lesões precursoras no carcinoma epidermóide de canal anal

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LESÕES PRECURSORAS NO CARCINOMA
EPIDERMÓIDE DE CANAL ANAL
BERTONSELLO, D.R1 , LARANGEIRA, L.L.S2
¹ ACADÊMICA DE MEDICINA – PUCPR CAMPUS LONDRINA
2 PROFESSOR ADJUNTO, ESCOLA DE MEDICINA PUCPR / COLOPROCTOLOGISTA ISCAL, LONDRINA-PR
INTRODUÇÃO
O carcinoma epidermóide (CEC) de canal anal é uma lesão rara, corresponde
de 1 a 2% de todas as neoplasias do cólon e de 2 a 4% de todos os tipos de
câncer que acometem o intestino grosso (anorretais)1. Em homens a incidência
do câncer anal aumentou 1,5 vezes enquanto nas mulheres triplicou2, sendo o
regime de quimioterapia concomitante com a radioterapia de feixe externo o
tratamento primário para o CEC.
O CEC representa 80% dos casos de câncer anal, enquanto o adenocarcinoma
responde por 20%3. Um estudo prévio em 2004, na mesma regional de saúde,
mostrou uma incidência de 3% de neoplasia de ânus entre os tumores de cólon,
reto e ânus4 e já se discutia a necessidade de melhor investigação do HPV anal.
A infecção crônica do papiloma vírus humano (HPV) associada com a
imunossupressão em pacientes com vírus da imunodeficiência humana (HIV)
são fortes promotores do CEC.
Tabela 2 - Distribuição da prevalência de estádio nos pacientes diagnosticados com
câncer de ânus na 17ª. Regional de Saúde, Londrina-PR, Brasil.
OBJETIVO
Análise da incidência do câncer anal na região de Londrina e a frequência de
investigação prévia de lesões precursoras do CEC.
MÉTODOS
O presente trabalho foi baseado em levantamento longitudinal,
retrospectivo de janeiro 2000 a janeiro 2014, de pacientes com diagnóstico de
carcinoma de canal anal (CID-C21) na cidade de Londrina, cadastrados em
plataforma virtual no Sistema Único de Saúde de Londrina (CACON).
Figura 2 - Foto representativa de um tumor de ânus em um paciente do estudo.
RESULTADOS
Foi observado um total de 1046 pacientes com diagnóstico de neoplasia
cólon, reto e ânus, e destes, 63 pacientes (4,48%) com neoplasia de ânus (CEC).
Dos 63 pacientes 10 eram do sexo masculino e 53 eram do sexo feminino
(84,12%), sendo a média de idade de 62,5 anos. Em três pacientes foi notificado
HPV / condiloma e um com presença de HIV. Dividindo em dois períodos de sete
anos foi observado que de 2000 a 2006 a incidência foi de 22 pacientes (34,92%),
enquanto de 2006 a 01 janeiro 2014 a incidência foi de 41 pacientes (65%), figura
1. A mortalidade entre os 63 pacientes foi de 15,9% (Tabela 1- 10 pacientes). A
análise mostrou que 63,5% dos pacientes apresentavam estádio II e 25,4%
apresentavam estádio IIIa (Tabela 2). Um paciente não apresentava os dados em
relação ao tipo de seu tratamento. Em quatro pacientes o tratamento foi apenas
ressecção local, enquanto em 92% dos pacientes (n=58) foi observado radio e
quimioterapia combinada. Houve cirurgia de resgate em dez pacientes (15,9%),
sendo o procedimento a amputação (seis pacientes) e a colostomia (quatro
pacientes).
DISCUSSÃO
Em levantamento prévio (até 2002) tínhamos observado 3% de incidência em
relação ás neoplasias de cólon e reto e agora observamos 4,48%. A literatura
condiz, e mostra que a incidência do câncer de ânus aumentou 1,5 vezes no homem
e na mulher triplicou. A base do tratamento é a quimio e radioterapia combinada,
porém em quatro pacientes foi realizada apenas a ressecção local. É cada vez maior
o entendimento da associação do câncer anal com o HPV, principalmente do
subtipo 16. O presente trabalho mostra a ausência atual de investigação do HPV
anal na prática médica.
CONCLUSÃO
O CEC é mais prevalente em mulheres da sexta década e a quimioterapia e
radioterapia ainda é o meio mais eficaz de tratamento. O presente trabalho
evidencia um aumento na incidência do câncer anal na regional de Londrina,
compatível com a literatura. , havendo a necessidade de promover maior avaliação
do HPV anal. Em contrapartida, constatamos que esses pacientes não são avaliados
em relação à infecção por HPV. Tendo em vista a maior frequência da doença e sua
íntima relação com lesões precursoras é sensato o rastreamento do tipo HPV anal e
grau de inflamação local em grupos de risco, para prevenção e detecção precoce
dessa neoplasia.
TOTAL DE PACIENTES NO CADASTRO ONCOLÓGICO VIRTUAL RELACIONADOS
COM NEOPLASIA DE COLON, RETO E ÂNUS, DE JANEIRO DE 2000 A JANEIRO DE
2014: 1406
NEOPLASIA DE COLON: 684 (48,64%)
NEOP. DE RETO: 659 (46,87%)
NEOP. DE ÂNUS: 63 (4,48%)
Figura 1 -Distribuição da prevalência de câncer de ânus na 17ª. Regional de Saúde,
Londrina-PR, Brasil.
Tabela 1 - Distribuição da prevalência de óbitos em relação ao tempo de diagnóstico
do câncer de ânus na 17ª. Regional de Saúde, Londrina-PR, Brasil.
ANO DIAGNÓSTICO
ANO ÓBITO
TEMPO DE VIDA
2012
2012
2 MESES
2010
2011
1 ANO
2010
2010
1 MÊS
2010
2011
1 ANO E 5 MESES
2008
2010
1 ANO E 9 MESES
2008
2012
3 ANOS E 7 MESES
2008
2009
11 MESES
2008
2010
2 ANOS E 6 MESES
2001
2002
5 MESES
1999
2001
2 ANOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1-INCA - http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/anal
2- CHAVES, EBM; CAPP, E; CORLETA, HVE; FOLGIERINI,H. – A citologia na prevenção do câncer
anal.. Femina, 39:532-37, 2011.
3- NETO, JRT; PRUDENTE, ACL; SANTOS, RL – Estudo demográfico do câncer de canal anal e
ânus no Estado de Sergipe. Rev Bras Coloproctologia, 27:190-95, 2007
4- LARANGEIRA, LLS & ANDRADE, SKV – Incidência do carcinoma de canal anal na regional de
saúde de Londrina. Rev. Bras. Coloprocto., 24:240-46, 2004.
Contato: [email protected]
*PESQUISA APROVADA PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA IRMANDADE DA
SANTA CASA DE LONDRINA – ISCAL. Nº DO PARECER: 862.500
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