MATERIAL DE HISTÓRIA (MONITORIA) - 1º TRIMESTRE Aluno (a): Data: Nº: Unidade Botafogo/Barra Ano: 1º EM Monitora Patrícia Danza Greco REVOLUÇÕES LIBERAIS (1820/30/48) Antecedentes: Em 1814, Rússia, Prússia, Áustria e Inglaterra reuniram-se no Congresso de Viena para acordar os termos para a paz na Europa. Em termos práticos, isso significou a redefinição das fronteiras europeias. Além disso, havia uma preocupação com os movimentos liberais e nacionalistas (ex.: poloneses, belgas, alemãs, gregos e italianos), o que gerou a criação da Santa Aliança (1815), responsável por debelar esse tipo de ação contrária à tentativa de restauração do absolutismo. Essa aliança foi estabelecida pela Rússia, Prússia e Áustria e depois foi apoiada pela maioria dos governos europeus, com exceção da Inglaterra (o Parlamento inglês não aceitou fazer parte da Santa Aliança), do Império Otomano (o sultão turco não era cristão) e do Papa (recusou-se a participar ao lado de soberanos não católicos, como é o caso dos governantes da Rússia e da Prússia). Essa aliança foi estabelecida em nome da religião, mas era, sobretudo, um instrumento político-militar da Reação Legitimista. Todas essas medidas buscavam retomar o equilíbrio de forças entre as potências europeias (chamado Concerto Europeu), impedindo que uma Princípio das Compensações – Os países pudesse predominar sobre a outra, que uma pudesse ser integrantes do Congresso de Viena submetida à outra. aceitaram que a França, de um modo Para impedir que o trono fosse ocupado por um geral, não fosse partilhada e que seu trono dirigente de outra nação, a França, com receio de ser pudesse ser ocupado por Luís XVIII. Mas, dividida, clamou pelo Princípio da Legitimidade, que em troca, foram exigidas vantagens afirmava que deveriam ser restauradas no poder as (compensações) territoriais e econômicas. dinastias reinantes antes de 1789. A Inglaterra foi a maior beneficiada com a partilha europeia, pois conquistou territórios que representavam pontos estratégicos para consolidar seu poderio marítimo e comercial. Além disso, conseguiu a abolição do tráfico de escravos acima da linha do Equador e a livre navegação por mares e rios. Em suma, por conta de todas essas medidas, a Inglaterra conseguiu enfraquecer sua principal rival: a França. Revoluções de 20: Ocorreram basicamente na Espanha, em Nápoles e na Grécia. Todas as insurreições foram sufocadas, com exceção da grega. Espanha – Os liberais, com a Revolta de Cádiz, ameaçavam Fernando VII, que restabeleceu os privilégios dos nobres e do clero e a Inquisição, além de mandar tropas para a América para sufocar os movimentos de independência iniciados em 1810. Nápoles – Palco de agitações liberais, em que as sociedades secretas, como os carbonários, tiveram papel importante. Grécia – Luta pela independência em relação ao Império Otomano. Obteve apoio da Rússia, interessada no controle da região dos estreitos, o que levou ao fim da Santa Aliança. Vale ainda citar o caso Português, já que a Revolução Liberal do Porto obrigou o retorno de Dom João VI a Portugal, deixando no Brasil seu filho, que viria a ser Dom Pedro I, quem proclamou a independência em 1822. Revoluções de 30: Com a restauração, após a derrota de Napoleão Bonaparte, das antigas monarquias, Luís XVIII assumiu o trono francês e assinou a Carta de 1814, que reafirmava o poder divino do rei, mas também reconhecia que ele passasse a ser limitado pelo legislativo, que seria eleito por voto censitário. Após sua morte, assumiu o trono Carlos X, extremamente conservador, que defendia a Igreja, passando a conceder-lhe poder sobre o ensino, e que indenizou a nobreza pela perda de seus bens durante a Revolução Francesa. Nesse período, existiam três grandes forças políticas na França: Ultrarrealistas – defendiam a restauração do Antigo Regime, incluindo a devolução dos bens confiscados da aristocracia. Constitucionalistas – eram os realistas moderados, que defendiam a adoção da Carta de 1814. Liberais ou Independentes – compostos por bonapartistas e burgueses, que desejavam obter seu espaço político. Em 1830, após ser eleita uma Câmara de maioria liberal, o monarca deu início às chamadas Ordenações de Julho, que dissolveu a Câmara recém-eleita, impôs censura e modificou os critérios para o censo eleitoral. Essas medidas associadas a uma grave crise econômica1 precipitaram uma revolução, com lutas nas ruas de Paris (as Três Gloriosas ou os Três Dias Gloriosos), que levou à abdicação de Carlos X. Temerosa dos rumos que essa ação pudesse tomar em mãos do proletariado e da pequena burguesia, a alta burguesia colocou no poder Luís Felipe, um monarca constitucional e liberal. 1 Subprodução agrícola (alta de preços de alimentos) + subconsumo industrial (falência de fábricas e desemprego) = descontentamento da burguesia + descontentamento do proletariado. Esses acontecimentos repercutiram na Europa, a saber: Bélgica – possuía inúmeras diferenças culturais e econômicas com a Holanda, país ao qual foi submetida pela divisão do Congresso de Viena. Em nome do nacionalismo, lutou pela independência, que foi reconhecida pela Holanda em 1839. Polônia – boa parte de seu território estava submetida à Rússia. Empreendeu um movimento pela independência, mas não obteve ajuda externa e houve uma cisão entre os próprios revolucionários: republicanos (burgueses) e monarquistas (pequena nobreza). Itália – em vários estados italianos ocorreram movimentos liberais e nacionais, que impuseram constituições aos governantes. Mas isso foi passageiro, pois logo a Áustria restaurou a ordem absolutista anterior. Alemanha – ocorreram revoltas e elaboração de constituições, que foram anuladas com a repressão aos movimentos. Revoluções de 48: Ao assumir o poder, Luís Felipe (Duque de Orleáns) teve seu governo caracterizado pelo fortalecimento do poder legislativo, pela liberdade de imprensa, pela baixa do censo eleitoral, pela industrialização, pela conclusão da ocupação da Argélia, conquistada em 1830, e pela repressão das manifestações populares em Paris e Lyon. Em resumo, ele governava para uma alta burguesia conservadora. Nesse período, as forças políticas de oposição a Luís Felipe eram: Legitimistas – nobres restauradores, que queriam a Campanha dos Banquetes – volta dos Bourbon. reuniões em que a oposição Bonapartistas – pequena burguesia, que queria a volta divulgava suas propostas, de um descendente de Napoleão (Luís Bonaparte). criticando duramente o ministro Republicanos – consideravam-se traídos pela Guizot, principal auxiliar de Luís monarquia instaurada em 1830, pois desejavam o voto Felipe. universal masculino (apenas 3% da população masculina votava nesse período). Socialistas – movimentos que pretendiam organizar o proletariado, que aumentou significativamente. Essa situação de oposição foi intensificada por uma grave crise econômica, gerada por péssimas colheitas, que elevaram o preço dos alimentos e causaram desemprego. Luís Felipe tentou sufocar essa oposição restringindo as associações, a imprensa e o próprio Parlamento, o que provocou a Revolução de Fevereiro, levando à abdicação do monarca. O Governo Provisório uniu republicanos liberais (com destaque para Lamartine) e socialistas (com destaque para Louis Blanc), no que foi chamado de Segunda República. Nela, estabeleceu-se: Liberdade de imprensa e reunião. Anistia dos presos políticos. Abolição da pena de morte por razões políticas. Abolição da escravidão nas colônias. Autorização dos sindicatos. Direito de greve. Redução de uma hora na jornada de trabalho. Criação das Oficinas Nacionais, numa tentativa de solucionar a questão do desemprego e organizar unidades socialistas de produção. No entanto, com as eleições, a representatividade na Assembleia Constituinte ficou na mão dos donos de propriedades (burguesia e pequenos proprietários rurais), temerosos dos rumos que as implementações socialistas estavam tomando. Eles fecharam as oficinas nacionais, considerando-as desperdício de dinheiro, o que levou a uma reação do proletariado 2 (revolução dentro da revolução, chamada de Revolução de Junho de 1848). O movimento foi reprimido pelo General Cavaignac, no que ficou conhecido como Jornadas de Junho (quarteirões bombardeados, prisões, execuções, fechamento de jornais e banimento dos partidos socialistas). Em fins de 1848, foram realizadas eleições para Presidente. O vencedor foi Luís Bonaparte, que obteve apoio de camponeses e trabalhadores. Em 1849, foi a vez da Assembleia Nacional, que obteve maioria conservadora eleita. Em 1851, então, Luís deu um golpe, que ficou conhecido como 18 Brumário. Através de plebiscitos, ele teve o golpe reconhecido e o seu governo transformado num Império (1852). Os acontecimentos na França influenciaram levantes na Europa, no que ficou conhecido como Primavera dos Povos. 2 Os camponeses não apoiaram mais o proletariado urbano, pois sobre eles tinham recaído impostos durante o Governo Provisório.