aves e mamíferos registrados no colégio florestal

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Anais da X Semana de Estudos Florestais e I Seminário de Atualização Florestal
AVES E MAMÍFEROS REGISTRADOS NO
COLÉGIO FLORESTAL DE IRATI, PARANÁ
Vânia Rossetto Marcelino*, Eduardo Adenesky Filho
*Departamento de Engenharia Florestal – Universidade Estadual do Centro-Oeste
Rodovia PR 153, km 7- Bairro Riozinho, CEP 84.500-000, Irati/Paraná, [email protected]
RESUMO
A fauna silvestre pode ser utilizada como bioindicadora de ecossistemas. No Colégio Florestal de Irati
procedeu-se ao levantamento das espécies de aves e mamíferos silvestres que residem ou passam em
migração, o que indica o quanto o local se aproxima do ecossistema natural original que é a Floresta
Ombrófila Mista. Para tanto, foram feitas observações aleatórias em todos os ambientes, procurando-se
identificar visual ou auditivamente as espécies, ou ainda por meio de vestígios. Os objetivos foram gerar
uma lista de espécies de aves e outra de mamíferos registrados, e descrever o atual estado de conservação
da vegetação nativa, com base na diversidade desses dois grupos taxonômicos. Foram registradas 41
espécies de aves e três espécies de mamíferos nas dependências do Colégio. As aves estão distribuídas em
20 famílias taxonômicas e os mamíferos estão distribuídos em três famílias. Das aves registradas, 19
espécies (46,34%) são tipicamente florestais, enquanto as 22 restantes (53,66%) são generalistas quanto ao
habitat ou ocupam áreas abertas e semi-abertas. Apesar de degradado, o fragmento florestal pertencente ao
Colégio apresenta potencial para abrigar boa parte das espécies de aves e mamíferos nativos da região. Há
indícios de que a área seja adequada para soltura e reintrodução de algumas espécies. Recomenda-se a
recuperação das áreas adjacentes que não são usadas em experimentos, como forma de incrementar sua
função de pontos-de-ligação biológica (“stepping-stones”) entre fragmentos maiores.
Introdução
Dois grupos faunísticos bastante utilizados como bioindicadores de ecossistemas terrestres
são o das aves e o dos mamíferos. Em geral, quanto mais espécies nativas do ecossistema em
questão, melhor conservado se encontra o mesmo e, de modo contrário, quanto mais espécies
exóticas, mais alterada se encontra a vegetação nativa. É uma forma indireta de investigar o estado
de conservação de áreas com vegetação nativa, isto é, se estão mais próximas do ecossistema
original ou de ecossistemas antrópicos/antropizados.
As aves são muito utilizadas como bioindicadores por ser um dos grupos mais bem
estudados no país, com conhecimento razoável sobre a biologia e a ecologia da maioria das
espécies, além da facilidade de reconhecimento em campo (o que significa também economia de
tempo e recursos financeiros), e pelo fato de utilizarem tanto ecossistemas terrestres quanto
aquáticos e também todos os estratos de uma floresta. O grupo dos mamíferos de médio e grande
porte apresenta, além da vantagem de também serem muito bem estudados, o fato de serem de fácil
reconhecimento através de vestígios, sem a necessidade de captura na maioria dos casos.
Assim, o objetivo do trabalho foi gerar uma lista preliminar de espécies de aves e mamíferos
presentes na área de estudo e descrever qualitativamente o atual estado de conservação da fauna e
flora nativas no Colégio Florestal de Irati, Paraná.
Anais da X Semana de Estudos Florestais e I Seminário de Atualização Florestal
Materiais e Métodos
A área de estudo constitui as dependências do Colégio Florestal “Presidente Costa e Silva”,
localizado no Município de Irati, Estado do Paraná. A vegetação é constituída de campos
antrópicos, florestamentos homogêneos e pequenos fragmentos de Floresta Ombrófila Mista
degradada, além de áreas urbanizadas (prédios didáticos e administrativos, moradias, calçadas,
serraria, estábulos etc.).
O trabalho de campo consistiu em observações ao longo de caminhadas aleatórias por todos
os ambientes. Tais observações ocorreram entre março de 2007 e julho de 2008, em diversos dias,
sem contagem de tempo. Apenas o mês de janeiro de 2008 não foi amostrado. Foram utilizados
equipamentos auxiliares na identificação das aves e mamíferos, como binóculos, guia de campo
(Souza, 1998) e literatura especializada (Grantsau, 1988; Sick, 1997).
As espécies ou gêneros foram registrados desde que houvesse certeza quanto à identificação.
As aves foram reconhecidas de forma direta, com registros visuais e/ou auditivos, enquanto que os
mamíferos foram reconhecidos também indiretamente através de vestígios como fezes, rastros e
tocas.
Resultados e Discussão
Foram registradas 41 espécies de aves (Tabela 1) e três espécies de mamíferos (Tabela 2),
nas dependências do Colégio Florestal. As aves estão distribuídas em 20 famílias taxonômicas e os
mamíferos estão distribuídos em três famílias. A lista de mamíferos deve ser considerada preliminar,
já que não foram registradas espécies comuns como o gambá e os tatus, os quais muito
provavelmente estão presentes. A lista de aves ainda deve sofrer acréscimos, já que dificilmente se
atinge o total de espécies em apenas um ano de amostragem, além das mudanças naturais e
constantes na composição ao longo dos anos.
Tabela 1 – Espécies de aves registradas no Colégio Florestal de Irati
Crypturellus tataupa
Colaptes campestris
Tityra cayana
Rupornis magnirostris
Dryocopus lineatus
Troglodytes musculus
Aramides saracura
Sittasomus griseicapillus
Turdus rufiventris
Vanellus chilensis
Xiphocolaptes albicollis
Turdus leucomelas
Columbina talpacoti
Xiphorhynchus fuscus
Turdus amaurochalinus
Columbina squammata
Furnarius rufus
Orchesticus abeillei
Patagioenas picazuro
Synallaxis cinerascens
Thraupis sayaca
Zenaida auriculata
Synallaxis spixi
Hemithraupis guira
Piaya cayana
Camptostoma obsoletum
Zonotrichia capensis
Crotophaga ani
Tolmomyias sulphurescens
Ammodramus humeralis
Trogon surrucura
Myiophobus fasciatus
Saltator similis
Nystalus chacuru
Lathrotriccus euleri
Basileuterus culicivorus
Piculus aurulentus
Pitangus sulphuratus
Basileuterus leucoblepharus
Colaptes melanochloros
Chiroxiphia caudata
Nota: a ordem de apresentação e nomenclatura das espécies segue o proposto pelo CBRO (2006).
Anais da X Semana de Estudos Florestais e I Seminário de Atualização Florestal
Tabela 2 – Espécies de mamíferos registrados no Colégio Florestal de Irati
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
NOME POPULAR
Cavia sp.
Caviidae
preá
Guerlinguetus ingrami
Sciuridae
serelepe, esquilo, caxinguelê
Cerdocyon thous
Canidae
cachorro-do-mato
Entre as aves, destaca-se Piculus aurulentus (pica-pau-dourado), por ser uma espécie rara
em fragmentos pequenos e indicando o potencial da área para abrigar animais especialistas de
interior de florestas ombrófilas. Das aves registradas, 19 espécies (46,34%) são tipicamente
florestais, enquanto as 22 restantes (53,66%) são generalistas quanto ao habitat ou ocupam áreas
abertas e semi-abertas. Duas famílias se destacam por serem de importância florestal, abrigando em
sua maioria espécies típicas: Picidae (pica-paus, quatro espécies) e Dendrocolaptidae (subideiras ou
arapaçus, duas espécies).
Quanto aos mamíferos, o preá (Cavia sp.) ocupa naturalmente vários tipos de ambiente,
como matas, campos e capoeiras. Os demais mamíferos são típicos de florestas, embora possam
atravessar pequenas áreas abertas ou eventualmente forragear em agroecossistemas e campos
naturais. Guerlinguetus ingrami (esquilo) é endêmico do Brasil oriental e mais comum na Floresta
Ombrófila Mista.
Na Floresta Nacional de Irati (cerca de 3.000ha) já foram identificadas 114 espécies de aves
e oito espécies de mamíferos de médio e grande porte (Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná,
1990), o que demonstra a grande diferença de riqueza entre estas duas áreas. Há indícios de que a
área de mata do Colégio Florestal seja adequada para soltura e reintrodução de algumas espécies de
animais de pequeno e médio porte, como forma de contribuição para a conservação da biota local.
Entretanto, estudos de capacidade de suporte e seleção de tais espécies são ainda necessários.
Conclusões
Os fragmentos florestais nativos possuem potencial para abrigar mais espécies e exemplares
da fauna nativa. Recomenda-se o enriquecimento dos fragmentos com espécies arbóreas nativas,
principalmente de frutíferas, a retirada de espécies exóticas agressivas (como a uva-do-japão) e a
ampliação dos mesmos (reflorestamento de áreas abertas não usadas em experimentos).
As listas apresentadas devem ser revistas periodicamente, garantindo o acompanhamento da
evolução da comunidade de aves e mamíferos neste local. Um monitoramento a cada cinco anos
(amostragem com duração de um ano) seria suficiente para tal.
Referências
CBRO – Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (2006) Listas das aves do Brasil. Versão
10/12/2006. Disponível em http://www.cbro.org.br. Acesso em: 25/03/2006.
FUNDAÇÃO DE PESQUISAS FLORESTAIS DO PARANÁ – FUPEF. Aspectos faunísticos da
Floresta Nacional de Irati. Projeto Manejo de Florestas Nacionais. Curitiba: IBAMA/FUPEF,
1990.
GRANTSAU, R. Os beija-flores do Brasil: uma chave de identificação para todas as formas de
beija-flores do Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1988.
SICK, H. Ornitologia brasileira. Ed. Revista e ampliada por José Fernando Pacheco. 2. impressão.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
SOUZA, D. Todas as aves do Brasil: guia de campo para identificação. Feira de Santana: Dall,
1998.
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