CORROSÃO – FADIGA Fadiga A fadiga de um material consiste na ruptura com aplicação de tensão cíclica Esta tensão variável no tempo, não precisa chegar ao limite elástico para promover a ruptura. A maneira de quantificar a suscetibilidade à fadiga é muitas vezes a representação do tempo, ou melhor, do número de ciclos necessários para a ruptura de um corpo-de-prova, em função do ∆σ, ∆σ, ou seja, diferença entre a tensão máxima e a mínima do ciclo, quando se usa corpos deprova lisos.. Neste caso o tempo para a ruptura é composto de um tempo necessário para a nucleação da fissura ( o que em geral é bastante variável de um para outro ensaio) e um tempo de propagação da fissura. O tempo de nucleação muitas vezes é bem maior do que o tempo de propagação. Por isto , muitas vezes se usa corpos de prova pré-entalhados, visando não precisar avaliar ao tempo de nucleação. Neste caso as curvas que se levantam são em função do ∆Κ, a diferença entre o K máximo e mínimo. Este K é o parâmetro que define o estado de tensões em uma trinca já pré-existente, o qual depende do valor da tensão mas também das dimensões e forma do corpo de prova e do tamanho da trinca. A representação gráfica dessa correlação como se vê na figura abaixo, chama-se de curvas de Wöhler. Há materiais que apresentam um limite inferior de ∆σ ou ∆K, abaixo do qual não acontece a ruptura; a este valor se denomina limite de fadiga. É o caso de aços e outros materiais ferrosos. Hà, no entanto, materiais que não apresentam claramente tal limite e mesmo que a tensão cíclica aplicada seja de pequena amplitude há um número finito de ciclos para acontecer a ruptura. É, tipicamente, o caso de metais e ligas não-ferrosas. Neste caso, dá-se o nome de limite de fadiga a máxima tensão (ou ∆σ) ∆σ) em que não ocorre ruptura para um número estipulado, razoavelmente grande, de ciclos, p. exemplo 10 6 ou 107. Corrosão-fadiga: A corrosão-fadiga (ou fadiga sob corrosão) é a ruptura com aplicação de tensão cíclica em presença de um meio corrosivo.Pressupõe uma interação sinérgica entre corrosão e tensão cíclica. Neste processo um material diminui a sua resistência à fadiga em presença de um meio corrosivo. Pode-se verificar esta diminuição da resistência por várias particularidades como seja: a) para dado valor de ∆σ o tempo de ruptura é menor do que na ausência do meio corrosivo; b) desaparece o limite de fadiga, ou seja, para um material dado, para tensões abaixo do limite de fadiga, ainda se encontra tempos ou número de ciclos finitos para surgir a ruptura. Há uma série de casos típicos de ocorrência de corrosão-fadiga como os que seguem: Cabos de aço submarinos Eixos de hélices de barcos Timões Tubos de evaporadores Caldeiras Componentes de turbinas, motores e bombas Tubulações transportadoras de líquidos corrosivos São casos de equipamentos tradicionalmente submetidos a tensões variáveis como vibrações de diferentes intensidades e freqüências simultaneamente à exposição a líquidos corrosivos, como água de mar, águas não muito puras e outros fluidos corrosivos. Os mecanismos de atuação da corrosão-fadiga são ainda pouco compreendidos pois em geral se trata de se compará-los à corrosão sob tensão que, por sua vez, também não apresenta uma teoria única para justifica-la. Os diversos fatores que influem na corrosão sob tensão em geral também influem na corrosão-fadiga como seja: potencial do material em relação à solução, temperatura, tratamentos térmicos, microestrutura, composição da solução em termos de componentes corrosivos e inibidores. Uma particularidade que diferencia a corrosão-fadiga da fadiga pura é o fato de que esta última não depende da freqüência da tensão; logo a ruptura sempre ocorre para o mesmo número de ciclos para determinados valores de tensão. Obviamente o tempo até a ruptura dependerá da freqüência Já no caso da corrosão-fadiga, o processo depende da freqüência, isto é: em geral, quando mais baixa a freqüência, menor é o número de ciclos até a ruptura. Este efeito dá uma noção qualitativa da importância do processo corrosivo: quanto mais lento o processo mecânico (oscilação da tensão) mais tempo tem a corrosão para atuar e mais facilmente se verá sua influência. Para freqüências muito altas pode ser que não se observe a influência da corrosão e o número de ciclos em presença ou ausência do meio corrosivo será o mesmo. ∆σ a limite de fadiga b c corrosão-fadiga limite Nf= 108 Figura: Curvas de Wöhler para Metais: a) com limite de fadiga, b) sem limite de fadiga c) em corrosão – fadiga log N A velocidade de avanço da fissura por ciclo muitas vezes, principalmente para estados de tensão mais elevados, tanto em fadiga como em corrosão -fadiga, obedece a uma lei do tipo: V= da/dN = k ∆Km Nesta equação, a é a distância do avanço da fissura, k é uma constante e m outra constante. Este expoente , m, é maior em meio corrosivo que ao ar e depende da freqüência para o meio corrosivo, sendo maior em menores freqüências. Métodos de proteção contra a corrosão-fadiga Vários métodos são utilizados para tentar diminuir a ação da fadiga associada à corrosão como os que são citados a seguir 1- Recobrimentos Protetores Estes devem possuir elasticidade à tensão cíclica: - tintas - recobrimentos metálicos (galvanização) - anodização 2- Modificação do meio De um modo geral diminuindo a corrosão, diminui a probabilidade do aparecimento da corrosão-fadiga - Inibidores de corrosão (inibem iniciação do processo corrosivo) - Óleos emulsionáveis (adsorção) 3- Modificação das propriedades da superfície Tensões compressivas na região superficial e sub-superficial dificultam a nucleação da trinca a qual acontece por tensões trativas : - “shot peening” (jato de granalha) - nitretação superficial 4- Proteção catódica Aços recuperam seu limite à fadiga em potenciais suficientemente catódicos. Cuidado: materiais suscetíveis à fragilização por hidrogênio (aços de alta resistência) podem se tornar suscetíveis à fadiga por causa do endurecimento causado pelo hidrogênio absorvido pelo metal.