morfologia e germinação de sementes de pistia stratiotes l.

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MORFOLOGIA E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PISTIA STRATIOTES L.
Gabriela Costa Barbosa (bolsista do PIBIC/CNPq), Ivanilza Moreira de Andrade (Orientador,
Depto de Ciências Biológicas – UFPI)
INTRODUÇÃO
O gênero Pistia, constituído por apenas uma espécie Pistia stratiotes L., ocorre em todo o
globo em zonas tropicais e subtropicais, pois a baixa temperatura inibe principalmente a produção de
sementes (DRAY & CENTRO, 1989; PIETERSE et al., 1981). Pistia stratiotes, conhecida
popularmente como alface-d’água, é uma das macrófitas aquáticas mais importantes, por ter papel de
bioindicadora de poluição. Atualmente ocorre em todos os continentes, exceto na Europa e na
Antártica. Provavelmente a propagação inicial ocorreu através da água de lastro em navios da
América do Sul (LABRADA & FORNASARI, 2002).
A ocorrência de Pistia no Brasil é registrada para a região Norte (Acre, Amazonas, Amapá,
Pará), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe),
Centro-oeste (Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio
de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina) (COELHO 2014).
A identificação de plantas em estágios juvenil é de importância fundamental e contribuem ao
melhor entendimento da biologia da espécie, ampliação de estudos taxonômicos das espécies e
fundamentação para estudos de levantamento ecológico, nos aspectos de regeneração se áreas,
produção por semente, em condições naturais e, na ocupação e estabelecimento ambiental por
qualquer espécie (SALLES, 1987). Para Oliveira & Pereira (1984) o estudo sobre a morfologia de
sementes se faz necessário devido à importância dessas estruturas para a identificação botânica. O
conhecimento básico sobre a morfologia e germinação de espécies. Um fator importante na
emergência e no crescimento das plantas é a luminosidade, devido à influência em processos como a
fotossíntese. Fatores como a intensidade, qualidade, duração e periodicidade da luz incidente afetam
quantitativa e qualitativamente o desenvolvimento da planta (PEDROSO & VARELA 1995).
Devido a importância ecológica de Pistia stratiotes para os mananciais aquáticos e sua rápida
proliferação, objetivou-se com este estudo descrever taxonomicamente esta espécie e caracterizar a
morfologia das sementes e desenvolvimento de plântulas em diferentes condições de temperatura,
água e luminosidade.
METODOLOGIA
O material de estudo foi coletado em uma extensão do Rio Igaraçu, Parnaíba, Piauí, no
bairro Bebedouro nas coordenadas do ponto de coleta 02°55´39.73"S e 41°46'21.21"W. Foram
realizadas três excursões durante os meses de outubro a novembro de 2013, e coletados indivíduos
para descrição botânica, análise de propagação vegetativa e 1.400 sementes para germinação. Para
analisar a propagação vegetativa colocou-se um individuo em recipiente com água e substrato da
lagoa, observou-se durante 30 dias o crescimento e desenvolvimento do indivíduo selecionado. As
sementes foram coletadas aleatoriamente em campo e levadas para o laboratório de Células e
Moléculas da Universidade Federal do Piauí-UFPI, foram separadas de forma manual e submetidas a
três tratamentos: Tratamento 1 (T1), Tratamento 2- T2 e Tratamento 3- T3 - O tratamento 3 se deu
com a mudança do tratamento 2, onde adicionou-se água abundante, sob temperatura de 37oC, no
sol ; 35oC na sombra e 24oC sob condições de laboratório, fotoperíodo constante de 12hL-12hE
(Luz-Escuro), durante 30 dias. Foram realizadas observações diárias para acompanhar o processo
germinativo e crescimento inicial das plântulas. Unidades representativas de cada fase da
germinação foram ilustradas e descritas a sequência dos eventos morfológicos externos. O
Percentual de Germinação foi dado pela formula G (%)= NG/NT X 100, onde NG (nº de sementes
germinadas), NT (nº total de sementes colocadas para germinar), de acordo com as regras de
análise de sementes (BRASIL, 1992).O Índice de velocidade de germinação (IVG) foi obtido segundo
a fórmula proposta por Maguire (1962).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tratamento 1 ( T-1): Após 4 dias iniciou o processo germinativo de algumas sementes, com
o rompimento do opérculo. Na repetição sol das 100 sementes, germinaram 19 % das sementes. Na
repetição sombra observou-se a germinação de 18% das sementes, Na repetição do laboratório
apenas 2% sementes germinaram. O percentual total de germinação foi de 79,5%. A repetição do sol
teve maior porcentagem de germinação com 89% de sementes germinadas e IVG de 8,18. Na
repetição sombra a porcentagem de germinação foi 76% e IVG de 7,06; e na repetição do laboratório
observou-se a menor porcentagem de germinação com 64% de sementes germinadas, e IVG de 0,7.
Observou-se que a repetição do laboratório apresentou a menor taxa de germinação e de IVG,
podendo ser relacionado com a temperatura, que era menor que as das outras repetições, em media
24º C. Segundo Nassif et al. (1998) a temperatura ótima de germinação de espécies tropicais
encontra se entre 15ºC e 30ºC, a máxima entre 35ºC e 40ºC e a mínima pode chegar a 0ºC.
Tratamento 2 ( T-2): Água destilada apenas para umedecer, não foi observado nenhum inicio de
germinação. As sementes foram observadas diariamente por 35 dias, e permaneceram sem
alterações em todas as repetições. Tratamento 3 ( T-3): Associou-se a ausência do processo
germinativo no T-2 à falta de condições e nutrientes necessários para a reativação do crescimento do
embrião, o que ficou bastante claro com a troca do tratamento T-2 para o tratamento T-3, que contém
água abundante e com certo nível de poluição. Um dia após a mudança no tratamento, grande parte
das sementes germinou, atribuiu-se a grande velocidade de germinação ao fato que a semente tenha
encontrado condições ótimas para a germinação. Na repetição sol 1 germinaram 98% sementes e na
repetição sol 2 92% sementes; Na repetição sombra 1 germinaram 39% sementes e na repetição
sombra 2 32% sementes; Na repetição 1 do laboratório germinaram 65% sementes e na repetição 2
laboratório observou-se a germinação de 70% sementes. A porcentagem de germinação geral foi
92,66 %. Das repetições a que teve a maior porcentagem de germinação foi a repetição sol 1 com
água da lagoa a porcentagem de germinação foi 98%, com IVG de 98; a repetição sol 2 com água da
torneira a porcentagem foi de 92%, com IVG de 92. Já na repetição sombra 1 com água da lagoa a
porcentagem de germinação foi de 55% e IVG 47. Na repetição sombra 2 com água da torneira foi
64% e IVG de 48. Nas repetições 1 e 2 do laboratório com água da torneira a porcentagem de
germinação foi de 67,5% e o IVG 75,5.
A produção de sementes de Pistia stratiotes é ampla e na população estuda e as sementes
coletadas mostraram 100% de viabilidade. Inicialmente a semente torna-se túrgida pela absorção de
água. A germinação inicia-se com o surgimento do catafilo empurrando o opérculo da semente no 2º
dia. No terceiro dia, o catafilo emerge, ca. 2 x 1 mm compr. e em algumas sementes ocorre o
aparecimento da 1º folha. No quarto dia ocorre o aparecimento da radícula medindo 0,5-1 mm. de
compr., com o aparecimento da primeira folha a planta começou a flutuar. Nesta fase o catafilo mede
2,0 x 1,0 e a 1ª folha 2x1 mm de compr. O quinto dia a primeira folha apresenta tricomas. No sexto
dia a primeira folha abre-se por completo medindo 2 mm com tricomas bem evidenciados e
numerosos; a radícula 5,5 mm, e o aparecimento de uma segunda raiz. No sétimo dia ocorre o
aparecimento da terceira raiz. O décimo terceiro dia é marcado com o desaparecimento da radícula e
é nesta fase que as plântulas já apresentam se como flutuantes livres. Do décimo quarto ao décimo
sexto dia ocorre o aparecimento das demais folhas. No décimo oitavo dia nota-se as raízes
numerosas. No vigésimo segundo dia a plântula perde a semente encerrando o estagio de plântula.
Observou-se a formação de cerca de 28 novos indivíduos no 8º dia após o inicio do
experimento, com 12º dia 36 indivíduos e no 39º dia 134 indivíduos, passados 50 dias marcado pelo
fim do experimento observou-se 146 indivíduos. Observou-se a intensa reprodução assexuada
através de estolões em um espaço de tempo curto, tendo IVG de 4,4 indivíduos por dia.
CONCLUSÕES
Pode-se perceber que a luminosidade e a temperatura estão relacionadas com a
porcentagem de germinação e com o índice de velocidade. Já a repetição da sombra com apenas
50% de intensidade de luz apresentou menor percentual de germinação mesmo estando com
temperatura média de 35ºC.O início da germinação deu-se no 4º dia após o inicio do experimento,
sendo marcado pelo aparecimento do catafilo e flutuante. A plântula apresenta raízes e tricomas
numerosos e a perda da semente no, 22º dia após a germinação, marcou o final do estágio de
plântula. Observou-se uma intensa reprodução assexuada através de estolões em um espaço de
tempo curto tendo IVG de 4,4 indivíduos por dia, 50 dias após o inicio do experimento haviam se
formado 146 novos indivíduos por propagação a partir de uma única planta, entre esses observou-se
que 24 indivíduos apresentavam flores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COELHO, M.A.N. 2014. Pistia. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB5069>. Acesso em: 29
Jul. 2014
DRAY, F.A; CENTRO T.D. Produção de sementes por Pistia stratiotes. Botanica. v.33, p. 155-160.
1989.
PIETERSE, A.H, DELANGE, L. & VERHAGEN, L. Um estudo sobre certos aspectos da germinação
de sementes e no crescimento de Pistia stratiotes . Neerl: Acta Botanica v.30, p. 47-57. 1981.
SALLES, H.G. 1987. Expressão morfológica de sementes e plântulas I. Cephalocerus fluminensis
(Miq) Britton e Rose (Cactaceae). Brasilia: Revista Brasileira de Sementes, v.9, n.1, p. 343-352.
MAGUIRE, J. D. Speed of germination aid in selection and evaluation for seedling emergence and
vigor. Crop Science, Madison, v. 2, n. 1, p. 176-177, 1962.
PALAVRAS-CHAVE: Alface-d’água. Araceae. Macrófitas.
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