UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA ESPECIALIZAÇÃO A UTILIZAÇÃO DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL (FES) EM DOENÇAS NEUROMUSCULARES – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA FT. CÁTIA BARION FT. DANIELE DO NASCIMENTO LISBOA SÃO PAULO 2006 FT. CÁTIA BARION FT. DANIELE DO NASCIMENTO LISBOA A UTILIZAÇÃO DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL (FES) EM DOENÇAS NEUROMUSCULARES Monografia apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Título de Especialista Fisioterapêutica em nas Intervenção Doenças Neuromusculares. ORIENTADOR: DR. EVANDRO PENTEADO VILLAR FÉLIX CO-ORIENTADOR: MS.VINÍCIUS MARTINS São Paulo 2006 Barion, Cátia; Lisboa, Daniele do Nascimento A Utilização da Estimulação Elétrica Funcional (FES) em Doenças Neuromusculares / Cátia Barion e Daniele do Nascimento Lisboa – São Paulo, 2006. X. 18 Monografia – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Curso de Especialização em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares. The Utilization of Functional Electrical Stimulation in Neuromuscular Diseases 1. Estimulação Elétrica Funcional. 2 .FES. 3. Fraqueza Muscular. 4. Doenças Neuromusculares UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NAS DOENÇAS NEUROMUSCULARES Chefe do Departamento: Alberto Alain Gabbai Coordenadores do Curso de Especialização: Prof. Dr. Acary Souza Bulle Oliveira Ms. Francis Meire Fávero Dra. Sissy Velozo Fontes TERMO DE APROVAÇÃO Ft. Cátia Barion Ft. Daniele do Nascimento Lisboa A UTILIZAÇÃO DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL (FES) EM DOENÇAS NEUROMUSCULARES Presidente da banca: Prof. Dr. ___________________________ Banca Examinadora Prof. Dr. ______________________________________________ Prof. Dr. ______________________________________________ Aprovada em: _____/_____/_____ Dedicamos este estudo a todos aqueles que, por alguma razão, se empenham a pesquisar melhores formas de tratamento, enriquecendo ainda mais as evidências sobre o trabalho do fisioterapeuta. Agradecemos primeiramente a Deus, que nos concedeu a vida e a oportunidade de adquirirmos conhecimento. Aos nossos familiares, que nos apoiaram e nos compreenderam no desenrolar deste estudo e aos nossos orientadores, que através de seus conhecimentos nos prestaram esclarecimentos essenciais que possibilitaram a execução deste estudo. RESUMO A Estimulação Elétrica Funcional (FES), é um método de tratamento que utiliza corrente elétrica para produzir uma contração muscular efetiva e funcional, promovendo fortalecimento e manutenção da massa muscular. Este recurso tem sido usado terapeuticamente na reabilitação de pacientes com disfunções tanto ortopédicas quanto neurológicas, visando a melhora da função motora. As doenças neuromusculares são aquelas que afetam o nervo periférico, os neurônios motores e sensitivos relacionados a estes nervos, suas raízes, a junção mioneural e os músculos. A fraqueza muscular é vista como um dos fatores que causam maior perda da qualidade de vida destes pacientes. Em vista disto, qualquer tratamento que melhore a função motora é de grande importância. O objetivo deste estudo é demonstrar através de uma revisão bibliográfica, a utilização da Estimulação Elétrica Funcional (FES) na musculatura de pacientes portadores de doenças neuromusculares. Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico de 1986 a 2006 nas bases de dados atualmente disponíveis. Não foram encontrados trabalhos específicos relacionando FES e doenças neuromusculares, no entanto, os achados de sua utilização em patologias do Sistema Nervoso Central, sugerem que possa ser utilizados com sucesso nestes pacientes. SUMÁRIO Dedicatória .............................................................................................................VII Agradecimentos .................................................................................................... VIII Resumo .................................................................................................................. IX 1. Introdução ...................................................................................................... p. 10 2. Objetivo ...........................................................................................................p. 15 3. Método ............................................................................................................p. 16 4. Resultados ......................................................................................................p. 17 5. Discussão ........................................................................................................p. 19 6. Conclusão .......................................................................................................p. 22 7. Referências Bibliográficas ...............................................................................p. 23 Abstract 1. INTRODUÇÃO A eletroterapia é o tratamento de pacientes com a utilização de meios elétricos, ocasionando alterações fisiológicas com fins terapêuticos. O uso da eletricidade como recurso terapêutico é antigo. Os romanos já utilizavam descargas elétricas para tratamento de gota. Luigi Galvani, em 1786 estimulou os nervos e músculos de rãs com cargas elétricas. Após a publicação de seu trabalhou em 1791, iniciou-se uma enorme experimentação científica deste recurso. Humboldt chamou este tipo de aplicação de ¨galvanismo”, onde foram usadas correntes constantes para diferenciá-la de cargas geradas por fricção (ROBINSON, 2001). Desde então, as correntes galvânicas (corrente direta contínua), passaram a ser utilizadas terapeuticamente, principalmente para a introdução de medicamentos através dos tecidos, método conhecido como iontoforese (LOW e REED, 2001). Em 1833, Duchenne de Boulogne, identificou as diferenças na resposta entre as correntes galvânica e farádica (pulso mais curto com duração geralmente entre 0,1 e 1ms e aplicados com freqüências entre 30 e 100 Hz), com o músculo desnervado respondendo à corrente galvânica ao invés da farádica. A duração da corrente era o fator decisivo para desencadear uma contração (SCOTT, 2003). Em 1841, estudos afirmaram que a eletroestimulação poderia compensar as mudanças estruturais e fisiológicas que acompanham a inatividade muscular. Desde então, o interesse por esse suporte terapêutico aumentou (ROBINSON, 2001). Na Segunda Guerra Mundial a eletroestimulação cresceu e ganhou espaço com o grande número de ferimentos de guerras que levavam a amputações e paralisias, culminando na década de sessenta, com o primeiro relato de ortostatismo de um paciente paraplégico. (ROBINSON, 2001) A estimulação elétrica funcional (FES) é definida como um método que utiliza corrente elétrica para gerar contração muscular em músculos normais ou desprovidos do controle do sistema nervoso central. Podendo promover fortalecimento muscular mesmo sem ação voluntária do músculo e a manutenção da massa muscular (CUCCURULLO S., et. al., 2004; LOW e REED, 2001). Segundo SOBRINHO (1992), este tipo de estimulação permite a entrada seletiva e repetitiva aferente até o sistema nervoso central, ativando não só a musculatura local, mas também mecanismos reflexos necessários à reorganização da atividade motora. Além disso, o estímulo elétrico diminui o tônus do grupo muscular antagonista, pelo mecanismo de inibição recíproca. A estimulação elétrica funcional do músculo difere da contração voluntária. Na contração voluntária ocorre um disparo não sincronizado e gradual das unidades motoras, há um aumento das frequências de disparo das unidades motoras e mais unidades são estimuladas ocorrendo um aumento da força muscular. O uso da FES promove uma estimulação sincronizada do músculo subjacente ao estimulado, com freqüência de disparo fixa e o aumento da intensidade da corrente pode ser utilizada para estimular maior quantidade de fibras musculares (LOW e REED, 2001; LIANZA, 2003). A contração voluntária leva a uma ativação de unidades motoras menores depois de unidades motoras maiores. O potencial de repouso eletronegativo da membrana celular neuronal, pode ser modificado pela estimulação elétrica externa, desencadeando um potencial de ação nervoso, tendo como conseqüência a contração das fibras musculares relacionadas aos nervos intramusculares estimulados. A estimulação externa com intensidade baixa, estimula fibras sensitivas, com maior intensidade também estimula fibras motoras, levando a uma contração muscular. A aplicação eletroterapêutica da FES deve incluir uma especificação dos pulsos elétricos utilizados (LOW e REED, 2001). O estímulo deve ser dado no ponto motor (ponto sobre a superfície da pele onde pode ser conseguida máxima contração muscular, perto do ponto onde o tronco nervoso motor entra no músculo, geralmente localizado na junção do terço proximal com os dois terços distais do ventre muscular do músculo e o outro é colocado em outra parte do corpo, geralmente mais distalmente sobre o ventre muscular (SCOTT, 2003). Utiliza-se geralmente uma frequência entre 20-80 Hz, valores abaixo de 20 Hz não causam contração eficiente e acima de 80 Hz levam à fadiga muscular. A intensidade é alterada, dependendo da tolerância do paciente. Em síntese, a FES é utilizada para produzir contrações que resultem em movimento funcional (PETROFSKY, 1988). Esta estimulação leva o músculo privado do controle normal, a produção de uma contração funcionalmente útil, que possibilita a facilitação do recrutamento das unidades motoras, o que proporciona um fortalecimento muscular (SCOTT, 1998). Este recurso tem sido usado terapeuticamente na reabilitação de pacientes com disfunções tanto ortopédicas, quanto neurológicas, os efeitos da estimulação elétrica na reabilitação neurológica podem ser divididos em melhora da função motora (CHAE et. al., 1998; FRANCISCO et. al.,1998; HESSE et. al., 1998; PAND-YAN e GRANAT, 1997; POWELL et. al. ,1999; WEINGARDEN, ZEILIG e HERUTI, 1998), redução da espasticidade (HESSE et. al., 1998), aumento de força muscular (GLANZ et. al., 1996; POWELL et. al., 1999), aumento da amplitude de movimento do punho ( PANDYAN, GRANAT e SCOTT, 1997; POWELL et. al., 1999) e redução das disfunções articulares (CHANTRAINE et..al., 1999; FAGHRI et. al., 1994; WANG, CHAN e TSAI, 2000). Historicamente, sempre houve cautela ao administrar exercícios de fortalecimento aos pacientes com doenças neuromusculares, isso deu origem a vários estudos. Porém, recentemente, surgiram artigos que apóiam o uso de exercícios para melhorar a força ou a resistência (STOKES, 2000). Os efeitos da FES relatados na literatura, retardariam a atrofia e degeneração muscular, enquanto esta musculatura se encontra desprovida de inervação normal (SPEILHOLZ, 1987). Porém, relatos sobre a aplicação da estimulação elétrica em músculos onde a inervação está comprometida por desmielinização, lesão axonal ou degeneração progressiva da fibra muscular, não têm sido descritos. 2. OBJETIVO O objetivo do presente estudo é demonstrar através de uma revisão bibliográfica, a utilização da Estimulação Elétrica Funcional (FES) em pacientes portadores de doenças neuromusculares. 3. MÉTODO Foi realizado um levantamento bibliográfico em livros clássicos da literatura e busca direta de artigos científicos nas bases de dados: Medline, Scielo, Lilacs e Pubme. O período de busca na literatura limitou-se de 1986 a 2006. Foram selecionados artigos publicados na literatura e trabalhos apresentados em congressos internacionais. As palavras-chaves utilizadas nas bases de dados foram: doenças neuromusculares, FES, eletroestimulação, miopatias, neuropatias periféricas, neuromuscular diseases, functional electrical stimulation, nervous and muscular stimulation, peripheral neuropathy e electrical stimulation. O cruzamento foi realizado da seguinte maneira: eletroestimulação e doenças neuromusculares, FES e doenças neuromusculares, eletroestimulação e miopatias, eletroestimulação funcional e doenças neuromusculares, eletroestimulação funcional e miopatias, eletroestimulação funcional e neuropatias periféricas, functional electrical stimulation and neuromuscular diseases, FES and neuromuscular diseases, electrical stimulation and miopathy, functional electrical stimulation and peripheral neuropathy. 4. RESULTADOS Não foram encontrados estudos específicos relacionando (FES) e sua aplicação nas doenças neuromusculares. Os resultados do presente estudo oferecem dados e evidências favoráveis quanto a melhoria da capacidade funcional e qualidade de vida de pacientes neurológicos (vide tabela 1), quando utilizado terapia para aumento da força muscular através da estimulação elétrica funcional. Porém, se faz necessário melhores evidências sobre a utilização deste método de tratamento em doenças neuromusculares, por tratar-se de uma abordagem escassa na literatura. Tabela 1. Resultados encontrados com o uso de FES em doenças neurológicas AUTORES ANO DE PUBLICAÇÃO CHAE et. al. 1998 FRANCISCO et. al. 1998 HESSE et. al. 1998 PAND-YAN e GRANATY 1997 POWEL et. al. 1999 WEINGARDEN et. al. 1998 Redução da espasticidade HESSE et. al. 1998 Aumento GLANS et. al. 1996 POWEL et. al. 1999 BECK 1997 CARMICK 1997b HAZLEWOOD et. al. 1994 Aumento da amplitude de PAND-YAN et. al. 1997 movimento POWEL et. al. 1998 HAZLEWOOD et. al. 1994 COMEAUXet. al. 1997 Redução da subluxação CHANTRAINE et. al. 1999 de ombro FAGHRI et. al. 1994 WANG et. al. 2000 PAPE et. al. 1993 Melhora da força muscular da Força Muscular Função motora STEINBOCK et. al. 1997 PECKHAM e KUNTSON 2005 STAUB et. al. 2005 BURRIDGE et. al. 1997 Facilitação da contração CARMICK 1993 muscular PECKHAM e KNUTSON 2005 Melhora da resistência RUTHERFORD e JONES 1988 Um estudo realizado por PFEIFER et. al. 1997, relata melhora de força muscular em indivíduos normais. De acordo com LOW e REED, 2001, achados sobre as variações em relação aos parâmetros da FES, utilizados em doenças neurológicas, revelam dados contraditórios, e talvez seja este um fator a ser melhor especificado e esclarecido, através de estudos práticos. Estudos defendem a utilização da estimulação elétrica funcional de forma isolada, outros a associam a exercícios voluntários, ambos encontraram melhora da força muscular (NUNES e DAVINI, 2000; ALON, 1994; LOW e REED, 2001) SALMONS et. al., (2005), realizou um estudo com ratos onde a aplicação da estimulação elétrica funcional resultou na restauração da massa e força musculares. 5. DISCUSSÃO Experiências realizadas em laboratório com ratos, demonstraram que a excitabilidade do músculo estimulado em longa duração com baixa freqüência e alta intensidade, proporcionou consideravelmente a restauração da massa e força musculares (SALMONS et. al., 2005). Exercícios ativos livres, ativos resistidos de forma moderada e ativos assistidos, são comumente aplicados a pacientes com doenças neuromusculares, em tratamentos fisioterapêuticos, visando o fortalecimento muscular (AITKENS et. al., (1993); LINDEMAN et. al., (1995); RUTLAND AND SHIELDS, (1997); KILMER et. al., (1994). Porém, alguns autores demonstraram um melhor resultado em relação ao ganho de força muscular, quando o exercício voluntário e ativo, é utilizado juntamente com a aplicação da (FES), em indivíduos normais e portadores de disfunções neurológicas (ALON, 1994). NUNES e DAVINI (2000) demonstraram que a eletroestimulação isolada é mais efetiva no aumento de força muscular que o exercício isométrico voluntário, em indivíduos normais, enquanto ALON (1994), observou um aumento de força muscular no grupo que associou a eletroestimulação aos exercícios voluntários. Estudos mostram que a estimulação elétrica aumenta a força muscular, embora não na mesma extensão que ocorreria com o exercício voluntário. LOW E REED (2001) concluíram que, em geral, a estimulação elétrica não é um substituto satisfatório para a atividade voluntária. Porém, a estimulação elétrica isolada ou combinada com atividade voluntária, leva a ganhos de força similares ou, em alguns poucos casos, até maiores do que quando o exercício voluntário é feito isoladamente. PFEIFER (1997) em seu estudo envolveu adultos saudáveis acima de 65 anos, o qual encontrou ganho de força quase idênticos (cerca de 25%) no músculo tríceps sural dos que receberam estimulação elétrica e dos que fizeram exercícios voluntários De acordo com KERN et. al. (2005), a análise de biópsias realizadas em musculatura desnervada, estimulada com FES, não mostra diferença significativa entre antes e depois da aplicação. Os principais achados positivos da aplicação da FES foram que, a FES em paralisia cerebral melhorou significativamente a função (PAPE et. al., 1993; STEINBOCK, REINER e KESTLE, 1997) e a amplitude de movimento de dorsiflexão do tornozelo na posição sentada (HAZLEWOOD et. al., 1994) ou durante o contato do calcanhar (COMEAUX et. al., 1997). Houve também uma evidência de que a força muscular melhorou (BECK, 1997; CARMICK, 1997b; HAZLEWOOD et. al., 1994). A estimulação elétrica funcional tem sido usada de forma terapêutica para iniciar e facilitar a contração voluntária de músculos, porém, não é possível distinguir este efeito, do fortalecimento muscular. Este conceito pode ser aplicado em crianças com paralisia cerebral, onde a estimulação elétrica pode favorecer a contração muscular e fornecer sensações de modo que a criança possa acrescentar movimento a uma resposta fraca e ter resultados efetivos (CARMICK, 1993). Em mais de 40 anos de pesquisas, os princípios da eletroestimulação funcional aplicados em tecidos neurologicamente lesados, têm como principal objetivo a contração muscular e não necessariamente o fortalecimento muscular, levando a uma recuperação da função (PECKHAM e KNUTSON, 2005). Estudos iniciais sobre o uso de FES na paraplegia e tetraplegia, verificaram que a fadiga limitava o tratamento, porém este problema foi parcialmente solucionado pela preparação da musculatura por condicionamento com baixa freqüência de estímulos, para aumentar a resistência. Além disso, os padrões de freqüência utilizados para o condicionamento devem ser observados, pois uma freqüência baixa pode ocasionar atrofia muscular, enquanto que a aplicação intermitente de alta freqüência pode manter a força e melhorar a resistência (RUTHERFORD & JONES, 1988). Um estudo realizado com quatro crianças portadoras de Encefalopatia Crônica não Progressiva com Diplegia demonstrou melhora da função motora para a marcha, quando utilizado a FES nos músculos quadríceps femoral e tibial anterior bilateralmente com freqüência de 40 Hz por 10 minutos (STAUB, e cols., 2005). O protocolo e a técnica de aplicação da eletroestimulação utilizados são fatores de extrema importância para a efetividade dos resultados da mesma. Isto explica o grande número de pesquisas realizadas com o objetivo de determinar o protocolo de estimulação mais adequado para proporcionar um aumento na atividade contrátil do músculo, ou um padrão específico de eletroestimulação capaz de produzir hipertrofia muscular. (NORONHA, 1997) Os estudos sobre o uso da estimulação elétrica funcional, são aplicados e versam sobre a musculatura de pacientes com doenças neurológicas centrais, havendo constatação de benefícios para estes pacientes sugere-se que esta aplicação na musculatura de pacientes com doenças neuromusculares, poderá apresentar bons resultados. Observando-se os princípios fisiológicos da aplicação da eletroestimulação funcional nos tecidos, nervos e músculos, pode-se dizer, levando-se em consideração estudos feitos até a presente data, que não há evidências relatando danos ou prejuízos causados por este método de tratamento, sabendo-se que em musculatura sadia, os ganhos em relação à melhora da função motora, já estão bem definidos e especificados na literatura. 6. CONCLUSÃO Os dados encontrados na literatura sobre estimulação elétrica funcional e doenças neuromusculares são restritos, por isso mais estudos devem ser realizados, visando melhores esclarecimentos sobre o assunto, abrindo possibilidades para estudos práticos que possam basear em evidências um procedimento fisioterapêutico tão utilizado na atualidade 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AITKENS, S. G., McCORE M. A., KILMER D. D., et. al., Moderate resistance exercice program: its effect in slowly progressive neuromuscular disease. Arch Phys Med Rehab 1993, 74: 711-715. BECK, S. Use of sensory level electrical stimulation in the physical therapy management of a child with cerebral palsy. Pediatric Physical Therapy 1997; 9: 137-138. BERCIANO J., COMBARROS, O., CALLEJA, J., POLO J. M., LENO, C., The application of nerve conduction and clinical studies to genetic counseling in hereditary motor and sensory neuropathy tipe I. Muscle Nerve 1989; 12: 302-306. 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Hybrid functional electrical stimulation orthosis in chronic stable hemiplegia. American Journal of Physical Medicine and Rehabilitation 1998; 77 (4): 276-281. ABSTRACT The Functional Electrical Stimulation (FES) is a treatment of method that use electric current to produce a effective and functional muscular contraction, promoting strengthener and maintenance of muscular mass, even without muscular voluntary action. This resort has been used therapeutically in the rehabilitation of patients with orthopedic and neurologics disturbances, aiming of a general mode the improvement of sensorial and motor function. The neuromuscular diseases are those that affect the second inferior motor neuronal, nervous root , pheripherical nerve, mioneural shall and muscle, so don’t have central disorders. The muscular frankness is seen with a of factor that cause bigger loss of motor function and life’s quality of patients. The study’s objective is to show with a bibliographic analysis, the utilization of Functional Electrical Stimulation in the neuromuscular diseases. Was realized a detailed bibliographic analysis in literature‘s classical books and research of articles in data’s base, limiting in the last twenty years. The results of the present study give datas and favorables evidences how the improvement of functional capacity and life’s quality of neurological patients, however, if do necessary more evidences about the utilization of treatment’s method in neuromuscular diseases, because don’t have studies that speech about this. Don’t have evidence about the in improvement or worse however use this method in the denerved muscle by inferior motor neuronal injury. Studies that speech about the treatment with FES in central neurologics injuries, show a effective improvement in the walk, functionality and in the life’s quality of patients. This results justify more efforts in the field and encourage another researchers irrespective of our hypothesis and conclusions.