ROTINA D1: Recomendações para o Uso de Desinfetantes

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MINISTÉRIO DA SAÚDE
HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO
COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
10/12/1999 – revisada em 07/12/2010
ROTINA D 1
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Recomendações Para o Uso de Desinfetantes
Esterilização: “é o processo capaz de destruir todas as formas de microrganismos, até
mesmo as esporuladas” (SCHAPANSKI, 1996). Pode-se utilizar o método químico
(gasoso ou líquido) ou o físico (calor úmido, calor seco, radiação), sendo indicados para
artigos críticos. Critérios para definir o processo de esterilização:
1. Tempo necessário para destruir todos os esporos a uma temperatura específica.
2. Tempo necessário para reduzir a carga microbiana em 90% ou eliminar ≥ 106 UFC
de esporos.
3. Tempo em minutos necessário para destruir todos os esporos em suspensão, quando
numa temperatura de 121°C.
Desinfecção: “é o processo físico ou químico capaz de destruir todos os
microrganismos em sua forma vegetativa” (SCHAPANSHI, 1996).
•
Desinfecção de alto nível – refere-se àquela na qual é utilizado um germicida
desinfetante com poder de destruir bacilos da tuberculose, bactérias vegetativas,
fungos e todos os vírus, com exceção de esporos. Imersão completa do artigo
em Glutaraldeído 2%, usando um recipiente de vidro ou plástico opaco,
tampado. Tempo de permanência entre 30 a 60 minutos. Não esquecer do
enxágüe abundante, capaz de remover toda substância desinfetante. Indicado
para itens semicríticos como lâmina de laringoscópio, equipamento de terapia
respiratória, anestesia e endoscópio de fibra ótica flexível. O ácido peracético a
0,2% como o peróxido de hidrogênio a 7,3% tem sido utilizado com este fim
(ver abaixo comparabilidade entre este produto e o glutaraldeído).
•
Desinfecção de nível médio – refere-se àquela capaz de destruir vírus, ser
bactericida para as formas vegetativas, inclusive contra o bacilo da tuberculose.
Entretanto, não tem poder de destruição de esporos. Fricção de Álcool 70%,
fazendo-se 3 aplicações, com tempo total de aplicação de 10 minutos, secagem
por evaporação. Pode-se utilizar ainda o Hipoclorito a 1% por 30 minutos para
desinfecção de artigos. Indicada para artigos não críticos (contato com pele
íntegra) e para a desinfecção de superfícies.
•
Desinfecção de baixo nível – é capaz de eliminar somente as bactérias na forma
vegetativa, alguns fungos e alguns vírus. Compostos com quaternário de amônia
são exemplos de desinfetantes de baixo nível, indicado para a desinfecção de
superfícies.
Para desinfecção, além do processo químico líquido, pode-se utilizar o método
físico (pasteurização, máquinas termodesinfetadoras).
Em estudo elaborado por um grupo de trabalho das CCIHs e Centrais de
Esterilização dos hospitais da rede própria, coordenado pela Divisão de Controle de
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Infecção Hospitalar e Divisão de Enfermagem do Ministério da Saúde no Rio de
Janeiro, foram elaboradas as seguintes orientações para o uso dos desinfetantes:
1. Hipoclorito:
•
Hipoclorito 1% - desinfecção de médio nível, usando recipiente de vidro ou plástico
opaco tampado para imersão dos artigos. Tempo mínimo necessário de exposição do
artigo é de 30 minutos. Validade máxima da solução em uso é de 24 horas,
entretanto orientamos obedecer a troca a cada 12 horas. Requer enxágüe abundante.
Para manipulação desta solução o EPI necessário é luva de procedimento.
•
Desinfecção de superfícies – 10.000 ppm ou 1% de cloro ativo – 10 minutos de
contato. No uso do hipoclorito a 1% para desinfecção de superfícies é necessária a
fricção.
•
Desinfecção de lactários – 200 ppm ou 0,02% de cloro ativo – 60 minutos. Em caso
de uso do hipoclorito a 0,02% deve-se aumentar o tempo de imersão para 60
minutos, dispensando o enxágüe.
•
Desinfecção de artigos de inaloterapia e oxigenoterapia não metálicos – 200ppm ou
0,02% de cloro ativo – 60 minutos dispensando o enxágüe.
2. Glutaraldeídeo:
•
No que diz respeito ao uso do Glutaraldeído o manual ressalta que o mesmo é
indicado para a esterilização de artigos termossensíveis com tempo de exposição
entre 8 e 10 horas. Alerta, entretanto, para que seja observada a qualidade do
processo, tendo em vista a eficácia do germicida já que o mesmo possui tempo de
validade pós-diluição determinado pelo fabricante; pode sofrer alterações quando
em temperaturas superiores a 250 C e, ainda, quando utilizado de maneira
inadequada pode mostrar alteração da cor e presença de depósitos, caracterizando
uma inatividade do mesmo. Há no mercado produto com fornecimento de fita teste
para avaliar o poder de ação do germicida em uso. É toxico ao profissional, que para
manipulá-lo deve utilizar EPI (respirador com filtro químico, luvas de borracha de
cano longo, avental plástico, óculos ou protetor de face de acrílico e sapato fechado
impermeável) e estar em um local ventilado.
•
O glutaraldeíddo pode ser inativado pela adição de Bissulfito de Na a 2%, antes to
descarte em esgoto.
•
NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO A RESOLUÇÃO SESDEC Nº 500 DE
13/11/2008 PROIBIU A UTILIZAÇÃO DESSE GERMICIDA.
3. Álcool 70%:
•
Desinfecção de médio nível. Técnica de fricção com 3 aplicações, tempo total de 10
minutos. A validade da solução é de 1 semana após aberto o frasco. Dispensa o uso
de EPI.
4. Ácido Peracético (2%)
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Germicida classificado como esterilizante. Tem descrito entre as suas vantagens: a
menor agressão ao meio ambiente por conta da sua decomposição em água, ácido
acético, oxigênio e peróxido de hidrogênio; sua ação em presença de matéria orgânica
mesmo em baixas temperaturas Apresenta como desvantagem a possibilidade de
corrosão de alguns metais (cobre, bronze, aço carbono e ferro galvanizado) que pode ser
reduzida com a utilização de anti-corrosivos que alterem o seu pH. Os produtos
disponíveis no mercado realizam desinfecção de alto nível em aproximadamente 15
minutos e esterilização em 30 minutos (RUTALA, 2004).
Tem menor toxicidade para o profissional que o manipula não dispensando, contudo, a
necessidade do uso de EPI (máscara cirúrgica, óculos de proteção ou protetor facial,
avental impermeável, luvas de borracha de cano longo, sapato fechado impermeável).
Risco de lesão grave em região ocular em caso de exposição ocupacional ao produto.
Deve ser utilizada fita teste para monitorar a Concentração Mínima Eficaz (MEC) do
produto.
5. Ortophtaldeído (0,55%)
Germicida registrado como desinfetante de alto nível para artigos semi-críticos. Tem
odor suave, não requer ativação, seu pH gira em torno de 7,2 – 7,8. Pronto uso
dispensando ativação. Tem a capacidade de evidenciar a presença de matéria orgânica
nos materiais a ele submetidos. Exige o uso de EPI (máscara cirúrgica, óculos de
proteção ou protetor facial, avental impermeável + avental de manga longa, luvas de
borracha de cano longo, sapato fechado impermeável). Deve-se ter atenção ao se
manipular o produto, pois o mesmo em contato com a pele e tecidos ocasiona manchas.
O contato direto com a solução pode causar irritação da pele e dos olhos. Não é
recomendado o seu uso em materiais urológicos a serem utilizados em pacientes com
histórico de câncer de bexiga devido ao risco de choque anafilático.
O produto possui fita de testagem para conferência da Concentração Mínima Eficaz
(MEC) de 0,3%. Após ser colocado em uso pode ser utilizado por até 14 dias, desde que
seja mentido o MEC satisfatório e a solução esteja limpa.
Ao descartar a solução, deveremos neutralizar com Glicina (base livre), 25 gramas para
cada galão, aguardar 1 hora e descartar posteriormente em ralo com a torneira aberta
para irrigar a tubulação.
ATENÇÃO:
•
A RDC nº 8/ 2009 da ANVISA que dispõe sobre as medidas para redução da
ocorrência de infecções por Micobactérias de Crescimento Rápido - MCR em
serviços de saúde proibiu a esterilização química.
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No Hospital Federal de Bonsucesso os germicidas são utilizados unicamente para
desinfecção química.
Literatura recomendada:
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WENZEL RP. Prevention and Control of Nosocomial Infections, 4º ed,
Philadelphia. Linppincott Willians e Wilkins, 2003, p. 542- 574
RUTALA WA, WEBER DJ. Selection and use of disinfectants in healthcare. In:
Mayhall CG. Hospital Epidemiology and Infection Control, 3rd ed. Philadelphia,
Lippincott Williams and Wilkins, 2004 p. 1473.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 8 de 27 de fevereiro
de 2009. Dispõe sobre as medidas para redução da ocorrência de infecções por
Micobactérias de Crescimento Rápido – MCR. Brasília: ANVISA, 2009.
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