Problemas, Presença de Deus e Oração - Mike Wells

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Ao Deus dos fracos
Prefácio
Quando meu amigo Michael Wells me enviou o manuscrito deste livro com uma nota perguntando
se eu escreveria o prefácio, eu acabara de ler seu livro anterior, Perdido no Deserto.
Muitos cristãos foram enganados pela idéia de que se não pensarem no diabo, ele irá embora e
não os perturbará. Eu mesmo cri nessa teoria por muito tempo, até que percebi que o diabo tenta pegar
os cristãos de um jeito ou de outro. Problemas, Presença de Deus e Oração é um livro que pode ajudar
aqueles que tentaram adotar essa falsa teoria para suas vidas.
A mensagem deste livro soa alta e clara, e é esta: tome cuidado, cristão, o diabo o persegue; ele
quer vê-lo derrotado e destronado dos lugares celestes em Cristo Jesus, nos quais você foi colocado pela
graça de Deus... e quando isso acontece, você não pode se esconder atrás de uma teologia de segurança
eterna, mas tem de se esconder atrás de I João 1.9, "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e
justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.". Mike Wells levou essa mensagem
ao redor do mundo através de seus escritos e visitas pessoais.
Mike é uma pessoa especial cujo método de comunicação cristã é único. É um método que
missiólogos e teólogos predicaram em seus livros e salas de aulas, um método que missionários em terras
estrangeiras tentaram por anos, mas ao qual eles não conseguiam aderir sem reservas. É um método que
pode revolucionar as missões modernas e trazê-las de volta ao estilo original de Jesus de Nazaré. Chamase amizade.
Que ferramenta maravilhosa e sagrada é essa para o evangelismo, e como Mike Wells a tem
personificado através de sua vida e ministério ao cultivar amizades simples e genuínas!
Mike tocou figurões religiosos, jovens rebeldes, alcoólatras e agnósticos da mesma maneira, com
uma habilidade concedida por Deus para olhar para o potencial além de um antagonismo contra o
Cristianismo, e ver o valor de uma alma que precisa de Cristo. Vi-o deixar de lado a tentação de uma tirada
fácil e a ambição mesquinha de se tornar um figurão; ele é um servo e um amigo, não um patrão. Ele não
tem um mestre de cerimônias contratado para dizer "E a-a-a-q-u-i está Mike" antes de falar.
Atualmente a adoração ao sucesso tem enganado muitos cristãos. Muitos cristãos estão
desapercebidos das complexidades do trabalho do demônio entre eles, talvez porque imaginem o trabalho
do demônio em bares e becos sujos mas não em lugares agradáveis como igrejas e organizações cristãs.
Quão errados temos estado. E se formos aplicar o padrão de sucesso do mundo a Jesus e a Seu ministério
terreno, Ele foi um fracasso colossal e um desperdício total. Quem teria pensado que uma execução
vergonhosa numa cruz romana, enquanto amigos e família observavam impotentes, fosse um sucesso?
Mas Deus estava trabalhando lá mesmo, começando a vitória final sobre o esquema do diabo, ainda
quando o mundo escarnecia dEle.
Há muitas vozes pedindo nossa atenção, com um apelo para escrevermos, ou ainda mais
telefonarmos, com o cartão de crédito a postos, como um caminho rápido para o sucesso. Mesmo alguns
propagandistas cristãos usam essa técnica para alcançar seus objetivos de sucesso e fama própria.
Visibilidade é a palavra chave. "Alcançar o mundo para Cristo" é a desculpa, tudo em nome de Jesus, para
quem a visibilidade significou ser pendurado numa cruz.
Que campo fértil para o demônio e seus anjos - sim, eu disse anjos, desviarem os cristãos de seu
caminho. Problemas, Presença de Deus e Oração analisa esse paradoxo do sucesso e mostra o que
significa ser realmente bem-sucedido. Este livro pode ajudar leitores a examinarem os mais íntimos
recantos de seus próprios corações com honestidade, discernimento psicológico, e autoridade bíblica.
Durante meu ministério com a Associação Evangelística Büly Graham, tive o privilégio de encontrar
muitos servos genuínos de Deus em todo o mundo. Mike Wells é um deles. Encontrei-o no começo dos
anos oitenta, durante uma de minhas visitas a Denver para uma reunião especial representando Billy
Graham e as Conferências Mundiais de Amsterdam. Durante uma sessão não planejada com Mike,
impressionou-me seu discernimento das Escrituras e sua compreensão da natureza cristã e das tentativas
do diabo para derrotar os cristãos. Nosso amor e respeito um pelo outro cresceu durante todos esses anos
através de responsabilidades em comum, amigos, e parcerias no ministério.
Você é um cristão derrotado sob ameaça do inimigo e precisando de ajuda? Você está ofendido e
bravo por causa de um relacionamento destruído? Quer se libertar completamente da servidão que o
inimigo possa ter trazido sobre sua vida e experimentar a alegria de uma vida cristã vitoriosa? Se isso é o
que você deseja, recomendo que leia Problemas, Presença de Deus e Oração.
Dr. V. Samuel Jones
Associação Evangelística Billy Graham
Introdução
Antes de tornar-me cristão, não estava particularmente surpreso com as circunstâncias caóticas
de minha vida. Aquilo parecia ser a vida mesmo. Todos ao meu redor estavam passando pelas mesmas
coisas. Entretanto, ouvi, de amigos cristãos, uma mensagem de esperança. Eles diziam que a causa dos
meus problemas era simples: “Você não conhece a Deus; portanto, é como um homem que,
constantemente, tenta nadar contra a corrente, num rio sem compaixão." A solução deles era igualmente
simples: "Convide a Cristo para entrar em seu coração e tenha vida abundante, livre de preocupação,
medo, e mesmo calamidades." Os que me testemunharam do amor de Jesus e seu poder salvador
deixaram-me bem claro que eu seria tirado daquela vida de vazio e embate que levava.
Isso foi muitos anos atrás, e para ser perfeitamente honesto, minha vida melhorou bastante desde
que me tornei cristão. Entretanto, não tem sido, e não é agora, livre de conturbação, derrota, horas de
solidão, ou mesmo tragédia. Ou seja, ainda experimento problemas. Aprendi também que essa condição
não é somente minha. Freqüentemente discípulos cristãos que estão no meio de caos familiar,
escravizados por pecados que pensaram ter deixado para trás havia longo tempo, sob tremenda pressão
financeira, pensando em divórcio, ou sentindo que não conseguem encontrar a Deus, segundo eles
próprios, suas vidas são tudo, menos abundantes.
Qual a razão para os cristãos estarem em tal dificuldade? Que se pode dizer em seu favor? Esperase que nada disso aconteça àqueles que seguem a Deus, não é? Aceitamos a Jesus como nossa própria
vida; como pode ser? Que bem pode vir de tais dificuldades? Há algum jeito de explicar razoavelmente
nossas entradas e saídas abruptas da agitação? Poderia ser que a mão de Deus estivesse de algum modo
por trás de tudo que nos perturba e deixa perplexos? Se apenas pudéssemos nos assegurar de que Deus
está envolvido em nossos desapontamentos como parte de Seu plano e que não somos apenas
controlados pelo ambiente mundial, então talvez pudéssemos ser encorajados em meio a nossos
problemas.
A promessa é de que podemos nos animar, de que há um propósito celeste para todos os nossos
problemas! Vendo a maravilha, sabedoria e simplicidade disso, nós nos alegraremos de que Deus nos
tenha abençoado com problemas. Há um fim divino planejado para cada dificuldade. Quando esse fim se
concretizar, poderemos aprender a apreciar épocas em que as esperanças são destroçadas e são grandes
as frustrações.
Parte 1
Problemas com um propósito
Capítulo 1
Os Problemas São Normais?
O que é a vida cristã normal? É uma vida que inclui lutas, problemas, e acontecimentos que
parecem combater a alegria que nos dizem encontrarmos em Cristo? É normal ter problemas vindos de
desejos tão naturais como comida ou sexo, ou lutar com pensamentos descontrolados ou falta de
disciplina? É comum ser assoberbado por conturbações emocionais, feridas do passado, lembranças de
fracassos, sentimentos de inferioridade e insegurança, e mesmo o medo de ser rejeitado por Deus? Não
é incomum lutar com finanças, saúde, um companheiro de quarto incômodo, colega ou parente? Todas
essas são questões vexatórias por duas razões essenciais. Primeiro, lutávamos normalmente com tais
coisas antes de virmos a Cristo, e como poderíamos ter imaginado tal luta uma vez que estamos nEle?
Segundo, muitos autores, palestrantes e líderes cristãos insinuaram que esse tipo de experiência não é
parte da vida cristã normal, porém revela, antes, as deficiências de uma fé abaixo do padrão.
Quando tentamos entender as inadequações de nossas vidas, podemos ouvir os testemunhos de
cristãos vitoriosos que raramente mencionam qualquer experiência perturbadora depois de sua conversão.
A vida desses cristãos parece geralmente ter sido de vitória, louvor, e poder avassalador! Geralmente
muitos de nós, com o passar do tempo, acabamos aceitando o fato de que somos cristãos muito anormais:
fracos, não conseguindo permanecer onde deveríamos, e sem a habilidade, inteligência, e disciplina para
vivermos a vida de vitória completa como definida pelas experiências de certos irmãos.
Aqueles que têm problemas, entretanto têm de tomar coragem, porque o que descobri em minha
caminhada com o Senhor e interação com seu povo é que, notavelmente, problemas são um elemento
natural da vida do cristão. A vida cristã normal não deixa de ter lutas, nem é livre de fracassos, nem é uma
vida de picos emocionais constantes. Pelo contrário, essa vida é cheia de adversidade, mas adversidade
com propósito.
Veja o que o apóstolo Paulo disse em I Co 4.9-13: "Porque tenho para mim que Deus a nós,
apóstolos, nos pôs por últimos, condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, tanto a anjos
como a homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, (...) fracos, (...) desprezíveis. Até a presente hora
padecemos fome e sede; estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos
afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos; somos injuriados, e bendizemos; somos
perseguidos, e o suportamos; somos difamados, e exortamos; até apresente somos considerados como o
refugo do mundo, e como a escória de tudo."
Essa não é uma passagem popular entre o povo da prosperidade, mas Paulo reitera seu ponto de vista,
escrevendo aos Coríntios novamente: "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexas, mas
não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre
no corpo o morrer de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossos corpos..." (II Cor.
4.8-10).
O que é, então, a vida cristã normal? Será freqüentemente uma vida cheia de problemas. Uma
vez que entendamos que fatos, pessoas, saúde e circunstâncias adversas têm um propósito em nossas
vidas, poderemos nos submeter à mão de Deus nelas. Problemas são normais!
Muitas vezes os desconfortos na vida dos cristãos vêm nem tanto dos problemas, quanto de seu
contínuo auto-exame. Eles imaginam o que estará errado com eles para que Deus permita tais coisas
acontecerem. A Escritura está repleta de inferências de que vamos sofrer; hoje, entretanto, esse aspecto
da vida cristã comum é freqüentemente ignorado, impedindo muitos de substituírem seu desânimo por
coragem.
Deixe-me ilustrar. Quando minha esposa e eu estávamos esperando nosso primeiro filho,
entramos para um curso de pais, onde se apresentou o que minha esposa e eu experimentaríamos durante
o processo do nascimento, a terminologia que o médico usaria, e como minha esposa poderia lidar mais
efetivamente com a dor, através de uma série de exercícios de respiração. O hospital estava cheio de
pacientes na noite do nascimento de nosso bebê, portanto, tínhamos apenas uma divisória de tecido entre
nós e uma jovem ao nosso lado. À medida que passávamos pela experiência, minha mulher praticava as
técnicas de respiração e ambos escutávamos atentamente cada palavra da enfermeira e do médico. Ela
pode confirmar que toda a preparação não a livrou da dor, mas teve um efeito calmante sobre nós, ao nos
familiarizar com o que provavelmente aconteceria. Entretanto, a jovem ao nosso lado gritou durante todo
o parto, porque ninguém lhe dissera o que esperar. O que considerávamos normal ela cria fazer-lhe mal.
Qualquer cristão em amadurecimento está continuamente dando à luz uma vida espiritual mais
profunda. Aqueles que entenderem o lugar da dor descansarão, sabendo que o resultado será algo
glorioso. Os desinformados sobre a necessidade dos problemas na vida para aperfeiçoá-los
freqüentemente passarão a vida gritando, tentando imaginar o que acontece, e reclamando da pessoa ou
pessoas que colocaram em tal condição. Falta-lhes uma expectativa alegre do que virá, depois que a dor
tiver, há muito, se ido.
Muito se fala, nos círculos cristãos sobre frutificação. Muitos sinceramente desejam frutificar,
demonstrando pertencer ao Pai no céu. Há um aspecto na frutificação, entretanto, que muitas vezes é
ignorado: pode causar muito desconforto, mesmo dor.
Tenho uma macieira em meu quintal. O tempo em nossa região neste último ano foi
excepcionalmente favorável para árvores frutíferas. A árvore ficou tão carregada de frutas que seu tronco
chegou a ficar a vinte centímetros do chão. Se eu não tivesse cuidado dos galhos que estavam a ponto de
se quebrar, a árvore teria sido seriamente danificada. A macieira sofreu para dar frutos úteis a outros.
Quase morreu para dar vida. O fruto espiritual não é para nosso beneficio, mas para o benefício das
pessoas ao nosso redor. Como a árvore, quanto mais fruto dermos, mais o Senhor nos terá em estado de
tensão.
A dor é normal para o cristão frutífero, e também o é um período de inverno, que vem logo após a
estação de frutificação. Durante o inverno parece que a árvore não tem vida alguma. Sua força vital está
escondida na parte mais profunda do ser da árvore - as raízes. Lá ficará durante meses, fortalecendo-se
para o que se revelará na primavera seguinte.
Tão poucos cristãos aprenderam a desfrutar do inverno, quando não há sentimentos, frutos,
grandes expressões de vida, mas antes o trabalho silencioso e oculto de Deus na parte mais profunda do
ser humano: o espírito! Inverno é normal. Tempos de dor são normais. Sequidão é normal. Adversidade é
normal. Todos são necessários para liberar a vida que o cristão tem oculta dentro de si - a vida de Cristo.
À medida que nos submetemos ávida cristã normal e vemos, no meio dos problemas, a mão de
Deus treinando, direcionando, e liberando a vida de Cristo, aprendemos alguns dos mais profundos
segredos possíveis. Muito do que nunca podemos entender, lendo sobre as vidas de grandes cristãos
como Paulo, tornará real em nossas próprias experiências.
Eu, pessoalmente, não conseguia compreender a afirmação de Paulo, "somos injuriados, e
bendizemos". Era algo que memorizara então minha mente o possuía; mas a verdade nunca fizera a
jornada de quarenta e cinco centímetros da minha mente para o meu coração, até o dia em que ocorreu
um problema. Estava trabalhando em outro país quando recebi um telefonema de minha esposa
informando-me de que uma quantidade de dinheiro que um amigo me devia pagar não nos seria entregue
- nunca! Ele se recusava a dar-me o que era meu. Eu tinha começado minha viagem com a confiança de
que enquanto estivesse longe, minha esposa poderia pagar a prestação da casa, comprar alimentos, e
cobrir outras despesas necessárias. Essa confiança estava baseada na capacidade de meu amigo de me
pagar o que me devia. Ao ouvir a preocupante noticia de que não receberia, minha primeira reação foi a
fúria. Como podia? Como ousava? Quem ele achava que era?
Depois de encerrar a conversa com minha mulher, eu sabia, por causa de minha preocupação
com minha casa e de minha ira, que não poderia sair da sala para ministrar à assembléia de cristãos que
me esperavam. Ajoelhei-me e comecei a orar, contando ao Senhor toda a minha frustração. Sua paz
lentamente começou a descer. Em Sua luz eu pude ver a luz: a provisão diária não depende do homem
mas dEle. Deus era meu provedor. Que pensamento glorioso! Não precisava mais confiar no homem, que
não é confiável. Podia confiar em Deus, que sempre é fiel. Naquele momento fui libertado de pedir pela
riqueza deste mundo; o Filho me havia libertado de fato. Minha resposta ao Senhor foi decidir que iria
perdoar o débito daquela pessoa, quando voltasse para casa. Essencialmente lhe daria o dinheiro que ele
me devia; era nessa medida que me havia libertado dele.
Levantei-me com o coração, como disse Hudson Taylor, tão leve quanto meu bolso, pronto para
compartilhar com os cristãos meu Deus, o Deus de toda a provisão. Quando entrei no salão, um irmão
veio até mim e colocou em minhas mãos um cheque para o ministério dez vezes maior do que o que tinha
perdido. Isso sim era uma taxa de câmbio! Testemunhei uma das mais básicas leis do reino funcionando:
"Porque a nossa leve e momentânea tributação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno
peso de gloriai' (II Co 4.17). Ou seja, vi a grande desproporção na taxa de câmbio do reino de Deus, que
sempre é absoluta. Dando tão pouco recebemos tanto. Se tão grande de quantidade pode vir desse
simples ato de autonegação, o que poderia acontecer, se me decidisse a tomar a minha cruz e negar a
mim mesmo em todas as áreas de meus relacionamentos com os outros?
Deitado em minha cama naquela noite, meu coração se encheu de gratidão pelo que antes fora
um problema. Pedi ao Senhor que abençoasse esse irmão que me enganara, porque por sua mão viera
tão grande bênção. Sem sua atitude eu poderia nunca ter aprendido tão completamente que Deus é meu
provedor, uma lição que desde aquela época me deu paz no meio de muitas adversidades. Quando as
palavras saíam de minha boca para abençoar aquele irmão, percebi que Cristo em mim tinha realizado as
palavras de Paulo, "somos injuriados, e bendizemos". Agora eu estava mais animado que nunca. Quando
um problema vier, Deus sempre fará algo maravilhoso em mim; portanto, posso abençoar os que me
amaldiçoam.
Um dia, ao concluir a orientação de uma mulher que experimentava algumas dificuldades
conjugais, dei-lhe uma tarefa. Era algo pequeno e simples de se fazer. Na semana seguinte ela deveria
beijar seu marido toda vez que ele dissesse algo negativo ou mal-educado para ou sobre ela. Ela brincou,
perceptiva: "Não posso ler um livro em vez disso?" Ela percebia muito bem as dificuldades envolvidas em
cumprir a menor das tarefas que requeira auto-negação. Duas semanas mais tarde ela voltou e começou
a contar as mudanças que ocorreram e o novo senso de libertação da pressão para agir pensando nos
outros que começara a experimentar libertação dos sentimentos de inferioridade, e também da ansiedade
que vem de tentar se proteger e projetar. Poderíamos facilmente observar que o fruto advindo desse
problema com seu marido superou em muito o sofrimento que o problema causara.
A vida cristã normal é de problemas, mas lembre-se de que cada problema passou pelas mãos de
um Pai de amor e traz consigo, mesmo antes de chegar, um propósito expresso e intrínseco. Para os que
passam por aflição, geralmente o propósito está oculto, mas o sofredor experiente sabe que será glorioso.
Os problemas são a principal ferramenta de Deus para esgotar nossos recursos e nos levar à rica
experiência de todas as Suas riquezas.
Um dos mais efetivos métodos de domar cavalos é colocar o cavalo selvagem numa baia, montálo, e soltá-lo numa arena cheia de areia. É interessante ver o cavalo correndo em círculos, lutando com a
areia funda até ficar coberto de branco, e então, finalmente, quando não consegue mais colocar uma pata
na frente da outra, desiste. Nesse momento o cavalo não mais se auto dirigirá, mas vai permitir ao cavaleiro
que dite cada movimento seu.
É assim com os defeitos nas vidas dos cristãos. Chegamos a Cristo tão cheios de nossos próprios
esforços, de vontade própria, e energia. Não estamos prontos a entregar as rédeas ao Espírito Santo.
Precisamos ser colocados em situações semelhantes à da areia funda (problemas, circunstâncias,
relacionamentos com pessoas), onde qualquer tentativa para nos libertar nos trará uma exaustão mais
profunda da alma. No fim estamos quebrados, cada um disposto a dizer "não posso mais", e pronto para
ser dirigido em cada movimento, pelo Espírito Santo.
Neste ponto a alma (mente, vontade e emoções), corpo e mundo hão de separar-se do espírito.
Deus colocou Sua própria vida em nossos espíritos para fazê-los arcas de tesouro do que precisamos e
desejamos como humanos: amor, segurança, aceitação, paz, e todo o resto. Entretanto estamos
acostumados demais a olhar para nós mesmos e para os outros, tentando descobrir essas riquezas. Então
Deus permite que tudo fora do domínio espiritual nos falhe, separando o espírito de tudo o mais e fazendonos esperar apenas aí o atendimento de nossas necessidades mais profundas. É um processo doloroso
em nossas falhas, mas o resultado será homens e mulheres em Cristo que não poderão ser levados a agir
fora do espírito. Esses cristãos podem viver não das coisas do inundo, mas acima delas, não mais sugando
suas necessidades de outros, mas repletos a ponto de transbordar e capazes de compartilhar da
abundância de seus tesouros espirituais.
Esse processo de quebrantamento tem sido chamado de "a noite escura da alma"; andamos em
escuridão sem ter nem percepção da presença de Deus nem satisfação em tudo o que existe fora do
espírito. Aqui nos defrontamos com o fato de que apesar de nossas bocas proclamarem paz somente em
Cristo, nossos corações têm clamado pela "concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a
soberba da vida" (IJo 2.16) para nos contentar. Conforto no lugar da maturidade e da integridade no Senhor
tem sido o objetivo de vida, a razão pela qual aceitamos os prós da vida e desprezamos todos os contras.
O processo de quebrantamento finalmente nos fará olhar além da área de conforto e descobrir que tudo
de que precisamos na vida é saber que Deus está em Seu trono.
Não muito tempo atrás um amigo me contou que certa vez perdera vários milhões de dólares. A
economia tinha caído em sua região, e ele começou a perder um negócio depois do outro. Ele não foi o
único a ter esse problema, porque vários de seus amigos passaram exatamente pela mesma situação. Ele
decidiu encontrar-se com um amigo em situação semelhante e perguntar como planejara salvar sua
fortuna. O amigo lhe contou que devia a um banco vários milhões de dólares e iria imediatamente lá
declarar bancarrota. Disse que tentava não se apegar a nada, dizendo ao banco que estava desistindo de
seu negócio. Meu amigo foi confundido por tal resposta e perguntou se não seria melhor lutar, planejar e
trabalhar para reter seu patrimônio financeiro. O homem explicou suas razões assim: "Devo milhões ao
banco. Posso trabalhar para pagar e assumir toda a responsabilidade ou declarar bancarrota. Se declarar
bancarrota, o banco investiu em mim demais para me deixar falir e terá a obrigação, responsabilidade,
vontade e interesse próprio em tentar evitar que eu desmorone completamente!" Dentro de poucos anos
meu amigo, embora lutando para salvar sua fortuna, a perdera, mas o homem que declarara bancarrota
era um bilionário, graças à ajuda daquele banco.
Estava andando nas montanhas no dia seguinte pensando na conversa: fazia sentido o banco,
tendo investido tanto, ter de fato uma boa razão para evitar que o milionário quebrasse. Meu pensamento
seguinte foi: quanto mais Deus investiu em nós? Investiu em nós seu próprio Filho, que vede muito mais
que milhões de dólares. Tendo investido Seu Filho, investiu demais em cada um de nós para nos deixar
quebrar.
Se apenas declararmos nossa própria bancarrota pessoal, pararmos de trabalhar e planejar, e
olharmos para Ele, Ele completará o que começou. O próprio fato de que Deus investiu Seu Filho em nós
deveria silenciar todo questionamento que nossas mentes possam ter. Ele ajudará minha família? Me
ajudará financeiramente? Cristo crescerá em mim? Jamais serei livre do pecado e do fracasso? Jamais
sentirei que Deus está perto? Claro que Deus nos ajudará; ele investiu muito em cada um de nós para não
o fazer. "Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não
nos dará também com ele todas as coisas?" (Rm 8.32)
Capítulo 2
Cristãos Precisam de Problemas
Problemas com um Propósito
Davi tão sabiamente revelou, "Na minha angústia invoquei o Senhor..." (SI 18.6). Problemas nos
levam para perto de Deus. São planejados para nos levar mesmo à Sua presença. Uma vez lá, o crente
sobrecarregado compreende que não há nada que a presença de Deus não cure. Esse é o propósito final
de Deus para cada problema.
Quando uma pessoa toma um avião de uma cidade distante de volta para casa, imediatamente
sente alívio e uma expectativa ansiosa, porque o avião é o meio pelo qual logo estará com seus amados.
Problemas são análogos ao avião, porque são o meio pelo qual o crente pode ser transportado para a
própria presença de Deus no céu. Descobrindo que Sua presença renova e restaura, o crente começará
a dar graças diante de cada situação, evento, pessoa ou calamidade que o coloque tão perto de Deus.
Alguns não concordarão com a idéia de que Deus esteja envolvido em nossos problemas, dizendo
que são pessoas ou acontecimentos que causam o sofrimento; podem até assumir a culpa por alguns
problemas, eles próprios, eliminando, assim, a parte de Deus em seu sofrimento. Concluirão que é
responsabilidade deles consertar o que estiver errado. Esse engano leva crentes a lutar com suas próprias
forcas em várias situações, longe do poder vitorioso que Deus dá tão generosamente àqueles que estão
em Sua presença. Muitos crentes gastam suas vidas inteiras planejando superar problemas com suas
próprias forças. Trabalham duro para melhorar sua situação, e apesar de nunca terem sucesso total,
livram-se da pressão apenas o suficiente para evitar serem levados à presença de Deus, onde
encontrariam vida abundante.
Uma vez que concluímos que os problemas são encomendados com o objetivo de nos conduzir à
presença de Deus, temos uma resposta para 90% das perguntas sobre o sofrimento. Quando oriento
alguém que me revela um pecado ou falha que o está derrotando, como um casamento terrível, conflitos
no trabalho, divisões na igreja, ou vários erros que ele cometeu, uma questão me vem imediatamente à
mente: Senhor, como esse problema levará este teu filho mais próximo de Ti? Que maravilhoso segredo
de se possuir, o saber tanto o começo (o problema) quanto o fim (Sua presença). Preciso apenas construir
para o crente desencorajado uma estrada que ligue os dois.
Um crente com problemas é abençoado por Deus. Sim, verdadeiramente abençoado! Se não tem
para onde se voltar, desistiu de si e dos outros, e descobriu que os problemas simplesmente não podem
ser resolvidos de qualquer maneira terrena, ele pode rapidamente ser levado a ver que há apenas uma
esperança para si a presença de Deus. Deus realmente usa os problemas para levar o crente à Sua
presença. Que pessoa abençoada! Não precisa buscar a Deus, porque Deus o encontrou e vai salvá-lo.
Imagine, se quiser, um jardineiro que no outono coloca suas plantas mais preciosas numa estufa,
onde ficarão protegidas do inverno rigoroso. Lá recebem seu cuidado constante e continuam a frutificar,
protegidas de um ambiente desfavorável. E se uma planta pudesse deixar a estufa por sua própria
vontade? O inverno rapidamente a mataria. Assim é com os crentes. Quando na presença de Deus,
vivemos dentro de uma estufa espiritual num mundo voltado contra Deus. Seguros lá dentro, temos, de
Deus, conforto, proteção e comunhão que permitem que frutifiquemos. Se deixarmos Sua presença,
imediatamente experimentaremos as duras realidades do mundo, do pecado, de Satanás, e da carne.
Muito freqüentemente cometemos o engano de tentar achar uma resposta para o sofrimento em
vez de voltarmos à presença do Pai de amor, onde nenhuma resposta é necessária. Como cristãos
deveríamos conhecer o propósito da dor e a própria razão da vida, que é a comunhão com Deus.
Que Deus temos! Quão privilegiados somos por termos o Deus de todo o universo dando-nos Sua
atenção e nos perseguindo para nos abençoar! Tristemente é verdade que Deus precisa nos perseguir,
visto que tantos crentes passam a vida tentando evitá-lo. Com suas mentes querem dar a Deus o lugar
que Lhe é devido, mas ao mesmo tempo são levados por suas emoções a outras pessoas ou planos para
satisfazer suas necessidades mais profundas, tomando, assim, seu próprio caminho para o sucesso e a
satisfação fora de Deus. O homem parece gostar de meditar neste ou naquele plano para obter
contentamento, e devotaria toda a sua vida a tal planejamento, se não fosse por uma coisa: problemas.
Como a dor, eles fazem o homem parar de viver para o futuro ou no passado e prestar atenção no presente.
Problemas fazem os homens se voltarem a Deus agora.
Imagine estar numa sala com quatro muros e quatro portas. Três das quatro portas estão
trancadas; a porta destrancada é uma pela qual você não quer entrar. Você luta, tentando abrir as outras
três até que, frustrado e até irado, percebe que precisa escolher a única porta que está destrancada. Ao
abri-la, descobre, para sua surpresa, que é na verdade a porta que leva à liberdade que você confiava
tanto estar atrás das outras três. Deus usa problemas para destruir nossos planos que nunca nos trariam
vida abundante e conduzir-nos pela porta que nos leva à Sua presença e verdadeira vida.
O filho pródigo criou seu próprio sofrimento, mas causou o glorioso resultado de comunhão
renovada com o pai.
Deus é amor! Ele nos quer perto dEle para poder nos mostrar Seu amor. O homem carnal,
entretanto, é auto-suficiente em sua ignorância. Os problemas fazem o homem perceber que ele não é
uma criatura independente e que precisa da providência do Criador. O homem não pode solucionar seus
próprios problemas, muito menos os problemas globais. Problemas nos permitem ver que precisamos de
Deus. Se não houvesse problemas que o homem não pudesse resolver, certamente o homem nunca
buscaria além de si mesmo.
Não deveria haver dúvida de que problemas e sofrimento são o baluarte de Deus na vida do crente
para levá-lo da auto-suficiência para o todo-suficiente Pai do céu. "Na ...
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