2 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS REVISTA DO TCEMG MANUAL DE REDAÇÃO E ESTILO Belo Horizonte 2014 ISBN 978-85-68149-00-3 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS CONSELHEIROS Adriene Barbosa de Faria Andrade (Presidente) Sebastião Helvecio Ramos de Castro (Vice-Presidente) Cláudio Couto Terrão (Corregedor) Wanderley Geraldo de Ávila Mauri José Torres Duarte (Ouvidor) José Alves Viana Gilberto Pinto Monteiro Diniz CONSELHEIROS SUBSTITUTOS Licurgo Joseph Mourão de Oliveira Hamilton Antônio Coelho PROCURADORES DO MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS Daniel de Carvalho Guimarães (Procurador-Geral) Elke Andrade Soares de Moura Silva (Subprocuradora-Geral) Glaydson Santo Soprani Massaria Maria Cecília Mendes Borges Marcílio Barenco Corrêa de Mello Sara Meinberg Schmidt de Andrade Duarte Cristina Andrade Melo de Manual edação e Estilo R evista do TCEMG COORDENADORIA DA REVISTA Juliana Mara Marchesani - COORDENAÇÃO DA OBRA - Diego Felipe Mendes A. de Melo - EDIÇÃO E REVISÃO - Flávia Azevedo Maksud Maria Lúcia Teixeira de Melo - COLABORAÇÃO - Célia Rosa Maria José de Araújo Rios - PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO - Lívia Maria Barbosa Salgado - EQUIPE TÉCNICA - Eliana Sanches Engler Regina Cássia Nunes da Silva SUMÁRIO PREFÁCIO, 13 COMO USAR ESTA OBRA, 15 O CERTO E O ERRADO, 16 O PROCESSO EDITORIAL NA REVISTA DO TCEMG, 17 Artigos, 19 Recebimento e avaliação prévia, 19 Avaliação duplo-cega (sistema peer review), 23 Revisão de texto, 23 Primeira conferência, 24 Aprovação do texto final pelo autor, 24 Diagramação, 25 Pareceres e decisões, 26 Seleção/solicitação de pareceres e decisões, 26 Preparação de cópias para revisão, 26 Revisão, 27 Primeira conferência, 27 Outras fases, 27 Diagramação, 27 Fechamento da revista, 28 REDAÇÃO OFICIAL E REDAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA, 29 Princípios norteadores, 31 Impessoalidade, 32 Norma-padrão da língua portuguesa e correção, 32 S UMÁRIO S Clareza, 33 Concisão e objetividade, 33 Coesão e coerência, 34 Precisão, 35 ESTILO E PADRONIZAÇÃO, 37 Estilística e a redação oficial, 39 Estilo, 39 Polidez, 39 Concisão e adjetivações, 39 Padronização e gramática, 42 a + infinitivo, 42 À baila / à bailha / à balha, 42 A colação, 43 À custa de / às custas de, 43 A distância / à distância, 43 A fls. / à fl. / de fls. / das fls. / Ø fls., 44 A mancheias, 45 À medida que / na medida em que, 45 A mim me parece, 46 A nível (de) / em nível (de), 46 A par de / ao par de, 46 A partir de, 47 A posteriori / a priori, 48 A princípio / em princípio, 49 A teor de, 49 Abaixo assinado / abaixo-assinado, 51 Abordar, 51 Abreviaturas, acrônimos, unidades e siglas, 52 Acerca de / há / há cerca de, 54 Ademais / de mais / de mais a mais / demais, 54 Adentrar o / no, 54 Aderir, 55 Administração Pública, 55 Advérbios terminados em –mente, 56 Aludir, 56 Ambiguidade, 57 Principais mecanismos geradores de ambiguidade, 57 Ambos, 58 Anexo / Em anexo, 59 Ano-calendário / Anos-calendário (plural), 60 Ao que sei, 60 Apenar e penalizar, 60 Apor / opor veto, 61 Aposentar-se, 61 Artigo científico e artigo original (estrutura), 61 Resumo, 61 Resumo em língua estrangeira, 63 Elementos textuais, 63 Citações, 63 Referências, 63 Artigos definidos (a, as, o, os), 63 Aspas, 64 Assim, 65 Assim como / bem como / bem assim, 65 S UMÁRIO S Atender, 66 Atinente, 66 Através de, 67 Bacharel / bacharela, 68 Bastante, 68 Cacofonia, 68 Cada, 69 Clichê, frase feita e lugar-comum, 69 Colchetes, 70 Colocação, 71 Com vista(s) a /com vista(s) em, 71 Compelir / gerir, 71 Computar, 71 Condenar, 72 Configurar, 72 Conselheiro presidente, 73 Conselheiro relator, 73 Considerando (que...), 73 Consistir, 74 Constar, 74 Constatar, 74 Constituir, 75 Continuação / continuidade, 75 Cujo, 76 Cumprir, 77 Dado / visto, 77 Datas, 77 Primeiro dia do mês, 77 Zero à esquerda, 77 Ano, 78 Separação por barra ou ponto, 78 Datas de leis e atos normativos, 78 Acento grave em datas, 78 Convenção da Revista do TCEMG, 78 De forma que / de modo que / de maneira que / de forma a / de modo a / de maneira a, 79 De/em férias, 79 Desapercebido / despercebido, 80 Descriminação / descriminalização / discriminação, 80 Designar, 80 Despender / dispêndio, 81 Deste/do ponto de vista, 81 Digno / digníssimo, 81 Doutor, 82 Dupla negativa, 82 Ecoação, 82 Eis que, 82 Ele é suposto saber, 83 Elipse, 83 Em conformidade com / na conformidade de / em consonância a, 83 Em face de / em face a / face a, 84 Em função de, 85 Em que pese a / em que pesem as, 85 Em sede de, 86 Em vez de / ao invés de, 87 E-mail, 88 S UMÁRIO S Enquanto / enquanto que, 88 Entre / dentre, 89 Erário, 89 Esquecer, 90 Este, esse, aquele, isto, isso, 90 Etc., 91 Fazer, haver (correlação temporal), 92 Gerundismo, 93 Grosso modo, 93 Haja vista, 94 Hora extra, 94 Horas, 94 Abreviatura, 94 Hora abreviada ou por extenso, 95 Abreviatura ou dois pontos, 95 Acento grave, 95 Hífen, 95 Ibidem, 95 Ilustríssimo, 96 Implicar, 96 Inclusive, 96 Inobstante / nada obstante / não obstante, 96 Inversão de frases, 97 Itálico / negrito / sublinha, 97 Itálico, 98 Negrito, 98 Sublinha, 98 Junto a / junto de, 99 Latim, 99 Mais bem / melhor, 99 Mal-empregado / Mal empregado, 100 Mestre / Mestra, 100 Multa-sanção (plural), 100 n. / nº, 100 Nem, 100 No sentido de / no sentido de que, 101 O mesmo / a mesma, 101 O(a) qual, 102 Obrigado, 102 Oficiar / oficializar, 102 Onde / aonde, 103 Operacionalizar, 103 Pagado, 104 Pertinente / pertinência, 104 Pontuação em listas, 104 Por unanimidade / à unanimidade, 104 Por via de regra / via de regra, 105 Posto que, 105 Precisar, 105 Proceder, 106 Pronome “se” + infinitivo, 106 Propor-se (fazer alguma coisa), 106 Protocolar / protocolizar, 107 Qualquer, 107 Quanto antes / o quanto antes, 107 “Que” — pronome relativo, 107 S UMÁRIO S “Queísmo”, 109 Quem / que — pronome relativo, 109 Quite (particípio passado do verbo quitar), 109 Quorum / Quórum, 109 Quota/cota, 110 Regência e transitividade, 110 Ressalte-se, 110 Restar, 111 Resultar, 111 Sendo que, 112 Ser (omissão), 112 Sob o ponto de vista, 112 Sobrestar, 113 Soer, 113 Stricto sensu, 113 “Sujeito preposicionado”, 113 Superavit / deficit / défice, 114 Tratar-se (de) / tratar de, 114 Verbos abundantes, 115 Verbos em coordenação com regências diferentes, 115 Vez que / de vez que, 116 Visar, 116 Vossa Excelência, 117 Voz passiva (excesso), 118 GLOSSÁRIO, 120 REFERÊNCIAS, 123 PREFÁCIO Nos últimos dez anos, a Revista do TCEMG tem passado por diversas mudanças sempre com a finalidade de oferecer aos jurisdicionados — seu público-alvo — uma publicação da melhor qualidade possível e, além disso, inserir o periódico no meio acadêmico, conferindo-lhe mais objetividade e caráter científico. Nesse contexto, assume papel relevante a equipe de editores textuais, que envidam esforços para, sem prejudicar o estilo dos autores, tornar os textos mais claros, concisos, acordes com a norma-padrão da língua e normalizados conforme as regras aplicáveis. Alguns pensam que a revisão de textos é uma mera correção de ortografia ou de um aspecto pontual, como concordância e regência. Tal pensamento não poderia ser mais errôneo: a preparação e a revisão intervêm em diversos níveis textuais. A competência em gramática é apenas uma das várias que o revisor deve possuir. Isto é, um (bom) texto, meta ideal do autor e do revisor, não é dotado apenas de gramaticalidade, mas também de inteligibilidade e textualidade. Assim, no exercício de suas atribuições, os editores fazem uma revisão minuciosa — mais do que simples correção gramatical —, demandando, muitas vezes, a preparação de textos, copidesque e identificação com os mecanismos de tessitura textual adotados pelos autores. Na Revista do TCEMG, os editores lidam com textos de diversos tipos: narrativo, injuntivo, dialogal, dissertativo expositivo e, principalmente, dissertativo argumentativo. Este se sobressai em relação aos demais, pois a maior parte das seções do periódico refere-se a textos científicos e a decisões do Tribunal de Contas. Considerando a natureza e as peculiaridades do trabalho da equipe de revisão, surgiu a necessidade de elaborar um manual de redação com o objetivo de orientar a escrita técnica e de elucidar dúvidas atinentes à redação científica e à oficial. Este manual propõe orientar os editores da Revista do TCEMG e os autores de doutrina a elaborarem textos condizentes com a norma-padrão, compreensíveis pelos cidadãos (por quem e para quem exercemos nosso trabalho) e livres das “afetações” comuns em textos técnico-científicos — principalmente os redigidos pelos cientistas do Direito — e das contaminações de registros linguísticos estranhos ao assunto do texto. Em outras palavras, este manual pretende, sem caráter impositivo ou normativo, 13 P REFÁCIO P auxiliar aqueles que, no dia a dia, trabalham com a gênese e a edição textuais. Por fim, salientamos que esta obra é fruto de discussões e troca de sugestões entre os seus autores e se baseou no exame detalhado dos textos constantes dos corpora da Revista do TCEMG. Belo Horizonte, 16 de abril de 2014. Diego Felipe Mendes de Melo 14 C OMO CONSULTAR ESTE MATERIAL Com o intuito de deixar a leitura mais agradável, utilizamos símbolos (imagens e emoticons) para sinalizar os exemplos ou destacar algum trecho relevante. Legenda: Apesar de gramaticalmente correto, o texto não está na sua “melhor construção”. O texto está gramaticalmente correto e na sua “melhor construção”. Embora reconhecido pela maioria dos linguistas contemporâneos, trata-se de texto com construção mal vista pela gramática prescritiva ou vedada em redação oficial. O texto do exemplo está correto. O texto do exemplo está incorreto. Sinaliza um resumo, recomendação ou comentário feito pela redação. Introduz um alerta ou uma exceção sobre a informação dada. Recomenda literatura complementar sobre os temas em análise. 15 O CERTO E O ERRADO O vocábulo “gramática” vem do grego grammatiké e corresponde ao conjunto de regras para determinado uso da língua. Ou seja, a gramática varia conforme a situação e o meio em que as pessoas do discurso se comunicam. Hoje não mais se justifica uma gramática dogmática impondo leis sem um raciocínio reflexivo ou até mesmo um mínimo de cientificidade. Como alternativa à rigidez — quase imutabilidade — da gramática tradicional, baseada em autores cujas obras remontam a um século ou mais, muito se tem propagado a necessidade de uma grammatiké pragmática, funcional e condizente com a realidade dos falantes e escreventes da língua. Negar a dinamicidade e a evolução da língua apontando uma gramática de “bons usos” implicaria ir contra o fluxo natural do discurso e contradizer a própria formação da língua portuguesa. Por isso diz-se que não há necessariamente um discurso certo ou errado se o co(n)texto não for considerado. Tratando-se de textos científicos e oficiais, tanto o autor quanto o revisor devem ponderar as circunstâncias e os destinatários de sua mensagem, sem fugir à “norma culta” exigida pelos cânones jurídicos e acadêmicos. Dessa forma, o presente manual não se presta a impor regras gramaticais rígidas nem a determinar o estilo dos autores, mas sim a descrever as principais inadequações referentes à propriedade vocabular e ao uso da norma-padrão da língua portuguesa do Brasil. “Para quem gosta de certezas e seguranças, tenho más notícias: a gramática não está pronta. Para quem gosta de desafios, tenho boas notícias: a gramática não está pronta. Um mundo de questões e problemas continua sem solução, à espera de novas ideias, novas teorias, novas análises, novas cabeças.” Mário Alberto Perini 16 “JURIDIQUÊS” RODRIGUES (2013) “O CERTO E O ERRADO” E PRECONCEITO LINGUÍSTICO BAGNO (2000); BAGNO (2003); SCHERRE (2005); SCHERRE (2008) O processo editorial na Revista 18 ARTIGOS Esquema do trâmite de artigos Recebimento Avaliação prévia Decisão editorial Preparação de cópias para revisão Revisão Aprovação pelo autor Diagramação Recebimento e avaliação prévia O artigo recebido para provável publicação é registrado no banco de dados da Revista e encaminhado para avaliação prévia, que analisa os critérios básicos de classificação de um texto de caráter técnico-científico e a pertinência com a linha editorial do periódico. A avaliação prévia consiste em analisar: 1. estrutura textual (introdução, desenvolvimento e conclusão); 2. classificação do artigo na linha editorial da Revista; 3. estrutura lógica da argumentação; 4. observância às normas da ABNT; 5. existência e pertinência do resumo, palavras-chave, abstract e keywords; 6. adequabilidade do título ao texto; 7. referenciação de todas as citações. 19 A RTIGOS A 1 Estrutura textual (introdução, desenvolvimento e conclusão) Para que se crie um texto, não basta atender apenas aos ditames da “norma culta padrão”, mas também aos caracterizadores de textualidade. Vários períodos e parágrafos “soltos” — sem conectivos e sem coerência entre as ideias expostas — não formam uma trama de ideias, ou seja, não constituem um texto. Ademais, toda a estrutura textual, a fim de que seja compatível com o gênero texto científico, deve conter introdução, desenvolvimento e conclusão. Os títulos das seções introdução e conclusão devem respectivamente ser esses mesmos nomes explicitados. Se o arquivo encaminhado não for um texto ou não pertencer ao gênero texto científico, será rejeitado pelo editor-chefe e devolvido ao autor. 2 Classificação do artigo quanto à linha editorial da Revista Até a data de publicação desta obra, a linha editorial da Revista do TCEMG é a descrita na Resolução TCEMG n. 16, de 2010, a saber: Direito Público, Filosofia do Direito, História do Direito, Teoria Geral do Direito, Ciência Política, Sociologia Jurídica, Administração Pública, Contabilidade Pública, Ciências Econômicas, Ciências Atuariais e Psicologia aplicada aos Recursos Humanos. Caso o artigo não se enquadre na linha editorial, ele será rejeitado e devolvido ao autor, interrompendo sua tramitação. 3 Estrutura lógica da argumentação Em análise superficial, o editor pode verificar se a argumentação, do ponto de vista da lógica formal, constitui falácias. Nesse caso, se o autor tiver observado os demais critérios da avaliação prévia, as informações falaciosas serão anotadas no formulário de avaliação prévia com anuência do editor-chefe, e dar-se-á continuidade ao processo editorial do artigo. 4 Observância às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) As normas da ABNT (tabela 1) pertinentes a textos publicados em periódicos científicos devem ser observadas. 20 Tabela 1 — Normas técnicas da ABNT relacionadas com periódicos científicos NORMA TÍTULO DATA NBR 5892 Norma para datar ago. 1989 NBR 6021 Informação e documentação – Publicação periódica científica impressa – Apresentação maio 2003 NBR 6022 Informação e documentação – Artigos em publicação periódica impressa – Apresentação maio 2003 NBR 6023 Informação e documentação – Referências – Elaboração ago. 2002 NBR 6024 Informação e documentação – Numeração progressiva das seções de um documento – Apresentação mar. 2012 NBR 6025 Informação e documentação – Revisão de originais e provas set. 2002 NBR 6027 Informação e documentação – Sumário - Apresentação maio 2003 NBR 6028 Informação e documentação – Resumos – Apresentação nov. 2003 NBR 6032 Abreviação de títulos de periódicos e publicações seriadas ago. 1989 NBR 6033 Ordem alfabética ago. 1989 NBR 6034 Informação e documentação - Índice – Apresentação dez. 2004 NBR 10520 Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação ago. 2002 NBR 10525 Informação e documentação - Número Padrão Internacional para Publicação Seriada mar. 2005 NBR 10719 Informação e documentação - Relatório técnico e/ou científico – Apresentação jun. 2011 NBR 12225 Informação e documentação – Lombada – Apresentação jun. 2004 NBR 12676 Métodos para análise de documentos – Determinação de seus assuntos e seleção de termos de indexação ago. 1992 Fonte: Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (2013, [online]). 21 A RTIGOS A Ressalvados os poucos casos que este manual aborda especificamente, aplicam-se sempre as NBRs em sua integralidade. Se o texto estiver em desalinho com as NBRs listadas na tabela 1, o editor anotará tal informação no formulário de avaliação prévia, dispensada a ratificação pelo editor-chefe, e o paper continuará seu trâmite no processo editorial. Diante de grave falta de normalização, o editor, em avaliação prévia, poderá suspender o processo editorial do artigo e devolvê-lo ao autor para que faça as alterações necessárias. Mesmo depois do aceite definitivo do artigo, a equipe de revisores, por deliberação de sua maioria, pode solicitar ao editor-chefe que suspenda o processo editorial do paper e o devolva ao autor para que faça a normalização conforme as NBRs listadas na tabela 1. 5 Existência e pertinência do resumo, palavras-chave, abstract e keywords Todo artigo deve possuir resumo e palavras-chave em língua portuguesa e inglesa (abstract e keywords). A estrutura e o texto do resumo e do abstract obedecem à NBR 6028. Caso o arquivo enviado careça de quaisquer desses elementos (resumo, palavras-chave, abstract e keywords), o editor, dispensada a ratificação pelo editor-chefe, poderá suspender o processo editorial até que o autor providencie o(s) elemento(s) faltante(s). Por despacho, o editor-chefe pode determinar que o artigo volte a tramitar no processo editorial, mesmo carecendo desses elementos pré e pós-textuais. Contudo, não há possibilidade de publicação do paper enquanto o autor não criar o elemento faltante. Consulte Artigo científico. 22 6 Adequabilidade do título ao texto Todos os artigos enviados para publicação devem conter título. Este obviamente deve ser adequado ao conteúdo do texto. Se o editor verificar que o título não é adequado ao texto, ele anotará tal informação no formulário de avaliação prévia, e, desde que observados os demais critérios, o artigo seguirá seu trâmite no processo editorial. Se a inadequação for ratificada na avaliação definitiva, o autor será comunicado para que promova a alteração. Caso o paper careça de título, a tramitação do artigo será suspensa, até que o autor dê-lhe um. 7 Referenciação de todas as citações Toda citação deve ser referenciada. As citações e as referências devem estar em conformidade com as NBRs 6023 e 10520. Caso haja citação sem a referência correspondente, o editor poderá suspender o processo editorial até que o autor promova as correções necessárias. Avaliação duplo-cega (sistema peer review)1 Depois da avaliação prévia, são removidas todas as informações que podem evidenciar a autoria do artigo (propriedades do arquivo, identificação de autores, agradecimentos a pessoas, etc.), competindo ao editor-chefe o encaminhamento do trabalho para a avaliação por pareceristas. Revisão de texto A equipe de revisores é responsável por normalizar o texto conforme as regras da ABNT (incorreções simples); padronizar o paper conforme as regras de leiaute e apresentação da Revista; revisar a ortografia, gramática, propriedade vocabular, etc. do artigo; fazer copidesque e propor quaisquer tipos de mudanças textuais, quando for conveniente. 1 Até a data de publicação deste manual, o sistema peer review ainda se encontrava em fase de estudos de viabilidade. 23 A RTIGOS A Todos os artigos são analisados por no mínimo dois revisores, conforme as orientações deste manual e deliberações da equipe de revisão. As alterações textuais por eles propostas são discutidas em reunião de pelo menos três revisores (consenso). Contudo, o quorum para consenso pode ser alterado pelo editor-chefe, por motivo de necessidade de serviço. No consenso, a deliberação quanto à retificação ou à manutenção do texto original é feita por maioria absoluta. Depois do consenso, nenhum revisor pode alterar o texto ou fazer nova revisão. Princípios orientadores da revisão de textos Princípio da alteridade do revisor de textos O revisor de textos atua como um dublê, um “outro eu” do autor, fazendo o possível para que suas interferências não prejudiquem o estilo original do texto. Em outras palavras, o revisor não deve fazer correções ou copidesques conforme o próprio estilo, e sim conforme o que mais se aproxima ao do autor. Princípio da mínima interferência A revisão de texto deve interferir minimamente no original do autor. Inversões de frases, substituições, adições e reduções de texto devem ser feitas apenas em situações específicas, quando a correção e a clareza as exigirem. Dessa forma, o copidesque só é possível à equipe de revisores quando o texto tiver problemas de coesão e coerência. PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA REVISÃO DE TExTOS COELHO NETO (2008) Primeira conferência A conferência é feita pelo leitor de prova e tem por finalidade verificar a fluidez da leitura, problemas de padronização e erros não identificados pela equipe de revisores. Os problemas suscitados e as soluções propostas na primeira conferência são submetidos à revisão para analisar aqueles ou referendar estas. Aprovação do texto final pelo autor Posteriormente à primeira conferência, a equipe de revisores envia ao autor o texto revisado para fins de aprovação das modificações. Após o envio, o autor tem o prazo de três dias úteis para contestar a revisão. Se 24 esse período transcorrer sem nenhuma manifestação contrária, o texto revisado será considerado aceito. No caso de contestação, cabe aos revisores, em consenso, aceitarem as reversões ou as alterações enviadas pelo autor. Na hipótese de a revisão rejeitar o texto devolvido pelo autor, esta será a versão publicada, constada da primeira página do artigo nota de rodapé com a anotação “Texto revisado parcialmente”. Diagramação O editor de leiaute diagrama o artigo conforme o padrão estabelecido pela Revista. 25 PARECERES E DECISÕES Esquema do trâmite de pareceres e decisões Seleção/solicitação de pareceres e decisões O editor-chefe seleciona sugestões de pareceres e decisões a serem publicados e os encaminha aos gabinetes para fins de aprovação. Caso não consiga encontrar decisão ou parecer relevante de alguns dos órgãos que publicam na Revista, o editor-chefe comunica o gabinete responsável e assina prazo para que seja encaminhado algum texto ou desista da publicação. Preferencialmente são escolhidas decisões cujo voto do relator teve aprovação unânime. Preparação de cópias para revisão Depois da seleção, o parecer ou decisão é encaminhado para o editor de leiaute (diagramador) a fim de que prepare cópias para revisão. 26 Revisão Na revisão de pareceres e decisões, há primazia do princípio da mínima interferência. Cabe aos revisores padronizar os textos conforme as orientações deste manual e de outros quando for necessário. Primeira conferência A conferência é feita pelo leitor de prova e tem por finalidade verificar a fluidez da leitura, problemas de padronização e erros não identificados pela equipe de revisores. Os problemas suscitados e as soluções propostas na primeira conferência são submetidos à revisão para analisar aqueles ou referendar estas. Outras fases Elaboração de ementa e título; verificação do trânsito em julgado e de pacificidade de entendimento. Diagramação O editor de leiaute diagrama o texto conforme o padrão estabelecido pela Revista. 27 F ECHAMENTO DA REVISTA Depois da diagramação de todas as seções do periódico, dá-se início ao processo de “fechamento” da revista, cujos procedimentos principais são: aprovação de todo o conteúdo pela Diretoria da Revista; segunda conferência; preparação da boneca; terceira conferência; autorização de impressão. 28 LEGISLAÇÃO ATINENTE À REVISTA DO TCEMG MINAS GERAIS (2010) Redação oficial e redação técnico-científica 30 PRINCÍPIOS NORTEADORES A redação oficial é o instrumento formal de comunicação utilizado pelo Poder Público para redigir seus textos. Comunga desse entendimento a professora Flávia Rafaela Lôbo e Silva (2012, p. 1), diferenciando a redação oficial da comercial: Pode-se definir ‘Redação Oficial’ como o conjunto de normas que regem as comunicações escritas, internas e externas, de repartições públicas. Quando o mesmo tipo de texto é praticado por particulares, será chamado de correspondência ou ‘Redação Comercial’. As correspondências oficiais orientam a feitura e a tramitação de documentos. Devido a isso, esse tipo de texto possui uma linguagem própria, formal e burocrática. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios da administração pública (Constituição da República, art. 37), é evidente que esses princípios devem, do mesmo modo, nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais. São características da redação oficial e da redação técnico-científica: • impessoalidade; • padrão culto da língua portuguesa e correção; • clareza; • concisão; • coesão; • objetividade; • precisão. REDAÇÃO OFICIAL BRASIL (2002); MINAS GERAIS (2007) RITOS GENÉTICOS EDITORIAIS SALGADO (2007) REDAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA GOPEN; SWAN (1990); GARCIA (2010) 31 P RINCÍPIOS NORTEADORES P IMPESSOALIDADE A impessoalidade consiste na ausência de impressões individuais e subjetivas, pois é sempre em nome do serviço público que é feita a comunicação. Não há dúvida de que os temas das comunicações oficiais se restringem a questões que dizem respeito ao interesse público e, portanto, não cabe nessa redação nenhum tom pessoal ou particular. Assim, a redação oficial deve ser impessoal, evitando-se o uso de primeira pessoa e de adjetivações desnecessárias. O relator [...], com a convicção dos cultores das regras e princípios constitucionais, assim concluiu seu brilhante voto, que foi aprovado pelo competente Colegiado daquela Corte. O relator [...] concluiu seu voto, que foi aprovado pelo Colegiado daquela Corte. Note-se que há uma grande diferença entre o uso de pronomes de tratamento ou vocativos para demonstração de respeito (Vossa Excelência; Vossa Magnificência; Senhor, etc.) e a predicação bajuladora (de escol; brilhante; ilustre; douto; digno; luminar; etc.). IMPESSOALIDADE BRASIL (2004) NORMA PADRÃO DA LÍNGUA É imprescindível que o redator escreva de acordo com a ortografia oficial e se atenha às regras da “norma culta”. essa concepção política trás em si[...]uma profunda diferenciação filosófica [...]. [...] essa concepção política traz em si uma profunda diferenciação filosófica [...]. Ao redigir um texto, deve-se observar a sintaxe em todos seus aspectos, o emprego correto e apropriado das palavras, a pontuação, a colocação pronominal, a concordância, a regência e a melhor estruturação de períodos e parágrafos. [...] o anexo I do edital, deve ser retifi cado [...]. 32 [...] o anexo I do edital Ø deve ser retificado [...]. CLAREZA De acordo com o dicionário (HOUAISS, 2001, p. 735), clareza é “[...] 2 qualidade do que é inteligível [...] 6 compreensão, percepção, entendimento [...]”. Se aplicarmos tais conceitos ao texto escrito, depreendemos que clareza textual é a transmissão compreensível do pensamento do autor por meio da escrita, que consiste na boa estruturação das sentenças, fácil entendimento e ausência de ambiguidades. Torna-se óbvio, portanto, que a clareza tem forte afinidade com a coerência — encadeamento lógico de ideias — e que a escrita clara demanda do autor conhecimento do assunto e reflexão sobre o que se quer redigir. Nesse aspecto, cabe ressaltar que o empolamento e o emprego de termos rebuscados e desconhecidos tornam o texto obscuro e de difícil compreensão. Com isso deixamos de estar inseridos no centro do universo: ao ter uma nova visão cosmológica, a antiga metafísica entra em colapso justamente com a ética aristotélica (base do comunitarismo), pois não somente estamos fora do centro do universo, como também os conceitos aristotélicos em que o modelo ptolomaico se baseia era (cientificamente) incorreto. Muito nos interessa que atoa da exegese da história, nos segue o estudo das leis, das relações jurídicas entre os membros da sociedade e dos governantes e, o conjunto de normas que envolvem o direito público, isto é, as relações jurídicas verticais entre o Estado e os particulares. CLAREZA, COESÃO E COERÊNCIA FÁVERO (2009); KOCH (2012); VAL (1991) CONCISÃO E OBJETIVIDADE Qualquer texto possui uma hierarquia de ideias, ou seja, há ideias principais (contém a essência da mensagem a ser transmitida) e ideias acessórias (esclarecem o sentido das ideias principais e lhes estabelecem circunstâncias). Contudo o excesso destas últimas faz com que o texto tenha sua credibilidade reduzida e se torne prolixo, confuso. Assim, a concisão consiste em obter o máximo de efeito expressivo com menor número de palavras. 33 P RINCÍPIOS NORTEADORES P O transporte de tais [necessidade e adequação] conceitos ao disciplinamento da concessão das medidas cautelares perante os órgãos de contas trará a concretude da eficácia do garantismo constitucional, afastando, assim, o arbítrio de uma violência que a própria sustação desarrazoada venha causar ao jurisdicionado; isto sob a ótica meramente cautelar, mantendo-se ilegítimas as medidas coercitivas por instrumento de mera conveniência procedimental, sem demonstração de flagrantes vícios insanáveis advindo do agir estatal. Ponderar a necessidade e adequação na concessão das medidas cautelares pelos órgãos de contas concretizará o garantismo constitucional, afastando o arbítrio de uma violência que a sustação desarrazoada cause ao jurisdicionado. De qualquer forma, mantêm-se ilegítimas as medidas coercitivas por mera conveniência procedimental, sem flagrantes vícios insanáveis advindo do agir estatal. Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se quer abordar, escrever sem floreios, evitar figuras de linguagem desnecessárias. A mensagem concebida precisa ser direta para que se atinja a finalidade proposta. Divagações, rodeios e modismos sem uma lógica mínima, em vez de resultarem numa redação correta e elegante, surtem efeito contrário. Sem dúvida, podem-se evitar os termos empolados e difíceis, as construções arrevesadas, eventuais citações em outros idiomas que se afigurem desnecessárias, longos períodos que nada significam, extensas digressões que não explicam coisa alguma. Isso se atribui a um estilo de redação, desenvolvido pelos operadores do Direito — e de outras ciências que lidam com linguagem — e de um jargão fossilizado, os quais levaram a crer que tais características demonstram uma cultura superior de quem assim fala ou escreve. A prolixidade, excesso de palavras inúteis empregadas para exprimir poucas ideias, deve ser evitada. A redundância e o pleonasmo vicioso, por exemplo, empobrecem o texto e tornam enfadonha a sua leitura (CEGALLA, 2009; BECHARA, 2001; MORENO, 2010). COESÃO E COERÊNCIA A coerência, conforme Koch e Travaglia (2001, p. 21), está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para 34 os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido deste texto. Quanto à coesão, ela é, ao mesmo tempo, uma propriedade textual e um fator de textualidade que possibilita a formação de um texto bem organizado. Trata-se do mecanismo que estabelece conexão entre as diversas partes do texto, dando-lhe continuidade e fluidez. Um texto coeso é aquele que articula as sentenças e as ideias de forma que a coerência se materialize naturalmente. Obtém-se coesão por meio de certos termos ou expressões (conectivos textuais), cuja função é, além de formar um texto articulado, estabelecer relações de sentido (FÁVERO, 2009; KOCH, 2012). O emprego criterioso dos conectivos textuais se incumbe de encadear as ideias facilitando a compreensão. Assim, um texto fragmentado, com vários períodos simples ou termos de conexão mal escolhidos deixam vagas as relações sintáticas prejudicando a interpretação correta daquilo que se pretendeu comunicar. Todavia, na lição de Jacoby, fazendo uma interpretação sistemática, como a Administração é parte integrante da Administração Pública, seria possível a extensão além da esfera de governo. Assim, um órgão municipal poderia, atendidos os demais requisitos, servir-se da Ata de Registro de preços federal e viceversa. Numa interpretação sistemática da lição de Jacoby, poder-se-ia utilizar a ata de registro de preços além da esfera de governo, uma vez que a Administração seria parte integrante da Administração Pública. COESÃO, COERÊNCIA E FATORES DE TExTUALIDADE FÁVERO (2009); HALLIDAY; HASSAN (1976); KOCH (2012); VAL (1991) PRECISÃO Usar cada palavra no lugar certo é muito importante, pois os vocábulos precisam ser contextualizados, isto é, usados adequadamente nas sentenças, pois uma mesma palavra pode apresentar diversos significados (polissemia). Em razão da polissemia, não se pode afirmar que determinadas palavras são sinônimos perfeitos. Uma palavra, embora sinônima, muitas vezes não é a mais apropriada, 35 P RINCÍPIOS NORTEADORES P em determinado contexto, e a escolha criteriosa do termo a ser empregado é que vai conferir precisão àquilo que se deseja expressar. Assim, embora os dicionários classifiquem certas palavras como sinônimas, há de se ter sempre em mente que uma pode carregar uma sutil diferença de significação em relação à outra. Abdicar de tal cuidado ao redigir pode incorrer em sacrifício da precisão. A polissemia é também resultado de um processo mental de associação metafórica, por exemplo, casos de significado por extensão do pensamento. Os dicionaristas costumam registrar o verbete com essa indicação. Vê-se, no entanto, empregos esdrúxulos de uma palavra por outra, requerendo um esforço de sucessivas associações de ideias na tentativa de compreender o que o autor quer dizer. O novo decreto tentou solucionar as várias celeumas que circuncidavam o tema [...]. 36 O novo decreto tentou solucionar as várias celeumas que envolviam o tema [...]. Estilo e padronização ESTILÍSTICA E A REDAÇÃO OFICIAL ESTILO Quando o homem ousa criar, a obra resultante tem sua marca de expressividade, pois cada ser humano é único: traz consigo uma história, possui traços peculiares de personalidade, comunga de um tipo de cultura, tem um constructo intelectual próprio. Assim como se manifesta na música, na pintura, no teatro e na dança, a expressividade também se manifesta na arte de redigir, com o nome de estilo. Dessa forma, o modo peculiar de o escritor expressar os seus pensamentos num texto constitui seu estilo de redação. Logo, cada um tem o seu próprio estilo, que deve ser respeitado; porém não pode esquecer-se de que estilo não implica necessariamente “licença poética”, uma vez que a redação sempre está adstrita aos limites de formalidade e erudição exigidos tanto pelo público-alvo a que o autor se dirige quanto pelo gênero textual. ESTILÍSTICA MONTEIRO (2004); PUC-RIO [2000?] POLIDEZ A polidez revela civilidade e cortesia, sendo essencial nas redações oficial e técnicocientífica. Isso não impede de forma alguma a crítica e a discordância, mas limita a linguagem em que são manifestadas. Cabe chamar atenção pelo despropositado costume de empregar termos típicos de bajulação e subserviência, resquícios do período imperial. Exemplo: “altos protestos de elevada estima e distinta consideração”; “Exmo. Sr. Doutor Delegado de Polícia”. CONCISÃO E ADJETIVAÇÕES Tendo em vista a impessoalidade — um dos princípios da administração pública —, o público-alvo da Revista do TCEMG, a concisão e a clareza textuais, deve-se empregar com cuidado: palavras/termos com funções adjetivas e/ou adverbiais; vocábulos pouco conhecidos ou que servem apenas para demonstrar uma erudição inútil; termos em língua estrangeira desnecessários; etc. 39 E STILÍSTICA E A REDAÇÃO OFICIAL E Assim, recomenda-se, conforme o caso: Evitar Substituir por a reboque de atrelado a; como consequência de a teor de [consulte A teor de] conforme; no teor de ab ovo desde o início ad argumentandum tantum somente para argumentar ad mesuram conforme a medida apelo extreme recurso extraordinário apostura postura ou elegância aresto doméstico nossa jurisprudência autarquia ancilar Instituto Nacional de Previdência Social (INSS) bona fide boa-fé caderno repressor lei ou código clareza solar clareza Ø; com muita clareza colendo Tribunal Ø Tribunal com espeque no artigo com base no artigo com fincas no artigo com base no artigo cônjuge [ou consorte] supérstite viúvo (a) cônjuge sobrevivente viúvo (a) Constituição Cidadã Constituição Federal Constituição Compromisso Constituição Estadual [MG] corifeu campeão data maxima venia data venia ou Ø datissima venia data venia ou Ø despiciendo dispensável ou desnecessário digníssimo Ø diploma provisório medida provisória douto [desembargador; conselheiro; juiz, etc.] Ø 40 doutor [usado como vocativo] Ø é mister salientar é necessário salientar; é importante salientar; é forçoso salientar egrégio Tribunal Ø Tribunal ergástulo prisão estipêndio funcional salário Excelso Sodalício Supremo Tribunal Federal exempli gratia por exemplo Fiscal da Lei Ministério Público Guardião da Constituição Supremo Tribunal Federal i.e. isto é; ou seja; em outras palavras id est isto é; ou seja; em outras palavras improbus litigator litigante desonesto in fraudem legis em fraude da lei Lex Mater Constituição Federal Mãe das Leis Constituição Federal Mãe de Todas as Leis Constituição Federal mala fide má-fé mandamus mandado de segurança Parquet de Contas Ministério Público de Contas peça atrial peça ou petição inicial peça autoral peça ou petição inicial peça de arranque peça ou petição inicial peça de ingresso peça ou petição inicial peça exordial peça ou petição inicial peça gênese peça ou petição inicial peça inaugural peça ou petição inicial peça incoativa peça ou petição inicial peça introdutória peça ou petição inicial peça preambular peça ou petição inicial peça prefacial peça ou petição inicial peça primeva peça ou petição inicial peça umbilical peça ou petição inicial peça vestibular peça ou petição inicial Pretório Excelso Supremo Tribunal Federal remédio heroico mandado de segurança sublime Ø teratológico monstruoso ou absurdo vistor perito Writ mandado de segurança 41 PADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA Estão relacionadas, a seguir, expressões e palavras comumente empregadas, em determinados contextos, de forma equivocada, por descuido ou desconhecimento, que por força da repetição foram se propagando de tal forma que, para muitos, passaram a apresentar-se como corretas. São também citados alguns termos frequentemente usados, mas de emprego controverso, e outros cuja regência, concordância ou falta de padronização trazem dúvidas na hora de escrever. A + INFINITIVO Nessa construção, a tem como preposição equivalente para, traduzindo finalidade (CEGALLA, 2009). Exemplo: “Ensine-os a usarem o software.” É comum também utilizar a fórmula a + infinitivo em substituição ao gerúndio. Entretanto, essa fórmula se trata de construção típica do português lusitano (CASTILHO, 2010). Estaremos, então, desestimuEstaremos, então, a desestilando a valorização e a reciclamular a valorização e a recigem e incentivando apenas a clagem e a incentivar apenas a eliminação […]. eliminação [...]. A Revista do TCEMG prefere, quando for o caso, o emprego do gerúndio ao da construção a + infinitivo. À BAILA / À BAILHA / À BALHA A Academia Brasileira de Letras [online], o Aurélio (2010) e o Houaiss (2001) registram baila e sua forma variante balha. Ressalte-se que o Dicionário Houaiss classifica o verbete como antigo. Bailha não está registrado em nenhum dos dicionários consultados. Porém, no Dicionário Houaiss (2001), “bailh-” é registrado como antepositivo de mesmo valor semântico que “bail-”. Por isso, pode-se entender que baila, bailha e balha são formas variantes. No Direito, é comum a expressão trazer à baila/balha/bailha, que significa vir a propósito, vir à discussão (COSTA, 2007). São corretas e sinônimas as grafias: baila, balha e bailha. 42 A COLAÇÃO Trata-se de locução que significa a propósito (HOUAISS, 2001). Exemplo: “O relator traz a colação o art. 37 da Constituição da República”. À CUSTA DE / ÀS CUSTAS DE De acordo com Costa (2007), a locução à custa de (no singular) significa a expensas de, com esforço de, com sacrifício de, e às custas de, na forma plural, se refere a despesas processuais. Entretanto, Cegalla (2009) e Neves (2003) reconhecem o uso generalizado de às custas de com a acepção de a expensas de. Além disso, os dicionários Houaiss (2001) e Caldas Aulete [online] registram à custa de e às custas de como locuções sinônimas. [...] as despesas com as denominadas “merendeiras” poderia se enquadrar no conjunto de despesas passíveis de realização às custas da parcela remanescente de 40% do extinto Fundef [...]. [...] as despesas com as denominadas “merendeiras” poderia se enquadrar no conjunto de despesas passíveis de realização à custa da parcela remanescente de 40% do extinto Fundef [...]. À custa de e às custas de são locuções sinônimas. Exceção: quando se referir a despesas processuais, deve-se usar apenas a locução às custas de. A DISTÂNCIA / À DISTÂNCIA Apesar de Costa (2007) diferenciar o sentido da expressão com ou sem acento grave, Cegalla (2009) e os principais dicionários de língua portuguesa (AULETE [online]; FERREIRA, 2010; CEGALLA, 2009; HOUAISS, 2001) afirmam ser indiferente a semântica de educação (a) à distância, em qualquer das duas formas. Quando a distância for especificada numericamente, tratar-se-á de caso obrigatório de crase. Exemplo: “O município fica à distância de 10 km da capital.” São igualmente corretas as expressões: educação a distância e educação à distância. 43 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P A FLS. / À FL. / DE FLS. / DAS FLS. / Ø FLS. A locução a folhas (a fls.) e suas variações provavelmente derivaram da redução de outra: a folhas tantas, que significa em dado momento, a certa altura, em certo trecho. Então, dizer a folhas cinquenta e oito do processo é o mesmo que a cinquenta e oito folhas do início do processo (ALMEIDA, 1981; PIACENTINI, 2012a). Considerando que não há ocorrência de crase nas construções a + plural, inexiste a expressão “à fls.” Saliente-se que as seguintes construções são perfeitamente possíveis e aceitas: • “a folhas” (a fls.) • “das folhas” (das fls.); • “à folha” (à fl.); • “em folha” (em fl.); • “de folha” (de fl.); • “em folhas” (em fls.); • “de folhas” (de fls.); • “na folha” (na fl.); • “da folha” (da fl.); • “nas folhas” (nas fls.). Se se levar em conta que a folhas é forma reduzida da locução adverbial a folhas tantas, conclui-se que a fls. pode ser utilizada independentemente do número de páginas (se uma ou mais), pois é expressão invariável. Quanto à referenciação das “folhas” entre parênteses, apesar de não haver óbices, não há sentido em escrever a locução completa, dispensando tanto a preposição (a ou de) quanto o artigo definido. às fls. 23 a fls. 20 a fl. 20 às fls. 20-25 de fls. 23 de fl. 115 de fls. 702-801 (fls. 27) (fl. 25) (fls. 20-25) (às fls. 25-30) (de fls. 20) (a fl. 21) (de fls. 20-25) (a fls. 21) (a fls. 25-30) (de fl. 20) Consulte Abreviaturas, acrônimos, unidades e siglas. Apesar de serem corretas várias combinações entre fl. ou fls. e preposições, é necessário que haja um padrão ao longo do texto. A fim de padronizar suas publicações, a Revista do TCEMG adotou a forma a fls. e as duas possibilidade de referenciação entre parênteses. 44 A MANCHEIAS Trata-se de locução que significa liberalmente. Exemplo: “Fez concessões a mancheias”. À MEDIDA QUE / NA MEDIDA EM QUE À medida que é uma locução adverbial proporcional equivalente a conforme, à proporção que (HOUAISS, 2001; KASPARY, 2000). Saliente-se que é caso obrigatório de crase (contração da preposição a com o artigo a). Na medida em que é uma locução adverbial causal equivalente a porque, uma vez que, tendo em vista que (HOUAISS, 2001; KASPARY, 2000). Inexistem, bem como quaisquer outros cruzamentos canhestros (COSTA, 2007), as locuções: • • à medida em que; na medida que; • • a medida que; a medida em que. As interpretações são Essa norma teve sua [...] na medida em compostas por vários constitucionalidade que ele usufrui mais níveis, a medida que se retira uma camada, outra é revelada, muito diferente da existente embaixo dela. questionada [...] à medida que [...] rompeu com a sistemática anterior vigente. de um bem coletivo, deverá, proporcionalmente, arcar mais com estes custos. As interpretações são compostas por vários níveis, na medida em que se retira uma camada, outra é revelada, muito diferente da existente embaixo dela. Essa norma teve sua constitucionalidade questionada [...] na medida em que [...] rompeu com a sistemática anterior vigente. [...] à medida que ele usufrui mais de um bem coletivo, deverá, proporcionalmente, arcar mais com estes custos. SEMÂNTICA DAS PREPOSIÇÕES Bechara (2001); Castilho (2010); Neves (2011) 45 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P A MIM ME PARECE A mim me parece constitui um pleonasmo COSTA, 2007; KASPARY, 2000). Para classificá-lo como mecanismo de ênfase — hipótese em que o pleonasmo é uma figura de linguagem — ou como vício de linguagem, deve-se atentar para o contexto. Caso recaia nesta última classificação, prefira usar parece-me ou outra expressão de mesmo valor semântico. PLEONASMO ENFÁTICO VERSUS PLEONASMO VICIOSO BECHARA (2001); CEGALLA (2009); MORENO (2010) A NÍVEL (DE) / EM NÍVEL (DE) A locução a nível significa à mesma altura de. No entanto, em nível de equivale a no âmbito, no que se refere, na esfera. [...] o Conselho Nacional do Controle Interno [...] apresentasse um anteprojeto específico para o processo do controle interno a nível nacional. [...] o Conselho Nacional do Controle Interno [...] apresentasse um anteprojeto específico para o processo do controle interno em nível nacional. Fortaleza localiza-se ao nível do mar. Nenhuns dos mais consultados dicionários (AULETE, [online]; FERREIRA, 2010, HOUAISS, 2001) registram a locução a nível de. Conforme Brasil (2002), a nível é modismo cujo emprego deve ser evitado em redação oficial. SEMÂNTICA DAS PREPOSIÇÕES BECHARA (2001); CASTILHO (2010); NEVES (2011) A PAR DE / AO PAR DE A par de é locução prepositiva e significa, conforme o emprego (HOUAISS, 2001; KASPARY, 2000): • • • 46 ao lado de; igual em qualidade ou em merecimento; em vista de; • • • comparado com; atendendo a; inteirado de. Ao par de é locução adjetiva que possui significado próprio das áreas financeira e comercial (CEGALLA, 2009). É empregada para indicar equivalência entre moedas. [...] o Ministério Público, [...] ao par de poder produzir provas e impulsionar o processo, carece de atribuição julgadora. As moedas fortes mantêm o câmbio praticamente ao par. [...] o Ministério Público, [...] a par de poder produzir provas e impulsionar o processo, carece de atribuição julgadora. A PARTIR DE Alguns adeptos da gramática normativa afirmam que a partir de deve ser empregado apenas com a significação de deste ponto em diante, deste momento em diante (KASPARY, 2000). Eles argumentam que a locução a partir de tem como base o verbo partir, sinônimo de iniciar, começar. Concluem que, como o verbo partir indica início de ação, a expressão a partir de (equivalente a a começar de) apresentaria aspecto incoativo (de início). Com o mesmo argumento, o Manual de Redação da Presidência da República (BRASIL, 2002, p. 71) limita o emprego desta locução em redações oficiais. a partir de A partir de deve ser empregado preferencialmente no sentido temporal: A cobrança do imposto entra em vigor a partir do início do próximo ano. Evite repeti-la com o sentido de ‘com base em’, preferindo considerando, tomando-se por base, fundando-se em, baseando-se em. (grifos originais) Contudo, há abordagem pela gramática funcional-cognitiva que autoriza o emprego de a partir de como sinônimo de com base em; tomando-se por base; baseando-se em; valendo-se de: considerar que é a partir de uma base (fundamento) de ideias que se desenvolvem outras. Assim, a locução em apreço poderia assumir valor metafórico com a significação de baseado em. Ratifica a possibilidade desta acepção o iDicionário Caldas Aulete [online]: A partir de [...] 47 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P 2. Com base em (informação, argumento, suposição, raciocínio mencionados ou aludidos); como consequência de (algo que foi mencionado ou aludido): A partir dos novos dados obtidos, poderemos completar a análise. (grifos originais) Considerando que a maioria dos dicionaristas não registram essa acepção para a locução a partir de e que há certa resistência para reconhecer o processo de semanticização ora suscitado, deve-se preferir, em redação oficial, o emprego de a partir de apenas com o sentido de deste ponto em diante; deste momento em diante. [...] mas se transformou no principal responsável pela metamorfose do endividamento estadual a partir do ano seguinte [...]. [...] a partir de uma interpretação sistemática das normas constitucionais e legais afetas à matéria, concluo que [...]. [...] surge a teoria do socialismo, dominante a partir do século XIX. [...] com base numa interpretação sistemática das normas constitucionais e legais afetas à matéria, concluo que [...]. Em redação não oficial, nada obsta ao emprego de a partir de com a acepção de baseado em, com base em. A POSTERIORI / A PRIORI A posteriori aplica-se ao raciocínio que se respalda nos fatos, remonta-se do efeito à causa. É, portanto, uma conclusão indutiva (COSTA, 2007; KASPARY, 2000). Designa um qualificativo do conhecimento: conhecemos algo a posteriori quando o conhecemos recorrendo à experiência. É locução latina que significa pelos efeitos, pela existência ou pela natureza dos efeitos (que são posteriores). A priori indica o ato de discorrer independentemente dos fatos, partindo da causa para o efeito. A priori é, pois, o argumento dedutivo, que parte do geral para o particular. Conhecemos algo a priori quando o conhecemos sem necessidade de recorrer à experiência. Significa pela causa, pela existência ou pela natureza da causa (que é anterior) (CHAUÍ, 2010; COSTA, 2007; DICIONÁRIOS EDITORA, 2001; KASPARY, 2000). 48 Dessa forma, é inapropriado o emprego dessas expressões como meros sinônimos de depois, posteriormente, preliminarmente, antes de. Os documentos foram juntados a posteriori. Os documentos foram juntados posteriormente. Os advogados a priori constituídos não compareceram à sessão [...] A priori, toda licitação segue a Lei n. 8.666/93. A priori e a posteriori, por serem expressões latinas com conceitos próprios da Filosofia (BUNGE, 1998), devem ser evitadas quando apresentarem sentido diverso dos adotados por aquela ciência. A PRINCÍPIO / EM PRINCÍPIO A locução a princípio — formada pela preposição a (expressa dinamicidade e movimento) + princípio (lat. principium, “começo”) —, por se aproximar da ideia de começar de um ponto no tempo, se consagrou pelo uso com o significado de no início, no começo. Já em princípio é expressão mais erudita, que significa em tese (FERREIRA, 2010; COSTA, 2007; HOUAISS, 2001; KASPARY, 2000; MORENO, 2009). [...] o objeto não pode, a princípio, ser licitado, uma vez que se trata de funções privativas de cargos de carreira [...]. [...] o objeto não pode, em princípio, ser licitado, uma vez que se trata de funções privativas de cargos de carreira [...]. Apesar de o edital não estabelecer concretamente qual seria o número de linhas de ônibus [...], a princípio, foram traçados parâmetros que servirão de balizamento [...]. SEMÂNTICA DAS PREPOSIÇÕES BECHARA (2001); CASTILHO (2010); NEVES (2011) A TEOR DE Trata-se de locução condenada por normativistas (COSTA, 2007), pois não está registrada em dicionários nem em gramáticas de renome e ser provável estrangeirismo sintático da expressão espanhola “a tenor de”. Ora, a mera ausência de registros não implica erro gramatical. A expressão deve ser analisada à luz de uma análise semântica que a justifique ou a “condene”. Quanto à alegação de estrangeirismo sintático, basta fazer os devidos ajustes para a sintaxe do português brasileiro. 49 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P Conforme o registro de “teor” no Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2010): teor (ô) [Do lat. tenore, ‘andamento contínuo’; ‘disposição’; ‘teor’.] S.m. 1. Texto ou conteúdo de uma escrita [...] 2. Fig. Norma, sistema, regra [...] 3. Fig. Modo, maneira, gênero, qualidade. 4. Proporção, em um todo, de uma substância determinada. (grifos originais) Após consulta no Diccionario de la lengua española (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, [online])1, observa-se que o étimo de tenor é o mesmo de teor. Por que não poderia integrar, mutatis mutandi, locução semelhante em português? Na maioria dos textos jurídicos, teor, na expressão a teor de, tem a acepção n. 1 (texto ou conteúdo de uma escrita): “A teor do art. 5º, caput, da CF/88, os direitos e garantias fundamentais são estendidos a toda pessoa natural.” A alegação de estrangeirismo sintático procede, pois em a teor de, emprega-se a preposição a em vez da preposição em para expressar sentido locativo (BECHARA, 2001; CUNHA; CINTRA, 2001; NEVES, 2011). Assim, a expressão mais apropriada na língua portuguesa seria no teor de. De qualquer forma, a teor de não é locução conjuntiva conformativa. Logo, o seu emprego com esse significado não tem respaldo, como alegam os normativistas, no texto culto escrito. O processo foi arquivado a teor do art. 36 do Regimento Interno. O processo foi arquivado nos termos do art. 36 do Regimento Interno. O processo foi arquivado em conformidade com o art. 36 do Regimento Interno. A teor do art. 5º, caput, da CF/88, os direitos e garantias fundamentais são estendidos a toda pessoa natural. No teor do art. 5º, caput, da CF/88, os direitos e garantias fundamentais são estendidos a toda pessoa natural. A teor de e no teor de não são locuções conjuntivas conformativas. Por isso, não tem o mesmo significado de conforme. A teor de é estrangeirismo sintático não reconhecido pelo português brasileiro. Porém é possível a construção no teor de. 1 50 “tenor (Del lat. tenor, -ōris, de tenēre, tener). [...] a ~ de, o al ~ de. 1. locs. prepos. Según, conforme a.” (grifos originais) ABAIxO ASSINADO / ABAIxO-ASSINADO Abaixo-assinado é substantivo composto e significa “documento coletivo, de caráter público ou restrito, que torna manifesta a opinião de grupo e/ou comunidade, ou representa os interesses do que o assinam” (HOUAISS, 2001, p. 6). A forma plural de abaixo-assinado é abaixo-assinados, inadmitindo-se flexão para o feminino (KASPARY, 2000). Abaixo assinado (sem hífen) é um sintagma composto por abaixo (advérbio) e assinado (particípio de assinar, com função adjetiva). Esse sintagma faz referência à pessoa signatária de um documento e, por ser um adjetivo, assinado flexiona em número e gênero. Os abaixo assinados que pediam a não demolição do parque foram entregues ao prefeito. Os abaixo-assinados que pediam a não demolição do parque foram entregues ao prefeito. Nesta procuração, o advogado representa as pessoas abaixo-assinadas. Nesta procuração, o advogado representa as pessoas abaixo assinadas. Os vereadores fizeram um abaixo-assinado para que o Executivo tomasse uma providência. ABORDAR A maior parte dos normativistas criticam o uso do verbo abordar como sinônimo de surpreender alguém, tratar de um assunto ou explanar uma questão, considerando-o um galicismo. Porém dicionários de língua portuguesa (AULETE, [online]; HOUAISS, 2001) já registram essas acepções de abordar, ficando evidente o processo de lexicalização e semanticização do verbo (CEGALLA, 2009; FERNANDES, 2005b; LUFT, 1995; NEVES, 2003). Ao abordar o tema [...], destacou a importância do fortalecimento [...] dos órgãos de controle [...]. O presente artigo visa abordar, sucintamente, o instituto da adesão à ata de registro de preços [...]. 51 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P ABREVIATURAS, ACRÔNIMOS, UNIDADES E SIGLAS Conforme o iDicionário Caldas Aulete [online], sigla é um “conjunto das letras iniciais de uma denominação composta de duas ou mais palavras, formando ou não uma palavra”. Quando uma sigla for apresentada pela primeira vez no texto, deve estar entre parênteses e ser precedida do nome por extenso (FRANÇA; VASCONCELLOS, 2007). Entretanto, para serem evitados problemas na tradução de títulos e resumos de trabalhos, recomenda-se que nestes não se empreguem abreviaturas e siglas. TCEMG (Tribunal de Contas do Estado Minas Gerais) Tribunal de Contas do Estado Minas Gerais (TCEMG) Caso possua mais de três letras e forme palavra (Unicef, Banerj, Unesco, etc.), a sigla se trata de um acrônimo, e este deve ser grafado apenas com a inicial maiúscula. No caso de ter menos de três letras, silabável ou não, a sigla deve ser grafada apenas com maiúsculas (COSTA, 2005; MINAS GERAIS, 2007). Em qualquer caso, é dispensável o uso de ponto em siglas (MEC ou M.E.C.; DOC ou D.O.C.) (DAMIÃO; HENRIQUES, 2010; COSTA, 2007). Alguns revisores de texto e cientistas da linguagem se insurgem contra a pluralização de siglas com o acréscimo de “s” ao final. Porém não há nenhum sentido em condenar tal construção. Ora, se a criação de siglas é reconhecida como um dos processos de formação de palavras (BECHARA, 2001; CUNHA; CINTRA, 2001) — tornando-se palavras primitivas e, portanto, passíveis de derivação: PT petista; PSDB peessedebista —, não há lógica em argumentar que se deva escrever “as ONG” em vez de “as ONGs”. os TC os TCs as AF as AFs as NF as NFs Quanto às abreviaturas, a princípio, é necessário definir que são representações de palavras por uma ou algumas letras, admitindo flexão. Preferencialmente, as abreviaturas devem terminar numa consoante (COSTA, 2012): geografia (geog., e não geo.); página (p. ou pág., e não pag. ou pági.; etc.). Não assiste razão àqueles que afirmam ser a pluralização de abreviaturas vedada pelas normas da ABNT. A NBR 6032 é a única que trata de abreviaturas, e suas regras normalizam apenas a abreviação de títulos de periódicos e publicações seriadas. Ou seja, suas regras não atingem o conteúdo de artigos e trabalhos mo- 52 nográficos — exceto quando abreviam títulos de periódicos e publicações seriadas. Além disso, não há menção alguma, nas demais NBRs, à aplicação subsidiária da NBR 6032. Assim, quem afirma, com base nas normas da ABNT, ser incorreto fazer plural de abreviaturas está enganado ou está enganando. os art. os arts. as col. as cols. os cap. os caps. Sobre as unidades de medida, o Sistema Internacional de Unidades (2012, p. 43) estabelece que: Os símbolos das unidades são entidades matemáticas e não abreviações. Então, não devem ser seguidos de ponto, exceto se estiverem localizados no final da frase. [Além disso, deve haver espaço entre o valor numérico e a unidade]. Os símbolos não variam no plural e não se misturam símbolos com nomes de unidades numa mesma expressão, pois os nomes não são entidades matemáticas. (grifo nosso) 90km 90 kms 90 km 10 km por hora 10 km/h 10 km h-1 Entre o valor numérico e o símbolo de unidade deve haver espaço. Se a palavra abreviada vier em final de período, este não receberá outro ponto. O apóstrofo (‘) em língua portuguesa é utilizado apenas para marcar contrações (caixa d’água, por exemplo). Por isso não deve ser utilizado para sinalizar o plural de abreviaturas ou siglas (CDs, e não CD’s) Consulte A fls./à fl./de fls./das fls./fls. Consulte Horas. Abreviatura: preferencialmente deve ser parte da palavra e terminar em consoante (exceção das já consagradas, como dr. e sr.); é pluralizável. Acrônimo: trata-se de sigla silabável com mais de três letras; grafa-se com letra maiúscula apenas a inicial; é pluralizável. Sigla propriamente dita: formada por três ou menos letras ou por mais de três letras sem formar sílabas; é pluralizável; grafa-se apenas com letras maiúsculas; dispensável o uso de ponto. Unidade: não é seguida de ponto; não pluralizável. 53 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P ACERCA DE / HÁ / HÁ CERCA DE Acerca de significa sobre, a respeito de. Numa abordagem aparentemente cognitiva, Caldas Aulete (apud ALMEIDA, 1981) diferencia tratar sobre de tratar acerca de, afirmando que este quer dizer tratar um assunto a fundo e aquele, tratar sem entrar em desenvolvimentos. Exemplos (ALMEIDA, 1981, grifo nosso): “Falaram sobre você” (citaram-lhe o nome, você foi lembrado). “Falaram acerca de você” (trataram de você). Há cerca de é expressão sinônima de há aproximadamente. Exemplo: “Há cerca de 23 anos editou-se nova Constituição no Brasil.” Há, referindo-se a tempo decorrido, fica sempre no singular. É dispensável qualquer outra palavra que indique tempo passado. Há cinco anos atrás [...]. (redundância) Há cinco anos [...]. ADEMAIS / DE MAIS / DE MAIS A MAIS / DEMAIS Ademais e de mais a mais são sinônimos e significam além disso, além do mais, ainda por cima. Já de mais é locução que se opõe a de menos, referindo-se sempre a um substantivo ou pronome. Por último, demais pode ser: advérbio e pronome indefinido plural. Como advérbio, expressa intensidade — “escreveu demais” (muito) — e, de forma pouco usual, pode ser sinônimo de ademais, além disso (AULETE [online]; HOUAISS, 2001). Como pronome indefinido plural, refere-se a os outros, os restantes: “os demais advogados atrasaram.” ADENTRAR O / NO É praticamente unânime (ALMEIDA, 1981; AULETE [online]; FERREIRA, 2010; HOUAISS, 2001; LUFT, 1995) a possibilidade de adentrar ser tanto transitivo direto (adentrar algo) quanto transitivo indireto (adentrar em algo). [...] adentrar Øo mérito. 54 [...] adentrar no mérito. ADERIR Aderir é verbo transitivo indireto ou intransitivo quando significa colar, grudar, ser aderente (LUFT, 1995). Exemplo: “Essa substância adere ao papel.” Ainda conforme Luft (1995), na acepção de assentir, dar adesão, aderir é sempre transitivo indireto (aderir a); no sentido de ligar-se, unir-se, tornar-se adepto (de partido, seita, etc.), é transitivo indireto pronominal (aderir-se a). Exemplos: “Poucos adeririam à greve.” “O prefeito se aderiu ao partido para concorrer às eleições.” Ressalte-se que a conjugação do verbo aderir no presente do indicativo (1ª pessoa do singular) é eu adiro. Consulte Regência e transitividade. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA José Cretella Júnior (apud MAFRA FILHO, 2005) afirma que administração (grafada com inicial minúscula), tanto no direito privado quanto no direito público, referese à atividade vinculada a um fim alheio à pessoa e aos interesses particulares do agente ou do órgão que a exercita. O prefeito deve ficar atento aos princípios da Administração Pública. O prefeito deve ficar atento aos princípios da administração pública. Conforme Francisco de Salles Almeida Mafra Filho (2005, [online]), Administração (grafada com inicial maiúscula) refere-se não somente ao governo ou ao Poder Executivo, “mas também à própria máquina administrativa, o pessoal que a faz funcionar, e a sua própria atividade que possibilita ao Estado o cumprimento de seus fins”. Os contratos em que a administração pública foi parte signatária foram anulados. Os contratos em que a Administração Pública foi parte signatária foram anulados. A licitação realizada pela Administração Pública foi impugnada. 55 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P ADVÉRBIOS TERMINADOS EM –MENTE É muito comum, principalmente no meio jurídico, o uso de vírgulas intercalando os advérbios terminados em “–mente”. Contudo não se trata de caso obrigatório de emprego de vírgulas. Piacentini (2009) chega a afirmar que a vírgula, neste caso, deve ser utilizada apenas quando se quiser dar ênfase especial ao advérbio. Além disso, recomenda-se que em períodos já marcados com muitas vírgulas seja evitado este sinal de pontuação, quando facultativo, a fim de não gerar “poluição visual” no texto, dificuldade de interpretação e ambiguidades. Outra questão que gera dúvidas no uso de advérbios terminados em “–mente” é como escrevê-los em sucessão. Nesse caso, é consenso entre os estudiosos da língua a possibilidade de suprimir o sufixo “–mente”, mantendo-o apenas no último elemento (COSTA, 2007; KASPARY, 2000; MORENO, 2012; SACCONI, 2008). Porém nada impede que se repita o sufixo como recurso de ênfase. De qualquer forma, recomenda-se o bom senso para que a ênfase não se transforme em mera ecoação. [...] o que Ø evidentemente, representa uma perda [...]. [...] o que Ø evidentemente Ø representa uma perda [...]. [...] o que, evidentemente Ø representa uma perda [...]. [...] contrataram a empresa rápida e silenciosamente. [...] o que, evidentemente, representa uma perda [...]. [...] contrataram a empresa rapidamente e silenciosamente. ALUDIR O verbo aludir é transitivo indireto e, como tal, de acordo com a gramática prescritiva, não admite construção na voz passiva. Todavia, na linguagem jurídica, é bastante usada a construção passiva, e esse uso encontra apoio de reconhecidos estudiosos como Napoleão Mendes de Almeida, Vitório Bergo e outros (ALMEIDA, 1981 apud COSTA, 2007; BERGO, 1944 apud COSTA, 2007). Apesar de concordar com a possibilidade de apassivamento de alguns verbos transitivos indiretos, Kaspary (2010, p. 328-330) recomenda evitá-lo, pois “[...] a linguagem jurídica está inserida na zona da língua culta, sendo, portanto, mais formalizada [...]”. 56 Um processo antigo foi aludido pelo interessado [...]. O interessado aludiu a um processo antigo [...]. Sugere-se, pois, a substituição do verbo aludir por outro de sentido equivalente quando se desejar a construção na voz passiva, evitando-se, dessa forma, a dúvida quanto à correção sintática. Entretanto não há óbices ao emprego da forma aludido (e flexões) como sinônimos de equivalente, referido, citado. Nesse caso, apresenta-se como um adjetivo acompanhando um substantivo com o qual concorda em gênero e número. As aludidas consultas foram objeto do parecer da lavra do conselheiro. Ainda vale destacar que “é impróprio o emprego do verbo aludir nas acepções de ‘alegar, dizer, ensinar’ e assemelhados.” (KASPARY, 2010, p. 50, grifo original). Consulte Regência e transitividade. Aludir é verbo transitivo indireto e, portanto, não admite voz passiva. Porém nada impede o uso de aludido como adjetivo, que significa equivalente, referido, citado. AMBIGUIDADE Anfibologia ou ambiguidade é a possibilidade de uma mensagem ter dois ou mais sentidos. Trata-se de um erro grave e, na maioria das vezes, acontece por falta de atenção e/ou de releitura do texto. Principais mecanismos geradores de ambiguidade Pontuação incorreta Embora 227 milhões de pessoas tenham conseguido sair das favelas, desde 2000, elas abrigam ainda 827,6 milhões de habitantes em todo mundo. (ambíguo) Embora 227 milhões de pessoas tenham conseguido sair das favelas Ø desde 2000, elas abrigam ainda 827,6 milhões de habitantes em todo mundo. (adequado) Má colocação do adjunto adverbial Juízes honestos que recebem propostas de propina frequentemente são mais propensos à depressão. (ambíguo) Juízes honestos que frequentemente recebem propostas de propina Ø são mais propensos à depressão. (adequado) 57 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P Uso incorreto ou má colocação de pronome O réu usou indevidamente o orçamento da saúde pública Ø que já estava em défice. (ambíguo) O réu usou indevidamente o orçamento da saúde pública, a qual já estava em défice. (adequado) A oficial de justiça não encontrou o intimado em sua casa. (ambíguo) A oficial de justiça não encontrou o intimado em sua casa dele. (adequado) A oficial de justiça não encontrou o intimado na Ø casa dele. (adequado) O governo não assumirá a responsabilidade pelos dados incorretos fornecidos pelos declarantes à Receita Federal e ainda pelas consequências desastrosas que esses trarão. (ambíguo) O governo não assumirá a responsabilidade pelos dados incorretos fornecidos pelos declarantes à Receita Federal e ainda pelas consequências desastrosas que essas informações trarão. (adequado) Dupla acepção de vocábulos O TCE considerou irregular a compra da coroa Ø pela prefeitura. (ambíguo) O TCE considerou irregular a compra da coroa de flores pela prefeitura. (adequado) Ambos O pronome ambos significa os dois ou um e outro (AULETE, [online]). Portanto, são pleonásticas as expressões como ambos os dois, ambos de dois, ambos a dois. Luiz Antonio Sacconi (1994, p. 157, grifo original) afirma que “ambos os dois é locução pleonástica absolutamente correta, assim como ambos de dois, desde que usadas com discrição.” Da mesma forma, José Maria da Costa (2007, p. 100), após analisar o que dizem diversos gramáticos, conclui sobre ambos os dois e ambos de dois: Para sintetizar, quer por seu caráter enfático, que nem sempre faz parte da expressão moderna, quer pela normal ausência de um polimento estilístico maior de grande parte dos textos de nossos dias, ainda que elaborados sob a orientação da norma culta, há de se cuidar para 58 que, no emprego da referida expressão, sem dúvida permitido pela Gramática, não incida o usuário no pedantismo, quando não no pernosticismo, e proceda a seu emprego com parcimônia. (grifo nosso) Contudo, o Manual de Redação da Presidência da República (BRASIL, 2002) recomenda que, quando quiser imprimir ênfase de dualidade, evite ambos os dois e empregue todos os dois. Portanto, em redação oficial, evite a locução. Não se verificam diferenças Ambos os dois conselheiros entre ambos os dois conceise ausentaram. tos. Todos os dois conselheiros se Não se verificam diferenças ausentaram. entre ambos os Ø conceitos. O substantivo que se segue à expressão “ambos” deve vir antecedido do artigo definido. Ambas Ø notificações chegaram à residência do prefeito. Ambas as notificações chegaram à residência do prefeito. Nada impede que, sem abusos, ambos os dois seja utilizado como pleonasmo enfático. Contudo, em redação oficial, a construção não deve ser usada. ANExO / EM ANExO O adjetivo anexo concorda em gênero e número com o substantivo ao qual se refere (COSTA, 2007). As palavras junto, apenso e incluso são seus sinônimos. Caso as empregue, faça também as concordâncias de gênero e número. Conforme Celso Luft (1992) e Francisco Fernandes (1948), a regência do adjetivo anexo sobre o seu complemento se dá por meio da preposição a. A locução adverbial em anexo é invariável. Caso esteja intercalada, o uso de vírgulas é facultativo (PIACENTINI, 2009). Encaminho anexo as minutas. Encaminho anexas as minutas. Encaminho Ø em anexo, as minu tas. Encaminho Ø em anexo Ø as minutas. Encaminho, em anexo, as minutas. As minutas estão em anexo. Encaminho, em anexo Ø as minu tas. 59 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P ANO-CALENDÁRIO / ANOS-CALENDÁRIO (PLURAL) Consulte Multa-sanção. AO QUE SEI Provavelmente trata-se de expressão traduzida literalmente da língua inglesa (to my knowledge1). Por esse motivo, alguns a consideram estrangeirismo sintático. Estudando a semântica das preposições do português brasileiro, conclui-se que a preposição mais adequada para compor a expressão é por (pelo que sei) (COSTA, 2007). Exemplo: “Pelo que sei, as normas só entrarão em vigor a partir do próximo ano.” Consulte A teor de. APENAR E PENALIZAR Costa (2007) distingue os dois verbos argumentando que penalizar significa causar pena, ter dó, ter piedade e apenar, condenar ao castigo, aplicar pena. Apesar da diferença de significados, há divergência entre os gramáticos Domingos Paschoal Cegalla (2009) e Celso Pedro Luft (1995) quanto a essa questão. O primeiro considera o emprego de penalizar na acepção de impor penalidade um neologismo dispensável, e o segundo defende o emprego indistintamente de penalizar ou apenar. Corroboram o entendimento de Celso Luft: Aulete [online], Ferreira (2010) e Houaiss (2001). Em nosso entendimento não se pode penalizar aquele que, no exercício de suas funções, autorizou pagamento por serviços aparentemente legítimos [...]. Em nosso entendimento não se pode apenar aquele que, no exercício de suas funções, autorizou pagamento por serviços aparentemente legítimos [...]. Consulte Regência e transitividade. A Revista do TCEMG considera apenar e penalizar, com a acepção de impor penalidade, verbos sinônimos. 1 60 Conforme definição do Oxford for Advanced Learners’ Dictionary (TURNBULL, 2010): “ to your knowledge from the information you have, although you may not know everything • Are they divorced?’ ‘Not to my knowledge.’ • She never, to my knowledge, considered resigning.” APOR / OPOR VETO Opor veto é verbo-suporte que tem a acepção de vetar. Apor significa acrescentar, juntar, justapor. Dessa forma, o veto nunca não é aposto, e sim oposto; assinaturas são apostas, e não opostas (KASPARY, 2010). [...] o Governador apôs veto ao projeto de lei. [...] o Governador opôs veto ao projeto de lei. Para que houvesse a destituição do cargo, faltava a aposição de uma assinatura. APOSENTAR-SE Aposentar, no sentido de conceder aposentadoria, reformar, jubilar, é verbo transitivo direto (FERNANDES, 2005; LUFT, 1995). Exemplo: “O prefeito aposentou o servidor por invalidez”. Aposentar-se (pronominal) significa conseguir aposentadoria ou reforma, jubilar-se. Como pronominal tem ainda o significado de tomar aposentos, hospedar-se (FERNANDES, 2005; LUFT, 1995). Exemplos: “Foi ministro do STF de 2002 a 2012, quando se aposentou”. “A ministra desembarcou em Belo Horizonte, indo aposentar-se na casa de amigos”. Consulte Regência e transitividade. ARTIGO CIENTÍFICO E ARTIGO ORIGINAL (ESTRUTURA) Resumo Conforme a NBR 6028, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o resumo deve: resumir efetivamente cada uma das partes essenciais do artigo (introdução, objetivos, metodologia, fundamentação, conclusão); ser escrito em voz ativa, na terceira pessoa do singular, de forma concisa e sem enumeração de tópicos; evitar símbolos e contrações; ter entre 100 e 250 palavras. Este artigo, de natureza teórica e qualitativa, tem por objetivo analisar oResumo: direito à participação dos segurados nos conselhos gestores de seus regimes previdenciários, especificamente nos conselhos de administração dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), que protegem os funcionários públicos, tendo como parâmetro a experiência dos estados brasileiros [apresenta os 61 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P objetivos]. Como referencial teórico, utilizou-se [impropriedade: uso de voz passiva] a problemática apontada pela literatura concernente à representação e participação social nos conselhos gestores de políticas públicas no Brasil. Primeiro, foi analisada [impropriedade: uso de voz passiva] a literatura que trata das origens dos conselhos e das virtuosidades e objeções no seu funcionamento [apresenta a introdução]. Em seguida, recuperou-se [impropriedade: uso de voz passiva] a evolução do papel dos trabalhadores nos conselhos gestores da Previdência Social Brasileira. Após, com base na citada problemática, o artigo comparou a legislação dos conselhos gestores dos RPPSs estaduais tendo como parâmetros a natureza das atribuições, composição, forma de provimento dos membros, duração do mandato, retribuição pelo exercício da função e exigência de capacitação. Os resultados demonstram que a experiência democrática na gestão dos RPPSs estaduais é dispersa [apresenta os resultados]. Os resultados demostram também que o marco regulatório dos RPPSs, apesar de denso, é limitado no que se refere aos aspectos de representação e participação dos servidores nos órgãos gestores, limitando-se a prescrever a necessidade de se garantir a representação dos segurados nos espaços em que seus interesses sejam objeto de discussão, não promovendo nenhuma espécie de regulação sobre o funcionamento desses conselhos. Como conclusão, verifica-se que a gestão democrática dos RPPSs estaduais ainda se encontra num estágio inicial e que, portanto, necessita de avanços [apresenta a conclusão]. Resumo: Este artigo, de natureza teórica e qualitativa, tem por objetivo analisar o direito à participação dos segurados nos conselhos gestores de seus regimes previdenciários, especificamente nos conselhos de administração dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPSs), que protegem os funcionários públicos, tendo como parâmetro a experiência dos estados brasileiros. O referencial teórico é a problemática apontada pela literatura concernente à representação e participação social nos conselhos gestores de políticas públicas no Brasil. Primeiro, há a análise da literatura que trata das origens dos conselhos e das virtuosidades e objeções no seu funcionamento. Em seguida, o artigo recupera a evolução do papel dos trabalhadores nos conselhos gestores da Previdência Social brasileira. Após, com base na citada problemática, o paper compara a legislação dos conselhos gestores dos RPPSs estaduais tendo como parâmetros a natureza das atribuições, composição, forma de provimento dos membros, duração do mandato, retribuição pelo exercício da função e exigência de capacitação. Os resultados demonstram que a experiência democrática na gestão dos RPPSs estaduais é dispersa. Demonstram também que o marco regulatório dos RPPSs, apesar de denso, é limitado no que se refere aos aspectos de representação e participação dos servidores nos órgãos gestores, restringindo-se a prescrever a necessidade de garantir a representação dos segurados nos espaços em 62 que seus interesses sejam objeto de discussão, não promovendo nenhuma espécie de regulação sobre o funcionamento desses conselhos. O trabalho conclui que a gestão democrática dos RPPSs estaduais ainda se encontra num estágio inicial, necessitando de avanços. Resumo em língua estrangeira O resumo em língua estrangeira deve ser o mais fidedigno possível ao resumo em língua portuguesa e estar acorde, no que couber, com a NBR 6028. Elementos textuais Para fins de contagem de caracteres, páginas, etc. do texto encaminhado para publicação, consideram-se apenas os elementos textuais definidos pela NBR 6022 (introdução, desenvolvimento e conclusão). Em outras palavras, não devem entrar nesses cálculos: os elementos pré-textuais (título e subtítulo; nome(s) do(s) autor(es); resumo e palavras-chave na língua do texto) e pós-textuais (resumo e palavras-chave em língua estrangeira; nota(s) explicativa(s); referências; apêndices; anexos). Citações As citações devem ser normalizadas conforme a NBR 10520. A Revista do TCEMG convencionou que, em revisão de textos, as citações devem ser corrigidas pelos editores apenas em casos de erros ortográficos e gramaticais graves — sem o uso do sic. Mesmo nessas situações, o princípio da mínima interferência do revisor deve prevalecer sobre a norma-padrão quando a correção implicar grandes mudanças ou reestruturação do texto citado. Referências As referências devem ser redigidas conforme a NBR 6023 e os principais manuais exegéticos e complementares dessa norma. NORMALIZAÇÃO DE TExTOS FRANÇA; VASCONCELLOS (2007) ARTIGOS DEFINIDOS (A, AS, O, OS) Consoante Cegalla (2009), é incorreto o uso de artigo nas seguintes construções: • nomes de parentesco precedidos de pronome possessivo; • formas de tratamento; • substantivos precedidos do pronome relativo cujo. 63 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P V. Exa. está impedido, porque a sua mãe era a prefeita. V. Exa. está impedido, porque Ø sua mãe era a prefeita. A S. Exa. está enganado. Ø S. Exa. está enganado. O processo cuja a tramitação está parada [...]. O processo cuja Ø tramitação está parada [...]. ASPAS As aspas, sejam dobradas (“ ”) sejam simples (‘ ’), são os sinais usados normalmente para abrir e fechar citações. Quando se trata de uma citação de três ou menos linhas, ela não é recuada e recebe aspas dobradas; caso possua mais de três linhas, deve ser recuada 3,5 cm da margem esquerda da página, não é marcada com aspas, e o tamanho da fonte deve ser menor que o empregado no texto não recuado. Nesta linha de entendimento, vale enfatizar a preocupação de Borges de Carvalho (2003, p. 206): [...] há de ser feita a pergunta: quem se responsabiliza pela execução do título executivo, na hipótese de inadimplência do devedor? O Município. Ora, torna-se muito provável, então, que fixada multa pelo TCM ao Administrador, seja ele o próprio responsável — enquanto chefe do Executivo municipal — pela exigibilidade da mesma em Juízo. [...] estão submetidos a “deficiências em termos de conhecimento de todas as alternativas, incerteza acerca de eventos exógenos relevantes e incapacidade de calcular consequências” (SIMON apud PONDÉ, 1994, p. 21). Caso o texto citado já tenha aspas em seu interior — hipótese “.... ‘....’ ...” ou citação recuada sem aspas + ‘...’ (no interior no texto) —, estas devem ser convertidas em aspas simples, independentemente de haver ou não recuo do texto citado. Merece destaque, também, a seguinte definição de Marçal Justen Filho (2008): [...] a prática conhecida como ‘carona’ consiste na utilização por um órgão administrativo do sistema de registro de preço alheio. Como se sabe, o registro de preços é implantado mediante uma licitação, promovida no âmbito de um ou mais órgãos administrativos. Essa licitação é modelada de acordo com as necessidades dos órgãos que participam do sistema. Segundo Avritzer e Pereira (2005, p. 4), isso “[...] preconiza um novo agir político, ‘uma partilha renovada de decisões e poderes institucionais’ [...]”. 64 Também se usam aspas para destacar palavras ou termos ainda não absorvidos pelo idioma, nos termos empregados no sentido figurado ou fora do contexto habitual e para sinalizar ironia. Exemplo: “As ilegalidades são muitas. Jamais vi um edital que estivesse tão ‘regular’ quanto esse.” Quanto à colocação de pontuação antes ou depois de fechar aspas, entende-se que, se o sinal de pontuação faz parte da citação, deve ficar dentro das aspas; caso seja colocado pelo autor, deve ficar depois das aspas. ASSIM Assim é usualmente empregado após a apresentação de alguma situação ou proposta para ligá-la à ideia seguinte. Nesse caso, é um termo de coesão e, portanto, constitui recurso para articulação de parágrafos. Alterne, conforme o caso, com: dessa forma; desse modo; diante do exposto; diante disso; em face disso; consequentemente; portanto; por conseguinte; assim sendo; em consequência; em vista disso. ASSIM COMO / BEM COMO / BEM ASSIM Assim como, bem como e bem assim equivalem a igualmente, como também, da mesma forma (ALMEIDA, 1981; AULETE, [online]; CEGALLA, 2009). Ressalte-se que Brasil (2002) recomenda evitar o uso de bem assim, por ser “polêmico para certos autores”. No entanto, não há por que censurar o uso da locução quando empregada fora do gênero redação oficial. Quando o núcleo do sujeito é composto, a regra é o verbo ficar no plural. No entanto, admite-se o singular para dar destaque ao primeiro elemento. Neste caso, porém, é obrigatória a intercalação do segundo elemento — que contém a locução bem como — com vírgulas (ALMEIDA, 1981; CEGALLA, 2009; PIACENTINI, 2009). O Ministério Público de Contas Ø bem como a Auditoria Ø entendeu que o denunciante tem razão. O Ministério Público de Contas Ø bem como a Auditoria Ø entenderam que o denunciante tem razão. O Ministério Público de Contas, bem como a Auditoria, entendeu que o denunciante tem razão. 65 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P ATENDER No sentido de ser atencioso com, cuidar ou ouvir atentamente, acolher com atenção ou cortesia, tomar em consideração, emprega-se indiferentemente como transitivo direto ou indireto (CEGALLA, 2009; LUFT, 1995; PIACENTINI, 2008b). O diretor atendeu Øos interessados. A alteração da proposta atende Øa cota ministerial. O diretor atendeu aos interessados. Na defesa apresentada, o prestador alegou que teve dificuldades financeiras para atender à demanda da comunidade local. [...] atendendo, assim, aos princípios da motivação. Conforme Luft (1995, p. 82), “se o complemento for um pronome pessoal referente a pessoa, só se emprega as formas objetivas diretas”. É importante observar que raramente o pronome lhe é utilizado como complemento do verbo atender. Ou seja: empregam-se preferencialmente os pronomes do caso reto (o/a/os/as) quando o complemento verbal é um pronome. [...] não havia como atenderlhe [...]. [...] não havia como atendê-lo [...]. Na maioria das vezes, emprega-se atender como transitivo direto ou indireto sem alteração de sentido. Consulte Regência e transitividade. ATINENTE Atinente não é preposição que equivalha à locução quanto a. Trata-se de um adjetivo e, por isso, deve referir-se a nome ou pronome (ALMEIDA, 1981). Atinente a sua consulta, informa mos que será respondida oportunamente. Apresentaram vários documentos atinentes para comprovação dos fatos. 66 No atinente [no que se refere] à sua consulta, informamos que será respondida oportunamente. ATRAVÉS DE A gramática normativa e o Manual de Redação da Presidência da República (BRASIL, 2002) recomendam não empregar através de com o significado de instrumento (por meio de, mediante). Nesse caso, empregue “por meio de, mediante, servindo-se de, valendo-se de”. Assim, através de, em redação oficial, deve ser utilizado apenas com a acepção de um lado para o outro, de um lado a outro, de lado a lado, por dentro de, ao longo de, no decurso de. Contudo, uma abordagem da gramática cognitiva (BERNARDO, 2007) autoriza o emprego do através de com essa significação, pois esta expressão corresponderia a uma metáfora de canal. Saliente-se também que vários dicionários e gramáticas já reconhecem a possibilidade de emprego do através de com tal significado (AULETE [online]; CEGALLA, 2009; HOUAISS, 2001). De qualquer forma, recomenda-se não empregar através de nem por intermédio de para indicar o agente da passiva. Este, em língua portuguesa, expressa-se pela preposição por e, às vezes, pela de. A autorização foi dada através de A notícia foi transmitida através do portaria. coordenador. A autorização foi dada por portaria A notícia foi transmitida pelo coordenador. [...] caso o saldo não seja suficiente para cobrir os compromissos contraídos com a renegociação realizada através da Lei n. 8.727/93. [...] caso o saldo não seja suficiente para cobrir os compromissos contraídos com a renegociação realizada por meio da Lei n. 8.727/93. Para evitar o empobrecimento do texto com a repetição de através, sugere-se alterná-lo, conforme o caso, com preposições e locuções prepositivas (por, de, mediante, durante, por meio de, por intermédio de). ATRAVÉS DE BERNARDO (2007) Através de é sinônimo de por meio de e mediante. Em redação oficial, é vedado o uso de através de com quaisquer dessas acepções, devendo ser substituído, conforme o caso por mediante, por meio de, por. 67 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P BACHAREL / BACHARELA O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (ABL, [online]) não classifica “bacharel” como substantivo comum de dois gêneros, mas sim como substantivo masculino. Ainda conforme o Volp, bacharela é substantivo feminino. De forma semelhante, Sacconi (1994) classifica bacharel e bacharela como substantivo masculino e feminino, respectivamente. Apesar dessa classificação do Volp e de Luiz Antonio Sacconi, Domingos Paschoal Cegalla (2009) não vê problema algum em bacharel ser substantivo comum de dois gêneros. e bacharelØ em Direi Engenheira to. Engenheira e bacharela em Direito. Tanto bacharel quanto bacharela podem ser usados para se referir à pessoa do sexo feminino. Porém, a Revista do TCEMG padronizou que, em suas publicações, bacharel é apenas substantivo masculino, e bacharela é o seu correspondente feminino. BASTANTE Bastante é adjetivo equivalente a suficiente e refere-se a um substantivo. Nesse caso admite a forma plural bastantes (AULETE [online]). Como advérbio de intensidade, equivale a suficientemente, sendo invariável (CEGALLA, 2009). Em sua defesa, o pregoeiro apre- [...] as obras sentou bastanteØ documentos. adiantadas. Em sua defesa, o pregoeiro apresentou bastantes documentos. estavam bastantes [...] as obras estavam bastanteØ adiantadas. CACOFONIA Cacófatos são construções não eufônicas: quando pronunciadas reproduzem outra palavra ou expressão ridícula. Por isso, recomenda-se evitar, sempre que possível, os cacófatos. Os mais frequentes nos corpora da Revista são: acerca dela; conforme já; do ente; por cada; por razão; por razões; por tal. 68 Na omissão do ente federado em elaborar lei sobre prescrição ou decadência, o intérprete deve colher norma existente no ordenamento jurídico que se amolde ao caso concreto. [...] o edital [...] coibiu a participação no certame de pessoa que, por razões de ordem financeira, não pode arcar com o custo da inscrição. Os valores das taxas de inscrição, conforme já explicado alhures, [...], devem ser depositadas em conta única da Câmara Municipal. Consulte Cada. CADA Cada é pronome indefinido que deve ser usado com função adjetiva e, nesse caso, deve acompanhar o substantivo como acessório e nunca substituí-lo (CEGALLA, 2009; HOUAISS, 2001). Cegalla (2009, p. 75) afirma que “não é necessário empregar a preposição ‘a’ antes de ‘cada’, em adjuntos adverbiais de tempo”. [...] quanto ao exercício financeiro, um ‘contrato de rateio’ deve ser formalizado a cada Ø. [...] ‘contrato de rateio’ formalizado em cada exercício financeiro [...]. [...] ‘contrato de rateio’ formalizado a cada exercício financeiro [...]. Cegalla (2009) afirma que, às vezes, por cada é cacófato aceitável devido à dificuldade de substituir a expressão em alguns casos. Consulte Cacofonia. CLICHÊ, FRASE FEITA E LUGAR-COMUM Os clichês geralmente têm origem em uma metáfora velha, “batida”, vulgar: aurora da vida; flor dos anos; silêncio sepulcral; virar a página da vida; etc. Garcia (2010) adverte que nem todos os clichês têm estrutura metafórica, pois muitas vezes são 69 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P um mero agrupamento de palavras surrado pelo uso: ilustre professor; eminente deputado; clareza solar; autor de futuro; etc. Outros exemplos comuns de clichês são: abrir com chave de ouro; vasto repertório; momento oportuno; lista interminável; correr atrás do prejuízo; certeza absoluta; feliz ocasião; diga-se de passagem; tema fundamental; citação pinçada; peso na consciência; necessidade premente; amplo ponto de vista; mal necessário; mandar bem; comunicação pessoal; sentido profundo; abrir mão; lançar mão; da lavra de; usos e costumes; ledo engano; todo cuidado é pouco; erro crasso; antes de mais nada; bater de frente; caixinha de surpresas; caminho já trilhado; carreira meteórica; correr por fora; dispensar apresentações; duras críticas; erro gritante; gerar polêmica; inserido no contexto; perda irreparável; pergunta que não quer calar; rota de colisão; vitória esmagadora; divisor de águas. Convém evitar os lugares-comuns sempre que possível. Diante da premente necessidade de garantir a continuidade do serviço público de táxi [...]. Cacoetes de linguagem são expressões pobres de valor informativo (FOLHA DE S. PAULO, 2005), dispensáveis em redações oficial e técnico-científica, que devem ser evitados. São exemplos de cacoetes: antes de mais nada, ao mesmo tempo, pelo contrário, por sua vez, via de regra, até porque, etc. COLCHETES Os colchetes são usados para: a redação da Revista incluir informações ou comentários em textos (FOLHA DE S. PAULO, 2005); servir de parênteses externos quando houver parênteses internos (COSTA, 2007); indicar supressão de parte de uma citação. Art. 5º [...] [...] IX — é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; 70 [...] a taxa aumentou [4% conforme IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)]. [...] este [agente honorífico] não é remunerado. Colocação Cegalla (2009) considera colocação, no sentido de opinião, afirmação, ideia, sugestão, um modismo repetido à exaustão e que deve ser evitado. Com vista(s) a /com vista(s) em No Brasil, costuma-se escrever com vistas a, mas o gramático Napoleão Mendes de Almeida defende com vistas em, apesar de esta última não estar dicionarizada. Cegalla (2009) reconhece a locução prepositiva com vista a e sua forma variante plural (com vistas a), significando com o fim de, com o objetivo de, com a intenção de. Já Adalberto J. Kaspary (2000) afirma que a expressão com vista a (singular) é a mais adequada. Contudo, o Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2010) reconhece as formas com vistas a e com vista a. Devido à grande controvérsia entre os cientistas da linguagem, não há motivo para que se censure o emprego de quaisquer das formas: com vista(s) a ou com vista(s) em. Compelir / gerir Compelir e gerir são verbos irregulares e têm algumas particularidades. Mudam o e do radical em i na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo (compilo; giro), mas essa forma não é normalmente usada, sendo substituída por outra equivalente. Exemplo: “Os trabalhos são geridos por mim”. Computar Computar é também um verbo defectivo que, por motivo de eufonia, não se usa nas três primeiras pessoas do presente do indicativo nem na segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo (CEGALLA, 2009). Nas demais pessoas e no pretérito perfeito, segue a flexão regular dos verbos da primeira conjugação. Exemplo: “Computaram a despesa em R$120.000,00.” 71 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P CONDENAR No sentido de sentenciar, proferir sentença condenatória, condenar é transitivo direto e indireto: condenar alguém a/em/por algo (KASPARY, 2010). [...] o conselheiro condenou o prefeito por não ter obedecido os ditames da Lei n. 8.666. [...] Processo Administrativo [...], que condenou a recorrente ao pagamento de multa no valor total de R$3.000,00. A preposição em pode ser usada apenas com complemento de tempo especificado. Se não mencionar tempo específico, empregue a preposição a. Exemplos: “O Tribunal de Justiça condenou a mulher em dois anos de prisão.” “Ele foi condenado a pagar multa.” Consulte Regência e transitividade. CONFIGURAR O verbo configurar é transitivo direto na acepção de dar forma ou dar figura de; representar; conformar; ser o indício; denotar; caracterizar; estabelecer em um software os parâmetros de execução; representar em pensamento; imaginar. cláusulas impugnadas configu As ram em ilícito na licitação. O técnico configurou Ø o teclado. As cláusulas impugnadas configuram Ø ilícito na licitação. Tais discussões configuram-se Ø tediosas para ele. No sentido de revestir-se das características de, configurar é transitivo direto pronominal predicativo, assumindo a fórmula: configurar-se + (como) + predicativo (LUFT, 1995). Essa construção, na maioria dos casos, pode ser alternada com a tradicional configurar + objeto direto. Os reiterados erros em editais de licitação se configuram como evidente descumprimento à determinação do TCEMG. Os reiterados erros em editais de licitação Ø configuram Ø evidente descumprimento à determinação do TCEMG. Consulte Regência e transitividade. 72 CONSELHEIRO PRESIDENTE Consulte Conselheiro relator. CONSELHEIRO RELATOR Trata-se de sintagma formado por um substantivo propriamente dito (conselheiro) e um substantivo com função adjetiva (relator). Assim, “relator” caracteriza “conselheiro” restringindo, num grupo de conselheiros, aquele que assume determinada relatoria de processo. Considerando que substantivo composto corresponde a uma palavra de sentido constante, único e diferente das que o compõem (BECHARA, 2001), conselheirorelator (com hífen) remeter-se-ia a um cargo específico, e não a uma atribuição que é dada a um dos conselheiros. Em outras palavras, grafar conselheiro-relator teria uma implicação semântica de que há cargos de conselheiros e há o cargo conselheirorelator, o que não corresponde à realidade, porquanto qualquer conselheiro pode assumir tal atribuição. Para fins de padronização dos textos a serem publicados na Revista do TCEMG, adotou-se o uso de iniciais minúsculas (conselheiro relator) para cargos. CONSIDERANDO (QUE...) Conforme o iDicionário Caldas Aulete [online], (con.si.de.ran.do) sm. 1. No texto introdutório de leis, sentenças, propostas [...], cada uma das observações ou motivos enumerados em parágrafos iniciados com as palavras CONSIDERANDO ou ATENDENDO. [...]. Assim, os considerandos de uma lei ou de um ato normativo correspondem à sua motivação. Dúvidas surgem quanto à pontuação e ao emprego de maiúsculas e minúsculas depois de cada considerando e na conclusão. Em discordância com Sacconi (1994) — que defende o uso de iniciais maiúsculas para todos os “considerandos” —, a Revista do TCEMG entende que, após ponto e vírgula, sempre se usam iniciais minúsculas, inexistindo razão que sustente o contrário. É comum, em atos normativos, o uso de ponto final. Tal pontuação desrespeita os mecanismos de coesão textual. Recomenda-se o uso de ponto e vírgula, para propiciar o melhor encadeamento lógico dos parágrafos. 73 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P CONSISTIR Trata-se de verbo transitivo indireto, usado com a preposição em, significando repousar, residir, constituir de, resumir-se. É cada vez mais comum o uso do verbo consistir seguido da preposição de, na acepção de compor-se, constar. Tal regência provavelmente se deve a uma influência do inglês (LUFT, 1995) — consist of — ou a uma contaminação sintática oriunda de compor-se de (CEGALLA, 2009). A construção com a preposição de ainda é pouco frequente, em um processo de gramaticalização ainda muito incipiente. Recomendase, pois, evitar tal regência em redações técnico-científica e oficial. Este trabalho consiste de relatório circunstanciado dos fatos. Este trabalho consiste em relatório circunstanciado dos fatos. Consulte Regência e transitividade. Prefira a construção consistir em à consistir de. CONSTAR Constar é verbo defectivo, conjugável apenas na 3ª pessoa do singular e do plural. Significa passar por certo ou evidente, estar escrito ou mencionado, fazer parte, deduzir-se, incluirse. Emprega-se indiferentemente com as preposições de ou em (CEGALLA, 2009; LUFT, 1995). Consulte Regência e transitividade. CONSTATAR Constatar equivale a comprovar, examinar, verificar, estabelecer a verdade de um fato. De modo a evitar repetição, sugere-se, conforme o contexto, que se alterne constatar com atestar, apurar, averiguar, certificar-se, comprovar, evidenciar, observar, notar, perceber, registrar, verificar. Apesar de Napoleão Mendes de Almeida (1981, p. 64) repudiar com veemência o verbo constatar — considerando-o, em suas palavras, “galicismo inteiramente inútil” —, Francisco Fernandes (2005b) explica que, quando se quer exprimir a ideia de verificar e, ao mesmo tempo, a de registrar, documentar para efeito ulterior, deve-se usar constatar porque essa seria a sua verdadeira acepção. 74 Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes [...]. (Código de Processo Civil, art. 515, § 21, incluído pela Lei n. 11.276 de 2006). CONSTITUIR Constituir, na acepção de ser a base ou parte essencial de, compor, formar — bem como na de dar poderes a alguém para tratar de negócios —, é acompanhado de objeto direto. projetos constituem em Estes programa de governo para o ano de 2012. Estes projetos constituem Ø o programa de governo para o ano de 2012. Na acepção de estabelecer, assentar, situar, constrói-se a regência conforme a seguinte fórmula: constituir + objeto direto + adjunto adverbial de lugar. Exemplo: “Ele constituiu Ø sua empresa no Município de Contagem.” Como verbo pronominal, significa organizar-se, estruturar-se, compor-se. Exemplo: “Constituíram-se em sociedade anônima.” Finalmente, na acepção de representar, ser, consistir em, é verbo transitivo direto pronominal. A construção constituir-se + em é inovação sintática comum na imprensa brasileira, já registrada por Aulete [online] e Houaiss (2001); mas tanto Paschoal Cegalla (2009) quanto Celso Luft (1995) recomendam, em “linguagem culta” formal, o emprego da regência tradicional (não pronominal, sem preposição). Estes projetos constituem-se em programa de governo para o ano de 2012. Estes projetos constituem Ø programa de governo para o ano de 2012. Consulte Regência e transitividade. CONTINUAÇÃO / CONTINUIDADE Continuação significa seguimento. Continuidade é atributo daquilo que é contínuo (HOUAISS, 2001; MINAS GERAIS, 2012). que o advogado retirou-se daDepois sala, o conselheiro relator deu continuidade à sessão plenária. Depois que o advogado retirou-se da sala, o conselheiro relator deu continuação à sessão plenária. 75 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P CUJO O pronome relativo cujo (cujos, cuja, cujas) indica ideia de posse. Esse pronome contém em si, implícita, a preposição de e equivale a de que, de quem, do qual (dos quais, das quais). O antecedente e o consequente do pronome cujo são distintos. A concordância é feita com o consequente. Exemplo: “Este é o processo cujas páginas foram rasuradas [páginas do processo].” Ressalte-se que o pronome cujo pode vir precedido da preposição de ou de qualquer outra conforme a regência verbal (NEVES, 2011). Não se empregam artigos depois do pronome cujo. Destacam-se as palavras de Maria Helena de Moura Neves (2000, p. 372): [...] especialmente na imprensa, tem ocorrido o emprego indevido desse artigo, talvez pela falsa idéia de que o som vocálico final desse pronome relativo represente a existência do artigo definido, e que, então, esse elemento deve ser registrado na grafia [...]. (grifos originais) O colega Ø cuja competência falá- Num cenário em que se buscava a vamos foi nomeado Coordenador democratização, levada a efeito com de Área. O colega de cuja competência falávamos foi nomeado Coordenador de Área. Esta é uma lei Ø cujas disposições não acreditamos. a reforma do Estado, cujo o marco legislativo foi a CF/88. Num cenário em que se buscava a democratização, levada a efeito com a reforma do Estado, cujo Ø marco legislativo foi a CF/88. Esta é uma lei em cujas disposições não acreditamos. Quando for seguido de dois substantivos, o pronome cujo concorda só com o primeiro. A ação cujos advogado e advogada não obedeceram aos prazos foi arquivada. A ação cujoØ advogado e advogada não obedeceram aos prazos foi arquivada. Consoante Maria Helena de Moura Neves (2011), não há justificativa para o emprego de cujo antes de elemento com valor locativo. Neste caso, prefira no qual, onde, em que. [...] o município tem sofrido deso[...] o município tem sofrido desocupação dos prédios públicos, em cupação dos prédios públicos, nos cujos locais ocorrerão feiras livres. quais ocorrerão feiras livres. 76 CUMPRIR Apesar de ser transitivo direto o verbo cumprir aceita a preposição com sem mudar a acepção (ALMEIDA, 1981; FERNANDES, 2009). No entanto, Cegalla (2009) e Luft (1995) afirmam que cumprir + O.D. e cumprir com não são exatamente a mesma coisa, porquanto esta é construção enfática ou enfática-afetiva daquela. Cumprir com a legislação. Cumpriram Ø a legislação. Cumprir com os deveres. Cumprir Ø os deveres. Consulte Regência e transitividade. DADO / VISTO Dado e visto são formas de particípio passado, concordando em gênero e número com o termo a que se referem (CEGALLA, 2009; COSTA, 2007). DadaØ as circunstâncias [...]. Dados o interesse e o esforço demonstrados, optou-se pela permanência do servidor em sua função. Dadas as circunstâncias [...]. Vistas as provas apresentadas, não houve mais hesitação no encaminhamento do inquérito. DATAS Primeiro dia do mês A maioria dos gramáticos entende que o primeiro dia do mês deve ser grafado com numeral ordinal (COSTA, 2007). No entanto, há autores de renome que consideram ser possível o emprego tanto do ordinal quanto do cardinal para o primeiro dia do mês (BECHARA, 2001; CEGALLA, 2009). Assim, não há por que censurar qualquer das formas de grafar datas. Zero à esquerda O Manual de Redação Parlamentar (MINAS GERAIS, 2007) e o Manual de Redação do Governo do Estado de Minas (MINAS GERAIS, 2012) recomendam não usar zero à esquerda em número indicador de datas. No entanto, os exemplos dados na NBR 5982 da ABNT, em indicação numérica de datas, empregam sempre o zero: “04.09.0180; 77 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P 25.04.0910; 06.10.2500; 15.12.1932”. Assim, em citações de atos administrativos e normativos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, prefere-se a escrita sem o zero em qualquer situação; em textos que devem seguir a normalização da ABNT (relatórios, trabalhos acadêmicos, etc.), o zero é essencial nas formas compactas. Ano Os anos devem ser grafados com quatro algarismos, sem ponto nem espaço. Minas Gerais (2007) possibilita a grafia do ano com apenas dois dígitos em datas no intervalo de 1910 a 1999. Já a NBR 5892 da ABNT estabelece que os anos devem ser sempre grafados com quatro dígitos. Separação por barra ou ponto Todos os exemplos de datas compactas dados pela ABNT não utilizam barra, apenas ponto. Entretanto, não há nenhuma convenção a respeito do separador de números na forma compacta de datação. Datas de leis e atos normativos O art. 11, II, g, da Lei Complementar n. 95, de 26/02/1998, estabelece que datas e números de leis, em atos normativos, não devem ser escritos por extenso. Acento grave em datas Não se deve quebrar paralelismo ao citar datas: se houver artigo antes do primeiro termo, também haverá no segundo. de segunda à sexta-feira de segunda a sexta-feira da segunda a sexta-feira da segunda à sexta-feira Convenção da Revista do TCEMG Como se pôde observar, há grandes divergências entre os gramáticos, o uso pela imprensa, os manuais de redação e as regras da ABNT. Para fins de padronização dos textos publicados na Revista do TCEMG, decidiu-se por: • grafar o primeiro dia do mês em número cardinal antecedido de zero (01/01/2001); • suprimir os zeros à esquerda em datas por extenso (2 de fevereiro de 2012); • grafar ano sempre com quatro dígitos, sem ponto; • usar barras em datação compacta (01/01/2001). 78 DE FORMA QUE / DE MODO QUE / DE MANEIRA QUE / DE FORMA A / DE MODO A / DE MANEIRA A As locuções de forma que; de maneira que; de modo que são empregadas nas orações desenvolvidas. Já de forma a; de maneira a; de modo a são locuções empregadas nas orações reduzidas de infinitivo na voz passiva (COSTA, 2007; NISKIER, 1992). [...] o ajuste de honorários contratu ais deve observar o princípio da razoabilidade [...] de modo a remunerar adequadamente o profissional [...]. [...] o ajuste de honorários contratuais deve observar o princípio da razoabilidade [...] de modo que remunere adequadamente o profissional [...]. [...] o ajuste de honorários contratuais deve observar o princípio da razoabilidade [...] para remunerar adequadamente o profissional [...]. [...] os gestores apresentaram a prestação de contas de modo a não serem facilmente encontradas as irregularidades [...]. [...] os gestores apresentaram a prestação de contas de modo que não fossem facilmente encontradas as irregularidades [...]. Hibridismos entre os dois grupos de locuções são construções estranhas a nossa língua, que se devem evitar: de modo a que; de forma a que. Ademais, não é possível a pluralização dos substantivos que as compõem. Sempre devem ficar no singular (ALMEIDA, 1981; CEGALLA, 2009). Tudo foi feito de maneiras que não despertassem suspeita. Tudo foi feito de maneiraØ que não despertasse suspeita. DE/EM FÉRIAS Pode-se dizer indiferentemente das duas maneiras, pois as duas formas são aceitas. Mas, se acrescentarmos um adjetivo à expressão férias, só se deve usar a preposição em. Vou entrar de férias Ø. O servidor entrará de férias regulamentares no próximo mês. O servidor sairá em férias regula- Ele está em férias Ø. mentares no próximo mês. SEMÂNTICA DAS PREPOSIÇÕES BECHARA (2001); CASTILHO (2010); NEVES (2011) 79 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P DESAPERCEBIDO / DESPERCEBIDO Desapercebido significa desprevenido, desprovido, desguarnecido; despercebido significa: que não se viu, aquilo em que não se atentou (AULETE, [online]). irregularidade passou desaperce- Como ele estava despercebido de Abida. recursos, solicitou justiça gratuita. A irregularidade passou despercebida. Como ele estava desapercebido de recursos, solicitou justiça gratuita. DESCRIMINAÇÃO / DESCRIMINALIZAÇÃO / DISCRIMINAÇÃO Descriminação e descriminalização (substantivos) são sinônimos e significam inocentação, exclusão da criminalidade (KASPARY, 2000). O verbo correspondente é descriminar (retirar a antijuricidade de um fato, excluir a criminalidade). Discriminação significa ato ou efeito de distinguir, discernir, separar. O edital do concurso promovia in diretamente descriminação contra deficientes físicos. Quase todos os ministros votaram pela descriminalização da antecipação do parto de feto anencéfalo. O edital do concurso promovia indiretamente discriminação contra deficientes físicos. Quase todos os ministros votaram pela descriminação da antecipação do parto de feto anencéfalo. DESIGNAR Designar é transitivo direto e indireto no sentido de determinar, fixar; marcar; designar alguém para; designar algo a alguém; escolher para cargo ou emprego. Foi-lhe designado um prazo de 30 dias para cumprir a diligência. Designou seu substituto. Designou-o para a função de assessor. O servidor foi designado para uma função FG-5. A regência verbal pode assumir a seguinte fórmula: designar + objeto direto + (como, para) + predicativo. Tem o significado de “nomear, denominar, qualificar”. O governador os designou conselheiros [designou-os para serem conselheiros]. Designo-o para chefe [ou como chefe]. Consulte Regência e transitividade. 80 DESPENDER / DISPÊNDIO Despender significa fazer despesa, gastar, consumir. Inexiste o verbo dispender (ABL, [online]; AULETE [online]; AURÉLIO, 2010; HOUAISS, 2001). Dispêndio significa gasto, despesa, consumo (HOUAISS, 2001). Câmara Municipal dispendeu AR$10.000,00 com as reformas do A Câmara Municipal teve um dispêndio de R$10.000,00 com as reformas do prédio. A Câmara Municipal despendeu R$10.000,00 com as reformas do prédio. Foi elevado o dispêndio com as obras. prédio. Diz-se atenção dispensada ou atenção despendida. Inexistem as construções atenção despensada e atenção dispendida. DESTE/DO PONTO DE VISTA Trata-se de expressão exaustivamente empregada nos relatórios, como recurso de coesão de parágrafos. Pode ser substituída por outras de sentido equivalente a fim de evitar repetição: sob esse ângulo, sob esse aspecto, por esse prisma, desse prisma, desse modo, assim, destarte. Também é comum a expressão sob o ponto de vista. Porém, não há sentido em utilizar a preposição sob, uma vez que não há como subordinar um ponto de vista ou uma perspectiva a de outrem. As construções mais adequadas, portanto, seriam desse ponto de vista, do ponto de vista, dessa perspectiva (CEGALLA, 2009; COSTA, 2007). SEMÂNTICA DAS PREPOSIÇÕES Bechara (2001); Castilho (2010); Neves (2011) DIGNO / DIGNÍSSIMO Nas palavras do Manual de Redação da Presidência da República (BRASIL, 2002, grifo original): “Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD) [...]. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação.” Em alinho com Brasil (2002), a Revista do TCEMG considera abolido o tratamento “digníssimo”e suas variações (digno, dignificado, etc.) nos textos a serem publicados em seu periódico. Os mesmos comentários se aplicam a ilustríssimo. 81 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P DOUTOR Doutor é título acadêmico, e não pronome de tratamento nem vocativo (BRASIL, 2002; FOLHA DE S. PAULO, 2005). No português falado, em situações de formalidade, é frequente o uso de doutor(a) para se dirigir a profissionais da saúde e a autoridades (AULETE, [online]). Contudo, no texto escrito, isso não tem nenhum cabimento. DOUTOR BRUM (2012) DUPLA NEGATIVA Ao contrário do que acontece no inglês e em diversas outras línguas, no português o uso de uma palavra negativa com outra não destrói o sentido negativo dado à frase (COSTA, 2007). Assim, a renda mensal do servidor aposentado deve ser preservada, especialmente se não há nenhuma ilegalidade a que tenha dado causa que justifique sua sustação. ECOAÇÃO Trata-se da repetição exagerada de certos fonemas ao longo de todo o período. Em virtude do prejuízo à estética textual, a ecoação deve, a todo custo, ser evitada. Em razão dessa visão distorcida, verifica-se que houve verdadeira privatização do interesse público, com a geração do lucrativo mercado de comercialização “ilegal” das permissões e a exploração desarrazoada dos profissionais que não são detentores dos títulos e trabalham prestando serviço como condutores auxiliares. EIS QUE Eis que, eis quando e eis senão quando são locuções conjuntivas temporais sinônimas e significam subitamente, de repente (AULETE [online]). Exprimir surpresa é a finalidade da expressão. No meio forense, é frequente a ocorrência dessa locução com sentido causal, o que não encontra respaldo em nenhuns dicionários ou gramáticas nem possui justificativa que abone o seu uso (ALMEIDA, 1981; CEGALLA, 2009; COSTA, 2007). 82 A denúncia foi rejeitada, eis que Foram constatadas irregularidades não preenchia os requisitos de adno referido procedimento; entremissibilidade. tanto não cabe discuti-las por meio de recurso, eis que não foi enviado no momento próprio pelo recorrente com a sua defesa [...]. A audiência já se iniciara, eis que surgiu a testemunha. Foram constatadas irregularidades no referido procedimento; entretanto não cabe discuti-las por meio de recurso, uma vez que não foi enviado no momento próprio pelo recorrente com a sua defesa [...]. A denúncia foi rejeitada, uma vez que não preenchia os requisitos de admissibilidade. ELE É SUPOSTO SABER Ele é suposto saber é estrangeirismo sintático de he is supposed to know, sem amparo no português. Por isso, evite tal expressão traduzida “ao pé da letra”. Use em português: “Ele deveria saber.” “Supõe-se que ele saiba.” ELIPSE Elipse é a supressão de uma palavra ou expressão subentendida no texto. Conforme a situação em que é empregada, a elipse pode ser um recurso elegante de estilo, mas, se usada de maneira inapropriada, pode se tornar desastrosa e gerar dificuldade na leitura. O conselheiro verificou a possibilidade de a ex-prefeita vender todos os seus imóveis antes do trânsito em julgado do processo. Então, Ø solicitou o arresto Ø. O conselheiro verificou a possibilidade de a ex-prefeita vender todos os seus imóveis antes do trânsito em julgado do processo. Então, ele solicitou o arresto dos bens. EM CONFORMIDADE COM / NA CONFORMIDADE DE / EM CONSONÂNCIA À São sinônimas as expressões na conformidade com; na conformidade de; de conformidade com; de acordo com; conforme; nos termos de; em consonância a; em consonância com; em consonância de (ALMEIDA, 1981; LUFT, 1992). José Maria da Costa (2007) lembra que a expressão de conformidade deve sempre vir acompanhada da preposição com. 83 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P EM FACE DE / EM FACE A / FACE A As expressões em face de e em face a significam ante, diante de, perante, contra. Conforme o contexto, em face de e em face a também podem significar em virtude de, em razão de (LUFT, 1992). São locuções cuja formação obedece sempre a fórmula preposição em + face + preposição de ou a. A expressão Ø face a (sem a preposição em) é provavelmente um neologismo que, segundo Adalberto J. Kaspary (2000), não tem a simpatia dos gramáticos (CEGALLA, 2009). Contudo, Celso Pedro Luft (1992) reconhece a locução como variante moderna reduzida, e Maria Helena de Moura Neves (2003) sugere que já foi consagrada pelo uso. Vale destacar que Brasil (2002; 2011) e Minas Gerais (2007) recomendam preferir em face de a suas variações (em face a; Ø face a; Ø frente a); portanto, evite-as em redação oficial. [...] da forma como o edital foi elaborado, o certame certamente ficará prejudicado, Ø face à inviabilidade das licitantes em atender todas as exigências relativas à qualificação econômico-financeira. [...] da forma como o edital foi elaborado, o certame certamente ficará prejudicado, em face à inviabilidade das licitantes em atender todas as exigências relativas à qualificação econômico-financeira. [...] da forma como o edital foi elaborado, o certame certamente ficará prejudicado, em face da inviabilidade das licitantes em atender todas as exigências relativas à qualificação econômico-financeira. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo ex-Prefeito [...] em face do acórdão proferido pela Segunda Câmara. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo ex-Prefeito [...] contra o acórdão proferido pela Segunda Câmara. É recorrente o emprego das expressões em face de/a com o sentido de contra. A forma tradicional, nesse caso, é usar contra (COSTA, 2007), pressupondo uma relação jurídica bilateral. Há, porém, uma corrente que defende que a relação é trilateral: autor, réu e Estado-juiz, na qual o Estado é chamado à tutela jurisdicional. E, por esse motivo, a petição deve ser interposta em face de e não contra alguém. Exemplo: “Tratam os autos de representação interposta por deputados estaduais da Assembleia Legislativa Mineira em face do Estado de 84 Minas Gerais [...].”. De qualquer forma, é um tecnicismo que extrapola a simples correção gramatical, como certo ou errado. Em redação oficial, empregue apenas a construção em face de. Nos demais textos, as construções em face a e Ø face a são autorizadas. EM FUNÇÃO DE Em função de é uma expressão muito usada, pela imprensa e por muitos falantes, para estabelecer uma relação causal (equivalente à por causa de, em virtude de). Contudo, tal uso só se justifica na língua falada, sem reconhecimento na língua culta escrita. Nos textos formais, obedientes à norma-padrão da língua, a locução em função de deve ser usada apenas no sentido de finalidade, dependência (CEGALLA, 2009; COSTA, 2007; HOUAISS, 2001). A questão técnica se justifica em A criação da Petro-Sal originou-se função do modelo de partilha de produção, da localização geográfica estratégica dos aeródromos, sob pena de perda da qualidade e eficiência dos serviços. que veio a ser instaurado no País em função da descoberta da província petrolífera do Pré-Sal. A questão técnica se justifica em virtude da localização geográfica estratégica dos aeródromos, sob pena de perda da qualidade e eficiência dos serviços. A criação da Petro-Sal originou-se do modelo de partilha de produção, que veio a ser instaurado no País devido à descoberta da província petrolífera do Pré-Sal. EM QUE PESE A / EM QUE PESEM AS Trata-se de locuções empregadas com sentido concessivo. Equivalem a ainda que lhe custe, malgrado seu, ainda que seja penoso. As expressões são antigas, mas de uso frequente nos dias de hoje, principalmente no meio jurídico. Napoleão Mendes de Almeida (1981) critica os que defendem a invariabilidade do verbo pesar — como empregado na frase “em que pesem as circunstâncias” —, afirmando que esses não sabem identificar o sujeito nem compreendem o significado da oração. Outros estudiosos (CEGALLA, 2009; NEVES, 2003) já concordam com a possiblidade de flexionar o verbo pesar. Porém, Cegalla (2009) adverte que não se deve fazê-lo quando o sujeito se referir a pessoa. 85 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P que pesem aos argumentos Em da sentença [...]. Em que pese o parecer do relator [...]. [ainda que pese o parecer do relator] [...] em que pese Øa sucessão de resoluções [...], mantém-se intacto na norma atualmente vigente. Em que pesem Øos argumentos da sentença [...]. [ainda que os argumentos pesem] [...] em que pese à sucessão de resoluções [...], mantém-se intacto na norma atualmente vigente. Quando fizer referência a pessoa ou a coisa, use a expressão em que pese a (neste caso, o pese é invariável, e o a é preposição). Contudo, em que pese a, com o verbo flexionável — caso em que o a é artigo, e não preposição —, só pode ser usado para se referir a coisa. EM SEDE DE Trata-se de italianismo (in sede di) que não é bem quisto por diversos estudiosos da língua. Adalberto J. Kaspary (2000, p. 94-95) afirma que “é perfeitamente dispensável, pois, quando não desnecessário, supérfluo, há expressões vernáculas que o substituem com inteira propriedade.” Costa (2007) sugere algumas correções para em sede de, conforme o caso: no âmbito; em; no campo; na esfera do. O Dicionário de Italiano-Português de Giuseppe Mea (apud KASPARY, 2000, p. 94-95) também dá exemplos da locução in sede di e suas possíveis traduções: in sede di esame: durante o exame; in sede di bilancio: ao fazer o balanço; in sede storica, política: do ponto de vista histórico, político; non é questa la sede adatta per: não é este o lugar adequado para. O objetivo é analisar, sob o prisma da doutrina e jurisprudência contemporâneas — tendo como foco as deliberações em sede de consultas [...]. 86 O objetivo é analisar, sob o prisma da doutrina e jurisprudência contemporâneas — tendo como foco as deliberações em Ø consultas [...]. EM VEZ DE / AO INVÉS DE Tradicionalmente em vez de quer dizer em lugar de e ao contrário de; ao invés de. Por outro lado, ao invés de significa apenas ao contrário de; ao revés de. Alguns estudiosos da língua afirmam não ser possível empregar em vez de com a acepção de ao invés de; para eles, aquela primeira locução significa somente em lugar de (KASPARY, 2000; BERGO, 1944 apud COSTA, 2007; AURÉLIO, 2010). Parece perfilharem este entendimento o Manual de Redação da Presidência (BRASIL, 2002), o Manual de Redação do Governo do Estado de Minas Gerais (MINAS GERAIS, 2012), o Manual de Redação Parlamentar (MINAS GERAIS, 2007) e o Manual de Redação do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (BRASIL, 2011). Todavia, vários gramáticos e dicionaristas já reconhecem a semanticização de em vez de como sinônimo de ao invés de, mas advertem para que se tenha cuidado com o uso indistinto dessas expressões (ALMEIDA, 1981; HOUAISS, 2001; NEVES, 2003). Segundo eles, a locução ao invés de só se usa quando há ideias opostas; assim, só seria sinônima de em vez de nesta acepção. Em outras palavras, a expressão em vez de substitui ao invés de, mas não o inverso. Posicionamentos ainda mais liberais são o de Maria Tereza Piacentini (2008a) e de Domingos Paschoal Cegalla (2009). Ambos reconhecem o processo de gramaticalização de ao invés de como sinônimo pleno de em vez de, ou seja, para eles, ambas as expressões significariam a mesma coisa. Logo, por disposição dos manuais de redação oficial, deve-se seguir a linha mais ortodoxa quando se escreve nesse gênero textual; porém, em outros textos, não há razão para censurar o emprego indistinto de ao invés de e em vez de. Deveria, portanto, ser exigida apenas a comprovação da “regularidade” ao invés de “certidão negativa de débito”, permitindo a apresentação, se for o caso, de “certidão positiva com efeito de negativa”. Deveria, portanto, ser exigida apenas a comprovação da “regularidade” em vez de “certidão negativa de débito”, permitindo a apresentação, se for o caso, de “certidão positiva com efeito de negativa”. Em vez de e ao invés de são expressões sinônimas. Em redação oficial, mantém-se a diferenciação de significado feita pelos estudiosos menos liberais. 87 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P E-MAIL E-mail é estrangeirismo de largo uso no setor público e na imprensa. Por isso, apesar de duras críticas ao termo (CEGALLA, 2009), não há razão para censurar o seu uso. Por não ter se incorporado oficialmente ao português brasileiro, recomenda-se evitar excessos, alternando-o, conforme o caso, com correio eletrônico, endereço eletrônico ou mensagem eletrônica. ENQUANTO / ENQUANTO QUE Enquanto significa durante o tempo que, no tempo em que. Nesse sentido, usar apenas a expressão enquanto em vez de enquanto que (muito empregado na linguagem jurídica). O Manual de Redação da Presidência da República (BRASIL, 2002) recomenda evitar o uso de enquanto que em vez de enquanto, por se tratar de construção coloquial. Porém, há divergência entre os autores sobre a correção de enquanto que (com significação de ao passo que), portanto fica a liberdade de seu uso (CEGALLA, 2009; COSTA, 2007; NEVES, 2003) em redação não oficial. O emprego de enquanto no sentido de considerado como ou na qualidade de é considerado por alguns como um modismo de uso excessivo (KASPARY, 2000). O termo poderá ser substituído por como, na condição de. No entanto, cumpre esclarecer que o Dicionário Aurélio (AURÉLIO, 2010) registra o verbete com esse significado, e seu emprego é abonado por Costa (2007). [...] [o] consentimento do indivíduo e do seu grupo, [...], hoje agregados aos valores da justiça e da segurança para plenitude de sua realização enquanto adjetivos da democracia. [...] [o] consentimento do indivíduo e do seu grupo, [...], hoje agregados aos valores da justiça e da segurança para plenitude de sua realização como adjetivos da democracia. O total informado como “a ser ressarcido”, pela SMED foi de R$35.268,74, enquanto que o apurado pela Comissão foi de R$19.418,98. O total informado como “a ser ressarcido”, pela SMED foi de R$35.268,74, enquanto Ø o apurado pela Comissão foi de R$19.418,98. Em redação oficial não use enquanto que (apenas enquanto). Nos demais gêneros, a Revista do TCEMG não verifica óbice ao uso dessa construção. 88 ENTRE / DENTRE Há muita confusão no emprego das preposições entre e dentre, principalmente porque o uso desta última se tornou modismo exagerado sem que os escritores atentassem para as sutilezas morfológicas e suas consequências semânticas implícitas. Observa-se que a preposição dentre é de uso restrito, pois é preciso ocorrer o encontro das duas preposições (de + entre) regendo dois vocábulos diferentes (BRASIL, 2011; CEGALLA, 2009; COSTA, 2007). Dentre significa do meio de. De forma geral dentre contém ideia de exclusão, afastamento, separação (KASPARY, 2000); entre, ao contrário, expressa a ideia de inclusão. O advogado pediu a retirada de um A prefeita saiu Øentre a multidão. documento Øentre aqueles que compunham os autos. A prefeita saiu dentre a multidão. O advogado pediu a retirada de um [sair + de + entre] documento dentre aqueles que compunham os autos. [ideia de exclusão] A Presidente escolheu, Øentre os Ele está entre os mais competentes vários candidatos ao cargo, um técservidores da casa [ideia de inclunico. [escolher + entre] são] ERÁRIO Erário significa recursos financeiros do poder público, fazenda pública, tesouro público (AURÉLIO, 2010). Assim, causar dano ao erário é o mesmo que causar dano aos órgãos da Administração Pública. O erário é controlado pelo Fisco, que é um conjunto de órgãos da Administração Pública, incumbidos de arrecadar e fiscalizar os tributos. Erário público é uma expressão redundante: o adjetivo público já está contido na palavra erário. Por isso, é desnecessária tal adjetivação. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário público na forma e gradação previstas em lei. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário Ø na forma e gradação previstas em lei. 89 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P ESQUECER Diz-se esquecer-se de algo ou alguém ou esquecer algo ou alguém. Construções canhestras não são recomendadas para o texto escrito: esquecer-se algo ou esquecer de algo (FERNANDES, 2005b; LUFT, 1995). Algo esquece a alguém é outra construção possível, mas típica do português lusitano, de uso raro no brasileiro (CEGALLA, 2009); por isso, recomenda-se evitá-la. Consulte Regência e transitividade. ESTE, ESSE, AQUELE, ISSO, ISTO Os demonstrativos este e esse têm a propriedade de indicação — no discurso, no tempo e no espaço — e de referenciação textual. Este(a) e isto remete a: (i) coisa que se pretende mostrar, conhecida ou que se tem muito próxima ao emissor da mensagem; (ii) período que, à época do discurso, era tempo presente; (iii) termo textual mais próximo, principalmente quando houver mais de um a ser referenciado (função anafórica); (iv) termo que será apresentado no texto (função catafórica). Esse(a) e isso remete a: (v) coisa que se pretende mostrar, desconhecida ou que se tem próxima ao receptor da mensagem; (vi) período que, à época do discurso, era passado pouco distante; (vii) termo textual mais próximo, quando não houver mais de um a ser referenciado (função anafórica). Aquele(a) e aquilo remete a: (viii) coisa que se pretende mostrar, desconhecida tanto ao emissor quanto ao receptor da mensagem ou distante de ambos; (ix) período que, à época do discurso, era passado remoto; (x) termo textual mais distante. (CASTILHO, 2012; CEGALLA, 2009; COSTA, 2007; NEVES, 2011). 90 (i) (v) [Na redação de uma peça endereçada ao TCEMG.] Este Tribunal entende que as contas devem ser julgadas regulares quando [...]. [Trata-se de alguém que pertence ao quadro do TCEMG. Ministério Público de Contas, por exemplo] [Na redação de uma peça endereçada ao TCEMG.] Esse Tribunal entende que as contas devem ser julgadas regulares quando [...]. [Trata-se de alguém externo aos quadros do TCEMG. Um advogado em defesa de um prefeito, por exemplo] (ii) (iv) [Numa peça redigida no ano de 2013]. Ainda neste ano de 2013 haverá diversos cursos de capacitação [...]. [Refere-se ao próprio ano de 2013] Em seu relatório, esta foi a conclusão a que o órgão técnico chegou: havia indícios de irregularidades na contratação da empresa [...]. (vi) (vii) [Numa peça redigida no ano de 2014]. Ainda nesse ano de 2013 houve diversos cursos de capacitação [...]. [Refere-se ao ano anterior, 2013] [...] restrição da competitividade do certame, exigência de apresentação de documentos desnecessários e falta de projeto básico. Tudo isso foi suscitado na impugnação do edital [...]. (ix) [Numa peça redigida no ano de 2050]. Ainda naquele ano de 2013 houve diversos cursos de capacitação [...]. [Passado remoto] (iv) O decidido, à época, foi isto: aplica-se a prescrição quando [...]. (iii e x) [...] teve uma discussão entre o procurador do Ministério Público de Contas e o conselheiro [...]. Enquanto este votou pelo arquivamento dos autos, aquele opinou pelo prosseguimento do feito. [Este = conselheiro; aquele = procurador do Ministério Público de Contas] FORICIDADE CASTILHO (2012); CUNHA E CINTRA (2001); NEVES (2011) ETC. Conforme Costa (2007, p. 490), Trata-se de abreviatura da locução latina et coetera, que etimologicamente significa e as outras coisas, ou e as coisas restantes. Na atualidade, tem o sentido de assim por diante, afora o mais, e ainda outros, podendo abranger, além de coisas, também pessoas e animais. Antes de etc., nunca se coloca a conjunção e, pois como se vê já na origem latina, há uma conjunção aditiva, razão por que não se diz e etc. 91 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P Em virtude do étimo da abreviatura, não se deveria usar a vírgula antes do etc. Não se usa vírgula antes do último termo de uma enumeração, e sim a conjunção coordenativa, que já está implícita no etc. (ALMEIDA, 1981; HOUAISS, 2001). No entanto, utilizou-se vírgula antes de etc. em todo o texto do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), fato que implicitamente autorizou tal pontuação. Ademais, Arnaldo Niskier (1992, p. 35) também a defende: A questão da vírgula antes do etc. é simples: deve ser usada! O argumento de que originalmente a palavra contém o e (et) não vale, pois o que conta é o acordo ortográfico vigente, e, diga-se de passagem, já não falamos latim, mas sim português. Ressalte-se que, quando etc. for a última palavra da frase, não se coloca dois pontos ao encerrá-la. Um só ponto indicará a abreviatura e o ponto final. Além disso, por ser abreviatura de uma locução latina, pode-se utilizar o itálico ou outra forma de grifo. Compareceram diversas pessoas do meio jurídico: juízes, promotores, advogados e etc. Compareceram diversas pessoas do meio jurídico: juízes, promotores, advogados Ø etc. Compareceram diversas pessoas do meio jurídico: juízes, promotores, advogados, etc. Para fins de revisão e padronização textuais, a Revista do TCEMG adotou o uso do etc. sempre imediatamente precedido de vírgula, com ponto e sem grifo. FAZER, HAVER (CORRELAÇÃO TEMPORAL) Haver e fazer, no sentido de tempo decorrido, são verbos impessoais usados somente na 3ª pessoa do singular, no tempo pretérito. A lei vigorava faz anos. A lei vigorava há anos. A lei vigorava havia anos. A lei vigora há dez anos. A lei vigorava fazia anos. É preciso ficar atento para não perder de vista o paralelismo. Se a relação de tempo é no passado, os dois verbos devem ficar no passado; se no presente, ambos ficam no presente. 92 GERUNDISMO O gerúndio exprime uma ação em curso ou simultânea ou a ideia de progressão indefinida. Combinado com os auxiliares estar, andar, ir, vir, o gerúndio marca ação em continuação. Quando não indica uma continuidade de ação, seu uso é condenado por diversos autores, por constituir anglicismo. De acordo com eles, é igualmente condenável o emprego do gerúndio para se referir a uma promessa de ação futura. Exemplo: “Estarei pesquisando sobre o assunto.” A fim de evitar ecoações e o empobrecimento do texto, recomenda-se a substituição do gerúndio pelas preposições de ou com, quando possível. O encadeamento de gerúndios é também um vício de redação muito frequente. Por isso, deve ser evitado; sugere-se o emprego do verbo com outras formas verbais ou estruturas sintáticas diferentes. Saliente-se que diversos gramáticos não recomendam o gerúndio seguido de infinitivo flexionado. Entre eles, Cegalla (2009, p. 186) afirma que “construções com gerúndio precedido dos verbos ir + estar” devem ser evitadas, por serem espúrias. Muitos linguistas têm visto o gerundismo como uma nova forma perifrásica com verbos de ligação tipicamente brasileira (SANTOS, 2008). Contudo, é indubitável que o gerundismo “exagerado” não é bem visto em redações técnico-científicas e oficiais, pois prejudica a compreensão e a estética textuais. GERÚNDIO SANTOS (2008); PIACENTINI (2008; 2008; 2009; 2009; 2009) GROSSO MODO A expressão é latina e por isso deve ser grafada em itálico ou com outro grifo. Não se deve antepor-lhe a preposição a, que não existe na forma latina (CEGALLA, 2009; BRASIL, 2011). Exemplo: “Examinando grosso modo, vê-se, desde já, que a denúncia não procede.” A pronúncia correta é grósso módo, e não grôsso módo. 93 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P HAJA VISTA A expressão haja vista tem o sentido de veja; assim, não tem valor causal, motivo pelo qual não deve ser empregada como sinônimo de porque, uma vez que, já que, etc. Haja vista (= prova disso) é empregado para introduzir uma assertiva que comprova afirmação anterior. Trata-se de forma perifrástica transitiva, invariável, que tem por objeto direto a palavra ou palavras que a acompanham. Haja visto (com terminação o) é inovação oral brasileira descabida na redação técnico-científica e na oficial. Existem outras interpretações sintáticas (SRINGARI, 1961 apud COSTA, 2007), engendradas por alguns gramáticos, com o intuito de justificar a pluralização da expressão haja vista quando a palavra seguinte estiver no plural, como se esta fosse sujeito, mas inaceitável pela maioria. Cegalla (2009) atenta para a possibilidade de flexão (apenas do verbo) para o plural (“hajam vista suas últimas decisões”). Outra questão polêmica entre os gramáticos é a transitividade de haja vista, pois alguns aceitam a possibilidade de se adicionar as preposições a e de (haja vista a/ haja vista de). Em caso de dúvidas, recomenda-se utilizar a forma invariável haja vista, conforme criada por Rui Barbosa. O edital estava eivado de vícios, hajam vistas as cláusulas restritivas a ampla competitividade. O edital estava eivado de vícios, haja vista as cláusulas restritivas a ampla competitividade. O edital estava eivado de vícios, hajam vista as cláusulas restritivas a ampla competitividade. HORA ExTRA O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (ABL, [online]) não reconhece o vocábulo hora-extra como substantivo composto. A grafia correta é, portanto, hora extra (com espaço, sem hífen), e ambos os termos são flexionáveis para o plural (horas extras). HORAS Abreviatura Conforme Sistema Internacional de Unidades (2012), a abreviatura de hora é h, e a de minuto é min. Ambas as abreviaturas são grafadas sem ponto. 94 Para informar horário, não se usa espaço para separar o numeral de sua abreviatura (PIACENTINI, 2012b); para informar medida de tempo, usa-se o espaço (SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES, 2012). ocorrerá das 8 h 30 min O evento durou 5h30min. àsO 12evento h 30 min. O evento ocorrerá das 8h30min às 12h30min. O evento durou 5 h 30 min. Hora abreviada ou por extenso A fim de evitar “poluição” do texto, prefira, sempre que possível, grafar as horas de forma abreviada. Porém, para maior clareza e formalidade em algumas situações (convites, anúncios, etc.), recomenda-se grafar as horas por extenso. Abreviatura ou dois pontos Conforme orientação de Maria Tereza Piacentini (2012b) e do Sistema Internacional de Unidades (2012), prefira grafar a hora abreviada — hora(s) – h; minuto(s) – min — em vez de usar dois pontos. No entanto, por questões de estética textual — e desde que em redação fora dos gêneros técnico-científico e oficial —, a grafia de horas com dois pontos pode ser utilizada. Acento grave O acento grave deve ser usado apenas quando o paralelismo exigir o uso do artigo definido a (CEGALLA, 2009; COSTA, 2007). Em outras palavras, escreve-se “de 15h a 16h” ou “das 15h às 16h”, e não “das 15h à 16h” ou “de 15h às 16h”. Hífen Em intervalos de hora grafada com dois pontos, é possível substituir as preposições por um hífen. Exemplo: 15:30 às 17:45 15:30-17:45. IBIDEM Ibidem (abreviatura ibid.) é advérbio latino que significa aí mesmo, no mesmo lugar. Idem (abreviatura id.) é pronome latino que significa o mesmo, a mesma coisa. Consoante NBR 10520, ibidem e idem são empregados em notas de referência para se referirem respectivamente à obra e ao autor imediatamente anteriores. Por serem latinismos, tanto ibidem quanto idem (e suas abreviaturas) devem ser grafados com grifo, preferencialmente o itálico. É redundante o uso de idem e ibidem na mesma citação. 95 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P ILUSTRÍSSIMO Ver Digno / digníssimo. IMPLICAR Com o significado de enredar, constrói-se com objeto direto. No entanto, na forma pronominal, com a acepção de enredar-se, meter-se, constrói-se com a preposição em. Na acepção de intrometer-se, contender (=armar desordens) e relacionar-se (= ter relação ou analogia), constrói-se na forma pronominal e requer a preposição com. No sentido de envolver (comprometer), implicar pode ser empregado como transitivo direto e indireto. O objeto direto deve ser pessoa, e o indireto, coisa regida de preposição em (FERNANDES, 2005b; LUFT, 1995). o que implicaria em restrição ao[...]caráter competitivo. [...] o que implicaria Ø restrição ao caráter competitivo. Conforme os gramáticos puristas, implicar requer objeto direto (não aceita a preposição em) quando na acepção de encerrar, fazer supor, produzir como consequência, demandar e envolver (KASPARY, 2010; LUFT, 1995). Entretanto, não se pode deixar de reconhecer que, com essas acepções, há uma forte tendência de gramaticalização da forma implicar em (ROCHA LIMA, 1994). Consulte Regência e transitividade. INCLUSIVE Inclusive é advérbio que indica inclusão; opõe-se a exclusive (COSTA, 2007). Conforme lição mais moderna (CEGALLA, 2009), inclusive pode ser usado com a acepção de até e/ou até mesmo. Entretanto, por questões de estilística, recomenda-se evitar o abuso da expressão com esse sentido. Alterne, conforme o caso, com: até, ainda, igualmente, mesmo, também, ademais. INOBSTANTE / NADA OBSTANTE / NÃO OBSTANTE Inobstante não está registrado na maioria dos principais dicionários de língua portuguesa (ABL, [online]; AURÉLIO, 2010; HOUAISS, 2001). No entanto, o iDicionário 96 Aulete (AULETE, [online]) registra o vocábulo inobstante com o significado de apesar de. Apesar de inobstante parecer invencionice oriunda do meio jurídico — aliás, muito criticada por estudiosos da língua (ALMEIDA, 1981; COSTA, 2007) —, é forçoso reconhecer a tendência de consagração do uso e da lexicalização da palavra. Dessa forma, embora não haja por que censurar o “vocábulo” inobstante, recomenda-se evitá-lo em redação oficial e técnico-científica. Por outro lado, não há nenhuma dúvida quanto à correção das locuções nada obstante e não obstante, ambas com valor concessivo (apesar de). Inobstante os indícios de irregularidades, o conselheiro presidente indeferiu o pedido de suspensão do certame. Não obstante os indícios de irregularidades, o conselheiro presidente indeferiu o pedido de suspensão do certame. Recomenda-se preferir não obstante e nada obstante a inobstante. INVERSÃO DE FRASES Sempre que possível, as frases devem ser escritas na ordem direta, de forma que não gere nenhuma dificuldade de entendimento da mensagem. ITÁLICO / NEGRITO / SUBLINHA Não existe um padrão, nem na ABNT nem na gramática, para o uso específico de cada tipo de grifo. Assim, escolher um grifo em detrimento de outro fica a critério do autor. Porém, faz-se necessária a padronização do uso de certos grifos tanto nos artigos a serem publicados na Revista do TCEMG quanto nos pareceres e decisões nela publicados. Devido a essa necessidade de padronização — um dos princípios que norteiam a redação oficial e a técnico-científica —, a Revista do TCEMG convencionou em suas publicações o uso de grifos. Não grife trechos muito extensos, parágrafos inteiros, etc.; caso contrário, a função de destaque do grifo perde sentido. 97 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P Itálico Usa-se itálico para grafar: a) palavras estrangeiras; b) nomes de jornais, revistas e suas abreviaturas (Jornal do Brasil; The Economist; Diário Oficial de Contas, etc.); c) nomes científicos de seres vivos; d) títulos de obras artísticas e livros; e) nomes de congressos e eventos; f) formação de palavras não dicionarizadas (por exemplo, vantajosidade); g) elementos das referências que, conforme a NBR 6023 da ABNT, devem ter grifo. Palavras estrangeiras ou não dicionarizadas Consideram-se estrangeiras ou não dicionarizadas as palavras que não constarem do Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa (ABL, [online]), disponível gratuitamente para consulta online (www.abl.org.br). Prefira grafar em língua portuguesa, sem itálico, as palavras e expressões estrangeiras que já foram aportuguesadas e dicionarizadas. Exemplos: copidesque, défice, escore, leiaute, estresse, fumaça do bom direito, sítio eletrônico, tíquete, cartum, coquetel, fac-símile, etc. Nomes científicos A grafia de nomes científicos deve seguir as regras definidas pela International Commission on Zoological Nomenclature, International Association for Plant Taxonomy, International Committee on Systematics of Prokaryotes e International Committee on Taxonomy of Viruses. Negrito O negrito deve ser utilizado apenas para dar ênfase a algum trecho ou palavra. Sublinha Nas publicações da Revista do TCEMG, não se utiliza a sublinha como forma de grifo. 98 JUNTO A / JUNTO DE Ambas as construções estão corretas. Na maioria das vezes tem o sentido de na companhia de, com. Em outras situações, prefira usar alguma expressão ou preposição mais apropriada (CEGALLA, 2009), como em, para com, etc. Pretendeu o ex-Presidente da Câ mara Municipal, em síntese, fazer prevalecer o entendimento junto ao Tribunal de que não pode ser penalizado por irregularidade dos procedimentos relativos à compra de passagens aéreas e à ausência de publicidade das aquisições realizadas pela Câmara. Pretendeu o ex-Presidente da Câmara Municipal, em síntese, fazer prevalecer o entendimento no Tribunal de que não pode ser penalizado por irregularidade dos procedimentos relativos à compra de passagens aéreas e à ausência de publicidade das aquisições realizadas pela Câmara. LATIM Excesso de palavras e frases latinas poluem muito o texto, prejudicando sua estética e clareza. Por isso, sempre que possível, deve-se usar palavra ou expressão equivalente em português brasileiro. Assim, evita-se o risco de o autor errar a declinação4 e a ortografia das palavras latinas. MAIS BEM / MELHOR Antes de particípio, é correto escrever tanto mais bem quanto melhor (CEGALLA, 2009; COSTA, 2007), uma vez que os dicionários (AULETE, [online]; FERREIRA, 2010; HOUAISS, 2001) e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (ABL, [online]) classificam bem e melhor como advérbios. [...] a nova resolução pretendia deixar o setor mais bem estruturado. [...] a nova resolução pretendia deixar o setor melhor estruturado. Porém, deve-se utilizar somente melhor antes de particípios adjetivados que iniciem com bem. As mesmas regras, com as adaptações necessárias, se aplicam a pior e a mais mal. 4 A declinação corresponde à variação da grafia de palavras conforme gêneros, números e funções sintáticas. 99 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P MAL-EMPREGADO / MAL EMPREGADO Conforme o iDicionário Aulete [online] e Domingos Paschoal Cegalla (2009), o adjetivo que caracteriza aquilo que foi mal usado, aplicado ou resolvido é mal-empregado, grafado com hífen. Mal empregado (sem hífen) é interjeição típica do português lusitano. MESTRE / MESTRA Mestra é substantivo feminino; mestre é substantivo masculino, e não comum de dois gêneros (ABL, [online]; COSTA, 2007). MULTA-SANÇÃO (PLURAL) Na flexão de substantivos compostos, quando o segundo elemento representar a finalidade do primeiro (BECHARA, 2001; CEGALLA, 2005), apenas este é flexionável. Exemplos: 1) auxílio-maternidade auxílios-maternidade (auxílios para a mãe). 2) vale-transporte vales-transporte (vales para transporte). 3) salário-família salários-família (salários para a família). 4) ano-calendário anos-calendário (anos que servem de parâmetro para o calendário). 5) data-limite datas-limite (datas que servem de limite). Aplica-se a mesma regra a multa-sanção, pois sanção é a finalidade da multa. A forma plural correta é, pois, multas-sanção. N. / Nº Para fins de padronização dos textos da Revista, adota-se a forma n. em vez de nº. NEM Nem é conjunção aditiva que significa e não, e tampouco, dispensando, portanto, a conjunção e (COSTA, 2007). Porém, Cegalla (2009) reconhece a possibilidade de uso de e nem quando se quer dizer mas não. De qualquer forma, e nem pode ter caráter enfático. Contudo, evite tal construção em redação oficial e técnico-científica. O recorrente não concorda com o prazo e nem com o valor da multa. 100 O recorrente não concorda com o prazo Ø nem com o valor da multa. A fim de manter a clareza textual, evite dupla negação: não nem, nem tampouco, etc. [...] garantias, que emergem naturalmente de qualquer caráter contratualista ou associativo, sem não, concomitantemente, deixar de impingir-lhe deveres, obrigações, observâncias, limitações, ao exercício pleno de certas liberdades naturais e a propriedade [...]. Apesar de ser uma conjunção coordenativa aditiva, diversos estudiosos, como Piacentini (2009), abonam, por questões de estilística, o uso de vírgula antes do nem. NO SENTIDO DE / NO SENTIDO DE QUE É comum em textos jurídicos o emprego exagerado da expressão no sentido de, o que constitui um cacoete. Para não empobrecer o texto, evite o uso de no sentido de quando for dispensável e alterne a expressão, conforme o caso, com para, de, a fim de, com o objetivo de, etc. Prefira empregar a expressão apenas quando indicar direção (“[...] fica no sentido de Belo Horizonte”) (COSTA, 2007). Esta Corte de Contas já se posicionou no sentido de que é vedada a acumulação de cargos, empregos e funções públicas [...]. Esta Corte de Contas já se posicionou pela impossibilidade de acumulação de cargos, empregos e funções públicas [...]. O MESMO / A MESMA Apesar de não existir óbice na linguística cognitiva para utilizar o mesmo em vez de pronomes ― como os pessoais ele e ela, por exemplo ― (CASTILHO, 2012), a gramática normativa condena o uso dessa expressão para tal finalidade (ALMEIDA, 1981; COSTA, 2007). Alguns manuais tradicionais afirmam que o(a) mesmo(a) deve ser sempre acompanhado de substantivo. Segundo eles, mesmo é pronome adjetivo, sem valor de substantivo; portanto, não tem função de substituir ele, este, para ele, nele, dele, etc. Assim, embora haja uma (tímida) tendência de gramaticalização de o mesmo como substituto de um pronome, recomenda-se não o empregar dessa forma. Fica mantida atual competência do controle interno até que a mesma seja definida em resolução. Fica mantida atual competência do controle interno de contas até que Ø seja definida em resolução. 101 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P O(A) QUAL Na maior parte das vezes, é indiferente usar o qual ou que. Em alguns casos, o emprego de apenas um deles é possível (CEGALLA, 2009): • quando for necessário resolver ambiguidades; • depois das preposições sem e sob, usa-se o qual; • depois das preposições com duas ou mais sílabas, usa-se o qual; • depois de locução prepositiva, usa-se o qual; • depois de certos pronomes indefinidos, numerais e superlativos, em orações explicativas, usa-se o qual; • depois de preposições monossilábicas, em orações de sentido restritivo, emprega-se, de preferência, que. OBRIGADO Obrigado é palavra flexionável. Ou seja, a mulher diz obrigada, e um grupo de mulheres diz obrigadas. Se obrigado for antecedido por muito (advérbio), apenas aquele é flexionável. Exemplo: “Muito obrigados! [agradecimento de um grupo de pessoas]”. OFICIAR / OFICIALIZAR Oficiar (transitivo indireto) significa dirigir ofício a alguém, comunicar por ofício. Oficializar é verbo transitivo direto e significa tornar oficial (FERREIRA, 2010; LUFT, 1995). O controle interno oficializou ao Tribunal de Contas sobre a abertura de crédito extraordinário sem previsão orçamentária. O controle interno oficiou ao Tribunal de Contas sobre a abertura de crédito extraordinário sem previsão orçamentária. O presidente oficializou a renúncia. Consulte Regência e transitividade. 102 ONDE / AONDE Onde é pronome relativo que significa em que, referindo-se sempre a local físico. Para melhor compreensão do as sunto, faz-se necessário adentrar a doutrina, de onde se extrai a seguinte lição [...]. Para melhor compreensão do assunto, faz-se necessário adentrar a doutrina, da qual se extrai a seguinte lição [...]. A prefeitura onde foi realizada a perícia. Usa-se onde com verbos de acepção estática, que indicam permanência em algum lugar. Aonde se emprega com verbos de acepção dinâmica, indicadores de movimento, correspondendo à contração a + onde (COSTA, 2007). [...] sendo diferente das demais já estudadas, aonde não se consegue identificar, de forma isolada, a parte referente ao caráter público ou privado. Aonde o processo será encaminhado? ONDE / AONDE CABRAL (2011); MARINHO (1999) OPERACIONALIZAR Operacionalizar tem o significado de tornar operacional ou apto a operar. Entretanto, operacionalizar tem sido empregado indiscriminadamente como sinônimo de executar, fazer. Conforme o Manual de Redação da Presidência da República (BRASIL, 2002, grifo do autor): operacionalizar Neologismo verbal de que se tem abusado. Prefira realizar, fazer, executar, levar a cabo ou a efeito, pôr em obra, praticar, cumprir, desempenhar, produzir, efetuar, construir, compor, estabelecer. É da mesma família de agilizar, objetivar e outros cujo problema está antes no uso excessivo do que na forma, pois o acréscimo dos sufixos -izar e -ar é uma das possibilidades normais de criar novos verbos a partir de adjetivos (ágil + izar = agilizar; objetivo + ar = objetivar). Evite, pois, a repetição, que pode sugerir indigência vocabular ou ignorância dos recursos do idioma. 103 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P A prefeitura contratou empresa ter ceirizada para operacionalizar a folha de pagamento de pessoal. Era necessária a regulamentação do Executivo para operacionalizar aquela lei. PAGADO Trata-se de particípio do verbo pagar, mas é forma pouco usada e pode soar estranha (CEGALLA, 2009). Por isso, deve-se preferir o particípio irregular pago a pagado. PERTINENTE / PERTINÊNCIA Pertinere (do latim) deu origem ao verbo pertencer, ao adjetivo pertinente, ao substantivo pertinência. Não existe na língua portuguesa o verbo pertinir, portanto a expressão no que pertine (= no que se refere) também não tem acolhida na nossa gramática, uma vez que pertine seria 3ª pessoa do singular de um verbo que não existe no Volp nem em outro dicionário de língua portuguesa. Há outras expressões com o mesmo significado de no que se refere que podem substituí-la: no que concerne, no que diz respeito, quanto a, relativamente a. Não é correto empregar no que pertine. PONTUAÇÃO EM LISTAS Para anunciar a apresentação de elementos em lista, usam-se dois-pontos. A fim de separar os itens da lista usa-se: ponto e vírgula e iniciais minúsculas, quando o período for curto; ponto final e iniciais maiúsculas, quando o período for longo. POR UNANIMIDADE / À UNANIMIDADE É incorreta a construção à unanimidade. O correto é por unanimidade. O voto foi aprovado à unanimida de. 104 O voto foi aprovado por unanimidade. SEMÂNTICA DAS PREPOSIÇÕES BECHARA (2001); CASTILHO (2010); NEVES (2011) POR VIA DE REGRA / VIA DE REGRA Por via de regra é locução adverbial que tem a acepção de em geral, em regra. Segundo Domingos P. Cegalla (2009), via de regra é variante censurada de por via de regra. Via de regra, os contratos depen dem de um processo seletivo. Para realizar essas contratações é obrigatória, por via de regra, a instauração de licitação. POSTO QUE Trata-se de conjunção concessiva equivalente a ainda que, embora, se bem que, apesar de (BRASIL, 2011; CEGALLA, 2009; COSTA, 2004). Posto que não possui valor causal (porque, visto que) nem conclusivo (portanto, dessa forma). Constatou-se ainda controle pouco Trata-se de objetos distintos e para efetivo, posto que 25% dos conseatender às secretarias com necessilhos não têm as suas ações fiscalizadas por instância distinta da que o administra [...]. dades também distintas; posto que não há como somar as despesas realizadas com cartazes e ingressos com os blocos de notas fiscais para a tesouraria. Constatou-se ainda controle pouco efetivo, uma vez que 25% dos conselhos não têm as suas ações fiscalizadas por instância distinta da que o administra [...]. Trata-se de objetos distintos e para atender às secretarias com necessidades também distintas; portanto não há como somar as despesas realizadas com cartazes e ingressos com os blocos de notas fiscais para a tesouraria. PRECISAR Precisar é verbo transitivo direto ou indireto. No Brasil, o mais comum é usar a preposição quando o complemento verbal é um substantivo ou pronome e omiti-la quando o complemento for um verbo no infinitivo. Eu preciso de estudar. Eu preciso estudar. 105 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P PROCEDER Proceder, na acepção de realizar, executar, levar a efeito é transitivo indireto, o que significa que ele sempre se liga ao seu complemento por meio de uma preposição (quem realiza algo, procede a alguma coisa) (FERNANDES, 2005b; LUFT, 1995). No sentido de comportar-se, proceder é intransitivo. Depois de protocolizada a denún cia, o conselheiro determinou que o órgão técnico procedesse Øa inspeção in loco. Depois de protocolizada a denúncia, o conselheiro determinou que o órgão técnico procedesse à inspeção in loco. Ao licitante foi solicitado que saísse da sala por proceder inadequadamente. Consulte Regência e transitividade. PRONOME “SE” + INFINITIVO Deve-se evitar o uso da partícula indeterminadora do sujeito “se” quando seguida de verbo no infinitivo (ALMEIDA, 1981; COSTA, 2007). É necessário se discutir o impacto dessa “nova modalidade” de licitação [...]. É necessário Ø discutir o impacto dessa “nova modalidade” de licitação [...]. PROPOR-SE (FAZER ALGUMA COISA) Propor-se, com o sentido de ter em vista, visar, intentar, é verbo pronominal. (FERNANDES, 2005b). É frequente o emprego da preposição a antes do infinitivo. Na dúvida, recomendase a sintaxe propor-se + infinitivo, sem a preposição a. O Tribunal de Contas propõese a ser uma instituição de referência. O Tribunal de Contas propõese Ø ser uma instituição de referência. Consulte Regência e transitividade. 106 PROTOCOLAR / PROTOCOLIZAR As duas formas têm o sentido de registrar no protocolo e são igualmente corretas. Protocolar é uma simplificação brasileira do verbo original protocolizar, formado pelo adjetivo protocolar + sufixo izar, que indica ação. QUALQUER O pronome qualquer não possui valor negativo. O étimo desse pronome corresponde a qual quer, indicando o que quiser, ou o que quer que seja. Usar qualquer com a significação de nenhum é um estrangeirismo sintático e pode gerar ambiguidade por se desviar do sentido original. No entanto, Domingos Paschoal Cegalla (2009, p. 331) entende “que não se deve condenar o emprego de qualquer nesta acepção, tão generalizado está”. A Lei Municipal [...] criou o Ipsem, sem qualquer cálculo atuarial na gestão do Prefeito [...], e regulamentou os gastos com saúde. A Lei Municipal [...] criou o Ipsem, sem nenhum cálculo atuarial na gestão do Prefeito [...], e regulamentou os gastos com saúde. QUANTO ANTES / O QUANTO ANTES A expressão correta é quanto antes, sem o artigo o. Por se tratar de locução adverbial, é descabido o uso de artigo para antecedê-la (CEGALLA, 2009; COSTA, 2007). Termine o serviço o quanto antes. Termine o serviço quanto antes. “QUE” — PRONOME RELATIVO “Que” é pronome relativo quando pode ser substituído por o qual, a qual, os quais, as quais. O emprego desse pronome em orações adjetivas restritivas — sem marcação de vírgulas — e adjetivas explicativas — entre vírgulas — normalmente gera dúvidas. Enquanto as orações subordinadas adjetivas explicativas dão informações adicionais sobre a oração principal, as restritivas delimitam o entendimento desta. 107 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P Os analistas do tribunal Ø que são contadores não concordaram com balanço financeiro apresentado. [oração sub. adj. restritiva — No tribunal há analistas que são contadores e outros que não são; porém, aqueles que são contadores não concordaram com o balanço] Os analistas do tribunal, que são contadores, não concordaram com balanço financeiro apresentado. [oração sub. adj. explicativa — No tribunal há técnicos, todos são contadores e não concordam com o balanço] A presidente Ø Adriene Andrade Ø nomeou mais um servidor aprovado em concurso. [nesse caso, há mais de uma presidente e foi a presidente Adriene quem nomeou o servidor] A presidente, Adriene Andrade, nomeou mais um servidor aprovado em concurso. [nesse caso, há apenas uma presidente, a Adriene Andrade] Ao empregar os pronomes relativos deve-se observar a regência do verbo, a concordância e outros aspectos sintáticos para não incorrer em erros que comprometam o entendimento. No Brasil, a propriedade da terra sofreu uma série de limitações baseadas na fun ção social que deve observar, sobretudo a partir da constituição de 1988. Que retoma termo da oração anterior (função social): “A função social deve observar”. Com a omissão do objeto direto do verbo observar, verifica-se que a oração fica truncada, pois é a função social (sujeito passivo) que deve ser observada por alguém. No Brasil, a propriedade da terra sofreu uma série de limitações basea- das na função social que deve observar, sobretudo a partir da Constituição de 1988. 108 No Brasil, a propriedade da terra sofreu uma série de limitações baseadas na função social que se deve observar, sobretudo a partir da Constituição de 1988. “QUEÍSMO” Queísmo é o nome que se dá para um problema estilístico muito comum em textos jurídicos e consiste no uso indiscriminado e repetitivo do que. No caso de repetição inútil de de que, diz-se dequeísmo. QUEM / QUE — PRONOME RELATIVO O pronome invariável quem só pode referir-se a pessoas ou coisas personificadas e vem sempre precedido de preposição, exceto em frases interrogativas; que pode, indiferentemente, referir-se a pessoas ou coisas. Ambos funcionam como pronomes substantivos. Sucede que o controle dos excessi vos gastos [...] interessa à sociedade como um todo, pois, em caso de insuficiência de recursos, será ela quem arcará com os custos [...]. Os funcionários de quem falamos são estes. Os servidores de que precisamos apareceram. O funcionário a quem atribuímos a tarefa foi afastado do cargo. QUITE (PARTICÍPIO PASSADO DO VERBO QUITAR) Concorda no singular ou plural com a palavra modificada (CEGALLA, 2009). A palavra quite é muitas vezes tomada como invariável, erro muito frequente. Estamos quites com a justiça fede ral. Estou quite com a justiça federal. QUORUM / QUÓRUM Quorum indica o número de pessoas que deve comparecer às assembleias para que estas possam validamente deliberar. O Volp (ABL, [online]) registra a palavra apenas como estrangeira (latina), portanto sem acento gráfico. No entanto, os dicionários Caldas Aulete [online], Aurélio Ferreirs (2010), e Houaiss (2001) registram ambas as grafias (quorum e quórum). Assim, não há por que censurar o uso de nenhuma das formas. Contudo, deve-se atentar para o uso correto do grifo (preferencialmente itálico): quando grafado com acento, quórum é palavra do português brasileiro e não recebe grifo de palavra estrangeira; quando grafado sem acento, quorum é palavra estrangeira e, logo, deve ser grifada. 109 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P QUOTA/COTA As duas formas são corretas e consideradas sinônimas. Têm o sentido de determinada porção, quinhão, nota de apontamento de pequena extensão nos autos de um processo. Nos textos de lei, observa-se uma tendência a se usar quota com significado de quinhão e cota com o significado de nota concisa. Porém, tal diferenciação não está registrada em nenhuns dos principais dicionários da língua portuguesa nem de conceitos jurídicos (AULETE, [online]; FERREIRA, 2010; DINIZ apud COSTA, 2007; HOUAISS, 2001). REGÊNCIA E TRANSITIVIDADE Devido à grande extensão do tema, sugere-se consultar as principais obras e dicionários sobre o assunto. REGÊNCIA VERBAL FERNANDES (2005b); LUFT (1995) REGÊNCIA NOMINAL FERNANDES (2005a); LUFT (1992) TRANSITIVIDADE VERBAL AULETE [online]; AURÉLIO (2010); BRITO; AGRA (2008); HOUAISS (2001); KASPARY (2010) RESSALTE-SE Tem havido incorreções frequentes no emprego da forma verbal ressalte-se e de outras similares, como: destaque-se, sublinhe-se, saliente-se, releve-se — formas reduzidas de orações com o sentido de: cabe ressaltar, é importante destacar, cumpre salientar, impende registrar, é relevante distinguir. São predicados de orações cujo sujeito é a oração seguinte geralmente iniciada pela conjunção integrante que. Ressalte-se é o mesmo que é necessário que se ressalte e não que se ressalta. O verbo, nesse caso, deve ser usado no imperativo (modo verbal que expressa uma ordem, recomendação, convite, conselho, pedido). Atente-se que, nas formas de imperativo dos verbos da 1ª conjugação, a vogal temática a muda para e, pois são originadas do presente do subjuntivo. Ressalta-se que, uma vez deferido o abono, vincula-se ao cargo efetivo que lhe deu origem. 110 Ressalte-se que, uma vez deferido o abono, vincula-se ao cargo efetivo que lhe deu origem. RESTAR Restar não é sinônimo de ficar, estar, ser; sua acepção está relacionada com subsistir como resto e sobrar (AULETE, [online]; COSTA, 2007; KASPARY, 2010). Essa confusão é muito comum nos textos jurídicos. Por se tratar de transição, restaram consignadas, na petição, as falhas de instrução da tomada de contas especial. Por se tratar de transição, foram consignadas, na petição, as falhas de instrução da tomada de contas especial. RESULTAR Há diferenças sutis de significado para o verbo resultar conforme a regência utilizada. Quando significa ser a consequência, o efeito natural, a conclusão lógica, nascer, provir, proceder, dimanar, resultar é transitivo indireto (exige a preposição de). Também é transitivo indireto (exige a preposição em) quando tem a acepção de tornar-se, reverter, redundar. As vantagens pecuniárias que deviam resultar da distribuição de um produto não ocorreram. Isso resulta em dano do Estado. A perfeição espiritual é a que resulta de todos os nossos atos. Palavras que sem nenhum custo, às vezes, resultam em grande proveito. Com a acepção de dar resultado, seguir-se, originar-se, resultar é transitivo direto e indireto. A denúncia contra o prefeito foi convertida em processo administrativo e desse fato lhe resultaram prejuízos políticos naquela eleição. No sentido de vir a ser em resultado, resultar tem a natureza de verbo de ligação (resultar + predicativo). “Os esforços resultaram improfícuos.” (Esse emprego, próprio do castelhano não é abonado por alguns gramáticos, mas é acolhido por outros como empréstimo já consagrado). “A diligência resultou inútil.” (A liberdade para tal emprego é, portanto, admitida pela corrente mais moderna). Consulte Regência e transitividade. 111 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P SENDO QUE Conforme Almeida (1981), sendo que é locução conjuntiva causal (equivalente a desde que, porquanto, porque, uma vez que, visto que), e esse é o seu único emprego correto. Trata-se de erro qualquer outro uso da expressão sendo que; não se deve utilizá-la para exprimir a ideia de adição (e) ou oposição (mas). Nesses casos, recomenda-se a correção de sendo que pela conjunção adequada, sua supressão ou a colocação de ponto final ou ponto e vírgula. Destaque-se que Cegalla (2009), sem apontar exceções, recomenda evitar o uso de sendo que para unir orações. O advogado contentou-se com o provimento parcial do recurso, sendo que preferiria a reforma integral da decisão. O advogado contentou-se com o provimento parcial do recurso, mas preferiria a reforma integral da decisão. Afasto a irregularidade apontada pelo órgão técnico, pois se refere à falha meramente formal, sendo que os conteúdos dos atos atingiram a finalidade. SER (OMISSÃO) Nos textos jurídicos, é frequente a supressão do verbo de ligação (ser) que deve compor o predicado das orações, termo indispensável para a conexão do qualificativo ao qualificado. Contudo, mister ressaltar que o jul- Por isso, cabível a conversão de ofí gador cio da ação cautelar em ação ordinánão está adstrito aos fatos. ria. Contudo, é mister ressaltar que o julgador não está adstrito aos fatos. Por isso, é cabível a conversão de ofício da ação cautelar em ação ordinária. SOB O PONTO DE VISTA Sob é um prefixo que indica posição de uma coisa inferior à outra (ex.: sobpor). Sob o ponto de vista é expressão equivocada. O correto é do ponto de vista (CEGALLA, 2009). Sob o ponto de vista metodológi co, a ciência jurídica também pode limitar subjetivismos aleatórios nessa questão. 112 Do ponto de vista metodológico, a ciência jurídica também pode limitar subjetivismos aleatórios nessa questão. SOBRESTAR Quanto à conjugação, flexiona-se como o verbo estar, do qual é derivado. Significa suspender, sustar. Exemplo: “Depois que o STF sobrestou o julgamento dos recursos [...]”. Quanto à regência, pode ser empregado como transitivo direto (pode aparecer com sujeito na voz passiva) ou indireto precedido da preposição em. Poderá o relator determinar que seja sobrestado o processo. Sobresteve em assinar a petição (abster-se). SOER Na terceira pessoa do presente do indicativo, escreve-se sói, e não soe. Diz-se que algo sói acontecer quando sua ocorrência é comum. Pode-se empregar o verbo como sinônimo de costumar (algo costuma/sói acontecer; alguém costuma/sói apresentar bons trabalhos). STRICTO SENSU Stricto sensu é a grafia correta dessa expressão latina; o antônimo é lato sensu. “SUJEITO PREPOSICIONADO” Segundo a gramática tradicional, não se deve fazer contração de preposição com parte do sujeito. Perfilha esse entendimento o Manual de Redação da Presidência da República (2002), o Manual de Redação do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (BRASIL, 2011). Observa-se, porém, que há uma forte tendência de gramaticalização do “sujeito preposicionado” (BECHARA, 2001; CEGALLA, 2009; NEVES, 2003;). Conforme, Maria Helena de Moura Neves (2003), a preposição ‘de’ rege a oração infinitiva inteira, não apenas o sujeito. Além disso, é muito mais natural a seqüência fonética obtida com as contrações da preposição ‘de’ com a vogal inicial do adjunto (do, da, deste, dele) do que sequências como ‘de o, de a, de este, de ele’. Interessante também é a conclusão de José Maria da Costa (2007, p. 420): “não se trata, no entanto, convém frisar, de uma questão de certo ou errado, mas, acima de tudo, é um problema de maior ou menor gabarito da expressão escrita.” 113 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P Assim, em redação não oficial, não há motivo para censurar essa construção do sujeito. As orações “existe possibilidade de ele recorrer” e “existe possibilidade dele recorrer” estão igualmente corretas. Mas, em redação oficial, deve-se sempre optar pela não contração do sujeito (de ele recorrer). SUPERAVIT / DEFICIT / DÉFICE O vocábulo superávit (forma aportuguesada), não pertence ao léxico conforme o Volp (ABL, [online]). Saliente-se que o antônimo (deficit) foi incorporado ao léxico na forma défice. Ressalte-se que dicionários de renome (AULETE, [online]; FERREIRA, 2010; HOUAISS, 2001) trazem déficit e superávit como formas aportuguesadas. Deficit e superavit (sem acento gráfico) são expressões latinas e, portanto, devem ser escritas com grifo, de preferência o itálico. A revisão da Revista do TCEMG, para fins de padronização, adota apenas as formas previstas no Volp: deficit, superavit e défice. TRATAR-SE (DE) / TRATAR DE O verbo tratar pode ter sujeito. Todavia, pode-se indeterminar o sujeito empregando o verbo na terceira pessoa do singular e o pronome se (índice de indeterminação). Tratam-se os autos de processo de pagamento de verba indenizatória a vereadores. O relator, neste processo, trata de pagamento de verba indenizatória a vereadores. [voz ativa] Este parecer em consulta trata de pagamento de verba indenizatória a vereadores. [voz ativa] administrativo disciplinar. Tratam os autos de processo administrativo disciplinar. [voz ativa] Este parecer em consulta trata-se 114 Trata-se de processo disciplinar [...]. [sujeito indeterminado] Nos exemplos o verbo está na voz ativa regendo objeto indireto e o pronome se é índice de indeterminação do sujeito. Nesses casos, o verbo tratar concorda obrigatoriamente na terceira pessoa do singular, mesmo que o termo ou expressão seguinte esteja no plural (CEGALLA, 2009). VERBOS ABUNDANTES Abundantes são os verbos que admitem mais de uma forma de conjugação. É muito comum a abundância de particípios, tais como: Aceitado e aceito; acendido e aceso; concluído e concluso; elegido e eleito; emergido e emerso; entregado e entregue; expressado e expresso; exprimido e expresso; extinguido e extinto; expulsado e expulso; findado e findo; imprimido e impresso; limpado e limpo; matado e morto; morrido e morto; omitido e omisso; prendido e preso; rompido e roto; salvado e salvo; segurado e seguro; suprimido e supresso; suspendido e suspenso. O particípio terminado em [-ado] ou em [-ido], denominado de particípio regular, é empregado na voz ativa quando precedido do verbo auxiliar “ter” ou “haver”. O particípio não terminado em [-ado] ou em [-ido], denominado de particípio irregular, é empregado na voz passiva com os verbos auxiliares “ser” ou “estar”. Os particípios regulares são invariáveis. autos tinham sido entregados aoOsgabinete do conselheiro. Os autos tinham sido entregues ao gabinete do conselheiro. VERBOS EM COORDENAÇÃO COM REGÊNCIAS DIFERENTES Normativistas condenam construções que dão um complemento comum a verbos de regências diferentes. Conforme Cegalla (2009, p. 93, grifo nosso), gramáticos puristas condenam [...] [tais construções]. A nós parece perfeitamente possível essa sintaxe, desde que não comprometa a clareza da frase e lhe transmita mais vigor. Cabe ao STF cuidar e proteger o texto constitucional [...]. Cabe ao STF cuidar do texto constitucional bem como protegê-lo [...]. 115 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P VEZ QUE / DE VEZ QUE A expressão vez que ou de vez que não é registrada em nenhuns dos principais dicionários da língua portuguesa. Nesse caso, deve-se empregar uma vez que, porque, porquanto (COSTA, 2007). VISAR O verbo visar pode ser transitivo direto (sem preposição) ou transitivo indireto (com preposição). Quando significa apor visto e mirar, é transitivo direto. O consulado já visou o passaporte. [dar visto] O policial visou o alvo e atirou. [mirar] Quando significa desejar, almejar, pretender, ter em vista, visar é transitivo indireto e exige a preposição a. Se estiver seguido por um infinitivo, a preposição a pode ser omitida. Saliente-se que a transitividade de visar tem passado por um processo de gramaticalização. Conforme Ferreira (2010), Costa (2007) e Luft (1995), visar, com a acepção de ter em vista, objetivar, pode ser tanto transitivo direto quanto indireto. Contudo, em textos oficiais, recomenda-se empregar as regências eruditas, em consonância com o Manual de Redação Presidência da República (BRASIL, 2002). A defendente mostra-se receptiva às sugestões e orientações emanadas das análises deste órgão técnico e do MP, promovendo alterações visando Ø o aprimoramento do edital de licitação. A defendente mostra-se receptiva às sugestões e orientações emanadas das análises deste órgão técnico e do MP, promovendo alterações visando ao aprimoramento do edital de licitação. Evite o uso no gerúndio (visando e objetivando) no lugar da preposição para. Consulte Regência e transitividade. 116 Vossa Excelência Vossa Excelência é pronome de tratamento utilizado para se dirigir a: presidente da República; vice-presidente da República; ministros de Estado; governadores e vicegovernadores de Estado e do Distrito Federal. Vossa Excelência (V. Exa.), assim como todos os outros pronomes de tratamento, leva o verbo da oração para a terceira pessoa. Exemplos: “Vossa Excelência não sabe o que diz.” “Vossas Excelências estão de acordo?” De acordo com o Manual de Redação da Presidência da República (2002), é de uso consagrado: Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: a) do Poder Executivo: Presidente da República; Vice-Presidente da República; Ministros de Estado; Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal; Oficiais-Generais das Forças Armadas; Embaixadores; Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial; Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Prefeitos Municipais. b) do Poder Legislativo: Deputados Federais e Senadores; Ministros do Tribunal de Contas da União; Deputados Estaduais e Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. 117 P ADRONIZAÇÃO E GRAMÁTICA P c) do Poder Judiciário: Ministros dos Tribunais Superiores; Membros de Tribunais; Juízes; Auditores da Justiça Militar. O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador. Voz passiva (excesso) Por inverter a ordem natural das orações, o uso de várias orações na voz passiva num mesmo período pode prejudicar a clareza e estética textuais bem como tornar o texto prolixo. Sempre que possível, em conformidade com a concisão textual, prefira o uso da voz ativa. Destaque-se, ainda, que uma das consequências semânticas de apassivar uma oração é dar maior ênfase ao objeto, promovendo-o a sujeito, e reduzir a expressividade do sujeito da voz ativa, transformando-o em agente da passiva. 118 Glossário G LOSSÁRIO G Artigo científico Parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento. Artigo de revisão Parte de uma publicação que resume, analisa e discute informações já publicadas. Artigo original Parte de uma publicação que apresenta temas ou abordagens originais. Avaliação prévia Procedimento realizado por qualquer editor-gerente para verificar se os critérios básicos de classificação de texto de caráter técnico-científico e a linha editorial da Revista foram observados pelo autor. Boneca Projeto gráfico, em forma de brochura de uma publicação, usado para demonstrar como esse se apresentará quando impressa. Consenso Reunião de revisores para deliberar sobre as marcações polêmicas e/ou sobre assuntos da revisão de textos. Copidesque Trabalho editorial que o revisor faz ao propor mudanças e aperfeiçoamentos num texto, tendo em vista a clareza e o ajuste aos critérios editoriais. Corpus (pl. corpora) Coleção de textos da língua efetivamente em uso coligidos em livros, periódicos, documentos de todo tipo. Diretoria da Revista Órgão do TCEMG responsável pelo conteúdo da Revista. 120 Editor-chefe Gerente editorial responsável pelo processo de editoração da revista. Gramaticalização De forma simplificada, trata-se do processo de incorporação de um elemento à gramática. Lexicalização Corresponde ao processo que leva à incorporação de uma palavra ao léxico. Metáfora do canal A metáfora do canal é uma rede de metáforas muito sistemáticas no pensamento, formada por toda uma rede de metáforas conceituais. Paper Artigo publicado em periódico científico. Semanticização É o processo por qual passa um vocábulo para que adquira uma nova acepção. Verbo-suporte Grosso modo, trata-se de um verbo que ameniza ou perde seu valor semântico, variando sua significação de acordo com o nome que o acompanha. Ex.: “dar um tiro” é verbo-suporte com o significado de “atirar”. Zero (Ø) O zero, em linguística, corresponde a um elemento necessário na análise, mas que não é pronunciado. Em outras palavras, quando faltar um termo que, em certa situação, a teoria determine ser essencial, o zero será o marcador de sua ausência. 121 G LOSSÁRIO G 122 Referências REFERÊNCIAS R ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. [Volp-online]. Disponível em: <www.abl.org.br>. Acesso em: 29 abr. 2013. ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA. Aprova acordo para unificar a ortografia dos países de língua portuguesa. Lisboa, 16 dez. 1990. Texto original do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Lisboa, 14-16 dez. 1990. 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