V ESCOLA AVANÇADA DE ENERGIA NUCLEAR Teoria e aplicações das ciências nucleares Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, IPEN – CNEN / SP São Paulo, 25 a 30 de junho de 2012 Comissão Organizadora Marina Beatriz Agostini Vasconcellos, IPEN – CNEN / SP Marília Gabriela Miranda Catharino, IPEN – CNEN / SP Renato Semmler, IPEN – CNEN / SP APOIO PATROCÍNIO Objetivos Divulgação das diversas aplicações benéficas da energia nuclear; Auxiliar na capacitação dos estudantes do segundo e terceiro ano do ensino médio para a participação nas diversas olimpíadas de física e química em nível nacional e internacional; Divulgação da instituição IPEN para o ensino médio; Estimular o interesse dos estudantes do ensino médio pela física e pela química através de várias atividades na área de física nuclear e aplicações da energia nuclear, que normalmente não fazem parte do conteúdo do ensino médio; Proporcionar aos estudantes do ensino médio com aptidões científicas a oportunidade de contato direto com cientistas em plena atividade, de um dos maiores centros de pesquisas na área nuclear da América Latina; Divulgar a importância da atividade científica e a sua inserção na vida moderna; Objetivos Mostrar aos estudantes como o conteúdo de física e química do ensino médio pode aparecer e ser aplicado em pesquisa na área nuclear; Proporcionar a capacitação didática dos professores dos diversos centros de pesquisa do IPEN através de atividades relacionadas com estudantes de ensino médio; Prestação de serviços para a comunidade; Reconhecer no jovem e no seu potencial criativo o seu patrimônio mais valioso; Ver na educação o elemento fundamental para o crescimento do cidadão e da Nação; Incentivar práticas de cidadania, ética e responsabilidade social; Agir com honestidade de propósitos e de ações; Valorizar o trabalho em equipe. Informações gerais As atividades serão realizadas de segunda à sexta das 8h às 18h com intervalos para coffee break e almoço. Cada aula tem a duração de 45min. Horário do almoço: 11h55min às 13h20min Restaurante – comida por quilo e PF Cantina Banco do Brasil e banco Real (subsolo do bloco A) Biblioteca (bloco A) Não esquecer o crachá de identificação e a credencial da EAEN. O uso é obrigatório quando o aluno estiver nas dependências do Ipen. Todos os participantes com, no mínimo, 75% de frequência nas aulas receberão certificados de participação da V EAEN. Programa da EAEN FN - Física Nuclear AEN - Aplicações da Energia Nuclear EVO - Exercícios de Vestibulares e Olimpíadas Programa da EAEN FN – Física Nuclear FN1 – FN2 – FN3 – FN4 – FN5 – FN6 – FN7 – FN8 – FN9 – FN10 – FN11 – FN12 – FN13 – FN14 – FN15 – FN16 – FN17 – FN18 – FN19 – Átomos e núcleos Interação da radiação com a matéria Reações nucleares Radioatividade Fissão e fusão Reatores nucleares de potência Astrofísica nuclear: nucleossíntese e ambientes astrofísicos Momento angular e modelos nucleares O reator IEA-R1 do IPEN – visita ao reator Rejeitos radioativos Detectores nucleares Efeitos Biológicos da Radiação Física de nêutrons Radioatividade ambiental Instrumentação nuclear Computação científica em física nuclear Noções de medidas e erros em física nuclear experimental Noções de proteção radiológica História da Energia Nuclear no Brasil Programa da EAEN AEN – Aplicações da Energia Nuclear AEN1 – AEN2 – AEN3 – AEN4 – AEN5 – AEN6 – AEN7 – Aplicação de radioisótopos na saúde – visita ao CR BNCT – Boron Neutron Capture Therapy Uso de raios X característicos para análise de pinturas Visita ao CTR: Aceleradores e irradiadores de Co60 Análise por ativação neutrônica e aplicações Medicina nuclear Aplicação de lasers em ciências nucleares EVO – Exercícios de Vestibulares e Olimpíadas EVO1 – Balanço energético das reações – Cálculo do Q de reações EVO2 – Radioatividade FN1 – Átomos e Núcleos FN1 – Átomos e Núcleos O que é Física Nuclear ? É a parte da Física que estuda os fenômenos microscópicos envolvendo núcleos. A Física Nuclear é uma área importante da Física Contemporânea, não só porque ela constitui um rico campo de aplicações, como porque ela oferece uma gama de fenômenos, cujo estudo e entendimento afetaram e continuam afetando crucialmente o dia-a-dia de todos nós ! Renato Semmler O átomo Século V A.C. Teoria atomística Leucipo e Demócrito A matéria é formada por partícula indivisível, invisível, impermeável e animada Átomo Do grego : a = não tomo: divisão Renato Semmler Modelo Atômico de Dalton John Dalton (1803) (1766 – 1844) - Primeiras bases experimentais para a idéia da matéria ser formada de átomos. - Dalton propôs sua Teoria Atômica como um conjunto de idéias que explicavam as Leis Ponderais das Reações Químicas, já conhecidas na época. Modelo Atômico de Dalton - esfera maciça e homogênea - indivisível - indestrutível Renato Semmler O átomo No final do século XIX, uma série de novas experiências e descobertas abriram caminho para o desenvolvimento da física atômica e da física subatômica (nuclear): - Descoberta dos raios X (Wilhelm Roentgen em 1895); - Radioatividade (Becquerel em 1896); - Descoberta do elétron (Joseph John Thomson em 1897); Renato Semmler Modelo de Thomson Thomson (1856 - 1940) Em 1904, Joseph John Thomson apresenta um modelo atômico para explicar como as cargas negativas e as positivas eram distribuídas no átomo. 10-8cm Modelo do “Pudim de ameixas” ... the atoms of the elements consist of a number of negatively electrified corpuscles enclosed in a sphere of uniform positive electrification, ... Renato Semmler O átomo O Modelo de Thomson conseguia explicar: - A neutralidade dos átomos; - A origem dos elétrons; - A origem das propriedades químicas dos elementos. Contudo, o Modelo de Thomson não conseguia explicar: - As linhas espectrais; - Radioatividade; - Espalhamento de partículas carregadas pelos átomos. Renato Semmler O Átomo de Rutherford Espalhamento de partículas alfa conceito de átomo com núcleo Quando um feixe de raios paralelos de uma substância radioativa ou de um tubo de descarga passa através de matéria, alguns raios são desviados (ou espalhados) da sua direção original. O processo de espalhamento é o resultado da interação entre os raios do feixe e os átomos do material e um estudo cuidadoso pode dar informações sobre os raios, átomos ou ambos. No caso do átomo de Thomson, a deflexão média causada por um único átomo deveria ser muito pequena – conservação de momento e energia em uma colisão elástica e a distribuição uniforme de cargas positivas e negativas no átomo. Renato Semmler O Átomo de Rutherford Segundo o Modelo de Thomson, a deflexão causada por um único átomo deveria ser muito pequena. Renato Semmler O Átomo de Rutherford Renato Semmler O Átomo de Rutherford Créditos: Hyperphysics - http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/rutsca.html#c1 Renato Semmler O Átomo de Rutherford Geiger verificou que uma particula alfa em cada 8000 era desviada num ângulo maior que 90º . O espalhamento de partículas alfa em ângulos grandes não podia ser conciliado com as previsões do Modelo de Thomson ! Renato Semmler O Átomo de Rutherford Renato Semmler O Átomo de Rutherford Ernest Rutherford (1871 - 1937) Em 1911 Ernest Rutherford estabelece o modelo do átomo através de espalhamento de partículas . Renato Semmler O Átomo de Bohr Niels Bohr - 1913 Niels Bohr apresenta seus postulados Existem órbitas estáveis nas quais os elétrons não emitem radiação. Emissão ou absorção de radiação corresponde a troca de órbita (quanta) O momento angular do elétron (spin) é um número inteiro de h/2 Renato Semmler Átomo 1919, Rutherford: Descobrimento do próton; 1932, Chadwick: Descobrimento do nêutron; Modelo atômico “definitivo”: Núcleo compacto, formado por prótons e nêutrons, com elétrons ocupando orbitais quânticos em um volume muito maior. Renato Semmler Átomo O átomo é a menor parte da estrutura da matéria. A estrutura do átomo consiste de um núcleo onde fica concentrada sua massa formada, basicamente, por partículas de carga positiva (prótons) e partículas de mesmo tamanho mas sem carga (nêutrons). Girando ao redor do núcleo estão os elétrons, de carga negativa. Em equilíbrio, o número de elétrons é igual ao número de prótons no átomo. As reações químicas ocorrem pela interação dos elétrons dos átomos. Renato Semmler Átomo 1 fm = 10-15m me = 9,11·10-31kg Renato Semmler Núcleo O núcleo atômico é composto de partículas chamadas nucleons. Existem duas espécies de nucleons: os prótons (Rutherford, 1919), com carga elétrica positiva, e os nêutrons (Chadwick, 1932), sem carga elétrica líquida. próton nêutron mp = 1,672·10-27kg qp = 1,602·10-19C mn = 1,675·10-27kg qn = 0 Renato Semmler Núcleo 1 fm = 10-15m Renato Semmler Núcleo Nêutrons e prótons são compostos por Quarks Up = u (carga +2/3e) Down = d (carga -1/3e) 2d+u -1/3e-1/3e+2/3e = 0e 2u+d +2/3e+2/3e-1/3e = 1e Renato Semmler Núcleo Para os químicos o núcleo atômico é basicamente uma carga pontual que contém a maior parte da massa do átomo. Sua estrutura interna não é significante na formação dos átomos e das moléculas. Química (átomo) - 10-10m - eV - Reações químicas Física Nuclear (núcleo) - 10-15m - MeV - Reações Nucleares 1 eletron volt = 1,0 eV = 1,6·10-19J Para se remover um elétron do átomo de hidrogênio é necessário 13,5 eV de energia! Para separar um nêutron de um próton no núcleo do hidrogênio pesado é necessário cerca de 2,2 MeV de energia! Renato Semmler Núcleo Em Física Nuclear, é muito importante considerar a energia envolvida. A Física Nuclear tradicional lida com fenômenos nucleares à energia por partícula relativamente baixa (até por volta de 20 MeV por nucleon): Física Nuclear a baixas energias. Entre 20 e 400 MeV por nucleon: Física Nuclear a energias intermediárias. Acima de 400 MeV por nucleon: Física Nuclear a altas energias ou Física Nuclear Relativística. keV = 103 eV MeV = 106 eV GeV = 109 eV TeV = 1012 eV Renato Semmler Número Atômico (Z) O número de prótons (ou número atômico Z) identifica um elemento químico, comandando o seu comportamento em relação aos outros elementos. O elemento natural mais simples, o Hidrogênio, possui apenas um próton; O mais complexo, o Urânio, tem 92 prótons, sendo o elemento químico natural mais pesado. Renato Semmler Tabela Periódica Renato Semmler Núcleo Todo núcleo com A > 4 é também chamado de núcleo complexo. Os núcleos complexos com Z 92 são encontrados na natureza. Os núcleos complexos com Z > 92 (elementos transurânicos) só existem se produzidos artificialmente em laboratório. O último elemento transurânico, de existência confirmada, é o de Z = 112 (Cn – Copernicium), embora atualmente já se tenha conhecimento de experiências que estendem o número de transurânicos até Z = 118. Z = 114 (Fl – Flevorium) e Z = 116 (Lv – Livermorium). É bastante útil, no estudo dos núcleos, classificá-los em: Par–par (Z par e N par), par–ímpar, ímpar–par e ímpar–ímpar. Da mesma forma é útil falar da região de núcleos leves (A < 20), núcleos médios (20 < A < 70) e núcleos pesados ( A > 70). Renato Semmler Nuclídeo Nuclídeo ou espécie nuclear - Constituição do núcleo: prótons (Z) nêutrons (N) - Nuclídeos: átomos com Z e N definidos - estáveis - instáveis – radioativos (radionuclídeos) Renato Semmler Representação É usual representar o núcleo de número de massa A e número atômico Z por ZA X ou simplesmente AX, onde X é o símbolo do elemento correspondente. Por exemplo, o núcleo Carbono 14 é representado por 14 14C. 6 C ou, simplesmente, X: símbolo do elemento químico Z: número atômico N: número de nêutrons A: número de massa (número de nucleons) A=N+Z Renato Semmler Tipos de nuclídeos - Isótopos: Z igual, A diferente Possuem o mesmo número de prótons (Z= constante) mas diferentes números de massa e diferentes números de nêutrons. O Hidrogênio tem 03 isótopos: o Hidrogênio, o Deutério e o Trítio. 1 1H 2 1H 3 1H Hidrogênio leve Deutério (H pesado) Trítio (H radioativo) Renato Semmler Tipos de nuclídeos Isótopos são encontrados na natureza em proporções aproximadamente constantes: O Urânio, que possui 92 prótons no núcleo, existe na natureza na forma de 03 isótopos: 234 U, com 142 nêutrons (em quantidade desprezível); 235 U, com 143 nêutrons, usado em reatores enriquecimento; 238 U, com 146 nêutrons no núcleo. 234 92 U, 235 92 U, (0,7%) 238 92 PWR, após U (99,3%) Renato Semmler Exercício O elemento Cromo (massa atômica 51,9961 u) possui 04 isótopos naturais. 03 deles são: 50Cr (massa atômica 49,946049 u e abundância 4,35%), 52Cr (massa atômica 51,940512 u e abundância 83,79%), e 54Cr (massa atômica 53,938884 u e abundância 2,36%). Determine a massa atômica e a abundância isotópica do quarto isótopo. ( 50Cr ) ( 52Cr ) ( 54Cr ) ( ACr ) 100% A 4,35% 83,79% 2,36% ACr 100% Cr 9,5% M(Cr ) 51,9961u 4,35 50 83,79 52 2,36 54 9,5 M Cr M Cr M Cr M ACr 51,9961 100 100 100 100 0,0435 49,946049 0,8379 51,940512 0,0236 53,938884 0,095 M ACr 51,9961 M ACr 52,942465 u 53Cr: massa atômica 52,942465 u e abundância 9,5% Renato Semmler Tipos de nuclídeos - Isóbaros: A igual, Z diferente Possuem o mesmo número de núcleons (A = constante). Pertencem a diferentes elementos químicos. 40 19 - Isótonos: K , 40 20 Ca N igual Possuem o mesmo número de nêutrons 36 16 S, 37 17 Cl , 38 18 K (N = 20) Renato Semmler Tipos de nuclídeos - Isômeros: Z igual, A igual Não diferem no número de prótons ou de nêutrons, mas somente no estado energético do núcleo: mesmo nuclídeo com estado de energia diferente. - Estado fundamental - estado de energia mais baixo. - Isômero de meia vida muito curta (t1/2 < 1s) - estado excitado. - Isômero de meia vida maior - metaestável. Nuclídeo isomérico em estado de energia mais alto que o estado fundamental liberação de energia geralmente por emissão de radiação gama . 99 68 Tc , 99m 68 Tc (metaestável) Renato Semmler Tipos de nuclídeos - Isodiáferos: Possuem o mesmo excesso de nêutrons sobre prótons (A - 2Z = N – Z = constante) . 30 14 Si , 32 15 P, 34 16 S, 36 17 Cl , 38 18 Ar (N - Z = 2) Renato Semmler Nuclídeos 40 20 Ca 209 83 Bi N Z N 1 Z NZ N 1,52 Z Renato Semmler Nuclídeos Nuclídeos estáveis: 166 nuclídeos tem número par de Z e N: nuclídeos par-par. 57 nuclídeos tem número par de Z e ímpar de N: nuclídeos par-ímpar. 53 nuclídeos tem número ímpar de Z e par de N: nuclídeos ímpar-par. 8 nuclídeos tem número ímpar de Z e N: nuclídeos ímpar-ímpar. - Para um dado A, existem poucos isóbaros estáveis. - A maioria dos nuclídeos mais abundantes são par-par. - Existe uma abundância equivalente entre os par-ímpar e ímpar-par. - Os menos abundantes são ímpar-ímpar. - 4 dos nuclídeos ímpar-ímpar estáveis são nuclídeos leves: deutério (2H), lítio (6Li), boro (10B) e nitrogênio (14N) - (N = Z). - Os outros 4 nuclídeos ímpar-ímpar são instáveis mas suas meias-vidas são maiores do que 109 anos, isto é, maior que a idade da Terra. - Nenhum elemento com Z ímpar possui mais do que dois isótopos estáveis. - Elementos com Z par possuem até 10 isótopos estáveis. Renato Semmler Tabela de Nuclídeos Renato Semmler Tabela de Nuclídeos Original Karlsruhe Chart of the Nuclides - 1958 Renato Semmler Tabela de Nuclídeos Renato Semmler Tabela de Nuclídeos Renato Semmler Tabela de Nuclídeos Renato Semmler Tabela de Nuclídeos Renato Semmler Nuclídeos Renato Semmler Tabela de Nuclídeos Renato Semmler Tabela de Nuclídeos Renato Semmler Força nuclear O núcleo de um átomo é formado por um conjunto de prótons e nêutrons mantidos juntos. Uma vez que os nêutrons não têm carga e os prótons são carregados positivamente e se repelem uns aos outros, por que o núcleo não explode? O que mantém o núcleo unido ? A força nuclear forte é forte o bastante para superar a força eletromagnética repulsiva entre os prótons. Renato Semmler Força nuclear Renato Semmler Força nuclear O universo que conhecemos existe porque as partículas fundamentais interagem. Essas interações incluem forças atrativas e repulsivas, decaimento e aniquilação. Existem quatro interações fundamentais entre as partículas, e todas as forças no mundo podem ser atribuídas a essas quatro interações. Renato Semmler Força nuclear Renato Semmler O raio nuclear O raio dos prótons e nêutrons que compõem os núcleos é da ordem de 1 fm (Espalhamento de Rutherford, 1911). Suponha que um núcleo possua A nucleons e que estes estejam distribuídos dentro de uma esfera de raio R. Considerando os nucleons como pequenas esferas duras de raio r em contato uma com as outras, podemos representar o volume V do núcleo, aproximadamente, por: V Av 4 3 Sendo V R 3 o volume de uma esfera de raio R, temos: 4 3 4 R A r 3 3 3 R 3 Ar 3 R 3 Ar 3 R rA 1 3 Renato Semmler O raio nuclear Mesmo nesta consideração de esferas empacotadas, existem espaços vazios entre elas e o volume nuclear deve ser maior do que a simples soma dos volumes de cada esfera. Esperamos, portanto, que r seja maior que 1 fm. R r0 A 1 3 r0 1,2 1,4fm Renato Semmler O volume nuclear O fato de o raio de um núcleo esférico ser proporcional a A1/3 implica o volume do núcleo ser proporcional a A. V 4 3 R 3 3 1 4 3 V ro A 3 V 4 3 r0 A 3 V v0A O volume por núcleon é praticamente constante para todos os núcleos densidade de nucleons é a mesma para todos os núcleos. V v0 A Renato Semmler A densidade nuclear Uma consequência importante da expressão para o raio nuclear é que a densidade de matéria nuclear em um dado núcleo é constante. Como o volume do núcleo é proporcional a A e a massa do núcleo também é proporcional a A as massas específicas de todos os núcleos são aproximadamente idênticas: nucleon nucleon A V A 4 3 r0 A 3 nucleon 1 v0 Independente de A Renato Semmler A densidade nuclear As experiências feitas na Universidade de Stanford, por Hofstader e colaboradores, em 1956, estudando o espalhamento de elétrons de alta energia (~200MeV) mostraram uma forma detalhada a distribuição dos núcleos no núcleo atômico. Distribuição da densidade em função da distância A densidade dos núcleons é constante no interior do núcleo e na superfície cai lentamente. Renato Semmler A densidade nuclear Matematicamente, esta distribuição é conhecida como a distribuição de Fermi: (r ) 0 1 e ( r R ) / a É necessário um único raio para descrever a dimensão de um núcleo. 0 0,17núcleos / fm3 a 0,54fm Renato Semmler Unidade de massa atômica Massas atômicas são geralmente menores que 10-21g. Por esta razão, é mais conveniente expressar as massas em unidade de massa atômica (uma = u). A unidade de massa atômica é definida considerando a massa do 12C exata e igual a 12u. 1 1u M (12C ) 1,660538782 10 27 kg 12 e 5,4857990943 10 melétron m 0 1 4 u m n 1,0086649159 7u mpróton m 11p 1,0072764667 7u mnêutron 1 0 NIST – National Institute os Standards and Technology http://physics.nist.gov/cgi-bin/cuu/Category?view=html&Atomic+and+nuclear.x=22&Atomic+and+nuclear.y=19 Renato Semmler Exercício Expresse a massa atômica do 52Cr em gramas. Dados: massa atômica do 52Cr = 51,940512 u Como 1 u = 1,66053878210-24g, temos: M 52Cr 51,940512u 51,940512 1,660538782 10 24 g M 52Cr 8,6249235 10 23 g Renato Semmler O eletron-volt (eV) As energias liberadas nas reações químicas são, geralmente, da ordem de 10-19J. Por esta razão, é mais conveniente expressar a energia em eletron-volt (eV). O eletron-volt é a energia cinética adquirida por um elétron quando é acelerado por uma diferença de potencial (V) de 1 volt. 1eV 1,602176487 10-19 C 1V 1,602176487 10-19 J 1eV 1,602176487 10-19 J Renato Semmler Relação massa-energia E m0c 2 A energia equivalente da unidade de massa atômica é: 1 u = 1,66053878210-27 kg c = 2,99792458108 m/s E 1,660538782 10 27 2,99792458 108 2 E 1,49241783 10-10 J 1,49241783 10 -10 8 E 9 , 3149 10 eV 19 1,602176487 10 E 931,49 MeV Usa-se a unidade eV/c2 para massas de núcleos ou partículas nucleares Renato Semmler Relação massa-energia Calcule a energia de repouso de um elétron, em eV. Dados: melétron = 5,485799094310-4 u = 9,109382146310-31 kg c = 2,99792458108 m/s E m0c 2 E 9,1093821463 10 31 2,99792458 108 2 E 8,18710437 90 10-14 J 8,18710437 90 10 -14 5 E 510998,909 eV 5 , 11 10 eV 19 1,602176487 10 E 0,511 MeV A massa de um elétron é de 0,511 MeV/c2 (ou de 511 keV/c2) Renato Semmler Massa nuclear e massa atômica A massa atômica M de um átomo neutro que possui Z prótons, Z elétrons e N = (A – Z) nêutrons é dada por: M X Zm A Z p M A Z mn Zme X m X Zm A Z A Z e onde m ZA X Zmp A Z mn é a massa do núcleo. X M(Z, A) M m X m(Z, A) m M A Z átomo A Z núcleo MASSAS ATÔMICAS: NuBase – Nuclear structure and decay data http://nucleardata.nuclear.lu.se/database/masses/ Renato Semmler Diferença de massa (m) Para todo sistema ligado, a massa do sistema é menor do que a soma das massas dos seus constituintes, se medidas isoladamente, isto é, um dado núcleo é mais leve que a soma de seus nucleons separados. Esta diferença é simplesmente: m Zmp Nmn m ZA X Como exemplo, seja o deutério, formado por 1 próton e 1 nêutron, que tem uma massa medida igual a 1875,6128 MeV/c2: m 1 mp 1 mn m12H m 938,2720 939,5653 1875,6128 m 2,2245 MeV c2 Para onde foi esta diferença de massa ? Renato Semmler Diferença de massa (M) A força de repulsão eletrostática entre cargas iguais, que varia com o inverso do quadrado da distância, deveria ser tão grande que os núcleos não poderiam ser formados. O fato que eles existem é evidência de que há uma força de atração muito maior – força nuclear. Esta força nuclear só atua quando os núcleos estão muito próximos e os une numa estrutura estável. Associada a esta força líquida há uma energia potencial de ligação. Renato Semmler Diferença de massa (M) Para romper um núcleo e separá-lo em seus núcleos constituintes, deve-se fornecer energia do exterior. Graças a relação massa-energia (E = m·c2), a diferença de massa m foi “convertida” em energia necessária para manter o próton e o nêutron ligados. Inversamente, a fim de “quebrar” o deutério em um próton e um nêutron livres, é indispensável entregar ao deutério uma energia que seja suficiente para desfazer a ligação do sistema. E m c 2 E 2,2245 MeV 2 c 2 c E 2,2245 MeV Renato Semmler Energia de Ligação Esta diferença de massa corresponde a energia de ligação do núcleo ! Em outras palavras, a diferença de massa é usada para “ligar” o próton ao nêutron a fim de formar o deutério Energia de Ligação. A energia de ligação de um núcleo, que é teoricamente a energia necessária para separar o núcleo em todos os seus nucleons, é dada por: BZA X m c 2 B: Binding Energy BZA X Zmp Nmn mZA X c 2 Podemos expressar a energia de ligação em função das massas atômicas: BZA X Zmp Nmn M ZA X Zme c 2 Renato Semmler Energia de Ligação BZA X Zmp Nmn Zme M ZA X c 2 BZA X Z mp me Nmn M ZA X c 2 BZA X ZM 1H Nmn M ZA X c 2 M(1H) = 1,007825 u mn = 1,008665 u 1 u = 931,5 MeV/c2 Renato Semmler Energia de Ligação por Nucleon A energia de ligação de um núcleo depende do número de nucleons. Uma outra forma de representá-la é a energia de ligação por nucleon: B X ZM H Nm A Z 1 n A M A X c A Z 2 Para o exemplo deutério, temos: B 2H 2,2246 A 2 B 2H MeV 1,1123 A nucleon B 2H MeV 1,11 A nucleon Renato Semmler Energia de Ligação Calcule a energia de ligação do núcleo do Lítio 7. Dados: Z=3 M(1H) = 1,007825 u A=7 mn = 1,008665 u M(Li) = 7,016004 u 1 u = 931,5 MeV/c2 B 37Li ZM 1H Nmn M 37Li c 2 B 37Li 3 1,007825 4 1,008665 7,016004 931,5 B 37Li 39,24MeV Calcule a energia de ligação por nucleon do núcleo acima. B 37Li 39,24 MeV 5,61 A 7 nucleon Renato Semmler Energia de Ligação por Nucleon Energia de ligação por núcleon (B/A), em função de A O valor médio de B/A cresce rapidamente com A para núcleos leves (aumento no número de vizinhos próximos aumento no número de ligações por núcleon). Renato Semmler Energia de Ligação por Nucleon Energia de ligação por núcleon (B/A), em função de A O crescimento inicial da curva de B/A indica que a fusão de dois núcleos leves produz um núcleo com uma maior energia de ligação por nucleon, liberando energia. Essa é a origem da produção de energia no interior das estrelas. Renato Semmler Energia de Ligação por Nucleon Energia de ligação por núcleon (B/A), em função de A O valor médio de B/A decresce suavemente com A de 8,5MeV a 7,5MeV a partir de A 60, onde se situa seu máximo repulsão coulombiana dos prótons, que aumenta com Z2 e diminui a energia de ligação. Renato Semmler Energia de Ligação por Nucleon Energia de ligação por núcleon (B/A), em função de A Nos núcleos pesados, por outro lado, é a divisão do núcleo em partes aproximadamentes iguais (fissão nuclear) que libera energia. Eventualmente, para grandes valores de A a repulsão coulombiana fica tão grande que um núcleo com A > 300, se torna instável e tende a sofrer fissão espontânea. Renato Semmler Energia de Ligação por Nucleon Energia de ligação por núcleon (B/A), em função de A A energia de ligação por nucleon é aproximadamente constante (8 MeV por núcleon) para A > 30. Renato Semmler