cada vez mais no PIB: em 2003 eram 16,2%; no ano passado, 17,3%. E serão ainda mais pesados este ano. O Estado brasileiro firma-se como assistencialista, de baixo estímulo ao desenvolvimento. Não causa surpresa que os juros sejam altos. Afinal, é preciso girar a dívida e compensar o expansionismo fiscal; nem surpreende que a taxa de poupança fique estacionada na faixa dos 20% do PIB, pois o Estado absorve muitos recursos para financiar seus gastos. E por causa de tudo isso, e ainda da carga tributária, a economia não cresce como poderia e deveria. MAURO BENEVIDES Deputado Federal 3