SE PW15%

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RADIAÇÃO SOLAR FOTOSSINTETICAMENTE ATIVA ABSORVIDA PELA LIMEIRA ÁCIDA ‘TAHITI’ SOB
CONDIÇÕES DE DÉFICIT HÍDRICO
Maria José Hatem De Souza1; Márcio Mota Ramos2; Dalmo Lopes De Siqueira3; Luiz Cláudio Costa4;
Arnaldo José M. Lhamas5; Everardo. C. Mantovani2; Paulo R. Cecon6 e Luiz C. C. Salomão3
INTRODUÇÃO
A penetração da radiação na copa das plantas depende
da arquitetura da planta, do ângulo de inclinação das
folhas, da idade, das condições nutricionais e também da
disponibilidade de água no solo para a planta
(ROSENBERG et al., 1983). Nos cultivares de citros, o
déficit hídrico pode ocasionar perda de turgescência nas
folhas e queda de frutos e de folhas CASTRO (1994). O
efeito da densidade foliar em cultivares de citros sobre a
penetração da radiação fotossinteticamente ativa (RFA) foi
estudado por JAHN (1979). Ele verificou um decréscimo
linear na penetração da RFA com o aumento do índice de
área foliar (IAF).
COSTA et al. (1997) concluiram que a deficiência de
água reduziu a capacidade fotossintética, a área, o peso e a
taxa de respiração das folhas de fava (Vicia faba L.), bem
como a eficiência de conversão da radiação em biomassa.
O estresse hídrico reduziu a RFA absorvida pela cultura
em 24%.
COLLINO et. al. (2001) observaram que plantas de
amendoim sob condições de estresse hídrico apresentaram
menores IAF, redução da fração da RFA interceptada e
menores valores de uso eficiente da radiação, quando
comparadas às plantas irrigadas. O déficit de água produziu
uma mudança no ângulo de inclinação da folha, fazendo
com que a fração da RFA interceptada pela planta fosse
reduzida.
Dentro do exposto objetivou-se, neste trabalho, estudar
a influência do estresse hídrico sob absorção da radiação
solar fotossinteticamente na limeira ácida ‘Tahiti’ (Citrus
latifolia Tanaka).
MATERIAL E MÉTODOS
O pomar está localizado na Estação Experimental da
Sementeira, pertencente à Universidade Federal de Viçosa
e localizada em Visconde do Rio Branco, MG (21° 07’S,
42° 27’W, 349 m de altitude). O estudo foi conduzido em
árvores de lima ácida ‘Tahiti’ plantadas em dezembro de
1996, com espaçamento 6 x 7 m e irrigadas por
microaspersão. A encosta onde se encontra o pomar
encontra-se voltada para Oeste, sendo sua área de 0,77
hectares cultivada com 205 árvores.
O experimento foi conduzido em parcelas
subdivididas, tendo nas parcelas três porcentagens de área
molhada (razão percentual entre a área molhada pelo
microaspersor e a área ocupada pela planta) e, nas
subparcelas, os períodos de estresse, em um delineamento
em blocos casualizados, com três repetições. Os
tratamentos consistiram de quatro períodos de estresse
hídrico, isto é, sem estresse (SE), estresse curto (EC),
estresse médio (EM) e estresse longo (EL) proporcionados
por quatro períodos contínuos sem irrigação
complementar, ou seja, 0, 7, 10 e 13 semanas, durante os
meses de junho a agosto de 2000 e durante os meses de
maio a julho
___________________________________________
Prof. Departamento de Engenharia Agrícola, DEA,
Universidade Federal de Viçosa - MG, 36571-000,
31 3899 2729, [email protected]
2
Prof. Titular, DEA/UFV, [email protected],
[email protected]
3
Prof. Adjunto, Departamento de Fitotecnia , UFV,
[email protected], [email protected]
4
Prof Adjunto, DEA/UFV, [email protected]
5
Eng. Agr°, [email protected]
6
Prof. Adjunto, Departamento de Informática, UFV,
[email protected]
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se na Tabela 1 que em 2000 ocorreram
diferenças significativas na RFA absorvida, ao nível de 5%
pelo teste de Tukey, apenas para as datas 12/07 e 8/08. No
ano de 2001 não verifica-se diferenças significativas entre
os tratamentos de estresse, apesar de existir uma tendência
de menores valores de RFA absorvida para os tratamentos
de estresse hídrico de maior duração. É interessante
observar um aumento na RFA absorvida após a retomada
da irrigação nos distintos tratamentos de estresse.
Em 2000, o comportamento das árvores dos
tratamentos que sofreram estresse hídrico (EC, EM, e EL)
foi semelhante àquele apresentado pelas árvores do
tratamento não-irrigado testemunha (Figura 1). Em 2001
após o término do período de estresse (de maio a julho de
2001), em 22 de agosto de 2001, as árvores dos
tratamentos EC, EM, e EL restabeleceram-se e voltaram a
absorver radiação em níveis próximos aos apresentados
pelas árvores sempre irrigadas, enquanto as árvores
12 / 7
2000
88,8 a
84,4 b
86,8 ab
85,1 b
3,03
SE
EC
EM
EL

8/8
2000
91,9 a
86,7 b
88,2 ab
89,6 ab
4,65
20 / 10
2000
92,8 a
89,1 a
89,6 a
89,7 a
4,19
26 / 4
2001
92,7 a
91,5 a
90,9 a
92,3 a
3,18
8/6
2001
93,1 a
92,5 a
92,7 a
93,0 a
2,21
26 / 6
2001
93,5 a
91,2 a
91,4 a
91,8 a
3,53
18 / 7
2001
93,4 a
92,1 a
92,9 a
90,8 a
3,13
22 / 8
2001
93,9 a
93,3 a
92,6 a
92,5 a
2,02
SE, sem estresse; EC, estresse curto; EM, estresse moderado; EL,
estresse longo; , delta do teste de Tukey (5%). As médias
seguidas de pelo menos uma mesma letra, na coluna, não diferem
entre si ao nível de 5%, pelo teste de Tukey.
100
100
2000
RFA absorvida - %
100
2001
95
95
2000
95
90
90
90
85
85
85
80
80
23-jun
23-jun
12-ago
13-jul
SE
ES
1-out
2-ago
SEEL
TES
20-nov
22-ago
EL
80
11-set
19-abr
EM
1-out
8-jun
21-out
28-jul
SEES
ES
EM
EL
TES
TES
10-nov
16-set
EM
Figura 1 - RFA absorvida pelas árvores de lima ácida
‘Tahiti’, em %, em 2000 e 2001.
2000
24
20
16
12
29-mai
28
24
20
16
12 8-jul
19-abr
2001
24
20
8-jul
0-20 cm
2001
16
12
26-set 19-abr
17-ago
29-mai
28
Umidade do solo (%)
28
Umidade do
solo (%)
em que Rb é a densidade de fluxo de RFA medida abaixo
da árvore, Rc é a densidade de fluxo de RFA medida acima
da árvore e Rr é a densidade de fluxo de RFA refletida
medida. Todas as medidas são em mol m-2 s-1.
Os dados foram analisados por meio de análise de
variância, segundo DAVID & KRONKA (1989). Uma
análise foi feita para os 13 tratamentos em um
delineamento em blocos casualizados, e a outra para os 12
tratamentos irrigados, em um delineamento em blocos
casualizados em parcelas subdivididas. Os resultados
obtidos nos quatro tratamentos de estresse hídrico (média
dos valores obtidos nas três porcentagens de área molhada)
foram comparados pelo teste de Tukey (p < 0,05),
enquanto a comparação da testemunha com os 12
tratamentos irrigados utilizou-se o teste de Dunnet (p <
0,05).
Tabela 1 - RFA absorvida, em %, pela limeira ácida para
os quatro períodos de estresse hídrico
RFA absorvida - %
RFA absorvida  100 - RFA transmitid a - RFA refletida
Rr
Rb
RFA refletida =
100 ,
RFA transmitid a 
100
Rc
Rc
pertencentes ao tratamento não-irrigado apresentaram
menor valor na RFA absorvida. Isto ocorreu,
provavelmente, porque em 2000 houve precipitações
significativas no final de agosto e início de setembro que
coincidiu justamente com o final do período de estresse
aplicado em 2000. Conseqüentemente, as plantas
pertencentes ao tratamento não-irrigado apresentaram
comportamento semelhante ao das plantas dos tratamentos
submetidos a estresse. Nota-se na Figura 1 que o estresse
hídrico sofrido pelo tratamento não-irrigado foi mais
severo em 2001, quando comparado aquele de 2000,
ocasionando uma menor RFA absorvida no final do
tratamento de estresse em 2001. Neste ano, não ocorreram
precipitações nos meses de junho e agosto, sendo que no
mês de junho a precipitação foi insignificante. Com o
avanço da estação seca, a diferença entre o tratamento nãoirrigado (testemunha) e o irrigado, SE, aumentou. Isto
porque o nível de água no solo diminuiu com o decorreu da
estação seca, como pode ser verificado na Figura 2, em
conseqüência da evapotranspiração da planta e da
evaporação da água no solo.
Umidade do solo (%)
de 2001. Para cada período de estresse hídrico utilizou-se
de três porcentagens de área molhada (PW), isto é, 15, 31 e
46%, proporcionadas por três microaspersores com
características diferentes. Totalizando 12 tratamentos
irrigados e um testemunha, ou seja não irrigado.
Antes de se iniciar o primeiro período de estresse,
todas as plantas foram irrigadas, inclusive a testemunha e
as flores e frutos foram eliminados para garantir condições
iniciais idênticas. O manejo da irrigação foi conduzido,
utilizando-se o tanque Classe A e um pluviômetro
instalados na estação experimental.
A radiação solar fotossinteticamente ativa (RFA) foi
medida durante os dois períodos de estresse, de junho a
outubro de 2000 e de abril a agosto de 2001, sendo o
intervalo entre medições de aproximadamente um mês.
Media-se a RFA acima e abaixo do dossel, bem como a
refletida pelas plantas. Utilizou-se para tal um ceptômetro
com 80 sensores (SUNFLECK, Decagon – Delta T
Devices, Pullman, WA, Made in USA). As medições
foram feitas, em horários próximos ao meio-dia solar, em
dias com poucas nuvens, de modo que a cobertura do céu
fosse homogênea. A umidade do solo nas plantas nãoirrigadas também foi monitorada durante os dois períodos
de estresse, semanalmente em 2000 e quinzenalmente em
2001, por gravimetria. As amostras de solo foram coletadas
a meio metro de distância dos microaspersores, dentro da
área da projeção da copa, nas profundidades de 0 a 20 cm e
de 20 a 40 cm.
A RFA absorvida, em %, foi obtida pela equação:
29-mai
17-ago
8-jul
17-ago
26-set
26-set
20-40 cm
Figura 2 – Umidade do solo, % base em massa, para as
plantas não irrigadas, durante as duas estações secas.
Na Tabela 4 diferenças significativas são observadas
somente para a data de 22/08/01, quando todos os
tratamentos diferiram da testemunha, pelo teste de Dunnett,
ao nível de 5% de probabilidade, evidenciando o estresse
hídrico nas plantas testemunha. Nessa data, já havia sido
encerrado o segundo período de estresse hídrico, ou seja,
nos tratamentos irrigados as plantas já haviam se
recuperado do estresse.
Quando a planta é submetida a um déficit hídrico
ocorre o fechamento dos estômatos, com isto a perda de
água pela planta é reduzida, mas também ocorre
diminuição da taxa fotossintética, em razão de uma menor
difusão de CO2 para a camada subestomática. Segundo
Bauer et al. (1980) e Ripple (1985), citados por MOREIRA
(2001), a redução no conteúdo de água na folha diminui o
conteúdo de clorofila das folhas e propicia uma menor
absorção de radiação solar, na região do visível (400 a 700
nm), que é a faixa espectral de atuação do ceptômetro e,
conseqüentemente, diminui a absortância, reduzindo assim
a RFA absorvida.
Tabela 2 - RFA absorvida, média em %, pela limeira
ácida, para os 13 tratamentos
12/7
2000
SE PW15% 88,0
SE PW31% 89,1
SE PW46% 89,2
EC PW15% 86,2
EC PW31% 82,4
EC PW46% 84,7
EM PW15% 85,2
EM PW31% 87,5
EM PW46% 87,6
EL PW15% 84,0
EL PW31% 84,7
EL PW46% 86,6
Tes
87,1
Dunnett 5% 5,94
8/8
2000
91,5
93,1
91,2
88,7
83,8
87,6
86,0
90,3
88,2
89,4
89,4
90,1
88,5
8,61
20/10
2000
93,3
93,6
91,6
89,0
87,7
90,7
86,0
92,5
90,3
92,3
86,0
90,9
90,0
7,19
26/4
2001
91,0
94,5
92,8
92,7
91,8
89,9
88,0
93,5
91,1
91,9
93,4
91,6
92,2
5,78
8/6
2001
91,7
94,2
93,4
91,6
92,6
93,3
92,3
92,3
93,4
93,2
92,5
93,3
91,2
4,44
26/6
2001
93,7
93,1
93,6
92,9
90,2
90,5
89,7
91,5
93,1
93,6
91,3
90,4
91,8
6,13
18/7
2001
93,4
93,8
92,9
89,1
94,3
93,0
92,5
92,6
93,5
91,2
91,3
89,9
89,6
5,22
22/8
2001
93,7*
94,4*
93,6*
92,6*
94,1*
93,3*
92,3*
92,1*
93,3*
93,1*
93,3*
91,2*
86,4
4,72
PW, porcentagem de área molhada; SE, sem estresse; EC, estresse
curto; EM, estresse moderado; EL, estresse longo; Tes,
testemunha. * significativo ao nível de 5% pelo teste de Dunnett.
Estes resultados (maior absorção da RFA pelas plantas
irrigadas) estão de acordo com os obtidos por diversos
autores, como COSTA et al. (1997) e COLLINO et al.
(2001), que trabalharam com fava e amendoim,
respectivamente.
CONCLUSÕES
O déficit hídrico reduziu a RFA absorvida pelas
árvores de lima ácida ‘Tahiti’, principalmente em 2001.
REFERÊNCIAS
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hídrico. Laranja, Cordeirópolis, v.2, n.15, p.123-138,
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COSTA, L. C., MORISON, J., DENNETT, M. Effects of
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faba bean (Vicia Faba L.) growing under fiel conditions.
Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria,
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COLLINO, D.J., DARDANELLI, J.L., SERENO, R.,
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MOREIRA, M.A ., Fundamentos do Sensoriamento
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SYVERTSEN, J.P., LIOYD, J.J. Citrus. In: SCHAFFER,
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1983, 495p.
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