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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA
AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
INUNDAÇOES IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICOS
NA ÁREA URBANA DE ALTAMIRA, SUDOESTE DO PARÁ,
BRASIL
RITA DENIZE DE OLIVEIRA1,
PAULO CESAR ROCHA2
RESUMO
A pesquisa esta sendo desenvolvida na bacia do Xingu, no médio curso do rio, mais
precisamente na área urbana de Altamira, Sudoeste do Estado do Pará. A problemática
investigada esta relacionada aos fatores ou condicionantes das enchentes urbanas no
município de Altamira. A metodologia de estudo constou da analise de imagens de sensores
remotos, onde foram identificadas as principais feições morfológicas nas planícies fluviais,
caracterização de lagoas marginais em vários estágios de intervenção antrópica, adaptando-se
a proposta de Tricart (1977) a variáveis hidrogeomorfológicas, e relacionando esses resultados
aos princípios da teoria dos sistemas complexos dinâmicos: estabilidade e resiliência. Dentre
os principais ecossistemas impactados na área urbana de Altamira, estão às lagoas marginais
que apresentam conexões com o rio Xingu por meio de canais fluviais, brejos e trechos da
planície, têm flora e fauna especifica, dentre os quais peixes e répteis, e são influenciadas,
sobretudo pela dinâmica de cheias sazonais do rio Xingu. A caracterização das lagoas permitiu
identificar: lagoas remanescentes, lagoas em processo aterramento e ocupação desordenada e
lagoas extintas. Isso permitiu enquadrá-las em três níveis de estabilidade: estáveis, intergrades
e instáveis. Essa caracterização permitiu concluir que esses ecossistemas apresentam elevado
grau de conectividade com o rio Xingu, mesmo depois de extintas e sua dinâmica esta
relacionada ao regime anual de cheias, que contribui para o fluxo de alagamentos
principalmente em bairros centrais do município, com alto índice de urbanização, e
potencializam as enchentes bruscas em setores do município, causando graves impactos
socioeconômicos.
Palavra- chaves: Inundações, planície fluvial, lagoas, Impactos ambientais, Altamira-PA (BR)
ABSTRACT
The research is being developed in the Xingu basin in the middle reaches of the river, more
precisely in the urban area of Altamira, Para State of the Southwest. The issue investigated is
related to the factors or conditions of urban flooding in the municipality of Altamira. The study
methodology included the analysis of remote sensing images, where the main morphological
features in the river plains have been identified, characterization of lagoons in various stages of
human intervention, adapting the proposed Tricart (1977) to hidrogeomorfológicas variables,
and relating these results to the principles of the theory of dynamical complex systems: stability
and resilience. Among the main ecosystems impacted the urban area of Altamira, are the
lagoons that have connections to the Xingu River through river channels, swamps and lowland
stretches, have flora and fauna specific, among which fish and reptiles, and are influenced
especially by the dynamics of seasonal flooding of the Xingu river. The characterization of
reservoirs identified: remaining ponds, lagoons grounding process and disorderly occupation
and extinct ponds. This enabled fit them into three levels of stability: stable and unstable intergrades. This characterization concluded that these ecosystems have a high degree of
connectivity with the Xingu river, even after extinguished and its dynamics is related to the
annual flood regime, which contributes to flooding flow mainly in the central neighborhoods of
the city, with high rates of urbanization, and enhance the sudden flooding in municipal sectors,
causing serious socio-economic impacts
Key-words: Floods, fluvial plain, lakes, environmental impacts, Altamira city-PA (BR)
1
Acadêmica de pós- graduação em Geografia, nível doutorado, da Universidade Estadual
Paulista Julio de Mesquita Filho – UNESP. E-mail de contato: [email protected]
2
Docente do programa de pós-graduação da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita
Filho – UNESP. E-mail de contato: [email protected]
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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA
AÇÃO
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1. INTRODUÇÃO
A bacia hidrográfica é a área da superfície terrestre drenada por um rio
principal e seus tributários (SUGUIO & BIGARELLA, 1979; p.13; NOVO, 2008;
p.220). Detalhadamente, área da superfície terrestre que drena água,
sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída comum (COELHO NETO,
2007;
p.
97)
tendo
em
vista
sempre
uma
abordagem
sistêmica
(CHRISTOFOLETTI, 1981; p.109; MACHADO & TORRES, 2012; P.40).
Teoricamente, a perspectiva holística fundamenta as bases desta pesquisa,
no entanto, é necessário apropriar-se de conceitos importantes como: pulso de
inundação, continuum geomorfológico e ecológico (conectividade) (WARD &
STANFORD, 1995), e da noção de estabilidade e resiliência dos sistemas
fluviais na perspectiva da teoria dos sistemas dinâmicos complexos (TRICART,
1977).
A estabilidade dos sistemas pode ser definida como a capacidade do
sistema manter ou retomar as condições naturais após o distúrbio provocado
por forças naturais ou pela ação humana. O Ecossistema mantém sua
estrutura comunitária dos seres vivos e balanço de matéria e energia,
respondendo as interferências humanas. O sistema é considerado mais estável
à medida que apresentar menor flutuação e ou recuperar-se mais rapidamente
(CHRISTOFOLETTI, 1999; 113).
No estudo da estabilidade, duas variáveis são importantes: resistência e
resiliência. A resistência é a capacidade do sistema de manter-se sem ser
afetado pelos distúrbios externos, sendo também chamada de inércia. O
segundo refere-se à resiliência, refletindo a capacidade do sistema em retornar
as suas condições originais após ser afetado por distúrbios externos
(CHRISTOFOLETTI, 1999; 114).
Para compreensão dessa problemática das inundações e processos
ecológicos, dois conceitos são essenciais. O primeiro trata do “River Continuum
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concept” (VANNOT et al. 1980) e “ The Flood Pulse Concept” (JUNK et al.
1989).
1.1. Área de Estudos
A área de estudo esta localizada no Sudoeste do Estado do Pará. Na
área Urbana de Altamira, Pará (Figura 01).
Figura 01: Localização da área de estudo.
Fonte: Braga, R & Oliveira, R. (2013)
Estudos preliminares na área de construção da Hidrelétrica de Belo
Monte
no
médio
rio
Xingu
apontam
as
principais
unidades
hidrogeomorfológicas impactadas: rio principal, afluentes, igarapés, ilhas,
bancos de areia, praias de ilhas e praias fluviais. Destaca também a ocorrência
na área de lagos de ilha, lagos de várzea e lagos endorréicos (MIRANDA et al.
1989).
Apesar da presença destes ecossistemas na Amazônia, são poucos
estudos de caso sobre a caracterização, estrutura e funcionamento destes
ecossistemas. Dentre trabalhos relevantes estão Junk (1989) França (2002),
França (2005); Morais et al. (2005).
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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA
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Na literatura, o rio Xingu apresenta morfologia bastante diversificada o no
médio Xingu é constituído por cinco padrões: 1) padrão anastomosado, 2- área
complexa, afloramentos rochosos e presença de ilhas sedimentares, 3- trecho
em canais rochosos com fluxo turbulento encachoeirado, 4 - delta fluvial, 5-ria
(IBGE, 2000; RODRIGUES,1997; SILVA, 2012).
A área deste estudo corresponde ao setor (1), com padrão anastomosado,
que corresponde a um padrão multicanal, definido por um conjunto de canais
interconectados separados por ilhas aluviais estáveis que dividem o fluxo
(NANSON e KNIGHTON, 1996).
A geodiversidade e a complexidade de ambientes não deteve a
expansão urbana. Altamira foi lugar de fluxos migratórios, com a expansão da
cidade os rios urbanos e suas margens costumam ser alternativas de
residência para as populações de poder aquisitivo baixo e para grupos recémchegados (nordestinos), acrescenta, ainda que as práticas administrativas
voltadas para essa camada da população se materializam em asfalto na frente
das casas, sem construção de sistema de esgoto eficaz ou saneamento
(ALONSO & CASTRO, 2006; p.199).
É provável que o modelo de ocupação na Amazônia seja um agravante
no fenômeno de inundações. Desta maneira, são importantes as investigações
sobre as conexões hidrogeomorfológicas entre lagoas marginais e o rio Xingu,
e até que ponto a modificação destes ambientes potencializa os desastres
naturais nas áreas urbanizadas.
Esta pesquisa vem sendo desenvolvida na área urbana de Altamira (médio
rio Xingu), tendo como objeto de análise as conexões hidrogeomorfologicas
entre o rio Xingu, as planícies fluviais e a área urbanizada do município. O
objetivo é avaliar as condicionantes hidrogeomorfológicas das lagoas presentes
na área, os estágios evolutivos e processos de ocupação e as conexões e
implicações no fenômeno das inundações na área urbana do município.
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2. Conectividade entre o rio e a planície de Inundação em áreas
urbanas
Os cursos d’ água apresentam uma dinâmica natural própria, cujas águas
podem extrapolar o leito menor e atingir o leito maior nos períodos de chuvas, o
que pode ocasionar enchentes e inundações nas planícies de inundação.
Portanto, a ocupação destas áreas é imprópria e quando ocupadas, estas
áreas tornam-se fonte de problemas sociais e ambientais (e econômicos).
Didaticamente, a planície de inundação é a faixa do vale fluvial
composta
por
sedimentos
aluviais,
bordejando
o
curso
d’
água,
e
periodicamente inundada pelas águas de transbordamento provenientes do rio.
(CHRISTOFOLETTI, 1981; p.243). Esse transbordamento sazonal corresponde
ao que Junk et al (1989) define como Pulso de Inundação.
Ward & Stanford afirmam que as planícies de inundação contem uma
variedade biótopos lóticos e lenticos. O rio principal e seus afluentes
secundários (Eupotamon); olhos d’ água emergentes (Springbrooks); braços
mortos que retêm uma conexão com o canal ativo somente em sua
extremidade
de
jusante
(Parapotamon);
segmentos
de
sistemas
de
multicanais de menor tamanho que se tornaram desconectado do canal do rio
principal (Plesiopotamon); e segmentos de canais abandonados- lagoas
marginais (Palaeopotamon) (WARD & STANFORD, 1995; p. 108).
Segundo este autor, durante o período de cheias, o nível de água
aumenta durante o pulso de inundação, as extremidades a montante de
habitats parapotamon são reconectados com o canal ativo. Com altura de
inundação adicional os plesiopotamon retornam a ser um personagem água
corrente. Na altura da inundação todos os organismos aquáticos, incluindo o
palaeopotamon, são inundados. Este último ambiente aquático corresponde ao
foco central da pesquisa, onde é possível identificar as lagoas marginais na
área urbana de Altamira.
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A aplicação dessas teorias e modelos aplica-se perfeitamente em áreas
relativamente
preservadas.
Entretanto,
é
necessário
avançar
para
compreensão dessa dinâmica em áreas antropizadas. Alguns centros de
pesquisa em Portugal têm avançado nestes estudos, correlacionando
hidrogeomorfologia e ordenamento territorial (RAMOS & REIS, 2001; RABELO,
2003; LEAL, 2011).
Vale ressaltar, de acordo com o levantamento realizado por Brasil (2009) do
levantamento das lagoas insulares e marginais: a) Todas as lagoas
apresentaram aumento de sua lamina d’ água durante o período de cheias do
Xingu, praticamente triplicam sua profundidade; b) Todas as lagoas
apresentam canais de comunicação com Xingu ou são ligadas por brejos e
pela planície de inundação e, c) As lagoas apresentam um fauna e flora
associada como peixes e répteis e predomínio de sedimentos mais finos argilosiltosos.
3
METODOLOGIA
Para o estudo foram utilizados os seguintes procedimentos:
a) Levantamento bibliográfico sobre variáveis naturais e socioeconômicas
no trecho do médio Xingu. E sobre bases teóricas que subsidiam a
pesquisa como Continuum geomorfológico (VANNOT et al. 1980 e
LEOPOLD, ); Pulso de Inundação (JUNK et al. 1989) e a teoria dos
sistemas dinâmicos complexos;
b) A identificação dos ambientes fluviais do Xingu no trecho que banha a
área urbana de Altamira foi realizada com base na interpretação de
imagens de satélite Landsat nas bandas 3, 4 e 5 em 1:100.000 e,
analise de fotografias aéreas do ano de 1966 em escala 1:30.000
pertencentes ao Serviço Geológico do Brasil (CPRM);
c) A classificação das lagoas foi baseada na adaptação nos princípios da
ecodinâmica (Tricart, 1977), que enquadra em ecossistemas estáveis,
intergrades e instáveis.
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d) Trabalho de campo em Altamira realizado em dois períodos, cheia e
estiagem, anos de 2013, 2014 e 2015. Das técnicas de aplicadas no
trabalho de campo: entrevistas, registro fotográfico e coleta de pontos de
coordenadas geográficas das lagoas, descrição geral dos ambientes
aquáticos quanto ao seu nível de intervenção antrópica;
e) Os impactos sócio- ambientais em Altamira foram analisados por meio
de consulta ao relatório da Defesa Civil Estadual ano de 2012.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A morfologia do canal do rio Xingu apresenta padrão anastomosado, que
se caracteriza por apresentar uma multiplicidade de canais pequenos e rasos,
que se dividem e se reúnem aleatoriamente, separados por bancos e ilhotas.
Na época das cheias, muitos bancos e ilhotas são submersos, embora o
entalhamento fluvial, a fixação da vegetação e a maior retenção de sedimentos
que possam criar condições para que muitas delas permaneçam acima do nível
das águas.
Essas feições do rio Xingu permitem considerá-lo com elevado grau de
conectividade, relacionado à presença de uma multiplicidade de pequenos
canais, que em alguns trechos podem ser comparados como “sistemas
neurais”. Na figura 2 estão apresentados os principais ambientes da área de
estudo: Planície primaria (rio Xingu), Planícies Secundárias (Igarapés Altamira,
Ambé e Panelas), lagoas marginais e insulares.
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Figura 02: Principais ambientes fluviais na área urbana de Altamira.
Fonte: Vasconcelos & Oliveira (2015)
Das formas que se destacaram no interior da área urbana, estão às
lagoas marginais, que são depressões lacustres no interior das planícies
aluvionares que abrigam lençóis de água. Sua gênese está relacionada a
meandros abandonados, com variação de profundidade sazonal.
A pesquisa de campo permitiu identificar três estágios de desenvolvimento
de lagoas: a) Lagoas remanescentes ameaçadas de extinção, b) Lagoas em
processo de aterramento e ocupação desordenada, c) Lagoas extintas.
a) Lagoas remanescentes sob ameaça de extinção – Essas estão
localizadas em áreas mais afastadas como ilhas e ao longo da planície do
igarapé Panelas suas principais conexões são por meio de canais e brejos. As
principais pressões antrópicas na planície do igarapé panelas estão associadas
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à expansão urbana, aeroporto e atividade oleira (Figura 3a). Parte dessas
lagoas insulares estão inseridas na área inundável após a instalação da
hidrelétrica de Belo Monte.
b) Lagoas em processo de aterramento e ocupação desordenada – Estão
localizadas em bairros de ocupação relativamente recente Independente I e
Independente II. As lagoas margeiam o rio Xingu, e muitas das conexões com
o rio principal já foram alteradas (Figura 3b e 3c). Essas conexões podem
ocorrer não somente por canais de drenagem, mas por trechos de planície e
brejos. A ocupação recente desses ecossistemas é estimulada pela
especulação imobiliária na cidade de Altamira reflexo da instalação de Belo
Monte.
c) Lagoas extintas – Compreendem áreas de ocupação mais antiga,
de
ocorrência de lagoas marginais, entretanto, por estarem localizadas próximas
ao centro urbano, foram sendo aterradas gradativamente. Dentre as ruas e
bairros inseridas nesta classe estão a Rua Dragão do Mar e Rua Tancredo
Neves no bairro Premem; Brigadeiro Eduardo Gomes,no bairro Esplanada do
Xingu (Figura 3d). O quadro 1 sumariza os principais problemas ambientais e
sociais de cada tipo de lagoa caracterizado no estudo.
Quanto
à
caracterização
da
estabilidade
desses
ecossistemas
aquáticos, considerando a metodologia de Tricart (1977), as lagoas
remanescentes se enquadrariam em ecossistemas estáveis ou meios
estáveis por estarem relativamente preservadas, estando sob maior influencia
do rio Xingu, além de apresentarem fauna e flora característica mais
preservadas.
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Figura 03: Lagoas remanescentes: (A) Aras de Altamira (Clube da Viola); Lagoas em processo
de aterramento e ocupação desordenada: (B) Casa que desabou em função do processo de
subsidência do terreno e (C) Indicação do setor como área de alto risco a inundação pela
Defesa Civil Municipal e (D) Lagoa extinta atualmente uma via urbanizada.
Fonte: Pesquisa de campo dos autores (2015)
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Quadro 01: Classificação das lagoas, principais problemas e gênese e
localização.
Tipos
Problemática
Uso atual
Lagoas
remanescentes

Inundação obedece
ao regime de cheias do
Xingu;

Atividade Oleira
na bacia do Igarapé
panelas;
Gênese
Bacia
de
inundação

Lagoas localizadas 
Criação
de
na
próximo
a cavalos e clube da Viola
desembocadura do igarapé as margens do Xingu;
Panelas estão na área
inundação permanente após
a instalação da UHBM pois
estão na cota 97m.
Lagoas em
processo de
aterramento e
ocupação
desordenada

Alagamentos
e
enchentes durante o período
chuvoso;

Área de alto risco de
inundação e de movimentos
de massa segundo a Defesa
Civil (BRASIL, 2012);

Lagoas
localizadas no bairro
Independente I e II. Área
de
ocupação
desordenada com casas
subnormais (palafitas);
Paleomeandros
Área aterrada e atual
bairro residencial
a
exemplo do Premem
abrange
importantes
instituições:
Escola
Estadual
de
Ensino
Médio
Polivalente
e
SENAI.
Paleomeandros

Lançamento
de
esgoto diretamente sobre a
lagoa;

Área em processo de
aterramento com restos de
construção, serragem etc..

Desabamento
casas.
Lagoas
extintas
de

Alagamentos
pontuais na Rua Dragão do
Mar
e Rua Tancredo
Neves no bairro Premem;
Brigadeiro
Eduardo
Gomes,
no
bairro
Esplanada do Xingu.
Fonte: Pesquisa de Campo dos autores (2015)
As lagoas em processo de aterramento e ocupação desordenada,
se enquadrariam em ecossistemas intergrades representando uma fase de
transição de ecossistemas aquáticos para terrestre antropogênicos com
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extinção da fauna e flora, em função da deposição de aterros, lançamento de
esgoto direto na lagoa e construção de palafitas. Por fim, as lagoas extintas
constituídas por paleolagoas e paleocanais têm seu desaparecimento não
vinculado a flutuações climáticas, nem controle estrutural e sim a ação
antropogênica. Neste ultimo estágio de intervenção é marcante extinção dos
ecossistemas,
redução
ou
perda
da
capacidade
de
resiliência,
e
retroalimentação positiva por meio dos alagamentos (Figura 04).
Apesar dos vários estágios de intervenção dessas lagoas é importante
destacar
duas
características
naturais
que
são
indispensáveis
para
compreender problemas atuais de enchentes e alagamentos nas áreas
urbanas: a conectividade com o Xingu e variação sazonal da profundidade.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As lagoas com maior nível de intervenção estão no bairro Premem e
Esplanada do Xingu, onde a capacidade de recuperação dos ecossistemas foi
ultrapassada. E as de menor nível de intervenção estão nas ilhas de Altamira e
próximo ao igarapé Panelas que compreende o bairro Independente III. Apesar
das lagoas remanescentes apresentarem maior capacidade de regenerar-se,
serão inundadas com a instalação da hidrelétrica de Belo Monte, estando em
cotas 97 m, portanto, inferior a cota de segurança 100m. O questionamento
levantado neste artigo é o seguinte com a elevação do nível d’ água do rio
Xingu será que não teremos as condições necessárias para os antigos canais e
lagoas extintas serem reconectados, aumentando os riscos de alagamento nas
áreas urbanas elevando os impactos socioeconômicos.
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Figura 04: Localização geográfica das lagoas classificadas no estudo de estabilidade segundo
metodologia adaptada de Tricart (1977).
Fonte: Santos & Oliveira (2015)
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