Hormônios gonadotrópicos e gonadais Os hormônios gonadotróficos (testosterona no homem e progesterona e estrógeno na mulher) são produzidas nas gônadas. Essa produção é estimulada pelos hormônios LH e FSH em nível de hipófise, a qual é estimulada pelo GnRH, liberado pelo hipotálamo. Esse eixo hipotálamo-hipófise-gônada vai culminar com a liberação dos hormônios periféricos. Ou seja: GnRH estimula LH e FSH estimula Hormônios sexuais Esse efeito se dá da seguinte maneira: os vasos que irrigam o hipotálamo carreiam os hormônios hipotalâmicos até a hipófise. O neurônio liberador provoca um disparo e estimula a liberação do GnRH na forma de pulsos, que estimula a liberação de LH e FSH ao ligar-se a seus receptores na hipófise. Estes caem diretamente na corrente sanguínea e vão atuar na periferia (ovários e testículos). No caso das mulheres, os ovários produzem progesterona e estrogênio e estes hormônios podem fazer um efeito de feedback sobre esses sistemas. O feedback pode ser tanto inibitório (quando as suas dosagens plasmáticas são elevadas e continuadas), como excitatório – estimula liberação de LH e FSH(quando ocorrem picos plasmáticos desses hormônios). Geralmente um pico de estrógeno dura de poucas horas ate no maximo dois dias. Esse conceito é importante porque explica como uma mulher que faz uso irregular de anticoncepcional pode engravidar, pois pode surgir um pico inesperado de progesterona, que por sua vez, vai produzir um pico de LH, induzindo a uma ovulação inesperada. Resumindo: Estrogênio (E) e progesterona(P) em doses elevadas e prolongadas efeito inibitório sobre o SNC. E e P inibem hipófise P inibe hipotálamo E e P em picos plasmáticos efeito excitatorio sobre o SNC A progesterona sozinha inibe os pulsos de liberação do GnRH , tornando-os irregulares e isso pode levar a anovulacao. Por outro lado, caso ocorra um pico de estrogênio, vai haver um estimulo a liberação de LH e FSH, podendo induzir uma ovulação. Ciclo menstrual No início do ciclo menstrual as concentrações de FSH e LH aumentam (aumenta mais o FSH). O FSH em geral estimula a maturação dos folículos. Os folículos maduros possuem a capacidade de secretar estrogênio e progesterona, e ocorre um aumento significativo principalmente na síntese de estrogênio. Por volta do 12º dia ocorre um pico de estrogênio , que dura horas a no máximo dois dias. Esse pico, como já falado anteriormente, tem um efeito de feedback positivo sobre a hipófise, gerando um pico de LH. O pico de LH estimula a ovulação, promovendo a ruptura do folículo que já está maduro. O corpo lúteo procedente do folículo que expulsou o óvulo, sob estímulo do LH, vai produzir grandes quantidades de progesterona, enquanto as concentrações de estrógeno começam a cair nessa segunda fase do ciclo. O aumento da espessura da parede do endométrio ocorre devido ao aumento substancial dos níveis de progesterona nessa segunda fase do ciclo. As altas concentrações de progesterona fazem um feedback negativo sobre a hipófise, inibindo a secreção de FSH e LH. A diminuição desses hormônios gera involução do corpo lúteo, com diminuição de estrógeno e progesterona e conseqüente menstruação. Além disso, as baixas taxas de estrógeno e progesterona remove a inibição por feedback da hipófise anterior, permitindo que ela comece a secretar quantidades cada vez maiores de FSH e LH novamente, reiniciando um novo ciclo. Tudo que a gente não quer durante a terapia anticoncepcional eh que ocorra o pico de estrogênio, o que pode gerar ovulação. O que se objetiva fazer eh manter níveis elevados e prolongados de estrogênio. A terapia anticoncepcional não é continuada (geralmente é 21 ou 24 dias em um mês). Durante essa pausa, há uma queda nos níveis de progesterona, gerando descamação do endométrio e menstruação. ESSA QUEDA EH UM PERIIIIIIGO! O esquecimento da pílula no final da cartela ou no inicio da nova (períodos próximos dessa queda dos níveis hormonais) pode gerar um pico de estrogênio ao tomar a pílula seguinte. Geralmente isso ocorre quando a paciente esquece de tomar uns dois dias seguidos ou mais. O GnRH Bases moleculares da ação do GnRH (Clarissa mais slides) : é um peptídeo constituído por 10 aminoácidos e atua num receptor ligado a proteína G estimulatória expresso na hipófise. A estimulação desse receptor ativa genes responsáveis pela produção do LH e FSH pela hipófise. O seu receptor eh muito sensível e dessensibiliza muito facilmente. Ele responde, na verdade, aos pulsos de GnRH (o que ocorre fisiologicamente e ativa a síntese de LH e FSH na hipofise). Ou seja: A ativação esporádica, em pulsos, do receptor GnRH causa estimulação e aumento na secreção de LH e FSH. Por outro lado, doses elevadas e contínuas de GnRH causam dessensibilização do receptor GnRH, com supressão da liberação de gonadotropinas. Cronicamente, esse efeito pode levar a atrofia gonadal (pois não vai mais ter o efeito estimulador do LH e FSH). Esse é o princípio da castração química, utilizada em alguns casos, como no caso de tumores de próstata. Nesse caso, é colocado um implante subcutâneo que libera GnRH de forma lenta e prolongada, o que vai gerar dessensibilização do receptor hipofisário de GnRH, com queda da produção de LH e FSH, e, consequentemente, queda na produção de testosterona pelos testículos (importante porque a testosterona estimula o crescimento do tumor). Outros usos: Na reprodução assistida, fertilização in vitro ( dá GnRH para suprimir a produção de LH e FSH numa fase inicial, depois administra LH EV ou SC de forma controlada para estimular a superovulação e facilitar a coleta de óvulos nos dias certos da ovulacao.); na puberdade precoce (para diminuir a síntese de hormônios sexuais); e nos homossexuais (para perder certos traços sexuais, virilidade). Antagonistas do receptor do GnRH : não têm tanta eficácia como o GnRH na clínica, além de serem mais caros e necessitarem de administração diária (pois não há apresentações em implantes). Para o tratamento dos tumores, por exemplo, o GnRh é mais utilizado. Os antagonistas praticamente so são utilizados na reprodução assistida. Vozes... (Ei cadê Rodolfo?? KD Rodolfo??? Ei KD Rodolfo?? Não sei quem era o desesperado, mas tava desesperado) Agora começa a verdadeira aula de hoje: HORMÔNIOS SEXUAIS FEMININOS Bases moleculares da ação das gonadotropinas LH e FSH atuam sobre seus respectivos receptores LH e FSH localizados nos órgãos sexuais e outros tecidos, aclopados a proteína Gs. O estímulo desses receptores promove aumento de AMPc, o que gera aumento na síntese de proteínas envolvidas com as várias funções das gonadotropinas (puberdade/ maturação, síntese dos hormônios periféricos). FSH: estimula , em nível ovariano o crescimento e maturação folicular do ovário (para que o folículo madura produza estrogênio). LH: estimula a ovulação e regula a secreção de progesterona (estimula a secreção de progesterona pelo corpo lúteo). Estrogênios Estrogênios naturais: estradiol : eh o que tem maior potencia em termos de afinidade com o seu receptor estrona e estriol : menor potencia de ação sobre o receptor de estrogênio Isso eh importante na terapia de reposição hormonal, em que se preferem os derivados com menor potencia sobre o receptor de estrogênio (o estriol eh o de preferência). Farmacocinética: estradiol liga-se fortemente a 2-globulina (uma proteína plasmática) porque ele eh muito lipofilico fígado e outros tecidos: estradiol é convertido em estrona e estriol (são como metabolitos do estradiol) e metabólitos conjugados sofrem circulação êntero-hepática (ela explica como eh essa circulação, não da pra escutar direito) São produzidos a partir da progesterona, e todos eles a partir do cortisol. A pregnenolona eh produzida no fígado,cai na corrente sanguinea e vai para o ovário, onde eh transformada em progesterona. A partir dos derivados da progesterona são produzidos androgênios e os estrógenos (estrona, estriol e estradiol). No homem: Colesterol cortisol progesterona e derivados da progesterona testosterona. Uma quantidade muito pequena de testosterona eh transformada em estradiol no homem. Eh o estradiol nos homens que vai fazer o efeito de feedback inibitório em nível de hipófise. Mecanismo de ação: estrogênios e progesterona Uma vez que esses hormônios estão na corrente sanguinea (testosterona, estrogênio e progesterona), eles ligam-se e são carreados por proteínas plasmáticas ate as células alvo, na qual esses hormônios vão atuar em receptores intracitoplasmáticos. Quando os hormônios se ligam a esses receptores ancorados no citoplasma, eles migram para o núcleo celular, se encaixa em uma região especifica de DNA, ativando um determinado gene e levando a produção de proteínas especificas, que vão produzir uma serie de ação, como descrito abaixo. Estrogênios – ações fisiológicas Promove amadurecimento sexual da mulher Proliferação mitótica das células endometriais (se proliferam ativamente, não se diferenciam). Existe risco de tumores endometriais com o uso de estrogênio porque eles estimulam a mitose dessas células. Efeitos metabólicos: Lipídeos: de uma maneira geral o estrogênio endógeno tem um efeito positivo sobre o metabolismo dos lipideos triglicerídeos e lipoproteínas de alta densidade (HDL) - tanto eh que a mulher tem níveis de HDL mais altos do que os homens lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e o colesterol plasmático Atenua a osteoporose – inibe a ação dos osteoblastos (responsáveis pela reabsorcao do osso) Aumentam a coagulabilidade do sangue – efeito em nível hepático, síntese de fatores da coagulação. Por isso falam que o estrogênio aumenta risco de tromboembolismo, trombose. Promove edema – facilita a permeabilidade vascular e perda de líquido extravascular. Causa dilatação dos vasos com aumento da permeabilidade, causando fragilidade vascular, o que pode predispor ao aparecimento de varizes. Causa indiretamente retenção de Na+ ( síntese de angiotensinogênio no fígado) ativa SRAA aumento da PA. O uso de estrogênio por uma paciente que já tem hipertensão pode favorecer ainda mais essa hipertensão. Progestinas Progestinas naturais: Progesterona - eh um hormônio pro-gestação, mantem o útero com sua.. (??), promove a diferenciação das células endometriais, aumenta a quantidade de vasos, de modo que permita a implantação e manutenção do embrião que foi implantado. Atua como precursora dos estrogênios e dos androgênios Sintetizada no ovário, nas supra-renais e placenta a partir do colesterol Progestinas sintéticas: podemos encontrar nas progesteronas sintéticas (que são usadas na terapia anticoncepcional e TRH) ações que não tem a ver com a molécula original, são as ações androgênicas, pois elas tem uma certa afinidade pelos receptores de testosterona; Isso leva a alguns efeitos colaterais. A progesterona natural tem efeito anti-estrogênico, ela controla o numero de receptores de estrogênio de algumas regiões e leva a um efeito balanceado. AS progesteronas sintéticas também tem essa ação; mas elas também vão ter uma ação androgênica, que pode gerar um efeito anabólico pela estimulação dos receptores de progesterona: ganho de peso, aumenta acne e oliosidade, hisurtismo, aumento do colesterol sanguineo. vários tipos – alguns com atividade androgênica e anti-androgênica, estrogênica e anti-estrogênica Perguntas inaudíveis. Mas resumindo ela falou que essa progesterona com efeito parcil androgênico são as de primeira geração, mas que atualmente existem as de segunda e terceira geração, com doses menores de hormônios e sem atividade androgênica (as de terceira geração) ou ate com atividade anti-androgênica (a única eh a ciproterona, que eh de segunda geração. Inclusive poder ser usada no tratamento da acne, hisurtismo, etc) Pergunta: pq antigamente as pílulas anticoncepcionas levavam a esterelidade? R= Isso acontecia antigamente quando as pílulas tinham dosagens muito elevadas dos hormônios. E essas altas doses, principalmente de progesterona, quando prolongadas, podem gerar um efeito inibitório sobre o hipotálamo, inibindo os pulsos de GnRH, gerando atrofia ovariana e esterelidade. Atualmente isso pode acontecer quando são dadas muitas doses por via IM. Progestinas Farmacocinética: rapidamente absorvida por qualquer via de administração - VO, transdermica (hoje em dia muito usada para terapia anticoncepcional e TRH), anel vaginal com ação so vaginal, com ação sistêmica. Isso se deve a grande lipossolubilidade dessas moléculas, gerando a capacidade de atravessar todas essas membranas. - bastante lipofílica – armazena-se em tecido adiposo Quando são administrados por via oral (o estrogênio também, mas principalmente a progesterona), são quase totalmente metabolizados pelo fígado após o metabolismo de 1a. Passagem, o que acaba gerando um efeito muito grande sobre o fígado (aumenta liberação de proteínas pro-coagulantes, proteínas que levam ao aumento da PA, e acabam tendo também um efeito direto sobre o metabolismo do fígado - de lipídios e de glicídios ). A via transdermica surgiu exatamente com o intuito de tentar diminuir esse efeito hepático dos anticoncepcionais e de diminuir as concentrações hormonais necessárias (já que não tem mais metabolismo de primeira passagem), reduzindo os efeitos colaterais. Por isso, a via transdermica eh indicada principalmente para pacientes que sofrem com muitos efeitos colaterais e para hepatopatas (cirrose, insuficiência hepática...). OBS: na via IM a dose eh maior. fórmula progesterona micronizada - boa disponibilidade oral Progesterona Mecanismo de ação: semelhante aos estrogênios Efeitos fisiológicos: Diminui a frequência de pulsos de GnRH ( como já foi comentado, podendo levar a esterelidade se em doses prolongadas e elevadas) Ações anabólicas - pode causar tolerância à insulina (pode observar um quadro de DM-2 nas pacientes). Isso ocorre pela estimulação da produção de glicose em nível hepático. - intensificação da deposição de gordura (principalmente na barriga, nas mamas, no culote - ativação da glicogênese Ativação dos receptores da aldosterona (por ser derivada do cortisol, que tem um certo efeito mineralocorticóide) - retenção de sódio edema, acumulo de liquido. Isso eh observado comumente na gravidez, devido também ao aumento da progesterona. Junto ao edema, pode ter aumento de peso pela ação anabólica da progesterona. Alterações no tecido endometrial - aumento de vasos e diferenciação tecidual Desenvolvimento alvéolo-lobular do aparelho secretor da mama. Estimulacao com crescimento das glândulas mamarias. 00:53:25 Contracepção hormonal Falamos de estrogênio e progesterona, agora vamos reunir as informações para entender os anticoncepcionais. Os anticoncepcionais podem ser orais, parenterais ou adesivos. Os orais que são hoje mais utilizados usam a associação de estrogênio e progesterona. E existe a possibilidade de terapia com progesterona isolada. Não existe anticoncepcional somente com estrogênio. Não é recomendado pela sua estimulação no endométrio e a possibilidade tumor endometrial. Os parenterais (intramusculares): existe a possibilidade de usar a progesterona isolada, administrada em altas doses e com o uso continuado causaria atrofia de órgãos. Então, para evitar esse efeito colateral gritante, pode-se fazer por via IM a administração combinada de estrógeno e progesterona. Adesivos (dérmicos): hoje em dia se usa a associação de estrogênios e progestinas. Mecanismo de ação da pílula combinada Basicamente há a associação de progestinas e estrogênios, em uso continuado, com doses altas, e elevadas concentrações plasmáticas; e o que eles fazem é exercer um efeito Inibitório em nível de hipófise e hipotálamo da secreção de FSH/LH e de GnRH. Nesses casos não haveria a maturação do folículo (inibição do FSH), contudo pode haver formação do folículo. Então se o nível plasmático for baixo de anticoncepcional (FSH/LH se elevam), pode haver ovulação e a possibilidade de gravidez. A inibição do LH é a mais importante, por impedir a ovulação A progesterona também tem ação local: altera o muco endocervical (aumenta espessura), reduz a motilidade das tubas uterinas, de modo a desfavorecer a fecundação. Contraceptivos hormonais orais Combinados (estrogênio + progestogênio) podem ser divididos em mono, bi e trifásicos. - monofásicos (sem variação hormonal ao longo dos 21-24 dias): tem concentração de estrogênio e progesterona igual durante todo o tratamento (toda a cartela). São os mais comuns. - bi ou trifásicos (2 ou 3 variações na concentração hormonal nos 21 dias): tiveram seu auge nos anos 80 e 90, eram muito usados. E hoje em dia ainda são usados pelo baixo custo. Eles têm a propriedade de variar as concentrações hormonais durante o ciclo. Nos bifásicos a concentração de estrogênio é constante em toda a cartela, e a de progesterona é baixa no começo e a partir da segunda metade ela é alta (dobra). Nos trifásicos, na primeira semana a concentração de estrogênio é baixa, na segunda aumenta e na terceira baixa novamente, e a concentração de progesterona é crescente. Embora mimetize o ciclo normal, suas concentrações são elevadas e inibem a ovulação. É uma opção para pacientes obesas, maiores de 30 anos, em que a concentração hormonal seria menor que a dos monofásicos. Não são os mais comuns, mas para pacientes com restrições a altas doses hormonais é uma opção mais segura. Progestogênio isolado (minipílulas): concentrações fixas de progesterona, em baixas concentrações, mais ou menos como o monofásico. E é de uso continuado, a paciente nunca deixa de tomar. São de 35 comprimidos. *então pessoal...dentre essas pilulas combinadas, esses anticoncepcionais hormonais orais, as monofásicas ainda são as mais utilizadas Pílulas combinadas => lançadas na decade de 70, com concentrações de estrogênio muito elevadas. ‘Primeiras pílulas’: doses de estrogênio > 50 microgramas (dose elevada) => risco alto de trombose venosa e embolia pulmonar. Foram proscritas. Pílulas de ‘segunda geração’: na verdade são de 20-40 microgramas, existe uma formulação com 50 microgramas indicada para pacientes obesas que não conseguem controlar a ovulação (pode ocorrer sangramento, indicando o controle inadequado da ovulação).*Os hormônios são lipofílicos e acabam se depositando no tecido adiposo. São ainda muito caras. Importante dessa classe é o uso de um progestogênio derivado de androgênio (nortestosterona), ação androgênica. Tipos de progesteronas: levonorgestrel é a mais usada nas pílulas de segunda geração. A ciproterona também é bastante comum, e é a única que tem ação antiadrogênica, pode ser usado em pacientes para reduzir a acne e hirsutismo. Estrogênio (50-20 mcg - etinilestradiol e mestranol) (levonorgestrel, norestiterona, ciproterona) + progestogênio derivado da ‘19-nortestosterona’ Pílulas de ‘terceira geração’: são a últimas lançadas no mercado, são as mais caras e usam concentrações de estrogênio baixíssima 15-30mcg . 15mcg é indicado para adolescentes, jovens, magras, menos de 60kg. Pacientes mais gordas ou altas precisam de dose maior, senão não haveria supressão do eixo hipotalâmico e haveria sangramento de escape. (Risos de azeitona e gladson...) Na primeira e segunda gerações a progesterona tem ação nos receptores androgênicos, na terceira não há mais ação nos receptores de androgênio. A Drosperinona (terceira geração) também não exerce nenhum efeito nos receptores de aldosterona, e segundo o fabricante não teria ganho de peso. Estrogênio (etinilestradiol ou seu equivalente 15-30 mcg) Emprego de progestogênio de menor ação androgênica – ‘gonanos’ (desogestrel, gestodeno, drosperinona) Preparações mais comuns “Segunda geração”: quem indica se é de segunda ou terceira geração é a progesterona da formulação, embora a concentração de estrogênio também possa sugerir tal classificação. Etinilestradiol (20 microg) (*concentração baixa) + Levonorgestrel (0,10 mg) (*ação androgênica)– (Level®) Etinilestradiol (30 microg) + Levonorgestrel (0,15 mg) ) (*ação androgênica) – (Nordette®, Microvlar®) Etinilestradiol (35 microg) + ciproterona (2 mg) ) (*ação androgênica)– (Diane 35®, Selene®) Etinilestradiol (50 microg) + levonorgestrel (0,15 mg) ) (*ação androgênica) - (Evanor®, Neovlar®) “Terceira geração”: não tem mais ação androgênica nem mineralocorticóide. Etinilestradiol (20 microg) + desogestrel (0,15 mg) – (Mercilon®, Primera®) Etinilestradiol (30 microg) + desogestrel (0,15 mg) – (Microdiol®) Etinilestradiol (15 microg) + gestodeno (0,06 mg) - (Minesse®, Mirelle®, Alexa®) Etinilestradiol (20 microg) + gestodeno (0,075 mg) – (Harmonet®, Femiane®) Etinilestradiol (30 microg) + gestodeno (0,075 mg) – (Gynera®, Minulet®) Etinilestradiol (30 microg) + drospirenona (0,030 mg) – (Yasmin®, Elani®) *existem cartelas de 28 comprimidos com os 4 últimos sem hormônios (placebo), na tentativa de minimizar erros na administração dos comprimidos, já que com concentrações hormonais tão baixas seria mais fácil haver uma falha e consequentemente a ovulação. Alem disso, é recomendado tomar no mesmo horário todo dia, para evitar oscilações diárias. Efeitos colaterais: Aumento do apetite e peso: principalmente como resultado da ação androgênica da progesterona utilizada. Efeito anabólico. Retenção hídrica: ocorre tanto por ação da progesterona nos receptores da aldosterona, realizando retenção de sódio e água; como pelo estrogênio que aumenta a síntese de angiotensinogênio no fígado, e retenção de sódio e água também. Náusea e vômitos: uns dos mais comuns. Para reduzir isso, é melhor pedir a paciente para usar à noite ou junto com uma alimentação. Em geral, a manha favorece mais as náuseas e os vômitos, que são semelhantes ao sentido por uma mulher grávida (pelo aumento de estrógeno). Cefaléia, enxaqueca: Pacientes que são sensíveis podem apresentar quadros, crises de enxaqueca com o uso de anticoncepcionais. Na verdade, é mais comum quando se faz as pausas ao fim de cada cartela, diminui a concentração hormonal e tende a aumentar as crises de enxaqueca. Recomenda-se fazer um uso continuado com menos pausas ao fim de cada cartela. Pacientes que tem cefaléia no período pré-menstrual, provavelmente terá também nas pausas dos anticoncepcionais. Depressão, fadiga e irritabilidade: Tem uma suscetibilidade individual. A causa dessa alteração do humor é a ação da progesterona sobre o SNC. Pelo mesmo motivo, as gestantes têm altos níveis de depressão e alterações do humor. Acne e hirsutismo: Pela ação androgênica das progesteronas (então, depende do tipo de progesterona). Cloasma: Uma mancha na pele...fotossensibilidade. As grávidas apresentam também essa alteração. Tanto a Progesterona como o estrógeno estimulam os melanócitos. Então é bom, evitar sol, principalmente quem já tem certa facilidade, predisposição a ter manchas na pele. Amenorréia pós-pílula: Vai ocorrer principalmente se a concentração de hormônios for elevada. Há uma inibição da descamação porque a concentração hormonal é elevada. Aumento da PA: retenção de sódio e água e aumento de angiotensinogênio. Aumento da coagulabilidade sanguínea: ação dos estrogênios que sintetizam proteínas e ativam a cascata de coagulação. Cálculos biliares: o estrogênio aumenta o transporte de colesterol para a bile que se liga a ácidos e gera os cálculos biliares. Elevação da incidência de adenoma hepático: Principalmente nos anticoncepcionais orais, pelo metabolismo de primeira passagem no fígado. Os transdérmicos não sofrem metabolismo de primeira passagem. Alterações desfavoráveis dos perfis lipoprotéicos (ação androgênica das progesteronas): tenta-se evitar os anticoncepcionais de segunda geração em pacientes idosos que já podem ter complicações cardiovasculares. *anéis intravaginais (estriol) – Têm ação somente local, indicado em mulheres menopausadas com atrofia vaginal. Riscos e benefícios Riscos Tromboembolia venosa: É potencializada. Risco aumentado de tromboembolia venosa para usuárias de pílulas combinadas quando estão associados outros fatores que contribuem para a patologia (tabagismo, uso prolongado e contínuo da pílula em mulheres de 35 ou mais anos); Elevação da pressão arterial: Monitorar. Não contraindica o uso. Benefícios Diminuição dos sintomas pré-menstruais; Diminuição da incidência da anemia ferropriva: menor perda de sangue na menstruação; Diminuição da ocorrência de doenças benignas da mama e fibróides uterino; Evita a gravidez não desejada! Gravidez também traz risco de tromboembolismo. Orientações para o uso de anticoncepcionais Orais combinados 30 mcg de etinilestradiol Iniciar no 5° dia do ciclo mestrual; ou no 1° dia para pílulas com gestodeno, desogestrel, drospirenona Tomar interruptamente no mesmo horário por 21 dias Parar por 7 dias para que haja menstruação (menstruação acontece no 2°-4° dias da pausa) Reiniciar no 8° dia da pausa (mesmo com fluxo) *Se parou de usar e não houve fluxo dentro de 7 dias, não reiniciar nova cartela pelo risco de gravidez. Os hormônios são teratogênicos. É aconselhado realizar o teste de gravidez. Em caso de Esquecimento: - Seguir as orientações do fabricante; - São necessários 3-5 dias consecutivos de uso para haver efeito anticoncepcional, inibindo a hipófise. Esqueceu-se de tomar hoje de manhã e lembrou à noite, tome a pílula. Se esqueceu por 2 dias, alguns fabricante recomendam fazer uma pausa e inicia nova cartela, e outros recomendam tomar 2 pílulas ao mesmo tempo e reiniciar com a mesma cartela. *espermatozóide fica vivo por uma semana... Se a paciente esquecer-se de tomar no meio do ciclo é necessário que ela use outro método contraceptivo. Importante também o uso de outros métodos contraceptivos no primeiro mês de uso de anticoncepcional oral (eixo hipofisário não inibido), porque não se sabe se ele está realmente funcionando nesse mês. Se tiver relações sexuais nos primeiros 5 dias e se esquecer de tomar a pílula na segunda semana, pode-se ter oscilação hormonal e estimulo hipofisário para liberação de LH/FSH, realizando o pico ovulatório. *vômitos, náuseas e diarréia interferem na absorção intestinal do anticoncepcional. Não é necessário fazer pausa anual. Orientações para o uso de anticoncepcionais orais - doses baixas de estrogênio (<20 mcg) Iniciar no primeiro dia da menstruação => Tomar no mesmo horário por 24 dias => Parar por 4 dias (placebo) para que haja menstruação (sangramento no 2° dia): é melhor assim porque tem menos riscos de gravidez, dá mais segurança (é melhor que a pausa de 7 dias, porque leva de 7-10 dias para iniciar o efeito no eixo)=> Reiniciar no 5° dia de pausa; Esquecimento: - seguir orientações do fabricante; - maiores chances de ovulação com o esquecimento; - são necessários 7-10 dias consecutivos de uso para haver efeito anticoncepcional (inibição do eixo) - maior risco de gravidez quando o esquecimento ocorrer na 1° e 3° semanas de uso. *explicação no quadro: após o período de pausa, se você esquecer 2 dias (maior risco de gravidez quando esquece 2 dias) na primeira ou terceira semana, pode haver pico hipofisário de LH e ovulação consecutiva. ---------------- Livio 1:45:00 aproximadamente... Precauções Sangramento intermenstrual ou ausência de fluxo (gravidez excluída) após 3 ciclos consecutivos: substituir as formulações de menor para as de maior dosagem hormonal Causas de falhas na concepção Irregularidade na tomada Má absorção do fármaco devido a: Vômitos Gastroenterite Colite ulcerativa e Doença de Crohn Uso de antibióticos (alteração da flora intestinal) Uso de fármacos indutores enzimas hepáticas (ex. anticonvulsivantes, rifampicina, antiretrovirais) Contra-indicações das pílulas combinados Histórico de doença tromboembólica, doença vascular cerebral, infarto do miocárdio, doença coronariana, hiperlipidemia congênita Carcinomas sensíveis/dependentes dos hormônios Gravidez suspeita ou determinada Tumores ou disfunções hepáticas Mulheres >35 anos fumantes Uso com cautela em pacientes diabéticas, hipertensas Pílulas de progestogênio isolado Progestogênio: noretisterona, levonorgestrel Uso: diário e sem interrupção Maior índice de falha Mecanismo de ação: redução da frequência de ovulação, inibição da implantação do óvulo fecundado no endométrio, bem como redução da motilidade e da secreção das tubas uterinas Indicações: alternativa as pílulas combinadas (quando contra-indicado) amamentação, trombose venosa, tabagismo, Mulheres > 35 anos, Hipertensão após o tratamento com pílula combinada. Progestogênio isolado Efeitos colaterais: perda de sangue imprevisível, Amenorréia e longo período de supressão da ovulação (meses), redução da densidade óssea (supressão da síntese de estrogênio), Cefaléias e tonteira, ganho ponderal 1-2 kg, intolerância à glicose – uso prolongado – efeito reversível Progestogênio isolado Mulheres que estão amamentando: prescrito logo após o parto ou 14 dias antes do retorno da atividade sexual Esquecimento: 1 ou 2 comp – tomar assim que lembrar e o outro no horário habitual – usar métodos contraceptivos adicionais por 14 dias Contra-indicações das pílulas de progestágeno isolado Situações de aborto incompleto, Câncer de mama ou órgãos reprodutivos, Doença ou disfunção hepática, Hemorragia vaginal, Gravidez Fármacos contraceptivos por via intramuscular Visam a liberação prolongada do hormônio e são muito efetivos Consistem em progestágenos sintéticos ou na combinação de estrógenos e progestágenos Formas farmacêuticas mais comuns: Medroxiprogesterona (150 mg – 1x/3 meses; 50 mg – 1x/mês – Depo provera®) Medroxiprogesterona + estradiol (25 mg + 5 mg/ml – Cyclofemina®) Hidroxiprogesterona + estradiol (250 mg + 5 mg/ml; Gestadinona®) Algesterona + estradiol (150 mg + 10 mg/ml; Perlutan®) Norestiterona + estradiol (50 mg + 5 mg/ml; Mesigyna®) Fármacos contraceptivos por via intramuscular Indicações: pacientes que não aderem a terapia oral, pacientes com problemas mentais, pacientes com doenças intestinais (contra-indicação contracepção oral) Vantagens: maior eficácia (menor risco de esquecimento), não é dependente da absorção oral, menores riscos de problemas hepáticos (não sofre metabolismo de 1a. passagem) Desvantagens: efeito prolongado, ação irremediável, maiores chances de efeitos colaterais comparados as formulações orais Contracepção pós-coito – Anticoncepção de emergência A administração de altas doses de progestina isolada (levonorgestrel) mostra-se eficaz dentro de um prazo de 72 h após o coito sem proteção Uso: 12h/12h - 1 dia ou dose única Efeitos colaterais: náuseas e vômitos Contra-indicação: gravidez Levonorgestrel (0,75 mg/1 comp/12 h - 2 comps) – (Diad®, Postinor®) Levonorgestrel (1,5 mg/1 comp) – (Pozato uni®) Terapia de reposição hormonal Menopausa Ovário deixa de responder as gonadotropinas secretadas pela hipófise Ocorre elevação dos níveis séricos de LH e FSH, associado a redução da concentração de estrogênio e progesterona A terapia de reposição hormonal anos 70: a reposição hormonal foi condenada aumentado risco de câncer de mama e de endométrio uso de estrógeno isolado - mais riscos de câncer uso combinado de estrogênio com progesterona anos 80-90: o uso da terapia de reposição hormonal foi associado à prevenção de doenças cardiovasculares, osteoporose e declínio cognitivo e ao ‘rejuvecimento’ da mulher Uso irrestrito e indiscriminado da terapia de reposição hormonal Hoje: institui-se a reposição hormonal visando o controle de sintomas do climatério, quando os benefícios superam os riscos Indicações Sintomas vasomotores (fogachos) 75 % das mulheres no climatério Sem tratamento desaparecem em 1 a 2 anos após menopausa Estrógenos combinados com progesterona têm-se mostrado efetivos no controle dos sintomas Indicações Sintomas urogenitais: Ressecamento da mucosa vaginal e dispareunia (dor durante o ato sexual) Reposição de estrógenos mostrou melhora significativa da lubrificação vaginal, melhora do trofismo (involução da vagina – tecido menos elástico) e redução na incidência de infecções urinárias recorrentes (modificação da flora vaginal) Prevenção de osteoporose – avaliar risco/benefício Consenso sobre a reposição hormonal Tendência a empregar as menores doses possíveis e por períodos curtos (2 anos!?!) Recomenda-se: exame físico completo a cada 6 meses. Mamografia e ultra-sonografia transvaginal a cada 12 meses contra-indicação: pacientes com doença cardiovascular estabelecida, doença tromboembólica venosa, câncer de mama/endométrio/ovários ou casos na família Estrogênios A dose de estrogênio usada na terapia de reposição hormonal pós-menopausa é significativamente menor do que a dose incluída nos anticoncepcionais orais Opta-se pelo uso de estrogênios naturais que possuem potência inferior a dos estrogênios sintéticos Estrógenos (eqüinos) conjugados: absorvidos pelo trato gastrointestinal e mucosa vaginal Estradiol (valerato de estradiol; estradiol micronizado; 17-beta-estradiol): absorvido pela pele, mucosas e trato gastrointestinal Estriol: absorvido pela mucosa vaginal Estradiol Formas farmacêuticas Comprimidos orais Cremes vaginais Óvulos vaginais adesivos contendo a combinação (estrogênio + progesterona): aplicação abdomen ou nádegas – aconselha-se fazer rodízio para evitar irritações Uso vaginal de estrógenos Indicação: melhora dos sintomas urogenitais Estriol: pouca absorção sistêmica - dose única diária por curtos períodos não acarreta proliferação endometrial Estradiol e Estrógenos eqüinos conjugados: boa absorção sistêmica - estimula a proliferação endometrial - uso isolado: indicado para mulheres histerectomizadas Progestágenos Progestágenos são indicados na menopausa para proteção do endométrio de mulheres (não histerectomizadas) tratadas com estrogênio As ações da progesterona no endométrio são: Conversão do endométrio do estado proliferativo para o estado secretor Redução da quantidade de receptores de estrogênio; Aumento da conversão local do estradiol em estrona (menos potente) Uso em esquemas contínuos ou cíclicos (10 a 14 dias/mês) Os esquemas cíclicos são indicados devido menor exposição à progesterona Lembrete: progesterona (principalmente aquelas com atividade androgênica) causa alterações negativas significativas nos perfis de lipoproteínas e tolerância à insulina Progestágenos medroxiprogesterona (oral) é o progestogênio mais usado nos protocolos de reposição hormonal: - menor atividade androgênica comparado aos outros progestogênios - menor comprometimento do perfil lipídico e do metabolismo da glicose noretisterona (oral e transdérmica) progesterona natural (oral) Esquemas de tratamento Mulheres com útero: na pré-menopausa: esquema combinado cíclico - estrogênios durante 21 dias associados a progestógenos (10 a 12 últimos dias dos estrogênios) - intervalo de 7 dias: sangramento de escape na pós-menopausa: esquema combinado contínuo (28 dias) - mulher não menstrua Mulheres histerectomizadas: esquema com estrogênios isolado