CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA AO PACIENTE COM AVE Emanuela Chaves Reis de Souza* RESUMO O estudo objetivou descrever a atuação do enfermeiro no atendimento emergencial frente ao paciente com acidente vascular encefálico (AVE). Constitui-se de uma pesquisa bibliográfica, realizada na Atualiza Cursos, onde utilizou artigos científicos, sendo localizados no portal: BIREME e SCIELO. Na pesquisa foram utilizados artigos completos, disponíveis nos idiomas português, inglês ou espanhol, publicados nos últimos nove anos, que abordem a população mundial e foco a população brasileira, artigos completos de pesquisas que abordam o tema, os cuidados de enfermagem no âmbito préhospitalar e hospitalar e que forneçam informações sobre normas e procedimentos adotados para o diagnostico precoce e um tratamento eficaz para recuperação dos pacientes portadores de AVE. Os descritores utilizados na pesquisa: acidente vascular cerebral, cuidados de enfermagem, portador de AVE. Em seguida houve uma analise de dados confrontando as opiniões dos autores levantados às concordâncias e discordâncias. Foi observado que as ações de enfermagem: classificação de risco correta, atendimento rápido e preciso, orientação na detecção dos sintomas e a prevenção dos fatores de risco são de fundamental importância para evitar graves sequelas físicas e a morte. Palavras-chaves: Acidente Vascular Encefálico. Cuidados de Enfermagem. Portador de AVE. * Bacharel em Enfermagem pela UNIJORGE. E-mail: [email protected] Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem em Emergência, sob a orientação do professor Max Lima. Salvador, 2014. 2 1 INTRODUÇÃO O acidente vascular cerebral (AVC) é definido como uma síndrome que consiste no desenvolvimento rápido de distúrbios clínicos focais da função cerebral, global no caso do coma, que duram mais de 24 horas ou conduzem à morte sem outra causa aparente que não a de origem vascular. O AVC é classificado em dois grandes grupos: AVC isquêmico (AVCi) e o AVC hemorrágico. O mais frequente, com cerca de 85% dos casos, é o AVCi, que se caracteriza pela interrupção do fluxo sanguíneo (obstrução arterial por trombos ou êmbolos) em uma determinada área do encéfalo. No Brasil, o AVCi representa, na população nacional, segundo diferentes estatísticas, entre 53% a 85% dos casos de AVC ( ROLIN; MARTINS, 2011). As doenças cerebrovasculares têm um grande impacto sobre a saúde da população, situando-se, conforme o ano e o Estado da Federação, entre a primeira e terceira principal causa de mortalidade no Brasil. Estas doenças são compostas por um grupo heterogêneo de transtornos vasculares de diferentes etiologias. Estima-se que cerca de 85% dos acidentes v a s c u l a res encefálicos sejam de origem isquêmica e 15% hemorrágicos. Dentre os hemorrágicos, cerca de 10% são hemorragias intraparenquimatosas e 5% hemorragias subaracnóideas (RAFFIN et al.,2006) Dentro do grupo das DCV (Doenças Cardiovasculares), o Acidente Vascular Cerebral (AVC) tornou-se uma das principais causas de morte e incapacidade, já sendo considerado a segunda maior causa de mortes no mundo. Entre todos os países da América Latina, o Brasil é o que apresenta as maiores taxas de mortalidade por AVC, sendo entre as mulheres a principal causa de óbitos (GARRITANO et al., 2011). Em função da elevada taxa de mortalidade e baixa capacidade de intervenção na fase aguda, não havia grandes investimentos em pesquisas e tratamento hospitalar dos doentes com AVE. No entanto, a partir dos anos 90, verificaram-se mudanças no cenário do tratamento de doenças cerebrovasculares ao se adotar a estratégia de considerar o AVE uma emergência medica, semelhantemente ao infarto agudo do miocárdio, adotando-se o lema “tempo e cérebro” (MANIVA; FREITAS, 2012). 3 A O cuidado na fase aguda deve ser oportuno no tempo e efetivo para impedir a morte do tecido cerebral. Para que o cuidado ao (Acidente Vascular Cerebral Isquêmico) AVCi seja efetivo, é necessário um conjunto mínimo de tecnologias disponíveis no tempo correto, como a realização da tomografia computadorizada idealmente dentro de até quatro horas e meia após o início dos sintomas, além de outros suportes propiciados, em geral, por unidades especializadas ( ROLIN; MARTINS, 2011). No Brasil, o tratamento do AVE agudo com o uso do Alteplase vem ocorrendo em quantidade crescente, desde que foi aprovado pelo Ministério da Saúde, em 2001. No entanto, existem apenas treze hospitais públicos no pais estruturados como Unidades de AVE (Stroke Units) habilitados para realização de trombolise, o que limita o acesso da população. Assim, torna-se necessário divulgar para a população, por meio de campanhas educativas, que o AVE representa uma situação ameaçadora a vida e que atualmente ha tratamento disponível. Igualmente, os profissionais de saúde e a equipe de enfermagem, precisam ser sensibilizados quanto ao reconhecimento rápido e manejo adequado dos pacientes com AVE agudo, no contexto pré-hospitalar e hospitalar (MANIVA; FREITAS, 2012). O interesse pelo tema surgiu após constatar que na sociedade esta havendo um crescimento do número de pessoas com AVE, tendo em vista aprofundar sobre o tema e como a enfermagem pode contribuir para reduzir os danos da doença e a morte. A problemática em questão: quais são as condutas do enfermeiro no atendimento emergencial ao paciente com AVE? Portanto o objetivo do estudo é descrever a atuação do enfermeiro no atendimento emergencial frente ao paciente com AVE e como esse atendimento pode repercutir na recuperação do paciente. Este estudo constitui-se de uma pesquisa bibliográfica, realizada na Atualiza Cursos, onde utilizou artigos científicos, sendo localizados no portal: BIREME e SCIELO. Na pesquisa foram utilizados artigos completos, disponíveis nos idiomas português, inglês ou espanhol, publicados nos últimos nove anos, que abordem a população mundial e foco a população brasileira, artigos completos de pesquisas que abordam o tema, os cuidados de 4 enfermagem no âmbito pré-hospitalar e hospitalar e que forneçam informações sobre normas e procedimentos adotados para o diagnostico precoce e um tratamento eficaz para recuperação dos pacientes portadores de AVE. Os descritores utilizados na pesquisa: acidente vascular cerebral, cuidados de enfermagem, portador de AVE. Em seguida houve uma analise de dados confrontando as opiniões dos autores levantados às concordâncias e discordâncias. 2 DESENVOLVIMENTO O AVC é uma doença comum e de grande impacto na saúde pública mundial, por ser a principal causa de incapacidades neurológicas e de importantes disfunções motoras e cognitivas. Os sobreviventes do AVC geralmente têm de enfrentar incapacidades residuais tais como paralisia dos músculos, rigidez das partes do corpo afetadas, perda da mobilidade das articulações, dores difusas, problemas de memória, dificuldades na comunicação oral e escrita e incapacidades sensoriais (COSTA; SILVA; ROCHA, 2011). De acordo com Costa, Silva e Rocha (2011), a proporção de mortes por AVC é de 10% – 12% em países ocidentais, sendo 12% dessas mortes em pessoas com menos de 65 anos. No Brasil, a distribuição dos óbitos por doenças do aparelho circulatório vem apresentando crescente importância entre os adultos jovens, já a partir dos 20 anos, assumindo patamar de primeira causa de óbito na faixa dos 40 anos e predominando nas faixas etárias subsequentes (COSTA; SILVA; ROCHA, 2011). Santos et al (2012), relatam que muitos são os fatores de risco descritos para o AVC, entre os quais se citam idade, hereditariedade, raça, hipertensão, diabetes melittus, dislipidemias, tabagismo e uso em excesso de álcool e drogas), cardiopatias, anticoncepcionais orais e sedentarismo. Os autores acima citados relatam que os fatores de riscos citados contribui para o desenvolvimento dessa patologia e que um dos principais fatores que mais desenvolvem são pessoas com mais de 60 anos, ou seja pessoas idosas que na maioria das vezes já são portadores de outras patologias como: DM, hipertensão entre outras. 5 Segundo Lessmann et al (2011), geralmente os indivíduos com AVE são hospitalizados para a realização de Investigações acerca da origem, gravidade e grau de comprometimento das funções corporais, para realizarem o tratamento e prevenção de sequelas. Há estudos que afirmam que o adequado atendimento de saúde, bem como o início precoce de assistência em saúde e reabilitação, podem melhorar consideravelmente o prognóstico da doença. Disfunções como ansiedade, depressão, distúrbios do sono e da função sexual, distúrbios motores, sensoriais, cognitivos e de comunicação são alterações prevalentes nos pacientes acometidos por acidente vascular encefálico. Tal situação os tornam dependentes de intervenções de enfermagem. Segundo a Classificação das Intervenções de Enfermagem, uma intervenção é um tratamento, baseado no julgamento clínico e no conhecimento, realizado por enfermeiro para melhorar os resultados obtidos pelo paciente (CALVOCANTE et al, 2011). Portanto a equipe de enfermagem tem que esta preparada de conhecimento técnico e cientifico ao respeito da patologia para identificar as alterações citadas e tomar a melhor conduta no tratamento. As equipes de AVC ajudam a coordenar o atendimento do paciente com AVCI agudo desde o momento em que ele chega na emergência, torna mais rápida a avaliação, aumenta a utilização de terapias efetivas no AVC e, em consequência, melhora a evolução dos pacientes (MARTINS, 2006). O atendimento e reconhecimento dos diagnósticos para AVC proporcionam a grande diferença no resultado do tratamento. O paciente atendido, diagnosticado clinicamente, tomograficamente e tratado com anticoagulantes nas três primeiras horas após o início do acometimento, tem maior chance de minimizar as sequelas decorrentes do AVC (GOMES; SENNA, 2008). A Sistematização de Assistência de Enfermagem pode ser baseada em escalas de avaliação neurológica, com identificação dos déficits motores e sensoriais que dão indícios para o local de AVC, bem como utilização de escalas na avaliação neurológica do paciente com Acidente Vascular Encefálico (AVE) isquêmico do Nathional Institute of Healt, e Escala de Medida de Independência Funcional são úteis, para acompanhar o curso da doença e 6 determinar o prognóstico, as ações preventivas de iatrogenias, bem como reabilitadoras (GOMES; SENNA, 2008). Portanto, torna-se necessária a educação das pessoas para reconhecerem quais sintomas possam ser indicativos de um AVC e que estes sintomas devem determinar a busca de um atendimento emergencial. Há a necessidade, também, do treinamento dos profissionais de saúde, especialmente que trabalham em serviços de ambulância e de urgência, para o diagnóstico e manejo inicial adequado a estes doentes. Da mesma forma, as instituições de saúde que prestam assistência médica precisam adequar a sua estrutura para o atendimento emergencial do paciente com AVC, disponibilizando, entre outros aspectos, um acesso rápido à tomografia computadorizada de crânio e atendimento neurológico a estes doentes. Com o propósito do uso de trombolítico para o AVC agudo, torna-se importante a participação de especialistas com experiência no diagnóstico das doenças cerebrovasculares e na interpretação de exames de neuroimagem (RAFFIN et al, 2006). Segundo Martins (2006, p.2). O paciente que chega no serviço de emergência é avaliado pela enfermeira da triagem. Se ocorrer suspeita de AVC isquêmico agudo com até 3 horas de evolução, o paciente é rapidamente transferido para a Unidade Vascular e avaliado pelo médico emergencista, que aciona o protocolo de AVC, notificando de imediato a equipe de AVC e solicitando TC de crânio sem contraste e laboratório. Nos locais onde se realiza tratamento trombolítico intra-arterial, a janela terapêutica se estende até 6 horas do início dos sintomas e se solicita também um exame de imagem vascular (angiotomografia ou angiorressonância). O exame de sangue deve ser coletado antes de o paciente ser levado à radiologia. Com o retorno para a Unidade Vascular, devem ser revisados os resultados dos exames de sangue. O único exame necessário para o início do tratamento trombolítico, na maioria dos pacientes, é a contagem de plaquetas. Os demais podem ser revisados durante a infusão do rtPA, e a espera pelos resultados não deve atrasar o início da medicação. No paciente que utiliza anticoagulante oral e naquele que estiver recebendo heparina, TP e KTTP devem ser revisados, respectivamente, antes do início da administração da droga. Verificar a pressão arterial (PA) antes de iniciar a infusão do rtPA, que deve estar < 180/105 mmHg. Logo abaixo, mostra as principais ações e cuidados realizados por profissionais de saúde conforme os autores pesquisados diante ao um atendimento de emergência ao paciente com AVE. Condutas de atendimento as pessoas com AVE agudo Fase pré-hospitalar 7 1. Reconhecimento dos sinais e sintomas – Recomenda- se o estabelecimento de estratégias de educação pública para o reconhecimento precoce dos sinais e sintomas do AVC e para a rápida busca de assistência médica (serviços de emergência médica móvel ou emergência hospitalar). 2. Ativação dos serviços de emergência médica móvel – Estes serviços devem dar prioridade máxima ao atendimento do paciente com AVC agudo; reconhecer e manejar o AVC através de protocolos específicos, considerando a possibilidade do uso de trombolítico; e transportar rapidamente o paciente a um Centro de Referência de AVC, de preferência contatando previamente. Sugerese que estes protocolos específicos incluam, entre outras orientações, uma escala de AVC pré-hospitalar, o registro do horário do início dos sintomas e a orientação de não reduzir, a princípio, a pressão arterial (RAFFIN et al., 2006). Fase hospitalar 1. Avaliação e suporte vital – Deve envolver o “ABC” (“Airwa, Breathing, Circulation”) dos cuidados ao paciente crítico e avaliação médica geral. 2. Avaliação neurológica emergencial (conforme orientações acima). 3. Investigação diagnóstica emergencial, dirigida ao uso do trombolítico: • Laboratorial: hemograma e plaquetas, sódio, potássio, creatinina, glicemia, tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA), tempo de protrombina (TP) e tipagem sangüínea; • Eletrocardiograma (ECG); • Radiografias do tórax; • Tomografia computadorizada de crânio (sem contraste). 4. Monitorização – Durante a infusão do rt - PA e nas 24 horas seguintes o paciente deve permanecer de preferência em Unidade de AVC ou Unidade de Tratamento Intensivo para monitorização da PA, oximetria de pulso, monitoração cardíaca externa, e para a detecção precoce de sinais e sintomas que indiquem piora neurológica e que obriguem à tomada de medidas específicas. Indica-se a avaliação periódica durante a internação do doente (e após a alta hospitalar) com as escalas do NIHSS, Barthel e Rankin (RAFFIN et al., 2006). Nos artigos estudados, percebe-se o aumento do indicie do AVE em idosos e acometendo também jovens e adultos. Dando destaque a importância 8 de detectar os sinais e sintomas dessa patologia para contribuir no diagnóstico precoce. Notou-se que a equipe de saúde em destaque a equipe de enfermagem tem um papel de grade importância para um atendimento rápido e eficaz, pode colabora evitando complicações e óbito do paciente nesse atendimento. Os estudos acima mostrou a necessidade do treinamento dos profissionais de saúde, especialmente que trabalham em serviços de ambulância e de urgência, para o diagnóstico e manejo inicial adequado a estes pacientes. Foi observado que as ações de enfermagem: classificação de risco correta, atendimento rápido e preciso, orientação na detecção dos sintomas e a prevenção dos fatores de risco são de fundamental importância para evitar graves sequelas físicas e a morte. 3 CONCLUSÃO A análise do estudo descreve as ações pertinentes ao enfermeiro, norteando-o na sistematização da assistência em todas as etapas, desde as condições predisponentes ao AVC bem como as intervenções direcionadas em todo o processo de adoecimento. Observou que as ações de enfermagem juntamente com uma equipe multidisciplinar possibilita ao cliente uma recuperação rápida e satisfatória, orientar na prevenção dos fatores de riscos, no reconhecimento dos sinais e sintomas no caso de novos episódios e estimular e ajudar para a independência física nas atividades diárias. O atendimento de qualidade e rápido da equipe de saúde e principalmente da enfermagem ao fazer a classificação de risco é de fundamental importância para reduzir o indicie de incapacidade física grave ou mortes desses pacientes. O AVC é um problema de saúde pública e pode agrava-se caso não haja continuidade da melhoria das condições socioeconômicas, educativas, qualidade no atendimento e controle dos fatores de risco. 9 REFERÊNCIAS COSTA, Fabrícia Azevêdo da; SILVA, Diana Lidice Araujo da; ROCHA, Vera Maria da. Estado neurológico e cognição de pacientes pós-acidente vascular cerebral. Rev Esc Enferm, São Paulo, v. 5, n. 45, p.1083-1088, 24 jan. 2011. Mensal. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n5/v45n5a08.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2014. CAVALCANTE, Thaissa Frota et al. Intervenções de enfermagem aos pacientes com acidente vascular encefálico: uma revisão integrativa de literatura. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v. 6, n. 45, p. 1495-1500, 2011. 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It consists of a bibliographical survey, conducted in Updates Courses, which used scientific articles, being located on the portal: BIREME and SCIELO. In complete search available articles were used in Portuguese, English or Spanish languages, published over the past nine years, to address the world's population and focus the Brazilian population, complete research articles that address the nursing care within the pre-hospital and hospital and provide information on rules and procedures adopted for the early diagnosis and effective treatment for patients recovering from stroke. The keywords used in the search: stroke, nursing care, vascular carrier AVE. Then there was an analysis of data comparing the opinions of the authors raised the agreements and disagreements. It was observed that nursing actions: correct classification of risk, fast and accurate service, guidance on detection of symptoms and prevention of risk factors are essential to avoid serious physical sequelae and death. Keywords: Stroke. Nursing. Carrier AVE. * Bacharel em Enfermagem pela UNIJORGE. E-mail: [email protected] Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem em Emergência, sob a orientação do professor Max Lima. Salvador, 2014.