COTHN Estrada de Leiria 2461 - 997 Alcobaça www.cothn.pt T. 262 507 657 F. 262 507 659 E. [email protected] Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional MENSAL 02 Boletim Técnico O VIRUS DO BROZEAMENTO DO TOMATEIRO Tomato spotted wilt vírus (TSWV) O Tomato spotted wilt vírus (TSWV) pertence ao género Tospovirus, afecta culturas hortícolas e ornamentais importantes, a nível mundial, acausando elevados prejuízos. Este vírus é transmitido por várias espécies de tripes Frankliniella occidentalis, Frankliniella fusca e Thrips tabaci, das quais a Frankliniella occidentalis Pergande (tripe Califórnia) (Fig. 1) é considerada a espécie vectora mais eficiente. A) B) Fig. 1- (a) Adulto de Frankliniella occidentalis (Fonte: http://nfrec.ifas.ufl.edu/tomatospottedwilt.htm); (b) Ovo, 1º e 2º estado larvar, pré-pupa, pupa, adulto macho e adulto fêmea de Frankliniella occidentalis (Fonte: http://thrips.ifas.ufl.edu/thripsweb/thripsbiology.htm) O impacto deste vírus deve-se, em parte, ao facto da luta química no controlo do vector ser difícil e pouco eficaz. O TSWV foi detectado pela primeira vez em Portugal em 1990, em plantas ornamentais importadas e em 1991 surgiram diversos focos de TSWV associados a fortes infestações de Frankliniella occidentalis em culturas hortícolas protegidas. Desde então o vírus tem afectado sobretudo culturas hortícolas protegidas, de ar livre e ornamentais, em diversas regiões do país. Em 1997, o TSWV causou elevados prejuízos na cultura do tomateiro ao ar livre na região do Ribatejo e Oeste, particularmente na Península de Setúbal, tendo conduzido ao estabelecimento do “Programa de erradicação do vírus do bronzeamento do tomateiro (TSWV)” coordenado pela DGPC em colaboração com as Direcções Regionais de Agricultura e Associações de produtores. HOSPEDEIROS O TSWV afecta mais de 250 espécies entre numerosas culturas hortícolas, ornamentais e espécies espontâneas e algumas fruteiras tropicais. Culturas hortícolas: Alface, tomateiro, pimenteiro, feijoeiro, faveira, batateira, beringela, cebola, alcachofra Ornamentais: Alegria da casa (Impatiens), antúrio, begónia, brincos de princesa, crisântemo, ciclame, dália, gerbera, gladíolo, gloxínia, hortênsia, jasmin, limónio, lirío, loendro, pelargónio, rosa da china, ruscus, sardinheiras, violetas africanas, vinca. Espécies espontâneas: Anthemis arvensis (margação), Arctotheca calendula (erva gorda), Chenopodium album (catassol), Datura stramonium (figueira do inferno), Portulaca oleracea (beldroega), Solanum nigrum (erva moira), Vinca minor (vinca), Sonchus oleraceus (serralha). Fig. 3 - Sintomas em folha de pimenteiro e em pimento (Engº Miguel Espinosa/Nunhems) EPIDEMIOLOGIA O ciclo de infecção do TSWV ocorre, na natureza, quando fêmeas adultas de tripes vectores depositam os ovos sobre plantas infectadas pelo vírus. As larvas resultantes da eclosão dos ovos (1º estado larvar) ao alimentarem-se em plantas infectadas, adquirem o vírus, dando origem a uma população de larvas infectadas. O vírus transita pelos vários estados de desenvolvimento do insecto e multiplica-se no vector. A F. occidentalis pupa no solo e as pupas infectadas constituem uma fonte importante de inóculo e poderão ser o repositório do vírus entre culturas consecutivas. Apenas, os adultos provenientes de larvas infectadas são transmissores de TSWV. Os adultos infecciosos transmitem o vírus, por picadas de alimentação, durante toda a vida (30 40 dias). Um adulto infeccioso pode transmitir o vírus a muitas plantas e a diferentes hospedeiros. Por outro lado, poderão ocorrer infestações de tripes e não haver disseminação do TSWV na cultura. Tripes adultos sãos que se alimentem em plantas infectadas poderão adquirir o vírus, mas não são transmissores. Como resultado das interacções vírus-vector-plantas hospedeiras, em determinadas condições agro-ambientais, desenvolvem-se epidemias do vírus (Fig. 4). As plantas espontâneas e outras culturas são importantes, como repositórios do vírus, para a manutenção do ciclo da doença. Sintomas Os sintomas causados pelo TSWV são muito variados dependendo da: - virulência das estirpes do vírus, - idade das plantas/variedades, - condições ambientais. No entanto, os sintomas mais frequentes são: - nanismo, - marmoreado, - mosaicos foliares, - marginado clorótico e necrótico das nervuras, - anéis necróticos, - arabescos e necroses nas folhas, caules e frutos. Para além destes sintomas poderão ocorrer sintomas atípicos como murchidão, morte súbita, podridão que poderão ser confundidos com micose, bacterioses ou fitoxicidade. A) A) B) Fig. 4 - Ciclo epidemiológico do TSWV na Península Setúbal (Fonte: Serra, M.C., 1999) Fig 2 - Sintomas de TSWV em folha de tomateiro e tomate (Fonte: (a) http://nfrec.ifas.ufl.edu/tomatospottedwilt.htm; (b) http://thrips.ifas.ufl.edu/thripsweb/Tomato.htm) Apoios: Ficha técnica: Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Mafra; CRL Propriedade COTHN Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo; CRL Presidente Armando Torres Paulo CRÉDITO AGRÍCOLA 28 de Fevereiro de 2006 Co-financiado: Textos Gonçalo Lopes Ana Paula Nunes Maria do Carmo Catarina Ribeiro Tiragem 500 exemplares Periocidade Mensal Agricultura é Futuro Agro Programa Operacional Agricultura e Desenvolvimento Rural Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas UNIÃO EUROPEIA Fundos Estruturais 02 Boletim Técnico nº 2 MEDIDAS DE PROTECÇÃO FITOSSANITÁRIA PARA O CONTROLO DO Tomato spotted wilt vírus (TSWV) NA CULTURA DO TOMATEIRO E PIMENTEIRO Na campanha de 2005, no Ribatejo, particularmente no concelho de Salvaterra de Magos, foram detectados na cultura do tomateiro e pimenteiro de ar livre, focos de infecção com alguma gravidade provocados pelo Vírus do bronzeamento do tomateiro (Tomato spotted wilt vírus - TSWV). A transmissão destes vírus é feita por insectos vectores sendo o TSWV transmitido com bastante eficiência pela Frankliniella occidentalis (tripe da Califórnia). Dada a perigosidade deste vírus e o facto do respectivo vector se encontrar disperso na região e tendo em vista reduzir o risco de ocorrência dos mesmos na próxima campanha, alerta-se para a necessidade de aplicar as seguintes medidas preventivas: - Utilizar plantas isentas de vírus produzidas em viveiros registados; - Destruir os restos das culturas após a colheita; - Detectar precocemente os vectores e proceder ao seu combate com produtos fitofarmacêuticos homologados; - Combater as infestantes de Inverno na parcela e na área circundante; - Eliminar plantas doentes (para baixar os níveis de inóculo do vírus nas culturas); - Não efectuar a cultura do tomateiro, batateira ou pimenteiro em terrenos que no ano anterior tenham sido cultivados com solanáceas (batata, tomate ou pimento); - Utilizar sempre que possível variedades resistentes ou tolerantes a estes vírus; - Nas estufas de produção e viveiros de plantas de tomateiro, pimenteiro, alface e ornamentais garantir a protecção física contra os vectores através da colocação de redes de malha apropriada; - Nas estufas, proceder à desinfestação no fim de cada cultura e à eliminação das infestantes no seu interior e nas imediações; - Reconhecer e preservar a fauna auxiliar, particularmente os tripés predadores: Franklinothrips vespiformis (Fig. 5), Scolothrips sexmaculatus (Fig 6 a), Leptothrips Mali (Fig 6 b), Aeolothrips spp (Fig 7). A) B) Fig. 5 - (a) Larva e (b) adulto de Franklinothrips vespiformis (Fonte: http://www.biocontrol.ucr.edu/avocadothrips.html) COTHN Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional http://thrips.ifas.ufl.edu/thripsweb/thripsbiology.ht m. Consultado em 1 de Fevereiro de 2006. Thrips Natural Enemies in Califórnia. The Biology and Management of the Avocado Thrips Scirtothrips perseae Nakahara (Thysanoptera: Thripidae). Mark S.Hoddle. http://www.biocontrol.ucr.edu/avocadothrips.html. Consultado em 3 de Fevereiro de 2006. Tomato Spotted Wilt Management. http://nfrec.ifas.ufl.edu/tomatospottedwilt.htm. Consultado em 1 de Fevereiro de 2006. A) B) Nota: Para mais informações pode contactar a Divisão de Controlo Fitossanitário da sua Direcção Regional de Agricultura ou a Direcção Geral de Protecção das Culturas. Fig. 6 - (a) Adulto de Scolothrips sexmaculatus e (b) adulto de Leptothrips mali (Fonte: http://www.biocontrol.ucr.edu/avocadothrips.html) A) B) Fig.7 - Adulto de Aeolothrips spp (Fonte: (a) http://www.biocontrol.ucr.edu/avocadothrips.html; (b) http://ccvipmp.ucdavis.edu/insects/beneficial.html) Bibliografia Adkins, S.; Zitter, T.; Momol, T. (2005) Tospoviruses (Family Bunyaviridae, Genus Tospovirus).http://nfrec.ifas.ufl.edu/TomatoHealth/ forCDOctobe1819/TSWV/Tospoviruses.pdf. Consultado em 3 de Fevereiro de 2006. Momol, M.T., Olson, S.M., Funderburk, J.E., Stavisky, J., Marois, J.J. (2004) Integrated Management of Tomatoes Spotted Wilt on Field Grown Tomatoes. APS. Plant Disease Vol. 88 Nº 8:882-890. http://nfrec.ifas.ufl.edu/TomatoPubs/ManageTSWV.pdf. Consultado em 1 de Fevereiro de 2006. Pereira, A. V., Louro, D., Lopes, A. (1998) O vírus do bronzeamento do tomateiro (Tomato spotted wilt vírus TSWV). Ed. DGPC Serra, M.C. (1999) Epidemic outbreak of Tomato spotted wilt vírus in potato fieldas in Central region of Portugal. VII International Symposium Plant Virus Epidemiology 11-16 Abril, Almeria. Espanha. Thrips Biology and Management. Biology and Economic Importance of Flower Thrips. Co-financiado: Agricultura é Futuro Agro Programa Operacional Agricultura e Desenvolvimento Rural Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas UNIÃO EUROPEIA Fundos Estruturais