UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA FACULDADE DE MEDICINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FLÁVIA LUNARDELLI NEGREIROS DE CARVALHO ANÁLISE DO PERFIL CLÍNICO, EPIDEMIOLÓGICO E HISTOPATOLÓGICO DO CÂNCER GÁSTRICO NA POPULAÇÃO DE RORAIMA. BOA VISTA – RR 2016 FLÁVIA LUNARDELLI NEGREIROS DE CARVALHO ANÁLISE DO PERFIL CLÍNICO, EPIDEMIOLÓGICO E HISTOPATOLÓGICO DO CÂNCER GÁSTRICO NA POPULAÇÃO DE RORAIMA. Monografia apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Roraima como pré-requisito para conclusão do Curso de Medicina. Orientador: Prof. Dr. Allex Jardim da Fonseca. BOA VISTA – RR 2016 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais e a UFRR, os quais permitiram que meu sonho de ser médica se tornasse uma realidade. AGRADECIMENTOS À DEUS pela minha vida, pelas oportunidades, pelas pessoas maravilhosas que colocou em meu caminho e por sempre me proteger. À minha mãe, por ser meu maior exemplo de dedicação, força, persistência, honestidade e humildade. Pela confiança, apoio e principalmente por nunca me deixar desistir. Agradeço, essa e todas as minhas conquistas, a esta mulher, de tanta garra, que me deu a vida e me ensinou a viver. Ao meu pai, por ser um exemplo de persistência e humildade e por mostrar que as pedras do caminho servem principalmente para nos fortalecer. Ao meu noivo, Carlos Alberto, por sempre estar ao meu lado me apoiando e confortando-me nos momentos difíceis, por compartilhar minhas ansiedades, por compreender minhas loucuras e ter me amado com todos os meus defeitos. Às irmãs e melhores amigas, Sarah e Patrícia, agradeço pelo carinho, pelos conselhos, conversas, experiências, pela amizade e amor com que me abraçam sempre. Aos professores da UFRR, pelos ensinamentos e conhecimentos repassado, sem os quais não seria possível concluir esta fase do meu longo sonho. Aos funcionários de Setor de Arquivo Médico e Estatística, em especial ao Sr. Rafael, por tão solicitamente dispor de seu tempo na busca dos prontuários, ação sem a qual este trabalho não poderia ter sido realizado. Ao meu colega Hiago, por sua colaboração nesta pesquisa. Ao Professor Allex Jardim da Fonseca e à Dra. Cibelli Navarro Rodrigues Alves, pelas oportunidades, pelos ensinamentos e pela orientação. “L’essentiel est invisible pour les yeux” (Pequeno Príncipe) RESUMO O câncer gástrico (CG) é a segunda maior causa de morte por câncer no mundo, afetando principalmente aqueles com nível socioeconômico baixo. Apesar de ser o segundo câncer mais prevalente entre os homens e o quarto entre as mulheres na Região Norte do Brasil, poucos são os estudos epidemiológicos sobre esta patologia nos estados que compõem esta região do pais. A população de Roraima está frequentemente exposta a fatores de risco conhecidos para o desenvolvimento do CG, tornando interessante a realização de um levantamento epidemiológico mais completo sobre a patologia no estado. O objetivo deste estudo foi avaliar melhor o perfil clínico, epidemiológico e histopatológico dos pacientes com CG no estado de Roraima. Metodologia: Realizou-se um estudo descritivo, transversal, quantitativo através da análise retrospectiva de 60 prontuários de pacientes com CG acompanhados pelo serviço de oncologia do Hospital Geral de Roraima no período de 2010 a 2014. Foram coletadas as principais variáveis epidemiológicas e clínicas (gênero, idade, etnia, estado civil, escolaridade, ocupação, tipo sanguíneo, hábitos de vida (etilismo, tabagismo), idade no momento do diagnóstico, tipo histológico, estadiamento, sublocalização, abordagem terapêutica realizada, metástase, situação atual do paciente. Resultados: O genero mais acometido foi o sexo masculino (70%), a média de idade de 58,2 anos, para os homens, e de 50,3 para as mulheres. Aproximadamente 69% possuía baixo nível educacional. A sublocalização mais frequente foi o antro (56,2%). As neoplasias epiteliais representaram 100% dos casos informados, sendo 96,1% adenocarcinomas. Utilizando a classificação da SBP de 2005, o padrão gástrico foi o mais frequente, seguido pelo padrão intestinal. Nas neoplasias com estadiamento informado, a grande maioria (91,7%) estava em estágio avançado (III ou IV), o que corrobora com os dados de elevada mortalidade e baixa sobrevida encontrados no estudo. Conclui-se que ainda há um grande trabalho a ser realizado em relação ao diagnóstico precoce da doença, bem como a importância de novos estudos para acompanhar as tendências de incidência e mortalidade, verificando as mudanças em relação ao peso dessa neoplasia, em nosso estado. Palavras-chave: Câncer Gástrico, Epidemiologia, Perfil de saúde. ABSTRACT Gastric cancer (GC) is the second leading cause of cancer death worldwide, affecting mainly those with low socioeconomic status. Despite being the second most prevalent cancer among men and the fourth among women in the North Region of Brazil, there are few epidemiological studies on this disease in the states that make up this region of the country. The population of Roraima is often exposed to known risk factors for the development of CG, making it interesting to conduct a more thorough epidemiological survey on the pathology in the state. The objective of this study was to further evaluate the clinical, epidemiological and histopathological profile of patients with CG in the state of Roraima. Methods: We conducted a descriptive, cross-sectional, quantitative through the retrospective analysis of medical records of 60 patients with CG accompanied by the oncology service of Roraima General Hospital from 2010 to 2014 were collected the main epidemiological and clinical variables (gender , age, ethnicity, marital status, education, occupation, blood type, lifestyle habits (alcohol consumption, smoking), age at diagnosis, histological type, staging, sublocation, therapeutic approach performed metastasis, the patient's current situation results.: The most affected gender was male (70%), the average age of 58.2 years for men and 50.3 for women. About 69% had low educational level. The most frequent was the sublocation antrum (56.2%). The epithelial neoplasms accounted for 100% of the reported cases, with 96.1% adenocarcinomas. Using the 2005 SBP classification, gastric pattern was the most frequent, followed by bowel pattern. In tumors with staging informed, the vast majority (91.7%) were at an advanced stage (III or IV), which corroborates data from high mortality and low survival rate found in the study. We conclude that there is still much work to be done in relation to the early diagnosis of disease and the importance of further studies to monitor the incidence and death trends by checking the changes in the weight of this neoplasm in our state. Keywords: Gastric Cancer, Epidemiology, Health profile. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Estimativas para o biênio 2014-2015 das taxas brutas de incidência por 100 mil habitantes na Região Norte, de acordo com o INCA, 2014.....................................................................21 Figura 2 - Números absolutos de casos novos de câncer gástrico diagnosticados em cada ano do período estudado...................30 Figura 3 - Frequência de casos novos em relação ao gênero, no período de 2010 a 2014.........................................................................31 Figura 4 - Idade média, em cada ano estudado, dos pacientes diagnosticados com câncer gástrico.........................................31 Figura 5 - Frequência de cada uma das etnias declaradas.......................32 Figura 6 - Frequência das sublocalizações encontradas nos prontuários que continham esta informação................................................34 Figura 7 - Incidência, por ano, dos tipos histológicos encontrados............35 Figura 8 - Frequência dos tipos de cirurgias realizadas no período estudado...................................................................................37 Figura 9 - Porcentagem de cada “condição atual“ dos pacientes, considerando apenas os prontuários que relatavam esta informação................................................................................38 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Classificação histológica dos adenocarcinomas gástricos proposta pela SBP 2005...........................................................16 Tabela 2 - Classificação TNM no câncer gástrico......................................17 Tabela 3 - Estadiamento final TNM e componentes individuais.................18 Tabela 4 - Porcentagem de casos novos distribuídos pela faixa etária......32 Tabela 5 - Nível educacional dos pacientes com câncer gástrico..............33 Tabela 6 - Frequência em números absolutos e porcentagem de acordo com o tipo histológico pela Classificação da SBP, 2005............35 Tabela 7 - Frequência dos estadiamentos relatados no período estudado...................................................................................36 Tabela 8 - Número de pacientes que apresentaram metástase e sua frequência, em números absolutos, em cada um dos tecidos...36 Tabela 9- Tipo e frequência das quimioterapias realizadas no período estudado...................................................................................37 Tabela 10 - Sobrevida em meses dos pacientes que foram a óbito............38 LISTA DE SÍMBOLOS CG – Câncer Gástrico AG – Adenocarcinoma Gástrico INCA – Instituto Nacional do Câncer SBP – Sociedade Brasileira de Patologia OMS – Organização Mundial de Saúde HGR – Hospital Geral de Roraima SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................12 1.1 Fatores de risco..................................................................................................12 1.2 Tipos Histológicos..............................................................................................15 1.3 Estadiamento......................................................................................................17 1.4 Tratamento..........................................................................................................18 1.5 O câncer gástrico no mundo.............................................................................19 1.6 O câncer gástrico no Brasil................................................................................20 1.7 Mudanças no perfil do câncer gástrico............................................................21 2 OBJETIVO...............................................................................................................23 3 JUSTIFICATIVA......................................................................................................25 4 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................27 5 RESULTADOS........................................................................................................29 5.1 Incidência............................................................................................................30 5.2 Fatores de risco..................................................................................................30 5.3 Região Anatômica...............................................................................................33 5.4 Tipo Histológico..................................................................................................34 5.5 Estadiamento......................................................................................................36 5.6 Metástase............................................................................................................36 5.7 Tratamento..........................................................................................................36 5.8 Evolução dos pacientes.....................................................................................37 6 DISCUSSÃO...........................................................................................................40 7 CONCLUSÃO.........................................................................................................46 REFERÊNCIAS..........................................................................................................48 ANEXOS....................................................................................................................53 12 1. INTRODUÇÃO A maioria das neoplasias gástricas é maligna e em alguns países é o câncer mais frequente e a principal causa de morte por câncer. Apesar de a etiologia não ser completamente conhecida, a carcinogênese gástrica surge como consequência de uma complexa interação entre o organismo e os fatores ambientais e comportamentais (ANG, 2014), como a infecção pelo Helicobacter pylori (H. pylori), dieta pobre em produtos de origem vegetal e rica em consumo de defumados, carnes curadas, peixes secos e outros alimentos conservados em sal, tabagismo, gastrite atrófica crônica, metaplasia intestinal da mucosa gástrica, anemia perniciosa, pólipo adenomatoso do estômago, gastrite hipertrófica gigante, entre outros (BRASIL, 2013; LATORRE, 1997). 1.1 FATORES DE RISCO 1.1.1. A Dieta De acordo com Wang (2009 apud ANG, 2014), sal e alimentos conservados com sal são um importante fator de risco para câncer gástrico, por: - potencializar a colonização e virulência do H. pylori; - alterar a viscosidade do muco protetor do estômago, levando a uma maior exposição aos agentes carcinogênicos; - causar respostas inflamatórias no epitélio gástrico, o que pode aumentar a proliferação de células epiteliais como parte do processo de reparação e assim aumentar a probabilidade de mutações. Em relação aos conservantes adicionados aos embutidos, quando estes chegam ao estômago transformam-se em nitrosaminas, substâncias cancerígenas responsáveis por alterações celulares que podem levar ao desenvolvimento de câncer. Já os defumados, contêm hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e alcatrão (o mesmo encontrado na fumaça do cigarro) que tem ação carcinogênica conhecida (BAU, 2011; BRASIL, 2014). 13 Por outro lado, segundo Bertuccio (2013 apud ANG, 2014) pessoas com uma dieta saudável, rica em frutas e legumes tem risco duas vezes menor de desenvolver o câncer gástrico (CG) quando comparadas com indivíduos que possuem uma dieta pouco saudável, com alimentos ricos em amido, carne e gorduras. Exemplos são o ácido ascórbico o e betacaroteno, encontrados em frutas e verduras frescas que agem como protetores, porque evitam que os nitritos (conservantes encontrados em alimentos industrializados) se transformem em nitrosaminas (BRASIL, 2011, 2014). Assim, uma dieta balanceada, desde a infância, composta de vegetais crus, frutas cítricas e alimentos ricos em fibras é fundamental para a prevenção do câncer gástrico na vida adulta. (BRASIL, 2011, 2014). 1.1.2 Helicobacter pylori O H. pylori é uma bactéria que está presente nos alimentos e também na água potável e acomete cerca de 50% da população mundial. É considerada a segunda infecção mais frequente nas camadas mais pobres da sociedade, perdendo somente para as bactérias causadoras de cáries. A prevalência do H. pylori é de aproximadamente 35% e 85% em países desenvolvidos e em desenvolvimento, respectivamente (BRASIL, 2013; ANG, 2014; BRASIL 2011). Segundo estudo realizado pelo “Helicobacter and Cancer Collaborative Group” (2001 apud ANG, 2014), a infecção pelo H. pilory é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento do adenocarcinoma gástrico não-cárdia. Estima-se que ele seja o responsável por 65% a 80% dos cânceres gástricos não-cárdia potencialmente evitáveis. Uma longa exposição da mucosa gástrica ao processo inflamatório, causado pelo H. pylori adquirido na infância, pode levar à atrofia, metaplasia e, posteriormente, ao câncer por volta da 5ª década de vida (BRASIL, 2013). O tratamento por meio de antimicrobianos contra esta bactéria é efetivo em 95% dos casos (BRASIL, 2011). 14 Uemura et al. (2001 apud ANG, 2014) demonstrou em seu estudo que a erradicação do H. pylori tem um impacto direto na ocorrência de câncer gástrico. No entanto, deve ser reconhecido que, antes da erradicação, lesões pré-cancerosas irreversíveis já podem ter surgido. 1.1.3 Hábitos de vida Segundo alguns estudos, o tabaco e o álcool são dois fatores do estilo de vida importantes no desenvolvimento do CG (ANG, 2014; BAU, 2011). No entanto, pesquisas relatam que não existe uma associação epidemiológica significativa entre álcool e câncer gástrico (SHIMAZU et al., 2008 apud ANG, 2014). Em contrapartida, o hábito de fumar, inequivocamente, está associado com o aumento do risco tanto para o câncer gástrico cárdia como para o não-cárdia (ANG, 2014). 1.1.4 Obesidade De acordo com os estudos realizado por Kuriyama et al (2005) e por Sjodahl et al (2008), a obesidade é um importante fator de risco para o adenocarcinoma da cárdia. No entanto, nenhum aumento do risco foi encontrado para o câncer gástrico não-cárdia. O exato mecanismo patológico que relaciona a obesidade ao aumento do risco de CG ainda não é claro, mas existem hipóteses de que o risco aumentado de refluxo gastresofágico, a resistência à insulina, os níveis elevados de adiponectina e leptina, a presença de fatores de crescimento semelhantes à insulina, taxas elevadas de esteroides sexuais, glicocorticoides, marcadores inflamatórios e o estresse oxidativo relacionados à obesidade favoreçam a transformação neoplásica das células gástricas. (KURIYAMA et al., 2005; SJODAHL et al., 2008). 1.1.5 Associações Familiares Na carcinomatose gástrica as associações familiares podem ser secundárias a qualquer exposição ambiental compartilhada, como a infecção por H. pylori, a dieta, entre outros, ou a fatores genéticos (BRASIL, 2011). 15 Observações epidemiológicas notaram a presença de um padrão autossômico dominante em certos grupos com câncer gástrico, bem como a presença de mutações germinativas no gene da caderina-E em famílias com adenocarcinomas do estômago tipo difuso, o que permitiu a caracterização de uma síndrome familiar de predisposição às lesões malignas, denominada de câncer gástrico difuso hereditário (BRASIL, 2011; CUTAIT, 2001). Um exemplo clássico dessa síndrome é a família do imperador francês, Napoleão Bonaparte, onde ele, seu pai, seu avô paterno, suas quatro irmãs e um irmão faleceram da doença, muitos em idade jovem (CUTAIT, 2001). 1.2 TIPOS HISTOLÓGICOS Os tumores do estômago se apresentam, predominantemente, na forma de três tipos histológicos: adenocarcinoma (responsável por 95% dos tumores), linfoma (diagnosticado em cerca de 3% dos casos) e leiomiossarcoma (BRASIL 2011). Existem várias classificações para o adenocarcinoma gástrico (AG), cada qual baseada em determinada característica: histogênese, grau de diferenciação e tipo de crescimento. Uma das classificações mais utilizadas é a proposta por Lauren em 1965, que subdivide o AG em dois tipos: difuso e intestinal, que se diferenciam quanto à epidemiologia, etiologia, patogenia e comportamento (BRASIL, 2012; CHAN, 2015). O tipo difuso apresenta-se com padrão infiltrativo, com extensão submucosa e metástases precoces, acomete igualmente ambos os sexos, é mais comum em grupos etários mais jovens e indivíduos de tipo sanguíneo A+ e está associado a um pior prognóstico do que o tipo intestinal (ARREGI et al., 2009; BRASIL, 2012; CHAN, 2015). O tipo intestinal apresenta-se como um tumor mais diferenciado, acomete mais homens, em especial idosos. É mais prevalente em áreas de alto risco, evolui principalmente de lesões pré-malignas (gastrite crônica, atrofia gástrica, metaplasia 16 intestinal e displasia) e está, provavelmente, ligado a fatores ambientais, como a infecção pelo H. pylori (BRASIL, 2012; CHAN, 2015). Em 2000, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs uma classificação histológica em quatro tipos básicos: Papilífero, Tubular, de Células em Anel de Sinete e Mucinoso (Carneiro et al., 2000 apud ALMEIDA, 2009). Na tentativa de se estabelecer um paralelo entre as classificações OMS com a de Lauren, em 2002, Iriya, a convite da Sociedade Brasileira de Patologia – SBP, propôs uma classificação histológica com base na morfologia da célula neoplásica, a qual foi reformulada em 2005, resultando na distribuição dos AG, conforme Tabela 1 (apud ALMEIDA, 2009). Tabela 1: Classificação histológica dos adenocarcinomas gástricos proposta pela SBP 2005 *. Adenocarcinoma tubular/túbulo-papilífero diferenciado padrão intestinal bem Padrão Intestinal Adenocarcinoma tubular moderadamente diferenciado padrão intestinal Adenocarcinoma tubular - foveolar Adenocarcinoma túbulo-papilífero - foveolar Padrão Gástrico Adenocarcinoma microtubular Adenocarcinoma mucinoso mucocelular (carcinoma de células em anel de sinete) Adenocarcinoma mucinoso muconodular (lagos mucosos) Padrão Pouco Diferenciado Formas especiais Adenocarcinoma pouco diferenciado Carcinoma indiferenciado Carcinoma neuroendócrino, adenoescamoso, entre outros. . *Fonte: Tese de ALMEIDA, 2009. carcinoma hepatóide, 17 1.3 ESTADIAMENTO Os componentes do sistema de estadiamento do câncer gástrico são representados pelas letras TNM. Onde T representa a penetração do tumor primário na parede gástrica, a letra N representa a extensão de linfonodos na cadeia ganglionar e M a presença ou ausência de metástases à distância (Tabela 2) (SOBIN, 2010 apud EIFLER, 2012). Tabela 2: Classificação TNM no câncer gástrico. ESTÁGIO DESCRIÇÃO TX Tumor primário não pode ser avaliado T0 Sem evidencia de tumor primário Tis Carcinoma in situ. Intra-epitelial sem invasão da lâmina própria T1a Invasão da muscular da mucosa T1b Invasão da submucosa T1 Invasão da muscular própria T2 Penetração da subserosa sem invasão de peritônio visceral ou órgão T3 adjacentes T4a Invasão da serosa T4b Invasão de órgãos adjacentes T4 NX Linfonodos regionais não podem ser avaliados N0 Sem envolvimento linfonodal N1 1-2 linfonodos invadidos N2 3-6 linfonodos invadidos N3a 7 a 15 linfonodos invadidos. N3b > 15 linfonodos invadidos. N3 M0 Sem metástases à distância M1 Com metástases à distância Fonte: Classificação TNM no câncer gástrico 7ª ed., 2010 (apud EIFLER, 2012). 18 Quando agrupadas as categorias T, N e M em combinações pré- estabelecidas, o estadiamento final será obtido (Tabela 3). Pode ser dividido em estadiamento clínico e patológico. O estadiamento clínico é determinado com dados de exame físico e exames complementares. O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anatomopatológico da peça operatória, determinando a extensão da doença com maior precisão (WASHINGTON, 2010 apud EIFLER, 2012). O estadiamento implica em prognóstico e resposta terapêutica semelhante nos tumores com a mesma classificação histopatológica e extensão da doença (EIFLER, 2012). Tabela 3: Estadiamento final TNM e componentes individuais. N0 N1 N2 N3 T1a (mucosa), T1b (submucosa) IA IB IIA IIB T2 Muscular própria IB IIA IIB IIIA T3 Subserosa IIA IIB IIIA IIIB T4a Invasão Serosa IIIB IIIA IIIB IIIC T4b Invasão órgãos adjacentes IIIB IIIB IIIC IIIC M1 Metástase à distância (QqT, QqN) IV Fonte: Traduzido e adaptado do AJCC Cancer Staging Manual (WASHINGTON, 2010 apud EIFLER, 2012). 1.4 TRATAMENTO De acordo com as Diretrizes Brasileiras Diagnósticas e Terapêuticas do Adenocarcinoma de Estômago de 2013 (BRASIL, 2013), o CG tem seu tratamento definido pela localização, estadiamento do tumor e pelo número de linfonodos ressecados e acometidos. Na tentativa de modificar a história natural da doença, o tratamento é multidisciplinar e pode envolver, procedimentos cirúrgicos, radioterápicos e quimioterápicos (BRASIL, 2013). O momento em que cada uma das opções terapêuticas deve ser instituída, combinadas ou não, e a sequência dos tratamentos, são alvo de estudos há décadas. As diferentes características populacionais tornam difícil a escolha entre as técnicas 19 cirúrgicas e radioterápicas, agentes quimioterápicos e a combinações desses agentes. O tratamento mais efetivo ainda não foi estabelecido e a decisão de como tratar deve ser definida levando-se em consideração a experiência e os recursos humanos e tecnológicos da instituição ou a preferência do paciente e de seu médico (EARLE, 2013). 1.5 CÂNCER GÁSTRICO NO MUNDO O Câncer Gástrico apresenta grande relevância epidemiológica por ser, atualmente, a quarta neoplasia maligna mais comum no mundo (ANG, 2014; CREW, 2006). A primeira grande análise estatística de incidência e mortalidade por câncer foi realizada em Verona (Itália) entre 1760-1839, e mostrou que o CG foi o câncer mais comum e letal conhecido naquela época (CHAN, 2015). Até os anos 1980, excluindo o câncer de pele não melanoma, o CG era a principal causa de morte por câncer no mundo, quando foi ultrapassado pelo câncer de pulmão (BRASIL 2010; BRASIL, 2013; CHAN, 2015). Sua alta mortalidade se deve principalmente por ser um câncer indolente, que não apresenta sintomas específicos, o que acarreta geralmente, em um diagnóstico tardio, com prognóstico reservado e em uma baixa sobrevida (BRASIL, 2011; CHAN, 2015; ZILBERSTEIN et al., 2013). Mais de 70% dos cânceres gástricos ocorrem nos países em desenvolvimento. As taxas são mais elevadas na Ásia Oriental, Europa Oriental e América do Sul, enquanto as taxas mais baixas estão em América do Norte e partes da África (ANG, 2014; CHAN, 2015; CREW, 2006). O CG é mais frequente em homens do que em mulheres, apresentando uma razão de aproximadamente 1:2 em ambos os países desenvolvidos e em desenvolvimento (ANG, 2014; CHAN, 2015; CREW, 2006; ZILBERSTEIN, 2013). 20 O pico de incidência se dá, em sua maioria, por volta dos 70 anos de idade e cerca de 65% dos pacientes diagnosticados com CG têm mais de 50 anos de idade (BRASIL, 2011, ARREGI et al., 2009). 1.6 O CÂNCER GÁSTRICO NO BRASIL De acordo com Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa para o Brasil, de casos novos de câncer de gástrico em 2016 é de 12.920 entre homens e de 7.600 nas mulheres. Desconsiderando os tumores de pele não melanoma, o câncer gástrico em homens é o segundo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste, o quarto nas regiões Sul e Centro-Oeste e o quinto na região Sudeste. Para as mulheres é o quarto mais frequente na região Norte, o quinto nas regiões Sul e Nordeste e o sexto nas regiões Sudeste e Centro-Oeste (BRASIL, 2015). Um estudo recente realizado pelo INCA revelou que a relação Mortalidade/Incidência do CG no Brasil é cerca de 0,70 e a mortalidade apresenta números que variam de 19,57 mortes por 100.000 homens no Amapá a 9,02 por 100.000 mulheres em Roraima (BRASIL, 2014). Independentemente da região do país, homens, idosos e indivíduos de classes sociais menos privilegiadas, são os mais frequentemente afetados (BRASIL, 2014; ZILBERSTEIN et al., 2013). Em uma pesquisa realizada sobre mortalidade por câncer gástrico no Brasil, no período entre 1977 a 1989, observou-se que, apesar de alguns estados terem apresentado claramente um declínio na incidência deste câncer, em outros, como Roraima, a tendência não pôde ser definida por falta de estudos (BRASIL, 2013). De acordo com dados do INCA, o estado de Roraima apresentou em 20142015 a quinta maior taxa bruta de incidência de câncer gástrico por 100 mil habitantes na população masculina e a sexta posição na população feminina, quando analisados os Estados da Região Norte (Figura 1) (BRASIL, 2014). 21 ESTIMATIVAS PARA O BIÊNIO 2014/2015 DAS TAXAS BRUTAS DE INCIDÊNCIA POR 100 MIL HABITANTES AMAPÁ PARÁ RONDONIA RORAIMA TOCANTINS 5,91 11,1 4,08 4,52 AMAZONAS 5,1 6,9 9,91 10,64 11,37 3,5 ACRE Mulheres 6,16 5,15 6,72 7,11 11,74 13,19 Homens REGIÃO NORTE Figura 1: Estimativas para o biênio 2014-2015 das taxas brutas de incidência por 100 mil habitantes na Região Norte, de acordo com o INCA, 2014. Apesar de ser um dos cânceres mais prevalentes e de elevada mortalidade na Região Norte do Brasil (BRASIL, 2014), poucos são os estudos epidemiológicos sobre esta patologia nos estados que compõem essa região do país. 1.7 MUDANÇAS NO PERFIL DO CÂNCER GÁSTRICO Nas últimas décadas, a incidência mundial de CG vem apresentando uma rápida queda, principalmente as custas do tipo intestinal em comparação com o tipo difuso. Os motivos deste declínio ainda não são completamente compreendidos, porém, acredita-se que ele deva-se a melhor compreensão dos fatores de risco relacionados ao desenvolvimento desta neoplasia, tais como riscos alimentares, ambientais e a infecção pelo o H. pylori (BARBOSA, 2011; CHAN, 2015; CREW, 2006). Uma das hipóteses é que a popularização das geladeiras marca um ponto crucial para este declínio, assim como os frigoríficos, que melhoraram o armazenamento, reduzindo o uso do sal como base da preservação de alimentos e prevenção da contaminação bacteriana e fúngica (BRASIL, 2010, 2012; CHAN, 2015). 22 A refrigeração também permitiu que os alimentos frescos e os legumes se tornassem mais acessíveis para o consumo, servindo como uma rica fonte de antioxidantes importantes para a prevenção deste câncer (CHAN, 2015). Apesar desta queda, o CG ainda apresenta-se como uma das doenças malignas mais importantes, com significativas diferenças geográficas, étnicas e um número absoluto de casos novos crescente, principalmente, devido ao envelhecimento mundial da população (ANG, 2014; CHAN, 2015). Além disso, novos estudos mostram que nos últimos anos, por razões ainda pouco claras, a tendência de declínio da incidência foi interrompida e substituída por uma tendência ascendente na incidência de tumores proximais, principalmente na cárdia (ARREGI et al., 2009; CREW, 2006). Este aumento é observado predominantemente nos países de baixo risco para CG, nos homens e em pacientes jovens (ARREGI et al., 2009; CHAN, 2015). Portanto, o CG continuará a representar uma importante causa de câncer de alta mortalidade para o futuro (CHAN, 2015). Pela sua alta prevalência na região Norte e pela pequena quantidade de informações sobre esta patologia na população de Roraima, torna-se importante a realização de pesquisas que evidenciem o perfil clínico e epidemiológico deste câncer, para que com o melhor conhecimento das peculiaridades desta população, seja possível uma melhor vigilância e controle desta doença. 24 2 OBJETIVO O presente trabalho teve como objetivo: Conhecer o perfil clínico, epidemiológico e histopatológico do câncer gástrico dos pacientes atendidos no Serviço de Oncologia do Hospital Geral de Roraima (HGR) no período de 2010 a 2014. 26 3 JUSTIFICATIVA A população de Roraima está frequentemente exposta a fatores de risco conhecidos para o desenvolvimento do CG (infecção por H. pylori, consumo de carne de sol, carne seca, alimentos ricos em amido e outros), e apresenta alta incidência e elevada mortalidade, o que torna importante a realização de um levantamento epidemiológico mais completo que permita compreender as peculiaridades desta patologia na população deste estado. 28 4 MATERIAL E MÉTODOS Esta pesquisa trata-se de um estudo descritivo, transversal, quantitativo e de caráter retrospectivo realizado através da revisão dos prontuários físicos dos pacientes com câncer gástrico, diagnosticados e acompanhados no Serviço de Oncologia do HGR, no período de 2010-2014. Os números de protocolo dos prontuários foram obtidos por meio da pesquisa retrospectiva nos livros de registro de quimioterapia e de cirurgias oncológicas realizadas no período selecionado para o estudo. Posteriormente, a lista com o número dos protocolos de 86 prontuários selecionados foi entregue ao Serviço de Arquivo Médico e Estatística, porém 26 prontuários não foram encontrados, dentre os encontrados alguns apresentavam-se incompletos. No total foram analisados 60 prontuários (dos 86 solicitados), dos quais foram extraídas informações para preenchimento de uma ficha impressa (anexo II) que continha as principais variáveis a serem coletadas: gênero, idade, etnia, estado civil, escolaridade, ocupação, tipo sanguíneo, renda salarial, história prévia de câncer ou de outra patologia (infecção por H. pylori, gastrite), história familiar de câncer, hábitos de vida (etilismo, tabagismo), idade no momento do diagnóstico, queixa principal no momento do diagnóstico, tipo histológico, estadiamento, sublocalização, abordagem terapêutica realizada, presença ou ausência de neutropenia durante o tratamento, presença ou ausência de metástase, situação atual do paciente. Os dados obtidos foram analisados em forma de porcentagem e pelo Teste Qui-Quadrado e ANOVA. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, CAAE: 46038815.4.0000.5302, Número do Parecer: 1.401.095, conforme a Resolução CNS/196/96. 30 5 RESULTADOS Os dados obtidos após a análise criteriosa das informações contidas nos 60 prontuários são expostos nesta seção. 5.1 INCIDÊNCIA Ao longo do período estudado neste trabalho, notou-se que o número de casos novos de CG manteve-se estável, sem queda ou aumento significativo, exceto pelo ano de 2012 que apresentou uma incidência de, aproximadamente, 50% menor que a observada nos outros anos (Figura 2). 14 13 12 Incidência 11 7 2010 2011 2012 2013 2014 Ano Figura 2: Números absolutos de casos novos de câncer gástrico diagnosticados em cada ano do período estudado. 5.2 FATORES DE RISCO Gênero Em relação ao gênero, 70% dos casos novos de CG acometeram o sexo masculino (Figura 3). 31 Figura 3: Frequência de casos novos em relação ao gênero, no período de 2010 a 2014. Idade Quando foi analisada a faixa etária média de cada ano estudado, verificou-se que em 2013 houve uma queda na idade média dos casos novos de câncer gástrico de, aproximadamente, 10 anos quando comparado com os 3 anos anterior, voltando a subir em 2014 (Figura 4). 2014 2013 2012 2011 2010 57,25 ANO 50,4 61,28 59 61,6 0 10 20 30 40 50 60 70 Média da Faixa etária Figura 4: Idade média, em cada ano estudado, dos pacientes diagnosticados com câncer gástrico. Aproximadamente 57% dos casos concentram-se na faixa etária entre 51 e 70 anos (Tabela 4). 32 Tabela 4: Porcentagem de casos novos distribuídos pela faixa etária. Faixa etária Até 40 anos 41 a 50 51 a 60 61 a 70 71 a 80 80 ou + % 5,5 22,2 24,1 33,3 13 1,8 A média de idade no momento do diagnóstico foi de 58,2 anos, para os homens, e de 50,3 anos, para as mulheres. Etnia Aproximadamente 57% dos pacientes se autodeclarou pardo na ficha de internação. Somente três pacientes eram indígenas, 9 eram brancos, 4 negros e em 10 prontuários não constava a etnia do paciente (Figura 5). 16% 15% Branco 5% 0% 7% Pardo Negro Amarelo Indigena 57% Não constava Figura 5: Frequência de cada uma das etnias declaradas. Estado Civil Casado foi o estado civil de cerca de 48 % dos pacientes, 20% eram solteiros, 11,6% divorciados, 6,7% viúvos e em 13% dos prontuários não constava o estado civil dos pacientes. 33 Nível Socioeconômico e Cultural Dos 45 prontuários que continham informação sobre a escolaridade do paciente, foi constatado que maioria apresentava baixo nível educacional, com 68,9% dos pacientes sendo analfabetos ou com ensino fundamental incompleto (Tabela 5). Tabela 5: Nível educacional dos pacientes com câncer gástrico. Grau de Escolaridade Analfabeto Ensino Fundamental Incompleto Ensino Fundamental Completo Ensino Médio Incompleto Ensino Médio Completo Ensino Superior Frequência 5 26 4 3 5 2 % 11,1 57,8 8,9 6,7 8,3 4,4 A ocupação mais citada foi a de agricultor (34,8%), seguida de profissional autônomo (19,6%), apenas um paciente declarou ser garimpeiro e 14 prontuários não apresentavam a ocupação dos pacientes. Hábitos de Vida Apenas 61,7% e 66,7% dos prontuários constavam se o paciente tinham ou não histórico de consumo de álcool e tabaco, respectivamente. Destes prontuários foi verificado que 67,5% dos pacientes consumiram regularmente álcool em algum momento das suas vidas, e 72,5% fizeram uso de tabaco, confirmando ser um hábito prevalente nesta população de doentes. Tipo Sanguíneo O tipo sanguíneo do paciente estava documentado em 58,3% dos prontuários, sendo que 48,5% dos pacientes eram tipo O+ e 31,4% eram tipo A+ 5.3 REGIÃO ANATÔMICA Cerca de 28,3% dos prontuários não teve a sublocalização informada; e em 25,6% dos casos, a neoplasia acometia simultaneamente dois ou mais locais e o local de origem não pôde ser determinado. Considerando somente as neoplasias cujo local de origem pôde ser definido, a sublocalização mais frequente foi o antro, com 56,2%, seguida pelo corpo, com 28,1% (Figura 6). 34 Frequência 56,20% 28,10% Antro Corpo 6,25% 6,25% 3% Cardia Piloro Fundo Sublocalização Figura 6: Frequência das sublocalizações encontradas nos prontuários que continham esta informação. 5.4 TIPO HISTOLÓGICO O tipo histológico não foi informado em 9 prontuários e nos demais prontuários revisados verificou-se que 100% eram classificados como adenocarcinoma gástrico, não havendo linfomas ou outros tipos. Em 14 prontuários constava apenas a informação “Adenocarcinoma”, sem especificar o tipo do mesmo. Considerando apenas os 37 prontuários que especificavam o tipo de adenocarcinoma e utilizando a Classificação da SBP (2005), o Padrão Gástrico foi o mais frequente (51,3%) (Tabela 6). A idade média dos pacientes com Padrão Intestinal foi de 62,33 anos e a do Padrão Gástrico de 55,3 anos, no entanto, em análise com o ANOVA (p> 0,05), a diferença entre as idades médias dos dois tipos histológicos não foi considerada estatisticamente significativa. 35 Tabela 6: Frequência em números absolutos e porcentagem de acordo com o tipo histológico pela Classificação da SBP, 2005. Avaliando a incidência do tipo histológico para cada ano do período estudado, foi verificado que o Padrão Intestinal apresentou uma queda significativa na incidência, mostrando um declínio de aproximadamente 83% entre 2010 e 2014. Em contrapartida, o Padrão Gástrico apresentou um aumento na frequência de 200%, no mesmo período (Figura 7). Padrão Intestinal Padrão Gástrico Padrão pouco diferenciado Formas especiais 7 6 5 4 3 2 1 0 2010 2011 2012 2013 2014 Figura 7: Incidência, por ano, dos tipos histológicos encontrados. Quando comparado o tipo histológico e o gênero, evidenciou-se, que não há diferença estatisticamente significativa, entre os gêneros no padrão gástrico, porém, em relação ao padrão intestinal há diferença estatística significativa entre o sexo feminino e masculino, sendo este último o mais acometido. 36 5.5 ESTADIAMENTO Entre os prontuários revisados, 20% não teve o estágio informado. Quando considerados os casos com estadiamento informado, metade apresentou estágio IV e 41,7% o estágio III (Tabela 7). Tabela 7: Frequência dos estadiamento relatados, no período estudado. Estadiamento I II III IV Não informado Total Frequência 1 3 20 24 12 60 % 1,7 5 33,3 40 20 100 5.6 METÁSTASE Vinte prontuários não informavam se os pacientes apresentaram ou não metástases. Dos que traziam esta informação, 75% relatavam metástase em algum tecido ou órgão. Destes pacientes, 30% apresentou metástase em mais de um local. Os locais mais acometidos pelas metástases foram: peritônio e fígado (Tabela 8). Tabela 8: Número de pacientes que apresentaram metástase e sua frequência, em números absolutos, em cada um dos tecidos. Metástase Peritoneal Hepática Pancreática Pulmonar Intestinal Ovariana Retro peritoneal Óssea Número de pacientes 16 10 3 3 3 2 2 1 5.7 TRATAMENTO Este trabalho verificou que em relação ao tratamento, apenas um paciente realizou radioterapia associada à quimioterapia e cirurgia (gastrectomia parcial), 56 prontuários relatavam que quimioterapia tinha sido realizada em algum momento do 37 tratamento (Tabela 9) e quatro prontuários não traziam informações sobre a realização ou não da quimioterapia. Tabela 9: Tipo e frequência das quimioterapias realizadas no período estudado. Quimioterapia Neoadjuvante Paliativa Neoadjuvante + Paliativa Frequência 18 16 % 32,1 28,6 14 25 Neoadjuvante + Adjuvante Não Informado 5 3 8,9 5,3 Total 56 100 Exatamente 55% dos pacientes passaram por algum procedimento cirúrgico, seja diagnóstico ou terapêutico (Figura 8) e 29 pacientes (48,3%) passaram por procedimento cirúrgico associado à quimioterapia. 6% 12% 17% Gastrectomia Total Gastrectomia Parcial Laparotomia Exploradora 65% Não especificada Figura 8: Frequência dos tipos de cirurgias realizadas no período estudado. 5.8 EVOLUÇÃO DOS PACIENTES Um número significativo de prontuários (38,3%) não relatava a condição atual dos pacientes, dos que informavam esta condição (37 prontuários) um referia que o paciente mudou seu tratamento para outro serviço, 14 tinham na sua última evolução médica que o paciente havia recebido “Alta Melhorado” e 22 pacientes (59%) foram a óbito (Figura 9). 38 3% "Alta Melhorado" 38% 59% Óbito Mudou de Serviço Figura 9: Porcentagem de cada “condição atual“ dos pacientes, levando em conta apenas os prontuários que relatavam esta informação. A idade média dos pacientes que faleceram foi de 63 anos e o período de tempo entre o diagnóstico e a data do óbito variou de 2 meses até 3 anos e 5 meses. A sobrevida média dos pacientes que foram a óbito foi de, aproximadamente, 10 meses, e 76,5% teve uma sobrevida menor ou igual a 12 meses (Tabela 10). Tabela 10: Sobrevida em meses dos pacientes que foram a óbito. Sobrevida < 4 meses > 4 e ≤ 8 meses > 8 e ≤ 12 meses > 12 meses Não Informado Frequência 6 3 4 4 5 % 27,3 13,6 18,2 18,2 22,7 Dos 14 prontuários (37,8%) que relatavam na sua última evolução que o paciente havia recebido “Alta Melhorado”, apenas três tinham sido diagnosticados em 2010, logo, pode-se considerar que apenas 8,1% pode ter apresentado uma sobrevida relativa de cinco anos. No entanto, esse valor pode ser ainda menor, visto que várias destas evoluções, apesar de serem as últimas realizadas nos prontuários, são antigas e impossibilitam o cálculo com exatidão da sobrevida dos mesmos. 41 6 DISCUSSÃO Apesar da literatura mundial e nacional relatar um declínio na prevalência e incidência do câncer gástrico ao longo das últimas décadas (ARREGI et al., 2009; BRASIL, 2011, 2012; CHAN, 2015), este trabalho não evidenciou queda no número de casos novos, no período estudado. Este fato pode ser decorrente da frequente exposição a alguns fatores de risco a que população estudada está submetida, como infecção pelo H. pylori, baixo nível socioeconômico e educacional, consumo frequente de alimentos ricos em amido, carne de sol e seca, entre outros. Em relação ao gênero, diversos estudos mostram que os homens têm um risco maior de desenvolver o câncer gástrico quando comparado às mulheres, com uma razão de aproximadamente 1:2. Porém, em populações de alto risco essa razão pode ser maior (ARREGI et al., 2009; BRASIL, 2012, 2015), como foi evidenciado neste estudo com a população de Roraima, que encontrou uma prevalência de 70% dos casos no sexo masculino. Resultado deste estudo é similar com o relatado no estudo de Arregi et al. (2009), no qual 63,3% dos CG do Ceará acometeram o sexo masculino e no estudo de Campelo e Lima (2012) que também evidenciou um predomínio de 59% neste gênero. Segundo Crew e Neugut (apud ARREGI et al., 2009), assim como em outras doenças, a incidência aumenta marcadamente com a idade, com pico mundial, entre 50 e 70 anos. Esta pesquisa constatou dados similares aos da literatura, havendo um predomínio de 57,4% dos casos na faixa etária entre 51 e 70 anos. Em Teresina, no período de 2004 a 2009, a idade variou entre 31 e 81 anos com a média de 59,7 anos de idade (CAMPELO, 2012). Assim como em outros trabalhos, as mulheres afetadas eram, significativamente, mais jovens do que os homens (ARREGI et al., 2009; BRASIL, 2012; CHAN, 2015). Na presente pesquisa, a média de idade no momento do diagnóstico foi de 58,2 anos, para os homens, e de 50,3 anos, para as mulheres. Pesquisas baseadas em censos educacionais, de renda familiar e de ocupação mostram que o câncer gástrico é uma doença associada ao baixo nível socioeconômico e cultural, pois geralmente esta população, menos favorecida, está 42 mais exposta a vários fatores de risco, como o consumo exagerado de sal e a infecção por H. Pylori e pode apresentar uma incidência de CG duas a três vezes maior do que em classes mais abastadas (BRASIL, 2014; LATORRE, 1997; ANG, 2014; ARREGI, 2009). Como o número de prontuários que possuíam informações sobre a renda familiar foi muito pequeno, foram utilizados o nível de instrução e a ocupação como indicadores de renda. Foi notado que a população mais acometida, assim como na literatura, apresentava baixo nível educacional (cerca de 70 % eram analfabetos ou com ensino fundamental incompleto), e as profissões mais citadas eram as de baixo retorno financeiro, como agricultor, doméstica, pedreiro, entre outras. Hábitos de Vida O uso de tabaco e de álcool, de modo contínuo, pode levar à morte e ao dano celular, com hiperproliferação de células anormais de forma acelerada, podendo resultar na mutação de oncogênes ou de gene supressor de tumor, como o p53, levando a perda da sua função e consequentemente à carcinogênese (BAU, 2011). Aproximadamente 67% e 72% dos pacientes deste estudo fizeram uso de álcool e tabaco, respectivamente, o que deve ser um dos fatores responsáveis pelo elevado número de casos de CG existentes no estado de Roraima. Estudos demonstram um aumento no risco de câncer gástrico de 1,5 a 1,6 vezes para fumantes quando comparados a não fumantes. Estima-se que 11% dos casos de câncer gástrico por ano podem ser atribuídos ao consumo de cigarros (MEINE et al., 2004). Já em relação a influência do consumo do álcool na patogênese do câncer gástrico permanece inconclusiva na literatura, no entanto, não se pode descarta-lo como um dos fatores de risco (BAU, 2011; MEINE et al., 2004). Tipo Sanguíneo Os tipos sanguíneos mais encontrados neste estudo foram o grupo O+ (cerca de 48%) e A+ (com 31%). Este achado pode ser comparado com alguns estudos que correlacionam o desenvolvimento do câncer gástrico e o grupo sanguíneo A (BAU, 2011; BARBOSA, 2011; DANTAS, 2009). 43 Algumas pesquisas relatam um aumento na frequência de câncer gástrico em pacientes do grupo sanguíneo A e uma maior associação entre o grupo O e a úlcera péptica (BARBOSA, 2011). Boren et al. (1993 apud BARBOSA, 2011), mostrou que indivíduos do grupo “O” apresentavam mais receptores para a H. Pylori, sendo portanto, mais susceptíveis a infecção por essa bactéria. Sublocalização As diferenças na sublocalização anatômica da neoplasia gástrica são observadas em populações com localização geográfica, características raciais e socioeconômicas distintas (ARREGI et al, 2009). Em Roraima, foi encontrado um predomínio na sublocalização do antro (56,2%), seguida pelo corpo (28,1%). Resultado semelhante foi encontrado no estudo realizado por Campelo e Lima (2012) com a população de Teresina, onde a região anatômica mais acometida também foi o antro (54,5%), seguida do corpo (31,9%). No entanto, estes resultados diferem em parte de outros estudos como o realizado por Arregi et al. (2009) que evidenciou, na população do Ceará, a sublocalização mais frequente no corpo (43,2%), seguida pelo antro (25,6%) e cárdia (22,2%). A região anatômica mais acometida no estado de Roraima mostra não ser compatível com a situação geral descrita nos últimos 30 anos, que revela aumento na incidência de tumores proximais, especialmente a cárdia (BRASIL, 2012), mantendo ainda, com a maior frequência, a sublocalização no terço inferior ou médio. Tipo histológico De acordo com vários estudos, os adenocarcinomas constituem cerca de 95% de todas as neoplasias de estômago, e dos outros 5%, mais da metade é de linfomas 44 (CHAN, 2015; LATORRE, 1997; ANG, 2014; ARREGI et al., 2009). Nesta pesquisa, dentre os prontuários que informavam o tipo histológico, as neoplasias epiteliais foram as únicas encontradas, sendo 100% adenocarcinomas. Dos adenocarcinomas, o tipo intestinal é o mais frequente e predomina em áreas de incidência elevada sendo, atualmente, considerado o responsável pela variação internacional e queda na incidência das neoplasias de estômago (CHAN, 2015; ARREGI et al., 2009). De forma coerente com estes dados foi encontrado neste trabalho um declínio significativo na incidência do padrão intestinal, embora não tenha sido notada uma queda na incidência global do CG na população estudada, possivelmente, por ter ocorrido um aumento simultâneo na incidência do padrão gástrico. Estadiamento O estadiamento é o fator prognóstico mais importante (BRASIL, 2011, 2013b; ZILBERSTEIN et al., 2013; ARREGI et al., 2009), visto que quanto mais precoce é o diagnóstico maior é a sobrevida. No entanto, por ser um câncer indolente mais de 50% dos doentes são diagnosticados nos estágios III e IV. Nesses estágios, a sobrevida após cinco anos é de 33,4% e de 2%, respectivamente (MANDORWSKI, 2002 apud ARREGI et al., 2009). Neste trabalho, foi encontrado um elevado número de óbitos e a porcentagem dos prontuários (8,1%) que relatou uma sobrevida relativa de cinco anos, ficou muito aquém da observada na população da literatura mundial, a qual relata que a sobrevida relativa de cinco anos é em torno de 30% nos países desenvolvidos e 20% nos países em desenvolvimento (CHAN, 2015; ZILBERSTEIN et al., 2013). Esta baixa sobrevida, pode ser atribuída ao fato de 70% dos casos terem sido diagnosticados já com estágio III ou IV, evidenciando que ainda há um grande trabalho a ser realizado em relação ao diagnóstico precoce da doença no Estado de Roraima. Metástase 45 Por serem frequentemente diagnosticado tardiamente, os casos de metástase do CG não são incomuns. O padrão difuso de Lauren apresenta maior potencial metastático, principalmente para peritônio, pulmão e ovário (tumores de Krukenberg). Já no tipo intestinal é recorrente e extensa a invasão do fígado (ZHENG et al., 2007). Verificou-se, neste trabalho, que os locais mais acometidos pelas metástases foram o peritônio (40%), seguido pelo fígado (25%), considerando apenas os prontuários que traziam esta informação, sem ser possível, no entanto, discriminar quais eram do tipo difuso ou intestinal. 47 7 CONCLUSÕES Apesar de todas as barreiras encontradas para o desenvolvimento deste trabalho, foi possível concluir que a população do Estado de Roraima não apresentou variação significativa no número de casos novos, no período de 2010 a 2014. Embora a tendência mundial tenha sido a redução na incidência do CG, assim como no aumento no número de casos na região anatômica da cardia, na população do Estado de Roraima não foi observado nem o declínio na incidência, nem a alteração na localização anatômica, reforçando a ideia de que o CG apresenta diferenças conforme diferentes regiões geográficas e suas condições socioeconômicas e culturais. No entanto, o perfil descrito é similar ao observado em outros países em desenvolvimento, quando se refere a localização ser predominante no antro e no corpo (1ª e 2ª localizações anatômicas). O sexo masculino é o mais acometido pelo CG assim como nas demais regiões do país e do mundo. A grande maioria dos diagnósticos foi tardio, acarretando em uma baixa sobrevida dos pacientes, mostrando que ainda há um grande trabalho a ser realizado em relação ao diagnóstico precoce da doença, bem como a importância de acompanhar as tendências de incidência e mortalidade para verificar mudanças em relação ao peso dessa neoplasia no Estado de Roraima. A falta de um setor organizado para o armazenamento dos prontuários foi uma importante limitação neste trabalho. A utilização de prontuários físicos e não digitalizados pelo Hospital Geral de Roraima dificultou as pesquisas, tendo em vista que muitas informações não puderam ser encontradas devido a vários fatores, como duplicidade de prontuários de um mesmo pacientes; prontuários incompletos, com exames e evoluções médicas incompletas ou ausentes; a inexistência de várias informações pertinentes, cujo conhecimento seria interessante para melhor definir as características etiológicas do câncer gástrico na população avaliada (renda salarial, história prévia e familiar de câncer ou de outras patologias associadas, queixa principal no momento do diagnóstico, presença ou ausência de neutropenia durante o tratamento entre outras variáveis). 48 A impossibilidade de analisar todos os prontuários solicitados (visto que muitos não foram sequer encontrados) e a falta de informação, ou a inespecificidade das mesmas, impossibilitaram conclusões mais firmes e podem ter comprometido as associações estatísticas observadas. 49 REFERÊNCIAS ALMEIDA, R. C. Adenocarcinoma do estômago: análise de aspectos morfológicos e do perfil imuno-histoquímico de mucinas dos tipos histológicos propostos na classificação da Sociedade Brasileira de Patologia, 2005. 2009. 134 p. Tese de Doutorado. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. p. 1721. 2009. ANG, T. L.; FOCK, K. M. Clinical epidemiology of gastric cancer. Singapore Med J, v.12, n. 55, p. 621-628, 2014. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4291998/ . Acesso em: 10 dez. 2015. ARREGI, M. M. U. et al. Perfil clínico-epidemiológico das neoplasias de estômago atendidas no Hospital do Câncer do Ceará, no período 2000-2004. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 55, n. 2, p.121-128, 2009. Disponível em: http://www.inca.gov.br/rbc/n_55/v02/pdf/05_artigo2.pdf . Acesso em: 01 abr. 2015. BARBOSA, L. F. Distribuição dos fenótipos de Grupos Sanguíneos ABH e Lewis na infecção pela Helicobacter Pylori. 2011. 35p. Trabalho de Conclusão de Curso. Univ. Fed. Do Pará, Belém, p.8. 2011. Disponível em: http://fbm.ufpa.br/pdf/TCC2008/TCC10.pdf . Acesso em: 04 jan. 2016. BAU, F. C.; HUTH, A. Fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento do câncer gástrico e de esôfago. Revista Contexto & Saúde Ijuí, v. 21 n. 11, Jul./Dez, p. 16-24, 2011. Disponível em: https://revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/article/viewFile/382/1022 . Acesso em: 11 maio 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. ABC do câncer : abordagens básicas para o controle do câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2ª. Ed. p. 31, 65,110. 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Câncer no Brasil: dados dos registros de base populacional.Rio de Janeiro: INCA, p. 487. 2010. 50 BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2014/2015. Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, p.38-39, 68. 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas Adenocarcinoma de Estômago. Ato Portaria Nº 505, de 6 de Maio de 2013. 2013. http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DDT/Adenocarcinoma_Estomago.pdf BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2016/2017. Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA. 2015. http://www.inca.gov.br/wcm/dncc/2015/estimativa-2016.asp CAMPELO, J. C. L; LIMA, L. C. Perfil Clinicoepidemiológico do Câncer Gástrico Precoce em um Hospital de Referência em Teresina, Piauí.Revista Brasileira de Cancerologia, v.58, n 1, p. 15-20, 2012. CHAN, A. O. O.; WONG, B. Epidemiology of gastric cancer. Artigo Up to date, Disponível em <http://www.uptodate.com/contents/epidemiologyofgastriccancer?source=search_res ult&search=carncer+gastrico&selectedTitle=29%7E150>. Acesso em: 27 nov 2015. CREW, K. D.; NEUGUT. A. I. Epidemiology of gastric cancer. World J Gastroenterol, v.3, n.12, p.354-62, Jan. 2006. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4066052/. Acesso em: 23 jul 2015. CUTAIT, R.; GARICOCHEA, B.; COTTI, G. C. C. Diagnóstico e manejo do câncer gástrico familiar. Rev. Col. Bras. Cir., Rio de Janeiro, v.28 n.4, p. 288-92, Jul/Aug. 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69912001000400010. Acesso em: 20 jan 2016. DANTAS, E. L. R. Genética do Câncer Hereditário. Revista Brasileira de Cancerologia, v.55, n. 3, p.263-269. 2009. Disponível em: http://www.inca.gov.br/rbc/n_55/v03/pdf/67_revisao_literatura1.pdf . Acesso em: 30 abr 2015. 51 EARLE, C.; MAMON, H. Adjuvant and neoadjuvant treatment of gastric cancer. Artigo Up To Date. Disponível em: http://www.uptodate.com/contents/adjuvant-and- neoadjuvant-treatment-of-gastriccancer?source=search_result&search=Adjuvant+and+neoadjuvant+treatment+of+gastric +cancer&selectedTitle=1~150. Acesso em: 03 agosto 2015. KURIYAMA, S., et al. Obesity and risk of cancer in Japan. Int J Cancer, v.113, p.148– 57, jan. 2005. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ijc.20529/abstract. Acesso em: 18 jan 2016. LATORRE, M. R. D. O. A mortalidade por câncer de estômago no Brasil: análise do período de 1977 a 1989. Cad Saude Pública, v. 13 (supl 1), p.67-78. 1997. Disponivel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 311X1997000500007&lng=en. Acesso em: 24 set 2015. MEINE, G. C., et al. Câncer gástrico: experiência de um hospital geral. Revista AMRIGS, Porto Alegre, v. 48, n. 2, p. 86-89, abr.- jun. 2004. Disponível em: http://www.amrigs.com.br/revista/48-02/ao%2003.pdf. Acesso em 30 nov 2015. SJODAHL, K., et al. Body mass and physical activity and risk of gastric cancer in a population-based cohort study in Norway. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev., v.17, p.135–40. 2008. Disponível em: http://cebp.aacrjournals.org/content/17/1/135.long. Acesso em: 16 jan 2016. WEI, X. L. et al. Hepatitis B virus infection is associated with gastric cancer in China: an endemic area of both diseases. British Journal of Cancer, v.112, p.1283-90, March. 2015. Disponível em: http://www.nature.com/bjc/journal/v112/n7/full/bjc2014406a.html. Acesso em: 04 dez 2015. ZHENG, H., et al. Pathobiological characteristics of intestinal and diffuse-type gastric carcinoma in Japan: an immunostaining study on the tissue microarray. J Clin Pathol, v.60, n. 3, p. 273-7, Mar. 2007. Disponível http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1860577/. Acesso em: 21 dez 2015. em: 52 ZILBERSTEIN, B. et al. Consenso Brasileiro Sobre Câncer Gástrico: Diretrizes Para O Câncer Gástrico no Brasil. Arq Bras Cir Dig., v.26, n.1, p. 2-6. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abcd/v26n1/02.pdf. Acesso em: 02 abr 2015. Anexo