Nutrição e Câncer PROF. RENATA TORRES ABIB BERTACCO FACULDADE DE NUTRIÇÃO - UFPEL Plano de Aula Fisiopatologia do câncer Epidemiologia Carcinogênese Estadiamento e fatores de risco Tipos de câncer Tratamentos Dietoterapia Tratamento nutricional de sintomas da quimioterapia Avaliação e Assistência Nutricional ASG-PPP O que é câncer? Como desenvolvemos? Quais fatores estão envolvidos na progressão? Por que há metástases? Por que o indivíduo pode morrer de câncer? Quais os tratamentos? Como a Nutrição pode beneficiar o paciente? Como avaliá-lo? O que é cancer? Câncer ou tumor maligno: + de 100 doenças, ponto em comum: crescimento desordenado de células; perda do controle da divisão celular; Tendem a invadir tecidos e órgãos vizinhos (metástases). A OMS estimou, para 2030, 27 milhões de novos casos de câncer e 75 milhões de pessoas vivendo com a doença. Tumor benigno Neoplasias benignas ou tumores benignos : crescimento organizado, geralmente lento, bem delimitado, células semelhantes ao tecido original. Apesar de não invadirem tecidos vizinhos, podem comprimir órgãos e tecidos adjacentes. Ex: lipoma (tecido gorduroso), mioma (tecido muscular liso) e adenoma (glândulas) Células normais: crescem, multiplicam-se e morrem de maneira ordenada (a proliferação celular não implica necessariamente presença de malignidade Tipo de tumor Não invasivo ou in situ: Invasivo - 1º estágio em que o câncer pode ser classificado. - invadem outras camadas celulares do órgão - Células cancerosas estão somente na camada de tecido na qual se desenvolveram e ainda não se espalharam para outras camadas do órgão de origem. - ganham a corrente sanguínea ou linfática e têm a capacidade de se disseminar para outras partes do corpo metástases. - Maioria curável se for tratada antes de progredir para a fase invasiva. Tipos mais incidentes no Brasil Câncer de próstata Câncer de mama Câncer de pulmão Câncer de cólon e reto (intestino) Câncer de estômago Câncer do colo do útero Câncer da cavidade oral (boca) Câncer de esôfago Leucemias Câncer de pele não melanoma Câncer de pele do tipo melanoma Por que vem aumentando os números de casos no Brasil? Maior exposição a agentes cancerígenos industrialização, alimentação, agrotóxicos, fatores ambientais (agentes químicos, físicos e biológicos) Prolongamento da expectativa de vida (envelhecimento pop.); Aprimoramento dos métodos para diagnosticar o câncer. Melhoria da qualidade e do registro da informação. Tipos por faixa etária Adultos envolve predominantemente tecido epitelial (por ser de alta proliferação e assim mais suscetível à mutações) Crianças e adolescentes maior suscetibilidade a mutações em tecidos em crescimento, como ósseo, muscular, sistema nervoso, medula, sistema linfocitário. Tipos de cancer x condições socioeconômicas ↑ incidência de cânceres associados ao melhor nível socioeconômico – mama, próstata e cólon e reto ↑ incidência de tumores associados a condições sociais menos favorecidas – colo do útero, estômago, cabeça e pescoço. Carcinogênese Resultado de diversas alterações nos genes que atuam direta ou indiretamente no controle do ciclo celular: Oncogenes e supressores de tumor Controlam diretamente a proliferação celular; Genes de Reparo Controlam as taxas de mutações (ex: p53 – apoptose celular); Carcinogênese Ocorre lentamente (pode levar anos para se tornar um tumor visível. Exposição a agentes cancerígenos (frequência x tempo, interação), genética exemplos de fatores ambientais Esse processo é composto por três estágios: Iniciação Promoção Progressão Exemplo: benzopireno, um dos componentes da fumaça do cigarro e alguns vírus oncogênicos, entre outros. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor. Nesse estágio o câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença. Evolução do tumor A evolução do tumor maligno depende: Da velocidade do crescimento tumoral. Do órgão onde o tumor está localizado. De fatores constitucionais de cada pessoa. De fatores ambientais etc. Os tumores podem ser detectados em diferentes fases: Fase pré-neoplásica (antes da doença se desenvolver). Fase pré-clínica ou microscópica (quando ainda não há sintomas). Fase clínica (apresentação de sintomas). Atividade 1: Qual a diferença entre tumor maligno e benigno? Por que mesmo o tumor benigno deve ser tratado na maioria dos casos? Como ocorre, resumidamente o processo de carcinogênese Identifiquem, individualmente, a quais fatores ambientais você está exposto diariamente. Extensão do tumor Método para classificação: estadiamento Permite ao oncologista propor o tratamento mais adequado para cada paciente Significa avaliar o seu grau de disseminação. Sistema TNM de estadiamento Preconizado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC) Baseia-se na extensão anatômica da doença: Características do tumor primário (T) Características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que o tumor se localiza (N) Presença ou ausência de metástases a distância (M) Graduações: T0 a T4; N0 a N3; e de M0 a M1 - O símbolo "X" é utilizado quando uma categoria não pode ser devidamente avaliada. Nomenclatura dos tumores Benignos A regra é acrescentar o sufixo oma (tumor) ao termo que designa o tecido que os originou. Ex: Tumor benigno do tecido cartilaginoso: condroma Tumor benigno do tecido gorduroso: lipoma Tumor benigno do tecido glandular: adenoma Nomenclatura dos tumores Malignos Considera-se a origem embrionária dos tecidos de que deriva o tumor: Epitélio de revestimento: carcinomas Epitélio glandular: adenocarcinomas. Tecidos conjuntivos (mesenquimais) têm o acréscimo de sarcoma ao final do termo que corresponde ao tecido. Ex: tumor do tecido ósseo – osteossarcoma. Geralmente, além do tipo histológico, acrescenta-se a topografia. Adenocarcinoma de pulmão. Adenocarcinoma de pâncreas. Osteossarcoma de fêmur. Exceções: Utilizando o nome dos cientistas que os descreveram pela primeira vez. Ex: linfoma de Burkitt (células B maduras), sarcoma de Kaposi (endotélio linfático) e tumor de Wilms (renal), doença de Hodgkin (sistema linfático). Mecanismos Inflamação 1) Presença do tumor maligno Resposta inflamatória (mediadores pró inflamatórios) para combater a lesão e restaurar homeostase. 2) Resposta inflamatória ao tratamento do câncer (RT, Medicamentos, transplantes, cirurgias, infecções) 3) Citocinas pró inflamatórias: TNFalfa, IL-1 e IL-6, interferon gama diminuem apetite e aumentam PCR, fibrinogênio, alfa-antitripsina, e diminuem albumina, pré-albumina e transferrina 4) Alterações hormonais: estimulo a hormonios catabólicos (glucagon e cortisol). Alteração na leptina, Neuropeptidio Y, grelina... Estresse oxidativo 1) Desbalanço entre produção e neutralização das espécies reativas; Dano direto ao DNA, estímulo a proliferação celular, regulação da apoptose. 2) Ação de substâncias QT e de radiação ionizante acúmulo de ERO; 3) Outras causas: distúrbios no metabolismo do ferro e reação natural do organismo contra processos infecciosos. 4) Sistemas enzimáticos envolvidos na detoxificação: SOD, CAT, GPx. E nãoenzimáticos (GSH) 5) Deficiência de selênio reduz atividade de GPx, assim como deficiencia de Cobre e zinco podem alterar SOD Tipos de Tratamentos Quimioterapia Radioterapia Hormonioterapia Cirurgia Dietoterapia: História 1942: estudos com animais 1968: imigrantes japoneses no Hawaii, mudança no estilo de vida… 1981: notou-se que países cuja população consumia mais gordura saturada apresentava mais casos de cânce de mama Embora fatores genéticos sejam bastante importantes, sabe-se que fatores ambientais, como alimentação, cigarro, atividade física e exposição a alguns tipos de virus podem propiciar o desenvolvimento do cancer. Década de 90: estudos de caso-controle apontaram redução de 8 a 30% de risco para cada 100g de frutas, legumes e verduras consumdos. Desafios metodológicos nos estudos sobre nutrição e cancer… Lopes et al, 2013 O câncer e a Desnutrição Aproximadamente 20% das mortes de pacientes com câncer são secundárias à desnutrição. O câncer e a Desnutrição A desnutrição calórica e protéica em indivíduos com câncer é muito freqüente. Seus principais fatores determinantes são: redução na ingestão total de alimentos; alterações metabólicas provocadas pelo TU; O aumento da demanda calórica pelo crescimento tumoral. Causas relacionadas Reduzida ingestão de nutrientes e aumento das perdas nutricionais Álcool e Tabaco Dentição (idosos/etilistas) Parcial ou completa obstrução do TGI Trismo Modificação da função e da anatomia pós-cirurgico Mucosite, disgeusia e xerostomia pós RXT Náusea, vômito, diarréia decorrente da QT Causas relacionadas Aumento na demanda de nutrientes Estresse metabólico agudo provocado pelo tratamento. Duração e intensidade do estresse dependente da intensidade e duração do tratamento, bem como as suas complicações. Causas relacionadas Anormalidades metabólicas produzidas pelo tumor Alterações no metabolismo do carboidratos, proteínas e lipídios Alteração nos níveis dos neurotransmissores/hormônios levando a anorexia (NPY, grelina, leptina – bloqueio ao estímulo de ingestão) Aumento da taxa metabólica basal Alterações mediadas pelas citocinas Fator de Necrose Tumoral, IL-1, IL-6 Desnutrição Grave Estado de caquexia complicação freqüente no paciente portador de uma neoplasia maligna avançada; a síndrome complexa e multifatorial intenso PP consumo dos tecidos muscular e adiposo; involuntária, anemia, astenia, balanço nitrogenado negativo (alterações fisiológicas, metabólicas e imunológicas) Desnutrição Grave Disosmia é a percepção distorcida do olfato, tornando os odores inócuos desagradáveis. Disgeusia é a distorção ou diminuição do senso do paladar. A xerostomia é uma alteração quantitativa e/ou qualitativa da saliva que causa a sensação de boca seca. A disfagia é a dificuldade de deglutição. Odinofagia é a condição caracterizada por deglutição dolorosa, vulgarmente referida como dor de garganta. Trismo representa uma contratura dolorosa da musculatura da mandíbula Desnutrição Grave Impacto da Desnutrição Estado nutricional pré operatório Morbidade e qualidade de vida pósoperatória complicações pós-operatório, aumento do tempo comprometendo a QV e tornando o tratamento mais oneroso. de internação, A história de perda de peso nos últimos seis meses é um bom indicador do risco de complicações pós-operatórias em indivíduos com câncer de cabeça e pescoço. Infecções, febre, fistulas, alto tempo de internação, — QLV. Baixa imunidade Abordagem Nutricional Na Avaliação do EN, deve estar contido: Avaliação Historia e exame físico Medidas Análise subjetiva Global - PPP antropométricas Laboratorial Percentual de perda de peso Ministério da Saúde,2009.Consenso Nacional em Nutrição Oncológica Abordagem Nutricional A avaliação global subjetiva produzida pelo paciente (AGS-PPP) é o método padrão de avaliação nutricional do paciente com câncer. Estudo longitudinal com 197 pct em quimioterapia - Pelotas. Pela ASG, 29,4% classificados em B/C, enquanto pela ASG-PPP 87,1%. Maior sensibilidade para identificar pacientes que faleceram durante o tratamento. Dos pacientes reavaliados no final do estudo, houve alteração no escore de 76 pctes pela ASG-PPP enquanto pela ASG de 22 pctes. Método mais sensível para pacientes oncológicos Avaliação Subjetiva Global produzida pelo paciente oncológico (ASG-PPP) Parte 2 Avaliação Subjetiva Global produzida pelo paciente oncológico (ASG-PPP) História (Caixas de 1 a 4 devem ser completadas pelo paciente.) 1.Peso (veja anexo 1) Anexo 1 – Escore da perda de peso 2.Ingestão alimentar: Em comparação a minha alimentação normal, eu poderia considerar minha ingestão alimentar durante o último mês como: Resumo do meu peso atual e recente: sem mudanças (0) Eu atualmente peso aproximadamente ____,__kg mais que o normal (0) Perda de peso em 1 mês 10% ou mais 5 – 9,9% 3 – 4,9% 2 – 2,9% 0 – 1,9% menos que o normal (1) Eu tenho aproximadamente 1 metro e ____cm Atualmente, eu estou comendo: Há um mês atrás eu pesava aproximadamente ____,__kg comida normal (alimentos sólidos) em menor quantidade (1) Há seis meses atrás eu pesava aproximadamente ____,__kg comida normal (alimentos sólidos) em pouca quantidade (2) apenas líquidos (3) Durante as 2 últimas semanas meu peso: diminuiu (1) ficou igual (0) aumentou (0) Anexo 2 - Critério de pontuação para condição Categoria: apenas alimentos por sonda ou pela veia (0) Câncer 4.Atividades e função: No último mês, eu consideraria minha atividade como: normal, sem nenhuma limitação (0) não totalmente normal, mas capaz de manter quase sem apetite, apenas sem vontade de comer (3) náusea (1) vômito (3) constipação (1) diarréia (3) feridas na boca (2) boca seca (1) 1 AIDS 1 Caquexia pulmonar ou cardíaca 1 Úlcera de decúbito, ferida aberta ou fístula 1 1 Presença de trauma Idade maior que 65 anos 1 1 Pontuação para folha 2 ficando na cama ou na cadeira menos da metade do dia (2) Anote na caixa B capaz de fazer pouca atividade, e passando a maior parte Anexo 3 – Estresse metabólico do tempo na cadeira ou na cama (3) problemas para engolir (2) bastante tempo acamado, raramente fora da cama (3) rapidamente me sinto satisfeito (1) Estresse Febre Duração da febre Corticosteróides Caixa 4 dor; onde? (3)_____________________________ outros**(1)_______________________________ ** ex: depressão, problemas dentários ou financeiros Caixa 3 Somatória dos escores das caixas 1 a 4 A O restante do questionário será preenchido pelo seu médico, enfermeira ou nutricionista. Obrigada. Todos os diagnósticos relevantes (especifique) _________________________________________________________ Estadiamento da doença primária (circule se conhecido ou apropriado) I II III IV Nenhum (0) Sem febre Sem febre Sem corticosteróides Pontuação para a folha 3 Anote na caixa C Baixo (1) >37,2° e <38,3° <72 horas dose baixa (<10mg prednisona/dia) Moderado (2) >=38,3° e <38,9° 72 horas dose moderada (>=10 e <30mg prednisona) Alto (3) >= 38,9° >72 horas dose alta (>= 30mg prednisona) Anexo 4 – Exame físico 5. Doença e sua relação com requerimentos nutricionais (veja anexo 2) Outro ____________________ Idade ____________ Escore numérico do anexo 2 B 6. Demanda metabólica (veja anexo 3) Escore numérico do anexo 3 C 7. Exame físico (veja anexo 4) Escore numérico do anexo 4 D Avaliação Global (veja anexo 5) Bem nutrido ou anabólico (ASG A) Desnutrição moderada ou suspeita (ASG B) Gravemente desnutrido (ASG C) Pontos todas as atividades normais (1) não me sentindo bem para a maioria das coisas, mas alimentos têm gosto estranho ou não têm gosto (1) os cheiros me enjoam (1) Pontuação para folha 1 Anote na caixa A muito pouco de qualquer comida (4) Caixa 2 sem problemas para se alimentar (0) Perda de peso em 6 meses 20% ou mais 10% - 19,9% 6 – 9,9% 2 – 5,9% 0 – 1,9% apenas suplementos nutricionais (3) Caixa 1 3.Sintomas: Durante as 2 últimas semanas eu tenho tido os seguintes problemas que me impedem de comer o suficiente (marque todos os que estiver sentindo): Pontos 4 3 2 1 0 Escore total da ASG produzida pelo paciente Escore numérico total de A + B + C + D acima (Siga as orientações de triagem abaixo) Recomendações de triagem nutricional: A somatória dos escores é utilizada para definir intervenções nutricionais específicas, incluindo a orientação do paciente e seus familiares, manuseio dos sintomas incluindo intervenções farmacológicas e intervenção nutricional adequada (alimentos, suplementos nutricionais, nutrição enteral ou parenteral). A primeira fase da intervenção nutricional inclui o manuseio adequado dos sintomas. 0-1: Não há necessidade de intervenção neste momento. Reavaliar de forma rotineira durante o tratamento. 2-3: Educação do paciente e seus familiares pelo nutricionista, enfermeira ou outro profissional, com intervenção farmacológica de acordo com o inquérito dos sintomas (caixa 3) e exames laboratoriais se adequado. 4-8: Necessita intervenção pela nutricionista, juntamente com a enfermeira ou médico como indicado pelo inquérito dos sintomas (caixa 3). ≥ 9: Indica necessidade crítica de melhora no manuseio dos sintomas e/ou opções de intervenção nutricional. Reservas de gordura: Região periorbital Prega de tríceps Gordura sobre as últimas costelas Avaliação geral do déficit de gordura Estado Muscular: Têmporas (músc. temporal) Clavículas (peitorais e deltoides) Ombros (deltoide) Musculatura interóssea Escápula (dorsal maior, trapézio edeltoide) Coxa (quadríceps) Panturrilha (gastrocnêmius) Avaliação geral do estado muscular Pontuação para a folha 4 Anote na caixa D 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 0 0 0 +1 +1 +1 +1 +2 +2 +2 +2 +3 +3 +3 +3 Estado de hidratação: Edema no tornozelo 0 Edema sacral 0 Ascite 0 Avaliação geral do 0 estado de hidratação Sem déficit +1 +1 +1 +1 +2 +2 +2 +2 +3 +3 +3 +3 escore = 0 pontos Déficit leve escore = 1 ponto Déficit moderado escore = 2 pontos Déficit grave escore = 3 pontos ASG-PPP Primeira parte (Preenchido pelo paciente) 1.Peso Perda 10% = +4 pt Resumo do meu peso atual e recente: 45 Eu atualmente peso aproximadamente ____,__kg Eu tenho aproximadamente 1 metro e 1,60 ____cm 50 Há um mês atrás eu pesava aproximadamente ____,__kg Há seis meses atrás eu pesava aproximadamente ____,__kg 56 5 Durante as 2 últimas semanas meu peso: X diminuiu (1) ficou igual (0) aumentou (0) Caixa 1 1 +4 =5 2.Ingestão alimentar: Em comparação a minha alimentação normal, eu poderia considerar minha ingestão alimentar durante o último mês como: sem mudanças (0) mais que o normal (0) X menos que o normal (1) Atualmente, eu estou comendo: comida normal (alimentos sólidos) em menor quantidade (1) comida normal (alimentos sólidos) em pouca quantidade (2) X apenas líquidos (3) apenas suplementos nutricionais (3) muito pouco de qualquer comida (4) apenas alimentos por sonda ou pela veia (0) Caixa 2 4 3.Sintomas: Durante as 2 últimas semanas eu tenho tido os seguintes problemas que me impedem de comer o suficiente (marque todos os que estiver sentindo): sem problemas para se alimentar (0) X sem apetite, apenas sem vontade de comer (3) náusea (1) vômito (3) constipação (1) diarréia (3) feridas na boca (2) boca seca (1) X alimentos têm gosto estranho ou não têm gosto (1) os cheiros me enjoam (1) problemas para engolir (2) X rapidamente me sinto satisfeito (1) dor; onde?(3)_____________________________ outros**(1)_______________________________ ** ex: depressão, problemas dentários ou financeiros Caixa 3 6 4.Atividades e função: No último mês, eu consideraria minha atividade como: normal, sem nenhuma limitação (0) não totalmente normal, mas capaz de manter quase todas as atividades normais (1) não me sentindo bem para a maioria das coisas, mas ficando na cama ou na cadeira menos da metade do dia (2) X capaz de fazer pouca atividade, e passando a maior parte do tempo na cadeira ou na cama (3) bastante tempo acamado, raramente fora da cama (3) Caixa 4 3 Somatório dos escores das caixas 1 a 4 18 ASG-PPP Segunda Parte (Profissional treinado) 5. Doença e sua relação com requerimentos nutricionais Todos os diagnósticos relevantes (especifique) Câncer de estômago, diabete, hipertensão _________________________________________________________ O Estadiamento da doença primária (circule se conhecido ou apropriado) I II III IV Outro ____________________ Idade ____________ 66 Escore numérico do anexo 2 B 2 C 3 D 2 6. Demanda metabólica Escore numérico do anexo 3 7. Exame físico Escore numérico do anexo 4 Avaliação Global Bem nutrido ou anabólico (ASG A) Desnutrição moderada ou suspeita (ASG B) X Gravemente desnutrido (ASG C) Escore total da ASG produzida pelo paciente Escore numérico total de A + B + C + D 25 acima REGRAS PARA PONTUAÇÃO DA ASGPPP Escore da perda de peso Para determinar o escore, use o peso de 1 mês atrás se disponível. Use o peso de 6 meses atrás apenas se não tiver dados do peso do mês passado. Use os pontos abaixo para pontuar as mudanças do peso e acrescente pontos extras se o paciente perdeu peso nas últimas 2 semanas. Coloque a pontuação total na caixa 1 da ASG-PPP. Perda de peso em 1 mês Pontos Perda de peso em 6 meses 10% ou mais 4 20% ou mais 5 – 9,9% 3 10 – 19,9% 3 – 4,9% 2 6 - 9,9% 2 – 2,9% 1 2 – 5,9% 0 – 1,9% 0 0 – 1,9% Pontuação para a folha 1 Anote na caixa A REGRAS PARA PONTUAÇÃO DA ASGPPP Critério de pontuação para condição A pontuação é obtida pela adição de 1 ponto para cada condição listada abaixo que o paciente apresente. Categoria Pontos Câncer AIDS Caquexia pulmonar ou cardíaca Úlcera de decúbito, ferida aberta ou fístula Presença de trauma Idade maior que 65 anos 1 sim 1 1 1 1 1 sim Pontuação para a folha 2 Anote na caixa B REGRAS PARA PONTUAÇÃO DA ASGPPP Pontuação do estresse metabólico O escore para o estresse metabólico é determinado pelo número de variáveis conhecidas que aumentam as necessidades calóricas e protéicas. O escore é aditivo sendo que se o pacientes tem febre > 38,9o (3 pontos) e toma 10 mg de prednisona cronicamente (2 pontos) teria uma pontuação de 5 pontos para esta seção. Estresse Alto (3) Febre 38,9º Duração da febre > 72 horas Corticosteróides dose alta 30 mg prednisona) 3 Anote na caixa C Nenhum (0) Sem febre sim Sem febre Sem corticosteróides Baixo (1) sim o sim Moderado (2) >37,2 e < 38,3º 38,3o e < 38,9º < 72 horas 72 horas dose baixa (< 10 mg prednisona/dia) dose moderada ( 10 e < 30 mg prednisona) ( Pontuação para a folha Febre Duração da febre Corticosteróides Sem febre Sem febre Sem corticosteróides >37,2° e <38,3° <72 horas dose baixa (<10mg prednisona/dia) >=38,3° e <38,9° 72 horas dose moderada (>=10 e <30mg prednisona) >= 38,9° >72 horas dose alta (>= 30mg prednisona) REGRAS PARA PONTUAÇÃO DA ASGPPP Pontuação para a folha 3 Anote na caixa C Anexo 4 – Exame físico Anote na caixa D 2 X X XX X X X X Pontuação para a folha 4 X X X X Estado Muscular: Têmporas (músc. temporal) Clavículas (peitorais e deltoides) Ombros (deltoide) Musculatura interóssea Escápula (dorsal maior, trapézio edeltoide) Coxa (quadríceps) Panturrilha (gastrocnêmius) Avaliação geral do estado muscular 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3 0 0 0 0 +1 +1 +1 +1 +2 +2 +2 +2 +3 +3 +3 +3 X X X X Reservas de gordura: Região periorbital Prega de tríceps Gordura sobre as últimas costelas Avaliação geral do déficit de gordura Estado de hidratação: Edema no tornozelo 0 Edema sacral 0 Ascite 0 Avaliação geral do 0 estado de hidratação +1 +1 +1 +1 +2 +2 +2 +2 +3 +3 +3 +3 Sem déficit escore = 0 pontos Déficit leve escore = 1 ponto Déficit moderado escore = 2 pontos Déficit grave escore = 3 pontos Alterações ausentes: 0 Alterações leve: + Alterações moderadas: ++ ESCORE NUMÉRICO-ASG-PPP Recomendações de triagem nutricional: 0-1: Não há necessidade de intervenção neste momento. Reavaliar de forma rotineira durante o tratamento. 2-3: Educação do paciente e seus familiares pelo nutricionista, enfermeira ou outro profissional, com intervenção farmacológica de acordo com o inquérito dos sintomas e exames laboratoriais se adequado. 4-8: Necessita intervenção pela nutricionista, juntamente com enfermeira ou médico como indicado pelo inquérito dos sintomas a ≥ 9: Indica necessidade crítica de melhora no manuseio dos sintomas e/ou opções de intervenção nutricional. Exame Físico (ASG-PPP) Reservas de gordura subcutânea o Tríceps ,bíceps e quadríceps: sobra de pele, visualização dos tendões, identificação da derme entre os dedos. o Visualizaçãodos arcos costais o Áreas interósseas e palmares das mãos e pés o Região dos ombros: aparência retângular pela visualização da clavícula Estado muscular Palpação da musculatura do deltóide e quadríceps Observar o volume de massa muscular “Empastamento” da musculatura: perda de tonus Tonus muscular “Empastamento da musculatura” Estado de hidratação Edema de tornozelo e sacral: o A gravidade do edema dependerá da profundidade da depressão que persiste após a pressão digital contra a superfície óssea o Sinal de perda protéica aguda naqueles pacientes que não apresentam perdas proporcionais de gordura corporal Ascite o Inspeção abdominal para visualização de pequenas ou grandes coleções líquifas “Sinal do lençol” Ascite Resultados da ASG-PPP A = bem nutrido (sem perdas, melhora da ingestão, melhora dos sintomas...) rastrear novamente em intervalos definidos B = moderadamente ou SUSPEITO de estar desnutrido (com perda de peso leve sem recuperação, diminuição nítida da ingestão, perda moderada de tecidos) avaliação detalhada e monitoramento C = gravemente desnutrido (sinais óbvios de desnutrição, perdas significativas de peso com diminuição da capacidade funcional) avaliação detalhada e monitoramento Avaliação laboratorial Albumina sérica - níveis caem após depleção protéica significativa. Meia vida é de 20 dias. Transferrina - mais sensível marcador de depleção protéica. Meia vida é de 8 dias. Quando possível usar também pré-albumina e proteína ligadora de retinol. Abordagem Nutricional Adequar ingestão calórica e protéica Alimentos hipercalóricos e hiperprotéicos Grandes quantidade de líquidos Alimentos ricos em vitaminas A,C,E Modificar a alimentação do paciente durante a quimio e radioterapia Consistência, conteúdo, temperatura, acidez, quantidade e freqüência. Ministério da Saúde,2009.Consenso Nacional em Nutrição Oncológica Necessidades Nutricionais Variar conforme tipo e da localização do tumor, do grau de estresse, da presença de má-absorção e da necessidade de ganho de peso ou anabolismo. Ministério da Saúde,2009.Consenso Nacional em Nutrição Oncológica Consenso Nacional de Nutrição Oncológia Cálculo das Necessidades Nutricionais Embora a calorimetria indireta seja considerada o método “padrão ouro” para a determinação do gasto energético (A), a utilização de equações para a estimativa das necessidades nutricionais tem sido proposta em função do alto custo deste método (C). Ministério da Saúde,2009.Consenso Nacional em Nutrição Oncológica Cálculo das Necessidades Nutricionais Calorias Proteínas Hídrica Adultos Kcal/Kg/Dia Adultos Gramas/Kg/dia Adultos ml/Kg/dia Realimentação 20 Obeso 21-25 Manutenção 25-30 Ganho 30-35 Repleção 35-45 Sem complicações 1,0 – 1,2 Com estresse moderado 1,1 – 1,5 Com estresse grave e repleção protéica 1,5 – 2,0 Ministério da Saúde,2009.Consenso Nacional em Nutrição Oncológica 18-55 anos 55-65 >65 35 30 25 Acrescentar perdas dinâmicas e descontar retenções hídricas. Cálculo das Necessidades Nutricionais - micronutrientes Pctes podem apresentar deficiência de micronutrientes em função do: aumento das necessidades; aumento das perdas (sintomas); diminuição de ingestão. Os micronutrientes devem ser ofertados em níveis que contemplem uma a duas vezes as Ingestões Dietéticas de Referência ou Dietary Recommended Intake (DRI). Ministério da Saúde,2009.Consenso Nacional em Nutrição Oncológica Terapia Nutricional Objetivos: Prevenção e tratamento da desnutrição; aumento do potencial de resposta favorável ao tratamento oncológico; Controle dos oncológico. efeitos adversos do orgânica tratamento Terapia Nutricional Indicação: Quando ingestão alimentar <60% do gasto energético estimado por um período maior do que 10 dias e aqueles que não poderão alimentar-se por um período maior do que sete dias. Doença Avançada Cuidados Paliativos: foco no controle dos sintomas, manutenção de adequado estado de hidratação e preservação do peso e composição corporal. Ministério da Saúde,2009.Consenso Nacional em Nutrição Oncológica Atividade Calcule uma dieta e orientações nutricionais para uma paciente de 45 Kg, 45 anos, com câncer de mama que está no terceiro ciclo de quimioterapia e queixa-se de boca seca, anorexia e disfagia. Refere ter perdido 11Kg em 6 meses. Faça um quadro com os principais sintomas referidos por pacientes em tratamento antineoplásico e as principais adaptações nutricionais que devem ser aplicadas. Alimentação de risco Se consumidos regularmente pode favorecer o câncer: carnes vermelhas, frituras, molhos com maionese, leite integral e derivados, bacon, presuntos, salsichas, lingüiças, mortadelas... Alimentos com agentes cancerígenos: nitritos e nitratos usados para conservar (picles, salsichas e outros embutidos e enlatados) nitrosaminas no estômago câncer de estômago Defumados e churrascos impregnados de alcatrão (fumaça do carvão) ação carcinogênica conhecida (como cigarro). Alimentos preservados em sal:carne-de-sol, charque e peixes salgados câncer de estômago www.inca.gov.br Preparo dos alimentos Adicionar menos sal na hora de fazer a comida, aumentando o uso de temperos como azeite, alho, cebola e salsa. Ao fritar, grelhar ou preparar carnes na brasa a temperaturas muito elevadas, podem ser criados compostos que aumentam o risco de câncer de estômago e coloretal. Por isso, métodos de cozimento que usam baixas temperaturas são escolhas mais saudáveis, como vapor, fervura, pochê, ensopado, cozido ou assado. www.inca.gov.br Fibras x gorduras Alimentação pobre em fibras, com altos teores de gorduras e calorias câncer de cólon e de reto As fibras ajudam a regularizar o funcionamento do intestino, reduzindo o tempo de contato de substâncias cancerígenas com a parede do intestino grosso. Em relação a cânceres de mama e próstata, a ingestão de gordura pode alterar os níveis de hormônio no sangue, aumentando o risco da doença. Grãos e cereais, se armazenados em locais inadequados e úmidos, esses alimentos podem ser contaminados pelo fungo Aspergillus flavus, o qual produz a aflatoxina câncer de fígado. Publicações nacionais recentes (nutrição e câncer) World Cancer Research Fund/American Institute of Cancer reserch (WCRF/AICR) International Agency for Research on Cancer, por meio do European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC) – acompanhamento de 500.000 pessoas de 1993 a 2020 em 10 países da Europa. Publicações internacionais recentes (nutrição x cancer) Dezembro/2015 10 recomendações para prevenção do câncer: Recomendações do INCA Não fume Diversifique a alimentação e a maneira de cozinhar Consuma de preferência alimentos locais orgânicos, frutas, legumes, verduras, cereais e menos alimentos gordurosos, salgados e enlatados. Ingerir pelo menos 5 porções de frutas, verduras e legumes. Dê preferência às gorduras de origem vegetal como o azeite extra virgem, óleo de soja e de girassol, lembrando sempre que não devem ser expostas a altas temperaturas. Evite gorduras de origem animal (carne de porco, carne vermelha, pele de frango etc) e algumas gorduras vegetais como margarinas e gordura vegetal hidrogenada. Evite ou limite a ingestão de bebidas alcoólicas. Os homens não devem tomar mais do que 2 “drinques” por dia. As mulheres devem se limitar a 1 “drinque”. Adeque seu consumo energético Mantenha-se fisicamente ativo Exercícios Por que as fibras podem prevenir o câncer? Quais as recomendações do WCRFI em relação ao estilo de vida para prevenção de cancer? Por que o consumo de certos grãos, como o amendoim, pode estar associado ao câncer de estômago? O churrasco apresenta mais de um fator de risco pro desenvolvimento de cancer. Citeos. Trabalhos publicados e em andamento: Pesquisa Clinica: GONCALVES, C. S.2015GONCALVES, C. S. ; Do Vale, IAV ; BERGMANN, R. B. ; PRETTO, A. D. B. ; ABIB, Renata Torres . Consumo de ácidos graxos por pacientes oncológicos com câncer de mama em tratamento quimioterápico. Revista Brasileira de Oncologia Clínica, v. 11, p. 78-83, 2015. VALE, I. A. V.2015VALE, I. A. V. ; Bergmann, RB ; DUVAL, P. ; Pastore, CA ; BORGES, L. R. ; Abib, Renata T. . Avaliação e indicação nutricional em pacientes oncológicos no início do tratamento quimioterápico. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 61, p. 367, 2015. LIMBERGER, V. R.2014LIMBERGER, V. R. ; Pastore, CA ; Abib, Renata T. . Associação entre dinamometria manual, estado nutricional e complicações pós-operatórias em pacientes oncológicos. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 60, p. 135-141, 2014. Portantiolo, TN2014Portantiolo, TN ; VALE, I. A. V. ; BERGMANN, R. B. ; Abib, Renata T. . Consumo de Vitaminas Antioxidantes por Mulheres com Câncer de Mama submetidas ao Tratamento Quimioterápico na Cidade de Pelotas-RS. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 60, p. 323, 2014. BERGMANN, R. B.2014BERGMANN, R. B. ; VALE, I. A. V. ; DUVAL, P. ; ABIB, Renata Torres . Nutritional Profile and Physical Activity in Women with Breast Cancer Attended by the Unified Health System in South Brazil. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 60, p. 315, 2014. Pesquisa experimental: Impacto da suplementação de Vitamina C sobre níveis de peroxidação lipídica e glutationa reduzida em tecido hepático de camundongos com imunossupressão induzida por ciclofosfamida aceito na Revista de Nutrição 2016 Abib, Renata T.; Quincozes-Santos, André ; Zanotto, Caroline ; Zeidán-Chuliá, Fares; Lunardi, Paula S. ; Gonçalves, Carlos-Alberto; Gottfried, Carmem . Genoprotective Effects of the Green Tea-Derived Polyphenol/Epicatechin Gallate in C6 Astroglial Cells. Journal of Medicinal Food, 2010 IMPACTO DA SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA C SOBRE A NEUTROPENIA INDUZIDA POR CICLOFOSFAMIDA EM MODELO ANIMAL – em andamento. Atividade Qual o melhor método de avaliação nutricional atualmente para o pcte oncológico? Que parâmetros é levado em consideração? Pratique a aplicação deste instrumento. Bibliografia Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS. Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2011. 118p. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/estimativa/2012 ABC do Câncer – INCA Livro: Garófolo, A. Nutrição clínica, funcional e preventiva aplicada à oncologi. 2012. Ed Rubio. Livro: Dal Bosco, S.M. , Genro, J.P. Nutrigenética e |Implicações na Saúde Humana. Ed Atheneu, 2014. [email protected] Aula e materiais complementares disponíveis em: http://wp.ufpel.edu.br/renataabib/ Obrigada!