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Centro Operativo e Tecnológico
Hortofrutícola Nacional
MENSAL
02
Boletim Técnico
O VIRUS DO
BROZEAMENTO DO
TOMATEIRO
Tomato spotted wilt vírus
(TSWV)
O Tomato spotted wilt vírus (TSWV) pertence ao
género Tospovirus, afecta culturas hortícolas e
ornamentais importantes, a nível mundial,
acausando elevados prejuízos. Este vírus é
transmitido por várias espécies de tripes
Frankliniella occidentalis, Frankliniella fusca e
Thrips tabaci, das quais a Frankliniella
occidentalis Pergande (tripe Califórnia) (Fig. 1) é
considerada a espécie vectora mais eficiente.
A)
B)
Fig. 1- (a) Adulto de Frankliniella occidentalis (Fonte:
http://nfrec.ifas.ufl.edu/tomatospottedwilt.htm); (b) Ovo,
1º e 2º estado larvar, pré-pupa, pupa, adulto macho e
adulto fêmea de Frankliniella occidentalis (Fonte:
http://thrips.ifas.ufl.edu/thripsweb/thripsbiology.htm)
O impacto deste vírus deve-se, em parte, ao
facto da luta química no controlo do vector ser
difícil e pouco eficaz.
O TSWV foi detectado pela primeira vez em
Portugal em 1990, em plantas ornamentais
importadas e em 1991 surgiram diversos focos
de TSWV associados a fortes infestações de
Frankliniella occidentalis em culturas hortícolas
protegidas. Desde então o vírus tem afectado
sobretudo culturas hortícolas protegidas, de ar
livre e ornamentais, em diversas regiões do país.
Em 1997, o TSWV causou elevados prejuízos na
cultura do tomateiro ao ar livre na região do
Ribatejo e Oeste, particularmente na Península
de Setúbal, tendo conduzido ao estabelecimento
do “Programa de erradicação do vírus do
bronzeamento do tomateiro (TSWV)” coordenado
pela DGPC em colaboração com as Direcções
Regionais de Agricultura e Associações de
produtores.
HOSPEDEIROS
O TSWV afecta mais de 250 espécies entre
numerosas culturas hortícolas, ornamentais e
espécies espontâneas e algumas fruteiras
tropicais.
Culturas hortícolas:
Alface, tomateiro, pimenteiro, feijoeiro, faveira,
batateira, beringela, cebola, alcachofra
Ornamentais:
Alegria da casa (Impatiens), antúrio, begónia,
brincos de princesa, crisântemo, ciclame, dália,
gerbera, gladíolo, gloxínia, hortênsia, jasmin,
limónio, lirío, loendro, pelargónio, rosa da china,
ruscus, sardinheiras, violetas africanas, vinca.
Espécies espontâneas:
Anthemis arvensis (margação), Arctotheca
calendula (erva gorda), Chenopodium album
(catassol), Datura stramonium (figueira do
inferno), Portulaca oleracea (beldroega),
Solanum nigrum (erva moira), Vinca minor
(vinca), Sonchus oleraceus (serralha).
Fig. 3 - Sintomas em folha de pimenteiro e em pimento
(Engº Miguel Espinosa/Nunhems)
EPIDEMIOLOGIA
O ciclo de infecção do TSWV ocorre, na
natureza, quando fêmeas adultas de tripes
vectores depositam os ovos sobre plantas
infectadas pelo vírus. As larvas resultantes da
eclosão dos ovos (1º estado larvar) ao
alimentarem-se em plantas infectadas, adquirem
o vírus, dando origem a uma população de larvas
infectadas. O vírus transita pelos vários estados
de desenvolvimento do insecto e multiplica-se no
vector. A F. occidentalis pupa no solo e as pupas
infectadas constituem uma fonte importante de
inóculo e poderão ser o repositório do vírus entre
culturas consecutivas.
Apenas, os adultos provenientes de larvas
infectadas são transmissores de TSWV. Os
adultos infecciosos transmitem o vírus, por
picadas de alimentação, durante toda a vida (30 40 dias).
Um adulto infeccioso pode transmitir o vírus a
muitas plantas e a diferentes hospedeiros. Por
outro lado, poderão ocorrer infestações de tripes
e não haver disseminação do TSWV na cultura.
Tripes adultos sãos que se alimentem em plantas
infectadas poderão adquirir o vírus, mas não são
transmissores. Como resultado das interacções
vírus-vector-plantas hospedeiras, em
determinadas condições agro-ambientais,
desenvolvem-se epidemias do vírus (Fig. 4). As
plantas espontâneas e outras culturas são
importantes, como repositórios do vírus, para a
manutenção do ciclo da doença.
Sintomas
Os sintomas causados pelo TSWV são muito
variados dependendo da:
- virulência das estirpes do vírus,
- idade das plantas/variedades,
- condições ambientais.
No entanto, os sintomas mais frequentes são:
- nanismo,
- marmoreado,
- mosaicos foliares,
- marginado clorótico e necrótico das nervuras,
- anéis necróticos,
- arabescos e necroses nas folhas, caules e
frutos.
Para além destes sintomas poderão ocorrer
sintomas atípicos como murchidão, morte súbita,
podridão que poderão ser confundidos com
micose, bacterioses ou fitoxicidade.
A)
A)
B)
Fig. 4 - Ciclo epidemiológico do TSWV na Península
Setúbal (Fonte: Serra, M.C., 1999)
Fig 2 - Sintomas de TSWV em folha de tomateiro e tomate
(Fonte: (a) http://nfrec.ifas.ufl.edu/tomatospottedwilt.htm;
(b) http://thrips.ifas.ufl.edu/thripsweb/Tomato.htm)
Apoios:
Ficha técnica:
Caixa de Crédito Agrícola
Mútuo de Mafra; CRL
Propriedade
COTHN
Caixa Central de Crédito
Agrícola Mútuo; CRL
Presidente
Armando Torres Paulo
CRÉDITO AGRÍCOLA
28 de Fevereiro de 2006
Co-financiado:
Textos
Gonçalo Lopes
Ana Paula Nunes
Maria do Carmo
Catarina Ribeiro
Tiragem
500 exemplares
Periocidade
Mensal
Agricultura
é Futuro
Agro
Programa Operacional
Agricultura e Desenvolvimento Rural
Ministério da
Agricultura, do
Desenvolvimento
Rural e das Pescas
UNIÃO EUROPEIA
Fundos Estruturais
02
Boletim Técnico nº 2
MEDIDAS DE
PROTECÇÃO
FITOSSANITÁRIA
PARA O CONTROLO
DO Tomato spotted wilt
vírus (TSWV) NA
CULTURA DO
TOMATEIRO E
PIMENTEIRO
Na campanha de 2005, no Ribatejo,
particularmente no concelho de Salvaterra de
Magos, foram detectados na cultura do tomateiro
e pimenteiro de ar livre, focos de infecção com
alguma gravidade provocados pelo Vírus do
bronzeamento do tomateiro (Tomato spotted wilt
vírus - TSWV).
A transmissão destes vírus é feita por insectos
vectores sendo o TSWV transmitido com
bastante eficiência pela Frankliniella occidentalis
(tripe da Califórnia). Dada a perigosidade deste
vírus e o facto do respectivo vector se encontrar
disperso na região e tendo em vista reduzir o
risco de ocorrência dos mesmos na próxima
campanha, alerta-se para a necessidade de
aplicar as seguintes medidas preventivas:
- Utilizar plantas isentas de vírus produzidas em
viveiros registados;
- Destruir os restos das culturas após a colheita;
- Detectar precocemente os vectores e proceder
ao seu combate com produtos
fitofarmacêuticos homologados;
- Combater as infestantes de Inverno na parcela
e na área circundante;
- Eliminar plantas doentes (para baixar os níveis
de inóculo do vírus nas culturas);
- Não efectuar a cultura do tomateiro, batateira
ou pimenteiro em terrenos que no ano anterior
tenham sido cultivados com solanáceas (batata,
tomate ou pimento);
- Utilizar sempre que possível variedades
resistentes ou tolerantes a estes vírus;
- Nas estufas de produção e viveiros de plantas
de tomateiro, pimenteiro, alface e ornamentais
garantir a protecção física contra os vectores
através da colocação de redes de malha
apropriada;
- Nas estufas, proceder à desinfestação no fim
de cada cultura e à eliminação das infestantes no
seu interior e nas imediações;
- Reconhecer e preservar a fauna auxiliar,
particularmente os tripés predadores:
Franklinothrips vespiformis (Fig. 5), Scolothrips
sexmaculatus (Fig 6 a), Leptothrips Mali (Fig 6 b),
Aeolothrips spp (Fig 7).
A)
B)
Fig. 5 - (a) Larva e (b) adulto de Franklinothrips vespiformis
(Fonte: http://www.biocontrol.ucr.edu/avocadothrips.html)
COTHN
Centro Operativo e Tecnológico
Hortofrutícola Nacional
http://thrips.ifas.ufl.edu/thripsweb/thripsbiology.ht
m. Consultado em 1 de Fevereiro de 2006.
Thrips Natural Enemies in Califórnia. The Biology
and Management of the Avocado Thrips
Scirtothrips perseae Nakahara (Thysanoptera:
Thripidae). Mark S.Hoddle.
http://www.biocontrol.ucr.edu/avocadothrips.html.
Consultado em 3 de Fevereiro de 2006.
Tomato Spotted Wilt Management.
http://nfrec.ifas.ufl.edu/tomatospottedwilt.htm.
Consultado em 1 de Fevereiro de 2006.
A)
B)
Nota:
Para mais informações pode contactar a
Divisão de Controlo Fitossanitário da sua
Direcção Regional de Agricultura ou a
Direcção Geral de Protecção das Culturas.
Fig. 6 - (a) Adulto de Scolothrips sexmaculatus e (b)
adulto de Leptothrips mali (Fonte:
http://www.biocontrol.ucr.edu/avocadothrips.html)
A)
B)
Fig.7 - Adulto de Aeolothrips spp (Fonte: (a)
http://www.biocontrol.ucr.edu/avocadothrips.html; (b)
http://ccvipmp.ucdavis.edu/insects/beneficial.html)
Bibliografia
Adkins, S.; Zitter, T.; Momol, T. (2005)
Tospoviruses (Family Bunyaviridae, Genus
Tospovirus).http://nfrec.ifas.ufl.edu/TomatoHealth/
forCDOctobe1819/TSWV/Tospoviruses.pdf.
Consultado em 3 de Fevereiro de 2006.
Momol, M.T., Olson, S.M., Funderburk, J.E.,
Stavisky, J., Marois, J.J. (2004) Integrated
Management of Tomatoes Spotted Wilt on Field
Grown Tomatoes. APS. Plant Disease Vol. 88 Nº
8:882-890.
http://nfrec.ifas.ufl.edu/TomatoPubs/ManageTSWV.pdf. Consultado em 1 de Fevereiro de
2006.
Pereira, A. V., Louro, D., Lopes, A. (1998) O vírus
do bronzeamento do tomateiro (Tomato spotted
wilt vírus TSWV). Ed. DGPC
Serra, M.C. (1999) Epidemic outbreak of Tomato
spotted wilt vírus in potato fieldas in Central
region of Portugal. VII International Symposium
Plant Virus Epidemiology 11-16 Abril, Almeria.
Espanha.
Thrips Biology and Management. Biology and
Economic Importance of Flower Thrips.
Co-financiado:
Agricultura
é Futuro
Agro
Programa Operacional
Agricultura e Desenvolvimento Rural
Ministério da
Agricultura, do
Desenvolvimento
Rural e das Pescas
UNIÃO EUROPEIA
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