Dr Aquiles

Propaganda
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica e Câncer Pulmonar
O Câncer de pulmão é causa importante de morte por neoplasia
no mundo inteiro. Apesar de raro no século 19, a sua incidência
aumentou assustadoramente ao longo dos anos. No Brasil, de 1960
em diante, as neoplasias malignas e as doenças crônicodegenerativas substituíram as doenças infecciosas e parasitárias,
tomando o primeiro lugar em prevalência. Dentre as neoplasias
malignas, o câncer de pulmão aparece como primeira causa de morte
no sexo masculino, e segunda, no feminino.Trata-se de uma doença
letal, com aproximadamente 90% dos seus pacientes morrendo
primariamente desta causa. No que diz respeito a DPOC estima-se
que, em 2020, cerca de 7,5 milhões de brasileiros possuam a doença.
A prevalência de DPOC no mundo é estimada, em 1990 em 9,3/1000
pessoas em homens, e 7,3/1000 pessoas em mulheres, segundo a
organização mundial de saúde. O principal fator de risco para as
neoplasias pulmonares é a exposição ao tabaco, que pode variar em
função dos hábitos de cada população. O aumento no comportamento
de risco (o tabagismo), além do envelhecimento da população,
contribuíram para o aumento da prevalência, tanto do câncer de
pulmão, quanto da DPOC no mundo.
Existem diversas doenças pulmonares que tem associação com
câncer pulmonar. De todas elas, a que tem melhor demonstração de
associação é a DPOC. Skillrud, em 1986, encontrou, após avaliar em
um estudo caso-controle de 113 pacientes (comparados por idade,
sexo e tabagismo, dentre outros), uma prevalência de câncer em
pessoas com DPOC em torno de 9%, comparados com 2% nos
controles, em 10 anos de observação.
Em um outro estudo,
multicêntrico, tipo coorte (com 4395 pacientes estudados), Tockman,
em 1987, seguiu pacientes que tiveram câncer de pulmão, sendo
demonstrado que a presença de obstrução de vias aéreas era um fator
de forte predição para o desenvolvimento de câncer de pulmão, mais
ainda do que a idade ou carga tabágica. Além disto, quanto mais
limitado o paciente, ao nível de função pulmonar (VEF1), maior a
chance de desenvolvimento de câncer.
As hipóteses para esta associação são, obviamente, a presença
do mesmo fator de risco para ambas as doenças, em primeiro lugar, e
o clearance alterado de substâncias carcinogênicas presentes na
fumaça do cigarro, associada a uma presença de inflamação crônica
do epitélio brônquico.
Portanto, a melhor conduta frente ao controle destas doenças
tão prevalentes é, sem dúvida, aumentar a atenção quando se faz o
acompanhamento clínico de pacientes com DPOC, além de,
obviamente promover ações adequadas no controle do maior fator de
risco, o tabagismo.
Dr. Aquiles Camelier
Mestre em Pneumologia / UNIFESP
Médico assistente da Disciplina de Pneumologia / UNIFESP
[email protected]
Download