produção de sementes orgânicas - E-agro

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Centro de Pesquisa
PRODUÇÃO DE SEMENTES ORGÂNICAS
Produzindo sua própria semente com garantia de qualidade
Estrada Municipal de Camaquã, s/n
Cx. Postal 033
www.cpmo.org.br
Ipeúna
SP
Cep 13537 000
[email protected]
PABX 19 3576 1588
2
ÍNDICE
Produzindo sua própria semente com garantia de qualidade
3
Sementes orgânicas
5
Produção de sementes para uso próprio
Recomendações específicas
7
10
Tomate
10
Pepino
16
Mamão
22
Maracujá
25
Extração das sementes
28
Conservação das sementes
29
Bibliografia consultada
33
3
PRODUÇÃO DE SEMENTES ORGÂNICAS
Produzindo sua própria semente com garantia de qualidade
“O homem tinha por ato sagrado e milenar guardar sementes, ou seja, separar grãos
para uso como sementes na safra seguinte. Hábito este que existe desde a antiga Mesopotâmia
e que persistiu através de séculos. Tinha como objetivo principal, além da preservação da
espécie, produzir alimentos para o sustento de sua família.”
FELAS – Federación Latinoamericana de Asociaciones de Semillas
Mediante o aumento da produção devido à demanda crescente por alimentos, alguns
agricultores foram deixando de produzir suas próprias sementes enquanto outros foram se
especializando na sua produção. Entretanto, com o progresso da ciência, a semente deixou de
ser apenas um órgão de propagação para ser um elemento de transmissão de tecnologia, com
investimentos milionários. Todos os anos são lançadas novas cultivares no mercado,
resistentes a pragas e doenças, mais produtivas, ciclos variados, características específicas de
sabor e aparência, uniformidade e outras, além do cuidado em garantir a sua qualidade
fisiológica. No entanto, as fraudes também foram crescendo, surgindo sementes falsificadas,
ou seja, “sementes piratas”. As sementes das cultivares desenvolvidas por longas pesquisas e
altos investimentos são compradas por oportunistas, multiplicadas em suas propriedades e
comercializadas por um preço bem inferior, e, o que é pior, sem garantia de pureza e
qualidade. Algumas medidas foram criadas para proteger os programas de melhoramento,
como a lei de sementes e a lei de proteção de cultivares, no entanto, acabam penalizando os
produtores que desejam retirar sementes para uso próprio.
Semente pirata – Segundo Dr. Álvaro Nunes Viana – MAPA, esta semente é vetor de baixa
tecnologia, desasistência, desestímulo a pesquisa e, em geral, portadora de doenças e pragas.
Em médio prazo traz grandes problemas para agricultores e evasão de divisas para governo e
detentores.
Os riscos do agricultor ao usar uma semente pirata, segundo FELAS – Federación
Latinoamericana de Asociaciones de Semillas são: Disseminação de pragas e doenças, baixa
pureza genética, sementes misturadas, baixo desempenho, desuniformidade no campo, falta
de adaptação regional, queda na produtividade, falta de qualidade fisiológica, distanciamento
da tecnologia e treinamento.
4
Semente legal – Têm por intuito oferecer produtos sadios, adequados e com qualidade, que
permitam plantabilidade e que gerem produtividade para os agricultores (FELAS).
As leis de sementes e proteção de cultivares ainda abrem algumas exceções para
pequenos produtores que desejam produzir sementes para uso próprio. No entanto, alguns
pesquisadores acreditam que a produção dessas sementes abre brecha para a pirataria e estão
se empenhando em eliminar a permissão de seu uso. Alegam, também, que esta atividade é
apenas um “vício cultural”, não trazendo nenhum benefício real para o próprio produtor, pois
as sementes são produzidas sem técnica e sem controle de qualidade.
Segundo o artigo 11 da nova lei de sementes (lei no 10.711, de 5 de agosto de 2003), a
produção, o beneficiamento e a comercialização de sementes e de mudas ficam condicionados
à prévia inscrição da respectiva cultivar no RNC (Registro Nacional de Cultivares) do MAPA
(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Entretanto, o parágrafo 6º confere
exceção à semente de cultivar local, tradicional ou crioula, utilizada por agricultores
familiares, assentados da reforma agrária ou indígenas, ou seja, neste caso, não é obrigatória a
sua inscrição no RNC.
Lei de proteção de cultivares (lei n. 9.456 - de 25 de abril de 1997):
Art. 8º A proteção da cultivar recairá sobre o material de reprodução ou de multiplicação
vegetativa da planta inteira.
Art. 9º A proteção assegura a seu titular o direito à reprodução comercial no Território
Brasileiro, ficando vedados a terceiros, durante o prazo de proteção, a produção com fins
comerciais, o oferecimento à venda ou à comercializado, do material de propagação da
cultivar, sem sua autorização.
Art. 10. Não fere o direito de propriedade sobre a cultivar protegida aquele que:
IV - sendo pequeno produtor rural, multiplica sementes, para doação ou troca, exclusivamente
para outros pequenos produtores rurais, no âmbito de programas de financiamento ou de
apoio a pequenos produtores rurais, conduzidos por órgãos públicos ou organizações não
governamentais, autorizados pelo Poder Público.
§ 3º Considera-se pequeno produtor rural, para fins do disposto no inciso IV do "caput",
aquele que, simultaneamente, atenda os seguintes requisitos:
I - explore parcela de terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário ou parceiro;
5
II - mantenha até dois empregados permanentes, sendo admitido ainda o recurso eventual à
ajuda de terceiros, quando a natureza sazonal da atividade agropecuária o exigir;
III - não detenha, a qualquer título, área superior a quatro módulos fiscais, quantificados
segundo a legislação em vigor;
IV - tenha, no mínimo, oitenta por cento de sua renda bruta anual proveniente da exploração
agropecuária ou extrativa; e
V - resida na propriedade ou em aglomerado urbano ou rural próximo.
O pequeno produtor deve continuar a ter o direito de produzir suas próprias sementes,
se assim o desejar, pois muitas cultivares são verdadeiros patrimônios de suas comunidades,
sem falar no custo que a semente representa para famílias que, muitas vezes, não tem nem o
que comer. Deste modo, existem várias medidas que podem ser tomadas para fechar as
brechas das leis que permitem a pirataria. Quanto a qualidade das sementes, devem ser
criados programas que orientem os pequenos produtores na produção e conservação de
sementes, inclusive formando cooperativas e bancos de sementes.
SEMENTES ORGÂNICAS
Além de todos esses problemas, o produtor orgânico ainda enfrenta a falta de
sementes adaptadas, pois as poucas empresas que produzem “sementes orgânicas”, na
verdade, estão comercializando cultivares desenvolvidas geneticamente no sistema de
produção convencional. Isto é, após o processo de melhoramento, a cultivar é registrada no
RNC e, então, a semente básica é multiplicada no sistema orgânico e depois embalada e
comercializada. Essas sementes não são adaptadas ao sistema de cultivo orgânico ou natural
e, por isso, o produtor que adquire essas sementes, ou mesmo as sementes convencionais,
sofre várias conseqüências.
Problemas das sementes para o cultivo alternativo:
¾ Sementes piratas (falta de pureza genética, disseminação de pragas e doenças, baixo
desempenho, desuniformidade e baixo vigor das sementes);
¾ Sementes com alto resíduo de “veneno”;
¾ Sementes viciadas em agroquímicos (baixa produtividade para a agricultura alternativa);
6
¾ Alto custo (preço da tecnologia e dependência da semente - venda casada de produtos
químicos);
¾ Baixo valor biológico (Energia Vital);
¾ Transgênicos.
Na agricultura convencional ou natural, o ponto crucial é a produção final estabilizada
e com qualidade. Isto está intimamente ligado à cultura e à adaptação de suas espécies ao
ambiente em que estão sendo cultivadas. Neste contexto, a semelhança dos centros de origem
com as regiões em que as diferentes culturas são cultivadas economicamente, pode ser
altamente significativa para o sucesso da produção.
Por outro lado, em função das exigências ou definições do mercado regional, observase a diversificação de culturas de diferentes centros de origem cultivadas por todo país, sendo
a maior ou menor capacidade de adaptação às diferentes condições edafoclimáticas, o fator
determinante e a característica principal que diferencia essas culturas quando cultivadas fora
de seus centros de origem. Do mesmo modo, diferenças de adaptabilidade existentes entre
espécies do mesmo gênero ou mesmo entre cultivares da mesma espécie, também são
fundamentais.
O trabalho fundamentado em práticas de manejo que visam à preservação do meio
ambiente, tais como a estruturação ou recuperação das qualidades físicas, químicas e
microbiológicas dos diferentes solos, favorece a adaptação das culturas, mesmo quando
cultivadas em condições diferentes de seus centros de origem.
Dependendo da cultura, isso envolve mudanças em seus hábitos de crescimento, de
ciclo produtivo e de exigências quanto ao fotoperíodo; na adaptação às condições especiais de
clima e solo; na resistência ou tolerância a pragas e doenças; na melhoria das plantas e na
qualidade dos produtos obtidos. Esses foram e continuam sendo, entre outros, fatores
determinantes do sucesso ou do fracasso das colheitas e, até mesmo, da possibilidade de
cultivo das plantas longe de seus centros de origem.
Entretanto, o trabalho de melhoramento genético de plantas, procurando agrupar em
um mesmo genótipo, características dos referidos centros de origem com boa produção e
qualidade dos produtos, ainda é a principal metodologia para a obtenção de culturas
adaptadas para o cultivo econômico nas diferentes regiões edafoclimáticas.
O sistema de Agricultura Natural, que tem como princípios básicos o respeito às Leis
da Natureza e com isso exclua toda e qualquer prática de uso de produtos nocivos ao solo, à
planta e ao meio ambiente, como o uso de fertilizantes químicos, pesticidas químicos
7
(agrotóxicos), compostos de origens duvidosas, necessita ainda mais da conscientização de
seus pesquisadores e extensionistas no emprego de práticas pertinentes ao processo natural.
Isto facilita a adaptação das culturas às condições edafoclimáticas das diferentes regiões, visto
que, serão cultivadas sem as maciças fertilizações químicas do solo, nem as excessivas
aplicações de defensivos químicos (agrotóxicos) no controle de pragas e doenças.
Para isso, um programa de seleção diferenciado do convencional, com objetivos claros
de obtenção de cultivares para cultivo em ambientes naturais, equilibrados físico, químico e
microbiologicamente, possibilitaria, cada vez mais, aumentar a produção com valor comercial
agregado, assim como, a obtenção de produtos de alto valor nutricional, mesmo nas regiões
com ambientes adversos aos de seus centros de origem.
Na falta de sementes melhoradas e adaptadas ao sistema de agricultura alternativa, o
próprio produtor pode realizar um melhoramento genético de suas cultivares, adaptando suas
sementes ao sistema de cultivo empregado em sua propriedade. Através do acompanhamento
e observação constante de seu campo de produção, o produtor pode promover cruzamentos
manuais, autopolinizações, multiplicações, seleções de plantas e, deste modo, obter suas
próprias sementes.
PRODUÇÃO DE SEMENTES PARA USO PRÓPRIO
Para produção de sementes para uso próprio, antes de tudo, o produtor e a cultivar
escolhida devem se enquadrar nas condições estabelecidas pela lei de sementes e pela lei de
cultivares. Em seguida, deve seguir alguns passos de manejo e controle de qualidade da
produção de sementes:
1) Escolha da espécie: deve-se levar em consideração diversos fatores, como o tipo de
polinização da cultura (plantas autógamas - autopolinizadoras e alógamas - polinização
cruzada, ou seja, dependem de agentes polinizadores), tabela 1. Outro ponto importante é a
familiaridade do produtor com o manejo da cultura escolhida, possibilitando-lhe maiores
rendimentos e melhor qualidade das sementes.
2) Escolha da cultivar: não é recomendada a utilização de sementes de híbridos como material
básico, pois a reprodução desse material originará plantas diferentes daquelas que se deseja
obter. A escolha da cultivar deverá, ainda, levar em consideração a demanda, ou seja, a
preferência do mercado consumidor local, desde que seja técnica e economicamente viável
8
sua produção agronômica e que não fira as restrições impostas pelas leis referidas
anteriormente;
Tabela 1. Exemplos de culturas autógamas e alógamas.
Autógamas
Alface
Algodão
Amendoim
Arroz
Aveia
Berinjela
Cevada
Chicória
Citros
Ervilha
Feijão
Fumo
Linho
Pêssego
Pimenta
Pimentão
Quiabo
Soja
Sorgo
Tabaco
Tomate
Trigo
Alógamas
Abacate
Abobrinha
Aipo
Alcachofra
Alfafa
Almeirão
Ameixa
Amêndoa
Avelã
Banana
Batata-doce
Beterraba
Brócolis
Castanha
Cebola
Cenoura
Centeio
Chicória
Couves
Espinafre
Girassol
Maçã
Mamão
Mamona
Manga
Melancia
Melão
Milho
Moranguinho
Nabo
Noz
Pepino
Pêra
Rabanete
Repolho
Salsa
Uva
3) Escolha da gleba (área, dentro da propriedade, na qual se vai instalar o campo de produção
de sementes): deve-se escolher a área de melhor qualidade para favorecer um melhor
desenvolvimento da cultura, todavia, no caso de pequenos produtores, normalmente não é
viável separar uma área específica para a produção de sementes. Neste caso, deve-se escolher
as melhores plantas do campo de produção para a colheita de suas sementes;
4) Isolamento: é o procedimento pelo qual o campo de uma determinada cultivar é separado
de outro (da mesma espécie, ou, em alguns casos, do mesmo gênero) com o objetivo de evitar
a troca de pólen, ocasionando contaminação genética. Este procedimento é mais importante
quando a taxa de polinização cruzada é alta (espécies alógamas) e, neste ponto, não pode
deixar de se levar em consideração as propriedades vizinhas. A tabela 1 apresenta uma lista
de espécies autógamas e alógamas. Entretanto, este isolamento entre campos de produção de
sementes pode ser realizado de diversas formas:
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¾ Distância: a distância mínima será diferente para cada espécie, pois varia com o
agente polinizador – vento, insetos e outros. A tabela 2 apresenta alguns exemplos
de distâncias, inclusive para espécies autógamas, pois muitas apresentam uma
pequena taxa de polinização cruzada;
Tabela 2. Distâncias mínimas de isolamento, em metros, de
campos de produção de cultivares diferentes para cada espécie.
Espécie
Distância (m)
Arroz
Cebola
Fumo
Girassol
Gramíneas alógamas
Melancia
Milheto
Milho
Pepino
Pimenta
Quiabo
Sorgo
Tomate
3
400 – 1600
45
800
50 – 275
400 – 800
200 – 400
200
400
10 – 60
250 – 400
200 – 300
10 – 60
¾ Época de semeadura: distanciar a semeadura das cultivares o suficiente para que o
período de florescimento seja diferente;
¾ Bordadura ou barreiras vegetais.
5) Purificação ou Roguing: é a operação de eliminação de plantas contaminantes (plantas de
outras cultivares ou que esteja fora do padrão da cultivar em multiplicação, além de plantas
contaminadas por doenças transmissíveis por sementes) em um campo de produção de
sementes. As plantas devem ser eliminadas por completo, inclusive com as raízes, nas
seguintes épocas:
¾ Pós-emergência;
¾ Durante o desenvolvimento vegetativo;
¾ Floração;
¾ Pós-floração ou desenvolvimento das sementes;
¾ Pré-colheita e pós-colheita.
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6) Limpeza de materiais e equipamentos;
7) Controle de qualidade: é importante fazer um controle de qualidade das sementes,
principalmente quanto ao vigor (porcentagem de emergência) e teor de água.
RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS
TOMATE (Lycopercicon esculentum / família solanácea)
A planta do tomate normalmente é monóica hermafrodita, isto é, possui em uma única
flor os dois órgãos reprodutivos (masculino e feminino). As flores de tomates são perfeitas e
auto-fecundas. O modo de reprodução dos tomates é, assim, uma autogamia preferencial. As
anteras (onde se encontram os grãos de pólen) são situadas na superfície interna do cone de
estames (órgão masculino) e o pólen se difunde do interior. Como as flores são voltadas para
a terra, o pólen cai no estigma, gerando uma auto-fecundação.
estame
estigma
estilete
Figura 1 – Demonstração do estame, do estigma e estilete (após a remoção
do estame) de uma flor de tomate.
Polinização artificial do tomate
A polinização artificial só é realizada quando o produtor deseja cruzar as
características de duas diferentes cultivares ou, simplesmente, aumentar a variabilidade
genética do material, dado que o tomate é uma espécie autógama. Neste caso, cruzam-se duas
variedades e todas as sementes oriundas deste cruzamento são plantadas. Como as plantas
serão diferentes umas das outras, procede-se com a seleção de plantas no campo. O produtor
deve acompanhar toda a fase de desenvolvimento, desde a emergência até a fase produtiva,
para observar todas as características, tanto agronômicas como comerciais, e selecionar as
melhores plantas para colher suas sementes. Se desejar, pode-se semear este material híbrido
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e repetir todo o procedimento citado anteriormente, aumentando mais ainda a variabilidade
genética e, com isso, as chances de agregar mais características desejáveis em um só
indivíduo também aumentam. Entretanto, como este material é um híbrido, ou seja, não
possui homogeneidade, deve-se plantar este material, deixando que se auto-polinize, e colher
suas sementes para que seja plantada novamente. O processo deve ser repetido por seis ciclos
consecutivos para se obter um material homogêneo, pronto para entrar no campo de
produção.
Preparo das flores dos progenitores femininos: como a flor do tomate é hermafrodita,
devemos proceder com a emasculação (eliminação do órgão masculino - estame) da flor
proveniente da planta que será a progenitora feminina. A emasculação é feita quando as
sépalas começam a separar-se e as pétalas apresentam coloração verde-esbranquiçada e o
estigma (parte do órgão feminino em que o pólen será depositado) encontra-se receptivo.
Então, é retirado o cone de estames, deixando as pétalas como indicadoras para o momento da
polinização.
Figura 2 - Ponto ideal para emasculação.
Figura 3 - Ponto para emasculação da flor do tomate
Figura 4 – Emasculação do tomate
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A emasculação é feita com uma pinça de ponta fina, abrindo-se as sépalas e pétalas do
botão e retirando-se o androceu (cone de estames) com muito cuidado para manter o estilete e
estigma, que ficam dentro deste cone, intactos (figura 4).
Coleta dos pólens dos progenitores masculinos: o ponto ideal para coleta de pólen se
dá quando as pétalas e o cone de estames estão com coloração amarelo vivo. Deve-se atentar,
no entanto, que esta flor só servirá para a extração de pólen e “nunca” para emasculação.
Figura 5 – Flores de tomate prontas para a retirada de pólen.
O estigma encontra-se receptivo durante o período que vai desde as 18 h que
antecedem a antese (abertura floral) até seis dias após a antese, cujo ápice ocorre no final da
tarde, ou seja, até um pouco antes da murcha da flor. Devem ser evitadas polinizações ao final
da tarde.
A flor da planta que receberá o pólen não poderá ter uma coloração amarelo ocre, e
sim, amarelo vivo, quando estará no ponto para a polinização.
Flor
passada
Figura 6 – Flor não apta a receber nem ceder pólen, flor passada.
13
A deiscência das anteras (abertura para liberação do pólen) ocorre durante ou logo
após a abertura da flor. O pólen será coletado de flores completamente abertas (coloração
amarelo vivo) com o auxilio de pequenos vibradores elétricos ou manuais, ou batendo o dedo
indicador na flor como se estivesse tirando a cinza do cigarro. Este pólen deve ser,
preferencialmente, coletado em um recipiente escuro, como as tampinhas de potes para filme
fotográfico, para melhor visualização (figuras 7 e 8).
Figura 7 – Coleta de pólen
Figura 8 – Forma de retirada de pólens.
Em seguida, leva-se o pólen coletado até a planta com a flor que será polinizada e
passa-se o estigma da flor no pólen dentro do recipiente (figura 9). As flores polinizadas
podem ser identificadas tirando 3 sépalas.
Temperaturas entre 22 e 28º e umidade em torno de 70 a 85% favorecem a hibridação
artificial.
sépala
estigma
Figura 9 – Polinização: estigma sendo colocado em contato com pólen.
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Se a polinização for bem sucedida, o ovário da flor polinizada vai se desenvolver
dando origem ao fruto do tomate, caso contrário ocorrerá aborto floral. As sementes estarão
prontas, ou seja, maduras fisiologicamente para serem extraídas, quando o fruto estiver
totalmente maduro.
Extração de sementes de tomate
A maturação do tomate é importante, pois, quanto mais maduro, mais facilmente se
desprenderá a mucilagem das sementes e estas também estarão fisiologicamente maduras.
A extração de sementes efetua-se colocando os frutos em saquinhos plásticos e
amassando-os com as mãos. Após a transformação dos tomates para ponto de polpa,
acrescenta-se 2ml de EM4 (Microrganismos Eficazes) puro e fecha-se o saco de forma mais
anaeróbica possível. O EM4 auxiliará na fermentação da polpa e promoverá uma proteção das
sementes.
Fig.10 - Tomates colocados em saquinho
plástico para serem amassados.
Fig.11 - Tomates em sacos plásticos sendo
amassados para a liberação das sementes.
Fig.12 - Tomates que foram amassados,
prontos para a colocação do EM4 para a
fermentação.
Fig. 13 - Na colocação dos microorganismos
(EM4), a quantidade recomendada é 2 ml para
cada 5 tomates pequenos.
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Fig.14 - Colocação dos microorganismos
(EM4) que serão responsáveis pela
aceleração da fermentação, o que facilitará a
retirada da mucilagem das sementes.
Fig.15 - Vedação do saquinho para uma
melhor fermentação e prevenção contra
entrada de fungos e insetos indesejáveis.
Deixar fermentar por 24h à sombra.
Deixar a polpa fermentar por 24 horas, em dias mais quentes, e no máximo 48 horas,
em dias mais frios. Após este processo, a polpa apresentará uma cobertura com fungo branco,
que é característico de uma boa fermentação. Este processo de fermentação permite que as
sementes se soltem mais facilmente da polpa que as
envolve e, conseqüentemente, de sua mucilagem
também.
Despejar esta polpa fermentada em um
recipiente com água para separar a polpa da
semente, descartando as sementes que bóiam
misturadas com a polpa. Repetir este processo até
que a água fique limpa, ou seja, só com as sementes
boas que ficam no fundo do recipiente. Em seguida,
Fig. 16 - Após a fermentação as sementes
serão lavadas para ocorrer a separação da
polpa e das sementes.
despejar as sementes em uma peneira, lavando-as em água corrente.
Fig.17 - Processo de lavagem das sementes
em água corrente utilizando peneira plástica.
Fig.18 - Na limpeza, se o material for bem
fermentado, a polpa irá boiar com as
sementes de má qualidade e as sementes
viáveis irão ficar no fundo da bacia.
16
Fig.19 - O processo de lavagem das sementes
deve ser feito até que toda a casca e polpa
sejam eliminadas das sementes.
Pode-se encontrar aproximadamente de 100 a 500 sementes em um fruto, e cada
grama possui cerca de 30 a 40 sementes, variando em função das cultivares e do
desenvolvimento da planta que o originou.
Ao final da lavagem, colocar as sementes
espalhadas em uma bandeja ou prato de cerâmica
para secar à sombra e em local ventilado. Após a
secagem, as sementes devem ser embaladas em
saquinhos de papel e devidamente identificadas.
Fig.20 - Após o processo de lavagem, essas
sementes são colocadas em pratos de
cerâmica para secar.
PEPINO (Cucumis sativus / família curcubitacea)
A planta do pepino normalmente é monóica, isto é, possui uma flor macho e uma flor
fêmea em cada planta. O pepino pode ser auto-fecundado, ou seja, a flor fêmea será
fertilizada por pólen vindo da flor macho da mesma planta. Entretanto, as fecundações
cruzadas são predominantes, sendo a flor fêmea fertilizada por pólen vindo da flor macho de
diferentes plantas da mesma cultivar ou de uma outra cultivar e o principal vetor dessas
polinizações são as abelhas.
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Pó ser uma planta alógama, o cruzamento entre cultivares é freqüente, aumentando
naturalmente a variabilidade genética do material, entretanto, às vezes se torna interessante a
manutenção das características de determinada cultivar. Quando for necessário o controle dos
cruzamentos, precisamos fazer um isolamento, que pode ser realizado por meio de barreira
física, ou seja, plantio em estufas separadas ou através de isolamento das variedades por
distância. Em função das regiões e dos diversos ambientes, a distância de isolamento
aconselhada entre duas cultivares de pepino fica em torno de 400 metros a 1 quilômetro.
Quanto ao padrão de florescimento ao longo da haste, plantas monóicas,
normalmente, apresentam mais flores masculinas do que femininas nos primeiros nós, depois
apresentam uma segunda fase mista e, por fim, somente flores fêmeas. A expressão sexual, no
pepino, é geralmente influenciada pelo ambiente. As flores masculinas predominam em dias
longos, com forte intensidade solar e temperatura alta, já as flores femininas predominam em
dias mais curtos, com intensidade solar menor e temperaturas mais amenas. Outro fato
observado, é que plantas monóicas normalmente apresentam mais flores fêmeas nas
ramificações laterais, principalmente no primeiro nó.
Polinização artificial do pepino
A técnica de polinização manual consiste em fechar (ligadura) as flores masculinas e
femininas que vão se abrir na manhã seguinte, ao final da tarde, evitando-se a polinização por
abelhas. As flores estão prontas para ligadura quando estiverem com coloração amareloesverdeada e ainda fechadas (figuras 21 e 22).
Figura 21 – Flor macho ideal para ser fechada
para polinização no dia seguinte.
Figura 22 – Flor fêmea ideal para ser marcada
para polinização no dia seguinte.
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Fecha-se com clipe a flor macho, impedindo a abertura da flor e a visitação de insetos,
conforme figura 31. No caso da flor fêmea, a sua proteção é feita colocando-se um saquinho e
prendendo com um clipe (figura 24).
Figura 23 – Flor macho marcada para
polinização no dia seguinte.
Figura 24 – Flor fêmea protegida com saquinho para
polinização no dia seguinte.
De manhã, as flores masculinas são colhidas, liberadas do clipe e suas pétalas
retiradas. Retira-se o saco da flor fêmea delicadamente e, se ambas estiverem maduras,
procede-se com o trabalho de polinização. Se uma ou outra flor, uma vez liberada da ligadura,
não está pronta para polinização, ou seja, não apresentar coloração amarelo-ouro, é porque ela
não está “madura”, e não podemos então utilizá-la para o processo de polinização manual.
Figura 25 – Flor masculina pronta para polinizar (madura).
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A polinização é efetuada caiando o pólen das flores macho sobre o estigma da flor
fêmea (figura 26). Indica-se o uso de pelo menos duas flores macho para cada flor fêmea.
Deve-se ser muito vigilante, pois, às vezes, pode acontecer de uma abelha pousar bem no
meio do processo de polinização. Este último deve, então, ser abandonado por causa da
intrusão de pólen estranho.
Figura 26 – Polinização da flor fêmea pela flor macho.
É aconselhável efetuar essa polinização manual de manhã, o mais cedo possível. As
polinizações manuais efetuadas no final da manhã em estação muito quente têm poucas
chances de terem sucesso na medida em que o pólen terá esquentado e fermentado e não será
mais viável. O tempo de viabilidade do pólen é curto, portanto se sobrarem flores macho,
estas devem ser descartadas antes que fiquem “passadas” (figura 27) para não comprometer o
trabalho de polinização e, consequentemente, a formação de sementes.
Flor
nova
Flor
passada
Figura 27 – Flor masculina apta para polinizar (nova) e
flor masculina que não serve mais para polinização
(passada).
20
A flor macho nova apresentada na figura 27 está fisiologicamente apta para polinizar,
mas não deve mais ser aproveitada para a polinização manual, pois ela não foi fechada com
antecedência e pode ter sido visitada por insetos e estar “contaminada” por polens de outras
flores.
Após a polinização, fecha-se cuidadosamente a flor fêmea com um clipe para não
haver outras polinizações pelas abelhas. Não se deve esquecer de fixar logo uma marcação
em volta do pedúnculo da flor polinizada a fim de se poder reconhecer facilmente, no final da
estação, os frutos que terão sido polinizados manualmente. A marcação deve ser bastante
frouxa para permitir ao pedúnculo um desenvolvimento sem problemas (figura 28).
Figura 28 – Flor feminina após a polinização.
Extração de sementes de pepino
É indispensável deixar amadurecer completamente os frutos na planta antes de extrair
as sementes. Como no pepino os frutos são consumidos verdes, neste estágio, os pepinos já
não são mais comestíveis (figura 29). Quando as sementes estão maduras no interior do fruto,
o pedúnculo tem tendência a secar.
Figura 29 – Frutos maduros no pé e no galpão,
devidamente identificados.
21
A extração de sementes é feita cortando-se os frutos em duas partes no sentido
longitudinal e esvaziando a cavidade central com uma colher (figura 30). Após a remoção da
polpa, despejá-la em um recipiente com tampa ou saco plástico e adicionar 2ml de EM4 puro
e fechar de forma mais anaeróbica possível para promover sua fermentação.
Figura 30 - esvaziamento da cavidade central com uma colher para
remoção das sementes com a mucilagem.
Deixar a polpa fermentar por 24 horas, em dias mais quentes, e no máximo 48 horas,
em dias mais frios. Após este processo, a polpa apresentará uma cobertura com fungo branco,
que é característico de uma boa fermentação. O processo de fermentação permite as sementes
de se soltarem mais facilmente da polpa que as envolve e serem limpas mais facilmente.
Despejar esta polpa fermentada em um recipiente com água para separar a polpa da semente,
descartando as sementes que bóiam misturadas com a polpa. Repetir este processo até que a
água fique limpa, ou seja, só com as sementes boas que ficam no fundo do recipiente.
Despejar as sementes em uma peneira, lavando-as em água
corrente (figura 31).
Pode-se encontrar aproximadamente de 100 a 500 sementes
em um fruto, em função das variedades. E cada grama
possui cerca de 30 a 40 sementes.
Colocar as sementes espalhadas em uma bandeja ou prato
de cerâmica para secar à sombra e em local ventilado. Após
a secagem, as sementes devem ser embaladas em saquinhos
Figura 31 – Lavagem das sementes.
de papel e devidamente identificadas.
22
Mamão (Carica papaya / família Caricáceas)
Originária da América Tropical, a cultura do mamão se
disseminou para várias regiões do mundo. O Brasil é o primeiro
produtor mundial, apresentando a maior produtividade do mundo, com
48,57 t/ha, que é 185,71% superior a media mundial, de 17,00 t/ha. O
mamoeiro é cultivado na quase totalidade do território brasileiro,
merecendo destaque os estados de Bahia, Espírito Santo e Pará que são
responsáveis por cerca de 90% da produção nacional.
O mamoeiro é um arbusto perene de tronco tenro e suculento,
no qual se inserem de forma espiralada as folhas de longo pecíolo. Na base dessas, surgem as
flores individuais ou em cachos. Estas flores determinam o sexo da planta que pode ser
masculina, feminina ou hermafrodita.
Como o mamoeiro é uma espécie polígama, ou seja, apresenta diferentes formas
sexuais, o tipo floral da planta vai acabar por influenciar na forma e características dos frutos.
Geralmente plantas masculinas não produzem frutos e quando o fazem, estes não tem valor
comercial. As plantas femininas, apesar de produtivas, produzem frutos de formato
arredondado ou ligeiramente ovalados, cuja cavidade interna é grande em relação à espessura
da polpa, o que os desvaloriza comercialmente.
Os
frutos
hermafroditas
produzidos
têm
pelas
formato
plantas
alongado
apresentando uma cavidade interna pequena
em relação à polpa, sendo o tipo de fruto ideal
exigido pelo mercado interno e externo. Como
a identificação do sexo das plantas só pode ser
visualizada aos 3-5 meses do plantio, através
dos botões florais, os produtores têm que triplicar o número de mudas no campo visando
assim, diminuir as possíveis perdas, o que termina, no entanto, por contribuir para o
encarecimento dos custos de produção, além da excessiva competição entre plantas nas fases
iniciais de seu desenvolvimento.
23
Biologia reprodutiva do mamoeiro
Visando a obtenção de frutos provenientes de flores hermafroditas, por apresentarem
maior valor comercial, deve-se priorizar o cruzamento ou a autopolinização de plantas
hermafroditas, cuja descendência será de 33% de plantas femininas e 67% de plantas
hermafroditas.
Tipos de flores:
- Flores masculinas: conhecidas como flores estaminadas, são distribuídas em pedúnculos
longos originados nas axilas das folhas localizadas na parte superior do mamoeiro, agrupadas
em inflorescências de tipo panícula. São caracterizadas pela ausência de estigma e pelo tubo
da corola estreito e muito longo. O órgão masculino é constituído por dez estames funcionais
dispostos em duas séries com pistilo rudimentar, sem estigma, geralmente estável.
- Flores femininas: também chamadas pistiladas, são grandes, em número de duas ou três,
inseridas nas axilas foliares, formadas em pedúnculos curtos. Possuem pétalas totalmente
livres até a parte inferior da corola. O órgão feminino é composto de um ovário grande,
arredondado, afunilando-se para o ápice com cinco estigmas em formato de leque.
Necessitam de pólen das flores masculinas ou hermafroditas para fecundação e formação de
frutos, os quais podem ter formatos variáveis de arredondados a ovalados, com cavidade
interna grande em relação à espessura da polpa.
- Flores hermafroditas: são flores menores, com pedúnculos curtos, reunidas em pequenos
grupos. Suas pétalas são soldadas da base até quase a metade do seu comprimento. O órgão
feminino é constituído de um ovário, geralmente alongado, com variação de piriforme a
cilíndrico, com cinco estigmas em forma de leque no ápice. O órgão masculino apresenta de
dois a dez estames funcionais, com anteras de cor amarelada. Por apresentarem os dois
órgãos, é natural a ocorrência de autofecundação.
A flor hermafrodita, por não constituir um tipo único e definido, mas um grupo que
inclui muitas formas, como a pentandra, intermediária elongata e estéril, dá origem a formas
diferentes de frutos, sendo alguns deles deformados e sem valor comercial, como os
carpelóides e pentândricos.
24
Polinização do mamoeiro
O vento e os insetos têm sido apontados como agentes efetivos de polinização no
mamoeiro. Para a realização de polinizações previamente programadas, considerando que a
dispersão do pólen do mamão pode atingir até 2,000 m, recomenda-se a proteção das flores
dos parentais femininos com saquinhos de papel, visando evitar contaminações com pólen de
origem desconhecida.
No caso de auto-fecundações de plantas hermafroditas, a simples proteção das flores
com sacos antes da abertura das flores promove a polinização desejada. Entretanto, para a
obtenção de maior número de sementes, a flor prestes a abrir pode ser polinizada
manualmente com pólen de flores da mesma planta, antes de ser protegida com o saquinho. O
pólen utilizado na polinização manual deve permanecer na própria flor doadora de pólen,
sendo transferido diretamente para a flor receptora,
mediante contato das anteras com o estigma.
Para a síntese de híbridos envolvendo parental
feminino
hermafrodita,
torna-se
necessária
a
emasculação das anteras antes que estas produzam
pólen
viável
e
efetuem
a
autofecundação,
inviabilizando o cruzamento desejado. Se o parental
feminino for uma planta feminina, obviamente não
haverá necessidade de qualquer emasculação, porém a
proteção das flores será fundamental para que não
ocorram contaminações.
As sementes devem ser retiradas de frutos
colhidos maduros, época em que apresentam maior
poder germinativo. Cortam-se os frutos ao meio, as
sementes são retiradas e então lavadas em peneira sob
água corrente, para retirar a mucilagem que as envolve.
Seqüencialmente, colocar as sementes espalhadas em uma bandeja ou prato de
cerâmica para secar à sombra e em local ventilado. Após a secagem, as sementes devem ser
embaladas em saquinhos de papel e devidamente identificadas.
25
Produção de sementes e seleção de plantas matrizes
O fruticultor, ao escolher a planta matriz produtora de sementes, deverá tomar alguns
cuidados como: escolher corretamente o sexo da planta (hermafrodita); plantas sadias,
vigorosas e produtivas; produção precoce, com floração iniciada a uma altura mais baixa na
planta (menos que 0,7 m do solo); frutos com as características desejadas da variedade;
resistência a pragas, doenças e anormalidades fisiológicas.
A seleção das plantas se faz em três etapas: pela altura de inserção dos frutos;
marcando as plantas que não apresentam carpeloidia ou esterilidade e avaliação das plantas
com relação a produção, sendo marcadas aquelas que apresentam no mínimo 70 frutos/planta.
As plantas fornecedoras de sementes devem ser provenientes de flores auto fecundadas (para
mamoeiros hermafroditas) ou de polinização cruzada controlada (para mamoeiros fecundados
por hermafroditas), ou ainda de mamoeiros hermafroditas de polinização aberta, em
plantações distantes das de outras variedades, plantas com bom estado sanitário, baixa altura
de inserção das primeiras flores, precocidade, alta produtividade, entre outras características.
Maracujá amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa I / Passifloraceae)
O Brasil é, atualmente, o maior produtor mundial desse maracujá, tendo cultivado
44.462 ha em 1996, o que representa acréscimo de 75,5% em relação à área cultivada em
1990, que totalizava 25.329 ha. A ampliação média dos pomares no país tem-se dado a uma
taxa de 5,29% ao ano. Essas novas áreas de plantio criaram uma intensa demanda por
tecnologias de produção mais adequadas, que vem sendo atendida apenas parcialmente. A
falta de um cultivar homogêneo e produtivo, tolerante às principais moléstias que afetam a
cultura, tem sido limitante para elevar a qualidade e a produtividade dos pomares.
A abertura da flor ocorre de meio-dia até à noite no maracujá amarelo e pela manhã no
roxo. O tempo melhor para a polinização é quando o estilete curva-se totalmente após a
antese, sendo que existem três tipos de flor com relação a esta característica, as quais foram
classificadas como de estiletes totalmente curvos, parcialmente curvos e sem curvatura, sendo
que as flores com este último tipo não frutificam mesmo com a polinização manual e
controlada. Isso ocorre devido à inviabilidade dos óvulos; no entanto, o pólen é viável quando
transferido para os outros tipos de flor.
A polinização é feita por insetos, com a mamangava sendo o principal agente
polinizador, necessitando as plantas, que são de dias longos, de fotoperíodos superiores a 11
horas para o florescimento. O maracujazeiro é uma alógama obrigatória, em que o mínimo de
26
190 grãos de pólen é necessário para que se efetive a polinização com a produção de frutos,
sendo dois a sete grãos de pólen por cada semente formada.
No período de junho a setembro, as mamangavas desaparecem ou diminuem muito e
as abelhas-da-europa (Apis mellifera), atacam as flores do maracujazeiro, retirando todo o
pólem. Apesar de se constituirem pragas importantes para a cultura do maracujá, as abelhas e
o vento ainda polinizam de 2% a 3,5% das flores.
Outros fatores como chuvas prolongadas, ventos frios e secos, temperaturas noturnas
abaixo de 15oC, ataques de pragas como o tripes, besouros e mosca-do-botão floral, e de
doenças como a cladosporiose e podridão de Rhizopus, afetam significativamente o
vingamento e a qualidade do fruto. O efeito positivo da polinização manual no vingamento de
frutos de maracujazeiro tem sido relatado por vários autores.
Quando fazer a polinização manual
A polinização manual é imprescindível nas seguintes condições:
1. Em plantios localizados próximos a áreas infestadas com pragas, onde o uso freqüente de
inseticidas é uma necessidade;
2. Em plantios localizados em áreas onde não existem mamangavas por falta de matas nativas
ou devido a extensas plantações de grãos;
3. Em locais com períodos frios e secos como na maioria das áreas da região Centro-Sul do
Brasil. Nessa região, a população de mamangavas diminui muito ou desaparece durante o
período mais frio e seco do ano. É exatamente no período de agosto a dezembro que o
maracujá alcança os melhores preços de venda. Dessa forma, para se obter frutos nesse
período, deve-se fazer polinizações manuais a partir de junho, pois da abertura da flor até a
colheita do fruto, são necessários de 65 a 80 dias.
É importante ressaltar que não há vingamento de frutos de maracujazeiro-azedo quando
ocorrem
temperaturas
inferiores
a
15oC,
mesmo
com
polinização
manual.
Em locais onde há intenso ataque de abelhas-da-europa (Apis mellifera)., como foi
mencionado anteriormente, as abelhas retiram todo o pólem das flores e repelem as
mamangavas.
4. Quando se faz o manejo da floração para produzir frutos na entressafra. Neste caso, a
floração poderá ser programada para determinados períodos do ano em que a população de
mamangavas é baixa ou pode ocorrer ataques de abelhas.
27
5. Em plantios com mais de 3.000 Plantas. Neste caso, o número de mamangavas não é
suficiente para visitar todas as flores;
Quando não se deve fazer a polinização manual
Geralmente, na região Centro-Sul, há excesso de oferta de maracujá no período de
janeiro a junho. As flores que originam os frutos ofertados nesse período são polinizadas no
período de dezembro a abril, época em que a população de mamangavas é grande. Portanto,
pode não ser interessante para o produtor fazer polinização manual para vender os frutos a
baixos preços. Dessa forma, uma grande produtividade no período indesejável pode provocar
o esgotamento da planta, fazendo com que esta não produza ou produza muito pouco no
período de entressafra. Por outro lado, a polinização manual em locais com alta população de
mamangavas pode permitir excesso de produção na planta, o que geralmente, diminui o
tamanho dos frutos.
Como fazer a polinização manual
A flor do maracujá é composta de partes femininas (estigma, estilete e ovário) e
masculinas (antera e estames). O pólen, um pó amarelo, é produzido na antera. Ele jamais
poderá entrar em contato com o estigma da mesma flor, pois além dele não fecundá-la, ele
ocupa o espaço que deveria ser ocupado por um outro grão de pólen vindo de flores de outras
plantas. Por esta razão, o processo da polinização manual deve ser feito com cuidado e, para
isso, o produtor deve conhecer bem as fases de curvatura do estilete para definir a hora exata
para polinizar as flores. Para auxiliar esse trabalho, flores de maracujazeiro foram
classificadas de acordo com a curvatura do estilete ou estigma em três tipos: flor com estilete
totalmente curvado; flor com estilete parcialmente curvado; e flor com estilete sem nenhuma
curvatura. A proporção de ocorrência de cada tipo de flor em maracujá-ácido varia de 57,7 a
87,0% para flores totalmente curvas; 10,0 a 28,8% para flores sem nenhuma curvatura. Esse
índice pode variar com a cultivar e com a época do ano. No Distrito Federal a proporção de
flores totalmente curvadas diminui durante os períodos com noites frias, com o aumento das
flores parcialmente curvadas ou sem curvaturas.
É importante ressaltar que a polinização manual somente deve ser efetuada quando as
flores estiverem com os estiletes totalmente curvados, ou parcialmente curvadas. Geralmente,
as flores do maracujazeiro-azedo abrem a partir das 13:00 horas (horário de verão) nos
28
períodos quentes, mas, o maior índice de flores com máxima curvatura dos estiletes só ocorre
a partir das 15:00 horas em horário de verão. Em Brasília, no período de junho a agosto, em
decorrência das noites frias, as flores iniciam a abertura a partir das 14:00 horas (horário
normal) e o maior índice de flores com máxima curvatura de estiletes ocorre a partir das
15:30 horas.
Definido o horário ideal para se fazer a polinização manual, o produtor deve tocar os
dedos nas anteras até que fique impregnado com pólen (pó amarelo) e tocar levemente nos 3
estigmas de uma outra flor. Em seguida, nesta mesma flor, o produtor deve tocar novamente
as anteras para retirar mais pólen, evitando que este pólen retirado toque no estigma da flor
que lhe produziu. Para facilitar a polinização, deve-se plantar numa mesma fileira, pelo
menos 4 cultivares diferentes par diversificar o pólen devido ao fato de haver autoincompatibilidade. Uma pessoa treinada, utilizando as duas mãos sem dedeiras pode polinizar
de 1800 a 2000 flores por hora. As dedeiras não são recomendadas, pois tiram a sensibilidade
do operador, diminuindo o rendimento e provocando ferimentos ou quebrando os estigmas.
Nos locais onde as abelhas tiram todo o pólen, recomenda-se que, antes da abertura
das flores, o produtor vá até ao pomar por volta do meio-dia e abra os botões de ponta branca,
retirando as anteras com os grãos de pólen e colocando-as dentro de uma vasilha. Em seguida,
manter em local sombreado até a hora em que as flores estiverem aptas para serem
polinizadas. O pólen coletado tem que ser usado no mesmo dia.
EXTRAÇÃO DAS SEMENTES
Em todas as fases da produção de sementes deve haver planejamento e dedicação.
Todo o manejo no campo deve seguir os princípios da agricultura alternativa, utilizando-se
técnicas que auxiliarão a produção de sementes com respeito à Natureza e obtenção de
sementes com alto valor biológico. Todavia, os cuidados não param na colheita dos frutos no
campo, pois o processo de extração das sementes e os cuidados a serem tomados para melhor
conservação dessas sementes também são muito importantes. O presente material apresentou
algumas recomendações específicas de produção e suas respectivas metodologias para
extração de suas sementes, no entanto, existem formas variadas de frutos e sementes que
requerem técnicas distintas para extração. Podemos generalizar as técnicas quanto ao tipo de
fruto: seco ou carnoso.
29
No caso dos frutos secos, normalmente se corta parte da planta e deixa secar antes de
extrair as sementes. No caso de vagens (soja, feijão e outras), pode-se realizar uma coleta
manual e, posteriormente, promove-se a remoção das sementes através da debulha, que pode
ser manual ou mecânica. No caso do pequeno produtor, a manual é recomendada e consiste
em golpear ou friccionar o material em um local apropriado, ou seja, onde facilite a coleta das
sementes posteriormente. Após este processo o material deve ser coletado e limpo
cuidadosamente, eliminando restos de palha e outras sementes indesejáveis, restando apenas
as sementes das plantas cultivadas. Este processo é muito importante e requer muita atenção
para que não haja danos para as sementes e contaminação do material genético. Por último, as
sementes passam pelo processo de secagem até alcançarem o teor de água necessário para sua
armazenagem.
No caso dos frutos carnosos, podem-se secá-los antes de extrair as sementes ou
extraí-las antes, com os frutos úmidos. A extração úmida consiste em amassar os frutos
inteiros ou remover a polpa. Depois, lava-se o material em água corrente para separar a
película da polpa, retendo somente as sementes que, em seguida, são secas conforme
orientado no tomate e no pepino. A extração seca pode ser feita com pimentões e berinjelas,
por exemplo. Os frutos são secos ao sol até murcharem totalmente, ficando enrugados, e, em
seguida, as sementes são retiradas por pressão e limpas.
CONSERVAÇÃO DAS SEMENTES
Após a coleta das sementes, é necessário conservá-las com o máximo de cuidado para
garantir sua viabilidade por um maior período de tempo. O tempo de armazenamento, com
garantia de qualidade das sementes, dependerá de diversos fatores, como as características da
espécie (espécies recalcitrantes e ortodoxas, substâncias de reserva predominantes na semente
e outras), condições iniciais das sementes (teor de água e vigor) e condições do ambiente de
armazenamento (umidade relativa do ar e temperatura), além do tipo de embalagem utilizada
(permeável, semipermeável e impermeável).
30
Tabela 3. Duração, em anos, da capacidade germinativa normal de sementes
armazenadas em boas condições.
Espécie
Abóbora
Acelga
Aipo
Alface
Berinjela
Beterraba
Brócolis
Cebola
Cenoura
Couve
Couve-flor
Ervilha
Anos
5
4
5
3
5
4
4
1
3
4
4
3
Espécie
Anos
Escarola
Espinafre
Feijão
Melancia
Melão
Milho
Nabo
Pepino
Pimentão
Repolho
Tomate
3
4
4
5
5
2
4
5
3
4
3
Oltra, 2003
As sementes são altamente higroscópicas e tendem a absorver umidade até entrar em
equilíbrio com o ar, ou seja, quanto mais baixa a umidade relativa do ar, menor será o teor de
água das sementes. Quanto ao comportamento armazenativo das sementes, as espécies são
divididas em:
Sementes Recalcitrantes: neste grupo encontram-se muitas espécies de sementes grandes e, na
maioria das espécies de frutíferas tropicais, principalmente as perenes (abacate, cacau, côcoda-Bahia, ingá, manga, pinheiro-do-Paraná, seringueira e etc.). As sementes das espécies
deste grupo devem ser conservadas com alto teor de água e temperaturas não muito baixas.
Sementes Ortodoxas: neste grupo encontram-se a maioria das espécies agrícolas e hortícolas
de ciclo anual ou bienal. Quanto mais secas estiverem as sementes e quanto menor a
temperatura ambiente, mais lento será o metabolismo da semente, aumentando seu tempo de
vida.
As condições ideais de armazenamento das sementes, de um modo geral, são de baixa
umidade (40 - 50% UR) e baixa temperatura (5 - 10°C). Como regra geral, pode- se utilizar o
seguinte cálculo para garantir uma melhor conservação das sementes em condições mais
adequadas: a temperatura, multiplicada por 1,8, mais a umidade relativa do ar, não deverá ser
maior que 68.
Se as sementes forem colocadas em embalagens impermeáveis (envelope de alumínio,
latas ou vidros fechados hermeticamente), o teor de água das sementes deve ser em torno de 4
– 8% e as embalagens devem ser armazenadas em temperatura controlada.
31
Tabela 4. Máximo de umidade das sementes de diversas espécies ao serem armazenadas,
com garantia de conservação do vigor, em ambiente com temperaturas controladas.
Espécie
Abóbora
Aipo
Alface
Beterraba
Cebola
Cenoura
Ervilha
Espinafre
Feijão
Melancia
Milho doce
Nabo
Pimentão
Repolho
Tomate
Temperatura de armazenamento das sementes
5 – 10°C
20°C
27°C
11
9
8
13
9
7
10
7
5
14
11
9
11
8
6
13
9
7
15
13
9
13
11
9
15
11
8
10
8
7
14
10
8
10
8
6
10
9
7
9
7
5
13
11
9
Oltra, 2003
Como o pequeno produtor não dispõe dos recursos necessários para o
acondicionamento ideal e para a construção de instalações sofisticadas, como câmaras frias e
secas, algumas sugestões alternativas podem ser adotadas com sucesso para reduzir a
umidade com o uso de substâncias higroscópicas. Vejamos:
1) Armazenamento em potes com sílica gel: a sílica gel é um material higroscópico de cor
azul escuro, que vai ficando rosado conforme vai absorvendo a umidade do ar. A sílica é
colocada dentro do pote de plástico ou vidro em que as sementes serão armazenadas e a
quantidade recomendada de sílica é de um quinto a um quarto do volume do frasco de
armazenamento. Entretanto, as sementes não devem ficar em contato direto com a sílica. A
sílica gel pode ser reativada indefinidamente, secando-a em um forno até voltar a sua cor
original.
2) Armazenamento em potes com gesso (sulfato de cálcio hidratado): antes de sua
utilização, o gesso deve ser desidratado em um forno comum em temperatura máxima por 24
horas. Este material é mais recomendado para sementes maiores e pode ser utilizado em
grandes tambores, na proporção de 1/3 do volume. Além da propriedade higroscópica, o
32
enxofre e o cálcio no gesso conferem propriedades antisépticas a este material, que favorecem
a conservação das sementes.
3) Armazenamento em potes com cal virgem: neste caso, não é necessária a desidratação
antecipada. Pode-se colocar cerca de 3 a 5 cm deste material no fundo de uma garrafa pet de
2L e completar com as sementes. O pouco oxigênio restante será consumido e o CO2 liberado
contribuirá para a conservação das sementes, tornando o ambiente inóspito para insetos.
4) Desidratando a semente com cal de argamassa (ou cal hidratada): A cal de argamassa
deve ser desidratada em um forno comum em temperatura máxima por 24 horas e em seguida
colocada em um pote, juntamente com as sementes, para retirar o excesso de humidade.
As sementes de hortaliças normalmente são pequenas e, portanto, podem ser
acondicionadas em potes menores e armazenadas em geladeira comum para incrementar as
condições de armazenamento, prolongando, assim, sua vida útil.
Outros fatores importantes que também influenciam na conservação das sementes são
a luz e a quantidade de oxigênio presente. Estes parâmetros devem ser reduzidos tanto quanto
possível, já que estão relacionados diretamente com o processo de germinação das sementes,
para, desta forma, contribuir com o aumento da vida útil das sementes.
Todo o processo de manejo da cultura no campo deve seguir, como já foi dito antes,
os Conceitos de respeito à Natureza, promovendo uma agricultura justa e sustentável, viável
tanto para o produtor como o consumidor. Os principais passos para a produção de sementes
foram citados no sentido de orientar o produtor a produzir sua própria semente sem ferir as
leis e com garantia de qualidade. Algumas recomendações específicas foram feitas,
entretanto, mais importantes do que as técnicas, são o respeito do produtor pela natureza e o
seu senso de observação no sentido de conhecer a cultura e a sua interação com o seu
ambiente. Certamente, a Natureza tem muito a nos ensinar e as próprias plantas nos
informam, de alguma maneira, o que elas precisam, ou mesmo, que existe algo em
desequilíbrio. Normalmente, o produtor compreende apenas que a planta está doente ou que
foram atacadas por pragas e se preocupa em exterminá-las. Entretanto, mais importante do
que combatê-las, é detectar o que está em desacordo com a Natureza e corrigir.
33
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALVARENGA, M. A. R. Tomate: produção em campo, em casa-de-vegetação e em
hidroponia. Lavras:UFLA, 2004, 400p;
BORÉM, A. Hibridação artificial de plantas. Viçosa: UFV, 1999, 546p.: ilust;
CARVALHO, N. M. de. Sementes: ciência, tecnologia e produção. Jaboticabal: Funep,
2000, ed.4, 588p.: ilust;
CASTELLANE, P. D. Produção de sementes de hortaliças. Jaboticabal: FCAV / FUNEP,
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OLTRA, J. R. i. Como obtener tus propias semillas: Manual para agricultores ecológicos.
Estella (Navarra): La Fertilidad de la Tierra, 2003, ed.2, 153p;
POPINIGIS, F. Fisiologia de Sementes. Brasília: Agiplan, 1977, 289p., ilust;
www.todafruta.com.br
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