Como citar este capítulo: BASCUÑÁN, C.C. Perspectivas da estimulação da resposta imune da glândula mamária bovina. In: DURR, J.W., CARVALHO, M.P., SANTOS, M.V. O Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 105-129. PERSPECTIVAS DA ESTIMULAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE DA GLÂNDULA MAMÁRIA BOVINA1 C. Concha Bascuñán* * Med.Vet, MSc & PhD.Faculdade de Ciências Veterinárias e Pecuárias. Universidade do Chile.Av Santa Rosa 11735. La Pintana Santiago de Chile [email protected] Resumo No presente trabalho foram analisados o sistema imunológico natural e o adquirido do bovino em relação à glândula mamária. Observou-se que existiu um incremento nas informações em relação ao sistema imune da glândula mamária, principalmente nos últimos 15 anos. Isto permite planejar novas estratégias para o controle de mastite baseada em estimulação de sistemas de defesa relacionadas ao sistema imune. Os imunomoduladores, intimamente relacionados ao sistema imunológico, oferecem possibilidades de serem utilizados, desenvolvendo-se imunomoduladores por microorganismos, produtos microbianos e plantas medicinais. Porém uma completa avaliação cientifica é necessária para incrementar o uso destas informações a campo. Os adjuvantes, como uma etapa superior dos moduladores, oferecem uma importante participação em novas vacinas capazes de estimular também a imunidade mediada por células, como é o caso do ISCOM’s e micro-esferas. A característica de possuir a capacidade de estimular a imunidade mediada por células parece ser um grande limitante de todas as vacinas atualmente conhecidas contra mastite. Introdução A mastite bovina é uma enfermidade altamente prevalente na vaca leiteira, especialmente quando os animais sofrem estresse como acontece no período peri-parto (Kehrli, 2002). Esta enfermidade reduz a produção e qualidade do leite com imensas perdas econômicas estimadas em $200 USD por vaca/ano nos USA (Smith e Hogan, 2001). A mastite continua sendo a enfermidade mais cara para a industria leiteira mundial segundo resultados de uma intensiva investigação em rebanhos leiteiros durante as últimas décadas, onde os tratamentos com antibióticos a todas as vacas no momento da secagem e todas as mastites clínicas observadas, tem tido resultados modestamente satisfatórios contra microorganismos contagiosos (Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae). Porém, a rotina de tratamento de todas as vacas tem sido criticada, recomendando-se uma terapia seletiva (com identificação de bactérias), reduzindo-se assim os custos de tratamento e a eliminação indiscriminada de patógenos menores que estariam tornando as vacas mais susceptíveis a patógenos ambientais como coliformes, geralmente resistentes a todos os antimicrobianos (Erskine, 2000). Pesquisadores concordam que o controle da mastite depende mais da prevenção do que de tratamentos, e o desenvolvimento de novas estratégias para prevenir a enfermidade é imprescindível para a produção leiteira do futuro (Peorala, 2002; Sordillo e Scott, 1995). 1 Tradução: Adriana Aquino e Ygor Vinícius Real de Lima, Pós-graduação – Nutrição Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – USP. Disponível em: http://www.cbql.com.br/biblioteca.php 1 Como citar este capítulo: BASCUÑÁN, C.C. Perspectivas da estimulação da resposta imune da glândula mamária bovina. In: DURR, J.W., CARVALHO, M.P., SANTOS, M.V. O Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 105-129. O sistema imunológico mamário compreende mecanismos de imunidade inespecífica ou natural e da imunidade adquirida ou específica do úbere, que podem ser imunologicamente estimulados ou imunopotenciados para melhorar a resistência deste importante órgão contra a mastite. Em termos gerais, hoje em dia utiliza-se a denominação “imunomodulação” como sinônimo de imunoestimulação ou imunopotenciação, onde o termo imunomodulação poderia compreender também efeitos negativos, tais como imunodepressão ou imunossupressão. Desta maneira, a imunoestimulação pode ser específica contra um antígeno, e neste caso se referirá a uma “vacinação”. Porém referindo-se a uma estimulação do sistema imune inato ou natural, pode-se denominar sempre como “imunomodulação”. No presente trabalho foram analisados componentes de defesa da glândula mamária, capazes de estimular a resposta imune do órgão contra a mastite. Deve-se tomar cuidado para que esta resposta imune continue sendo um conjunto de mecanismos de proteção que se ativam mediante estímulos fisiológicos naturais que não comprometam a qualidade do produto para o consumo humano, nem que sejam manipulações profundas dos sistemas orgânicos. Desta maneira, os seguintes aspectos serão analisados: I) II) III) I) Sistema imune da glândula mamária bovina Imunomoduladores e adjuvantes Vacinas contra mastite Defesas da glândula mamária bovina Barreiras físicas: Kehrli e Harp (2001), analisaram o papel do teto e do canal, concluindo que eles constituem a “primeira linha de defesa” da glândula mamária. A queratina presente contem fatores bacteriostáticos e a Roseta de Furstenberg - na entrada do canal- tem una população de leucócitos protetores e proteínas catiônicas bactericidas. Sistema imunológico inato ou natural: Tizard (2002) define como “segunda linha de defesa” os mecanismos químicos e celulares conhecidos de maneira coletiva como imunidade inata ou natural. Uma capacidade chave da imunidade inata é a resposta defensiva centralizada do órgão afetado desencadeando uma inflamação. A inflamação, em resposta as lesões tissulares microbianas induz aumento de fluxo sanguíneo e acúmulo de células capazes de destruir invasores. Estas células são neutrófilos e monócitos (macrófagos na glândula mamária) capazes de fixar, ingerir e destruir substâncias entranhas mediante o processo de fagocitose. Os fagócitos estimulados expressam proteínas aderentes chamadas seletinas e integrinas, podendo migrar desde os tecidos em um mecanismo chamado quimiotaxia. A união do fagócito com a bactéria requer um recobrimento protéico para promover a ingestão, estas moléculas são as opsoninas, que no caso da imunidade inata correspondem a um tipo de complemento. No sistema imunológico inespecífico existe a participação ativa de neutrófilos, monócitos, macrófagos e também de um tipo de linfócito chamado de célula assassina natural (NK). Estas células NK atuam mediante mecanismos citotóxicos ativados por interleucinas sobre células tumorais e também, por exemplo, sobre S. aureus obtidas do tecido mamário e ativadas in vitro por interleucinas-2 (Sordillo et al. 1991). Na inflamação produzida por mecanismos imunológicos inatos, os neutrófilos e monócitos/macrófagos se acumulam para destruir a bactéria invasora (Persson et al. 1992). As células epiteliais presentes nos tecidos e secreções da glândula mamária participam também Disponível em: http://www.cbql.com.br/biblioteca.php 2 Como citar este capítulo: BASCUÑÁN, C.C. Perspectivas da estimulação da resposta imune da glândula mamária bovina. In: DURR, J.W., CARVALHO, M.P., SANTOS, M.V. O Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 105-129. da defesa do úbere, prevenindo a adesão bacteriana através de fagocitósis (Collins, et al. 1986; Nickerson, 1989). As células das secreções mamárias são representativas das células encontradas nos correspondentes tecidos mamários (Eagamuchi et al. 1999), nos ruminantes existem também células dendríticas (DC) que são potentes apresentadoras de antígenos (Coughlan et al. 1996). Paape et al. (2000) descreve as células presentes nas secreções mamárias e suas características da seguinte maneira: 1. As células que compõem o leite normal consistem em linfócitos, neutrófilos e macrófagos, assim como células epiteliais. Pela presença destas últimas, foi criado o termo geral de células somáticas (CCS). 2. Nos quartos mamários livres de infecções, os macrófagos são o tipo de célula predominante (35-79%), seguido pelos neutrófilos (3-26%), linfócitos (10-24%) e células epiteliais (2 -15%). 3. Durante os períodos médio e final da lactação, a porcentagem de neutrófilos tende a aumentar, com diminuição de linfócitos. 4. Em úberes infectados a porcentagem de neutrófilos pode aproximar-se de 100%. 5. A contagem de células somáticas (CCS) de úberes não infectados é normalmente abaixo de 50.000/ml; porém as vacas com infecções intramamárias (IMI), do tipo subclínica tendem a contagens maiores. Junto à imunidade inata operam também na glândula mamária, proteínas bactericidas como complementos do tipo: lisozima, sistema lactoperoxidase-tiocicanato e lactoferrina. O complemento é um complexo de proteínas presentes no soro sanguíneo e leite, capaz de incrementar a fagocitose. Sua concentração é alta no colostro e leite proveniente de vacas com mastite, porém baixa em leite normal (Oliver e Sordillo, 1989). A lisozima é uma proteína bactericida do leite capaz de destruir os peptideoglicanos dos microorganismos grampositivos e a membrana externa dos gram-negativos (Nickerson, 1990). A lactoferrina é uma glicoproteína ativa contra coliformes durante o período seco do úbere e poderia ser uma interessante sustância na prevenção e terapia da mastite (Kutila et al. 2001). A lactoperoxidase, junto com o tiocianeto e o peróxido de hidrogênio são bacteriostáticos contra bactérias gram-positivas e gram-negativas, porém pela baixa concentração de oxigênio no úbere, não são considerados mecanismos muito eficientes (Sordillo et al. 1997). Sistema imunológico adquirido o específico: De acordo com Tizard (2002), a imunidade adquirida ou específica constitui um sistema de defesa que não somente reconhece e destrói os antígenos invasores, mas também retém “memória” do episódio. Se o mesmo microorganismo invadir pela segunda vez o sistema imunológico, a reação ocorre com maior prontidão e eficácia. O sistema imunológico adquirido consiste em duas porções principais que proporcionam resistência aos invasores; uma se dirige contra os invasores extracelulares, os quais são destruídos pelas proteínas chamadas anticorpos - denominando-se imunidade mediada por anticorpos ou imunidade humoral - e a outra como imunidade mediada por células ou imunidade celular. Imunidade mediada por anticorpos ou humoral: Os anticorpos ou imunoglobulinas (Ig) secretados pelas células plasmáticas são originados desde os linfócitos B. Os linfócitos B no leite normal representam menos de 20% do total (Concha et al. 1978). Existem quatro classes de Ig no bovino IgG, IgM, IgA e IgE. Além disso, com três subclasses, IgG1, IgG2a e IgG2b (Tizard, 2002). IgG é o isotipo do sangue e tem o papel principal na defesa mediada por anticorpos, além disso é a menor classe, o que o permite passar facilmente desde o sangue periférico. Assim, no bovino, o IgG1 predomina sobre o IgA nas secreções da glândula mamária (Roth e Desmech, 1998). As Ig são componentes do sistema imune Disponível em: http://www.cbql.com.br/biblioteca.php 3 Como citar este capítulo: BASCUÑÁN, C.C. Perspectivas da estimulação da resposta imune da glândula mamária bovina. In: DURR, J.W., CARVALHO, M.P., SANTOS, M.V. O Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 105-129. adquirido e podem penetrar no úbere durante o processo de inflamação (IgG1 e IgG2), mas também são secretadas nas células plasmáticas dos tecidos locais do úbere (IgA e IgM). As Ig são agentes opsonizadores (IgG1-IgG2), prevenindo a colonização bacteriana e a IgA também apresenta a capacidade de neutralizar as toxinas (Kehrli e Harp, 2001). Na glândula mamária da vaca, a migração dos linfócitos, que é uma parte da imunidade adquirida, está mais relacionada com o sistema imunológico periférico do que com o sistema imunológico das mucosas, como acontece em monogástricos (Sheldrake et al.1988). Imunidade mediada por células: As células do sistema imune secretam uma grande variedade de proteínas em resposta a sinais antigênicos que regulam as imunoreações, enviando sinais entre células, chamadas genericamente citoquinas (Tizard, 2002). Estas podem ser: interleucinas, IL1 – IL2, etc.; interferons, resposta e inibição de vírus, IFN –α, IFN, etc. e fatores de necrose tumoral, regulação imunológica, inflamação, TNF-α, etc. A imunidade mediada por células está representada basicamente pelos linfócitos T. Pode-se dividi-los por seus receptores em αβ e γδ. Os linfócitos Tαβ incluem CD4+ (T linfócitos) e CD8+ (linfócitos T citotóxicos ou supressores). Todos os linfócitos T representam aproximadamente 47% no leite normal (Concha et al. 1978). As diferentes populações de linfócitos Tαβ no úbere tem sido estudados por Kimura et al. (1999). Basicamente, os linfócitos Tγδ tem sido considerados como protetores das superfícies epiteliais dos órgãos em ruminantes e dependentes principalmente do sistema inato (Weatt et al. 1996). Os linfócitos CD4+ podem dividir-se em linfócitos Th-1, que produzem interleucinas (IL) reguladoras e efetoras tais como IL-2 e IFN-γ (interferon) induzindo assim uma resposta inflamatória. Os linfócitos de Th-2 produzem IL-4, IL-5, IL-10 e IL-13, estimulando a proliferação de linfócitos B e a secreção de imunoglobulinas (Mallard et al., 1998). As células CD8+ podem destruir células infecciosas ou células que contém bactérias intracelulares; estas exercem uma supressão específica na resposta imune do bovino (Kimura et al. 1999). Ambas populações de linfócitos T e B manifestam no bovino uma memória imunológica em resposta aos antígenos (Tizard, 2002). Na glândula mamária da vaca a memória dos linfócitos T tem sido estudada por Taelor et al. (1994). Na secreção mamária, a relação é sempre mais baixa que no sangue e com mais altas proporções de linfócitos T CD8+ supressores (Park et al. 1992; Mallard et al. 1998). A predominância das células CD8+ na glândula mamária e suas secreções sugerem uma grande quantidade de funções destas células, que além de uma função supressora no úbere -sendo isto uma desvantagem- também inclui efeitos defensivos como citotoxicidade e remoção de células danificadas (Eamaguchi et al., 1999). Durante o periparto, as vacas de alta produção são especialmente susceptíveis a mastite, indicando a existência de um compromisso do sistema imune, causado principalmente por um stress fisiológico originado na repentina alta produção de leite. O stress se manifesta a través de uma diminuição dos neutrófilos circulantes, uma resposta inflamatória retardada e uma baixa capacidade destrutiva dos neutrófilos (Burvenich et al. 2000). Durante o peri-parto, a relação CD4+:CD8+ é menor que 1.0 e quando a glândula mamária está infectada com S. aureus a relação é mais baixa, com supressão da blastogênese linfocitária (Park et al. 1993). Está claro que na mastite bovina, as variações dos leucócitos observadas em diferentes etapas da lactação sugerem que os mecanismos defensivos dependem em grande parte das respostas da imunidade mediada pelos linfócitos T; assim, estudos recentes indicam que vacas que apresentam relações CD4+:CD8+ menores de 1.0 em ambos os sistemas, sangue Disponível em: http://www.cbql.com.br/biblioteca.php 4 Como citar este capítulo: BASCUÑÁN, C.C. Perspectivas da estimulação da resposta imune da glândula mamária bovina. In: DURR, J.W., CARVALHO, M.P., SANTOS, M.V. O Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 105-129. periférico e secreções mamárias, são animais significativamente mas susceptíveis à mastite (Park et al. 2004). II) Imunomoduladores e adjuvantes a) Imunomoduladores As respostas imunes inatas e adquiridas são as medidas mais significativas pelas quais os animais combatem as enfermidades, deste modo, a modulação ou regulação de uma resposta imune, é uma capacidade intrínseca e necessária do sistema imune (Blecha, 2001). A imunomodulação em relação às defesas do organismo animal, permite-nos diferenciar elementos não induzíveis, como as barreiras físicas (pele, mucosa, substâncias químicas como muco, microflora colonizadora) e os elementos induzíveis, onde participam, em primeiro lugar, mecanismos de imunidade inata ou natural, ordenados na Tabela 1, assim como as adquiridas ou específicas: Tabela 1. Elementos induzíveis da resposta imune* Células Citoquinas (interleucinas, interferon, citoxinas) Complemento Proteínas bactericidas Imunidade inata macrófagos dendríticas neutrófilos células NK linfócitos Tγδ IL-1, IL-6, TNF-α, IFN α, IFN β, IL-8, IL-12 via alternativa Lisozima lactoperoxidase lactoferrina Imunidade adquirida linfócitos T CD4+/CD8+ linfócitos B células dendríticas IL-2, INF-γ (Τh1) IL-4, IL-5 (Th2) via clássica * modificado de Bowden (2003). Atualmente se reconhece que as células e moléculas próprias da imunidade inata colaboram com a imunidade adquirida, a última ajudando a primeira, orientando sua ação de maneira mais específica, gerando memória (linfócitos T e B de memória) e aumentando assim sua eficácia. Os conceitos de imunoestimulante e adjuvante podem ser associados: um adjuvante é um imunoestimulante incorporado a um antígeno capaz de orientar e potencializar a resposta imunológica especificada por este antígeno. Existe um interesse crescente por imunoestimulação, principalmente porque se espera que mediante o uso de substâncias imunomoduladoras se possa reduzir o uso dos antibióticos que causam problemas pelo surgimento de microorganismos resistentes e pela presença residual nos alimentos de origem animal (Bowden, 2003). Disponível em: http://www.cbql.com.br/biblioteca.php 5 Como citar este capítulo: BASCUÑÁN, C.C. Perspectivas da estimulação da resposta imune da glândula mamária bovina. In: DURR, J.W., CARVALHO, M.P., SANTOS, M.V. O Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 105-129. Tabela 2. Moléculas e microorganismos com capacidade imunomoduladora.* Grupo Citoquinas Fármacos Microorganismos Produtos microbianos Nutracéuticos Plantas medicinais Molécula /organismo IL-1, IL-2, IL-6, IFNα, IFNγ, TNFα, rIL-1 y rIL-2, IL-2 + antibióticos, r INF-γ Levamisol, Tiabendazol, etc. Mycobacterium bovis-BCG, Propionibacterium acnes, Paraproxvirus ovis, etc. Beta glucanos, Mananos, Muramil dipéptido, Extractos de pared celular de Mecobacterium spp., Lipopolisacáridos, etc. Arginina, Betacaroteno, Acido Lindeico, Isoflavonas, Acidos graxos poliinsaturados, minerales, vitaminas, etc. Panax ginseng, Aloe vera, Echinacea spp., Quillaja saponaria (preferentemente evaluado como adeudante). * baseado em: Bowden (2003) e Blecha (2001) Na Tabela 2 observam-se grupos de moléculas e organismos considerados, em geral, imunomoduladores em medicina veterinária. Estes constituem uma área farmacológica muito ativa em muitos países. Deve-se lembrar que qualquer microorganismo é mais ou menos imunomodulador, tendo como pré-requisito uma capacidade de provocar resposta imune pela iniciação da estimulação do sistema imune inato ou natural. Alguns produtos autorizados na lista de fármacos veterinários nos USA são: Eqstim, Propionibacterium acnes inativado; Equimune, partes celulares de Mecobacterium; Staphage Lesate, lisado de cultivos de S. aureus. Na América Latina, se conhece Inmodulen, células inativadas de Propionibacterium granulosum + liposacáridos provenientes de células de E. coli. Muitos destes produtos não tem sido investigados com todo o rigor que seria necessário e suas apresentações comerciais correspondem a ensaios que, podendo ser positivos, não tem significância estatística. São produtos de empresas farmacêuticas que recomendam seu uso como parte de terapias associadas com antimicrobianos. Desta maneira, serão aqui analisados alguns resultados de imunomoduladores em relação à glândula mamária bovina e publicados na literatura científica. - Modulação por citoquinas: Ao invés de usar substâncias indutoras, as mesmas citoquinas podem ser usadas para produzir imuno-estimulação. No início dos anos 90 foram numerosas as experiências com resultados positivos usando citoquinas, porem deve-se lembrar que todas as citoquinas tem uma toxicidade dependente de sua dosagem (Singh e O’Hagan, 2002). Alguns exemplos são: - Nickerson et al. (1993), com infusão local de IL-1 em vacas obtive aumento de temperaturas corporais e com IL-2 elevadas reações celulares. Os neutrófilos predominam com IL-1 e os macrófagos + linfócitos com IL-2. O número de células plasmáticas produtoras de IgA e IgM foram também elevadas com a infusão de IL-2. Os tratamentos com IL-2 foram superiores a IL-1 na estimulação de populações de células mononucleares. - A capacidade de destruir S. aureus intracelularmente foi obtida com rTNF-α e TNF como sobrenadante de macrófagos suspensos em combinação com antibióticos (Sánchez et al. 1994). - Em experimento a campo, Erskine et al. (1998) obtiveram uma taxa de cura de 33% para quartos tratando com antibióticos (cephapirin) e 54% para quartos tratados com Disponível em: http://www.cbql.com.br/biblioteca.php 6 Como citar este capítulo: BASCUÑÁN, C.C. Perspectivas da estimulação da resposta imune da glândula mamária bovina. In: DURR, J.W., CARVALHO, M.P., SANTOS, M.V. O Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 105-129. antibiótico + IL-2. Em um segundo experimento, com maior quantidade de animais, a incidência de infecção intramamária (IMI) não foi significativamente melhorada pela infusão de IL-2 e pelo contrário, 7.9% das vacas abortaram dentro de 49 dias, comparado com 1.7% do grupo controle. Este trabalho mostrou certas limitações quanto ao uso de citoquinas. - Modulação por microorganismos Dinsmore et al. (1995) avaliando um produto imunomodulador registrado nos USA para o tratamento de mastites crônicas por S. aureus, em condições de campo determinaram que depois de uma inoculação intravenosa (i.v) de una preparação morta de Propionibacterium acnes (P. acnes) foi obtida uma cura altamente significativa. Em outro experimento, Hogan et al. (1994) avaliando o mesmo produto durante o período seco, depois de um mês de inoculação i.v de: 1) P. acnes somente 2) Tratamento na secagem com antibiótico + P. acnes e 3) Controle, determinou que a incidência de mastite clínica ao parto foi significativamente maior nos controles do que nos outros grupos. - Modulação por produtos microbianos Carboidratos complexos derivados de leveduras como: glucano (poliglicose derivada de Saccharomices cerevisiae) podem aumentar a capacidade fagocítica por ativação dos macrófagos. Assim Inchaisri et al. (2000), testo na Suécia as reações imunológicas em vacas após a infusão local de β-1, 3-glucano durante o inicio do período seco e a fase de involução. A infusão produz inflamação e resposta imune: incremento das células somáticas, quantidade de monócitos/macrófagos e aumento das células CD14+. Também foi determinado um leve aumento da proporção de linfócitos T CD4+ . Além dos níveis de IgG1 e IgG2 nas secreções do período seco, o glucano acelera a involução, com aumento das células somáticas, especialmente de macrófagos nas secreções do úbere. Em uma segunda infusão de glucano produz-se uma prolongação desta resposta como uma maneira efetiva de aumentar as defesas próximo ao parto. A ação preventiva ou terapêutica contra as infecções não haviam sido demonstradas em bovinos usando a infusão de glucano. Persson Waller et al. (2003) investigaram a infusão de β−1,3-glucano no início do período seco, podendo tornar o úbere mais resistente as infecções por S. aureus e além disso um possível efeito curativo nos quartos cronicamente infectados. O glucano mostrou somente leves aspectos positivos em ambos os casos. Zeconni et al. (1999) trabalharon com cepas atenuadas de Parapoxvirus ovis, caracterizadas como ativas sobre a imunidade inata. Inocularam por via sistêmica um produto conhecido como Baepamun ® (proveniente de cultivos inativados de Parapoxvirus ovis) em vacas durante o período seco; observando-se uma diminuição significativa na prevalência de S. aureus intra-mamário quando este foi administrado antes do parto. - Modulação por nutracêuticos Recentemente Meglia (2004) estudou as complexas trocas e interações existentes entre nutrição e sistema imune de vacas leiteiras durante o período peri-parto. O resumo dos resultados obtidos foi: 1) Com alimentação considerada normal, calculada para vacas no período seco ao parto, se constatou una proporção de neutrófilos com baixa proporção de moléculas de Disponível em: http://www.cbql.com.br/biblioteca.php 7 Como citar este capítulo: BASCUÑÁN, C.C. Perspectivas da estimulação da resposta imune da glândula mamária bovina. In: DURR, J.W., CARVALHO, M.P., SANTOS, M.V. O Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 105-129. adesão, imprescindíveis para a migração dos neutrófilos desde o sangue periférico para defender a glândula mamária. Além do mais, determinou-se uma concentração reduzida de Vitaminas A e E, assim como também de zinco, o qual afeta o sistema imune significativamente. 2) A vitamina E estimula a imunidade celular e humoral. A suplementação oral de vacas diariamente com α-tocoferil acetato (natural, Nature-R ®) no período periparto é mais efetiva durante o termino do incremento plasmático da vitamina E, em comparação com α-tocoferil acetato (sintético, Rovimix ®) ou com α–tocoferol (natural, Natur Emicelle ®) ou sem suplementação (controles). - Modulação por plantas medicinais Sandberg e Bohlin (1993) descrevem a planta medicinal Panax ginseng, como produto que é obtido a partir das raízes de um arbusto originário do norte de China e Coréia. O Ginseng, é um extrato da raiz da planta conhecida por suas propriedades terapêuticas há mais de 3.000 anos na China, Tibet e Coréia. É usada em muitos países de diferentes formas para a prevenção da fadiga e muitas enfermidades dos homens e animais. Os mesmos autores informam que os princípios ativos – saponinas - (neste caso chamados de ginsenosides) são derivadas da triterpene ou estruturas esteróides. Mais de 20 saponinas já foram extraídas principalmente das raízes das plantas de Ginseng. Na glândula mamária, pesquisas têm demonstrado (Hu et al. 1995, Concha et al. 1996) que as saponinas do Ginseng podem estimular significativamente a atividade de neutrófilos e linfócitos do sangue periférico e do leite in vitro. Hu et al. (2001) estudaram também in vivo vacas com mastite subclínica por S. aureus. As vacas foram injetadas subcutaneamente com extratos de ginseng (8 mg/kg) durante seis dias, com os controles respectivos. Ao término do tratamento, o número de quartos infectados por S. aureus e as células somáticas do leite diminuíam no grupo tratado com saponinas de Ginseng. A fagocitose e a capacidade de destruir foi significativamente aumentada uma semana após o tratamento com saponinas de ginseng nos neutrófilos, porém a proliferação linfocitária não foi melhorada. Constatou-se também que o número de linfócitos e monócitos aumentou significativamente após o tratamento. As saponinas de Ginseng têm um importante potencial como moduladores do sistema imune da glândula mamária da vaca. b) Adjuvantes ou Coadjuvantes Junto à função dos imunomoduladores deve-se considerar a função dos adjuvantes ou coadjuvantes, que muitas vezes possuem ambas capacidades: imunomodulação e apresentação dos antígenos. Tizard (2002) descreve os adjuvantes ou coadjuvantes como compostos necessários para acompanhar os antígenos mortos e torná-los eficazes intensificando a imuno-reação. Estes favorecem a imunogenicidade quando capturam antígenos em lugares onde estes permanecem accessíveis aos linfócitos reativos e induzem as células apresentadoras de antígenos a expressar moléculas co-estimuladoras como CD80 (glicoproteína de linfócitos B apresentadores de antígeno). Singh e O’Hagan (2002) sustentam que os adjuvantes podem ser usados para aumentar a resposta imune a antígenos por diferentes caminhos: 1) aumentando a imunogenicidade dos antígenos enfraquecidos, 2) aumentando a rapidez e duração da resposta Disponível em: http://www.cbql.com.br/biblioteca.php 8 Como citar este capítulo: BASCUÑÁN, C.C. Perspectivas da estimulação da resposta imune da glândula mamária bovina. In: DURR, J.W., CARVALHO, M.P., SANTOS, M.V. O Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 105-129. imune, 3) modulando a avidez dos anticorpos, especificidade, isotipo, ou subclasses de distribuição, 4) estimulando linfócitos citotóxicos, 5) promovendo a indução de imunidade de mucosas, 6) aumentando respostas em indivíduos imaturos, 7) diminuindo a necessidade de antígenos em uma vacina, reduzindo assim os custos. Tabela 3 Alguns adjuvantes comuns em vacinas veterinárias* Tipo Fosfato de alumínio Hidróxido de alumínio Alumbre Coadjuvante incompleto de Freund (IFA) Corinebacterias anaerobias Bacilo de Calmette-Guérin (BCG) Muramildipéptido Bordetella pertussis Lipopolisacárido Saponina Sais de alumínio Emulsões de água-óleo Frações bacterianas Agentes com atividade de superfície Carboidratos complexos Coadjuvante misto Depósito de liberação lenta do antígeno Depósito de liberação lenta do antígeno Estimulador de macrófagos Estimulador de macrófagos Estimulador de macrófagos Estimulador de linfócitos Estimulador de macrófagos Estimula o processamento do antígeno Lisolecitina Estimula o processamento do antígeno Detergentes plurónicos Estimula o processamento do antígeno Acemanano Estimulador de macrófagos Glucanos Estimulador de macrófagos Sulfato de dextrán Estimulador de macrófagos Coadjuvate completo de Emulsão de água-azeite Freund (FCA) mais Mecobacterium * tomado de Tizard (2002) Na Tabela 3 se apresenta uma lista de adjuvantes utilizados em vacinas veterinárias. Levando em conta as vacinas selecionadas contra S. aureus e consideradas na Tabela 4, analisado as características dos adjuvantes usados da seguinte maneira: Hidróxido de alumínio: injetado com um antígeno forma um depósito de sais de alumínio que nos tecidos do animal geram um granuloma rico em macrófagos. O antígeno dentro deste granuloma é liberado de forma lenta proporcionando um estímulo antigênico prolongado. Estes adjuvantes a base de alumínio promovem boas respostas em forma de anticorpos, porém com pouco efeito sobre as respostas mediadas por células. Em experimentos com saponinas de ginseng conseguiu-se una melhor resposta celular quando se associa hidróxido de alumínio com saponinas (Rivera et al. 2003, Hu et al. 2003). Adjuvante completo de Freund (Freund’s complete adjuvant, FCA): Incorporando o antígeno a uma emulsão de água-óleo conhecida como adjuvante incompleto de Freund (FIA), o óleo mineral estimula uma reação inflamatória crônica de tipo local, formando-se um granuloma. O antígeno é liberado lentamente da fase aquosa da emulsão e gotas desta são levadas a outros sítios através do sistema linfático. Quando se incorporam bacilos mortos de tuberculose à emulsão de água- óleo, a mistura passa a chamar-se adjuvante completo de Disponível em: http://www.cbql.com.br/biblioteca.php 9 Como citar este capítulo: BASCUÑÁN, C.C. Perspectivas da estimulação da resposta imune da glândula mamária bovina. In: DURR, J.W., CARVALHO, M.P., SANTOS, M.V. O Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 105-129. Freund (FCA), que é um adjuvante extremamente potente, não somente formando depósito, visto que o bacilo inativado contém muramildipéptido (MDP). Ao ativar os macrófagos, o MDP estimula a produção de citoquinas que, por sua vez, estimulam linfócitos T. Este FCA promove também a produção de IgG e um pouco de IgM. Adjuvantes com saponinas: As saponinas (glicosídios de triterpeno) são considerados adjuvantes e imunomoduladores, derivadas da Quillaja saponaria Molina, Quillae do Chile. As saponinas atuam principalmente mediante a indução de citoquinas (Singh e O’Hagan, 2002). A fração purificada da saponina obtida de Quillaja saponaria, porém contando com toda a atividade presente na saponina bruta se denomina Quil A, utilizando-se também como adjuvante e além disso é a base da tecnologia ISCOM. O complexo imunoestimulador (immune stimulating complex, ISCOM) compreende adjuvantes muito eficazes com poucos efeitos secundários, com capacidade de estimulação por ambas as vias: parenteral e mucosas. ISCOM alcança os linfócitos T, e logo os linfócitos B, nos gânglios linfáticos e baço (Morein et al. 2004). Em uma linha de trabalho desenvolvida no Instituto Nacional de Medicina Veterinária da Suécia entre 1993 e 2003, estudou-se a capacidade das saponinas como imunomoduladores. Considerando que as saponinas de Quillae (Quillaja saponaria) tem sido usadas como potentes adjuvantes há muito tempo com diferentes antígenos (Dalsgaard et al. 1990), um tipo purificado de saponinas, neste caso, Ginseng tipo Rb1, foi utilizado com parte de uma bacterina de S. aureus + hidróxido de alumínio (Lesigin ®). A saponina purificada Rb1 + a bacterina originou um aumento significativo em ambos tipos de resposta: produção de anticorpos e proliferação linfocitária. Estes resultados positivos estão esperando uma avaliação com provas de desafio para confirmar sua verdadeira efetividade (Hu et al. 2003). Também ligado ao Instituto Nacional de Medicina Veterinária e a Faculdade de Medicina Veterinária de Uppsala, no Centro de Biotecnologia, se encontra a Empresa de Biotecnologia ISCONOVA, assessorada pelo grupo que iniciou os trabalhos com ISCOM apresentados na revista NATURE (Morein et al. 1984). Durante 2003 e 2004 ISCONOVA continua avaliando a possibilidade de uma vacina, usando como antígeno fundamentalmente as proteínas de adesão, “fibrinogen binding protein” (FnBP), de S. aureus com ISCOM como adjuvante, partindo dos resultados publicados por Nelson et al. (1991, Tabela 4). III) Vacinas Os programas de vacinação são usados para aumentar a defesa imune contra um antígeno específico. O desenvolvimento de vacinas contra a mastite está rodeado de alguns problemas, e as vacinas não são usadas amplamente hoje dia. Não existem vacinas comerciais bem avaliadas disponíveis na Escandinávia, tampouco no Chile nem Uruguai. Na Argentina ainda não está disponível Redumast, que representa uma nova idéia para estimular o sistema imune da glândula mamária. Na América do Norte, se conhecem dois nomes comerciais: Lysigin ® anti S. aureus e J5 anti Escherichia coli, só recentemente se desenvolveu em Israel: Mastivac I ®, anti S. aureus. Uma vacina eficiente deve ser capaz de eliminar infecções crônicas, prevenir novas infecções e reduzir a gravidade e a freqüência dos casos clínicos. Uma vacina desta categoria ainda não foi desenvolvida, porém ainda é alvo de pesquisas visando seu desenvolvimento. É compreensível que a maioria dos esforços para se desenvolver uma vacina eficaz estão concentrados em S. aureus e coliformes. S. aureus continua sendo o principal patógeno Disponível em: http://www.cbql.com.br/biblioteca.php 10 Como citar este capítulo: BASCUÑÁN, C.C. Perspectivas da estimulação da resposta imune da glândula mamária bovina. In: DURR, J.W., CARVALHO, M.P., SANTOS, M.V. O Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 105-129. em todos os países produtores de leite e mastites clínicas por coliformes constituem um grande problema em grande parte dos rebanhos leiteiros. Basicamente analisaremos as vacinas contra S. aureus e contra coliformes. Na Tabela 4 foi feito um resumo de vacinas contra S. aureus que têm sido usadas em diferentes países nos últimos anos: Tabela 4. Antígenos, adjuvantes e eficácia de algumas vacinas contra S. aureus. Estudo Pankee et al. 1985 Pankee et al. 1985 Watson, 1992, 1996 Nickerson et al. 1993 Giraudo et al. 1997 Calzolari et al. 1997 Antígeno Adjuvante 5 fagotipos de S.aureus AL (OH)3 gel inativados Proteína A de S. aureus FCA Efeitos Aumenta cura natural, reduz SSC Eleva cura natural, reduz SSC S. aureus com Pseudocápsula Óleo mineral / Induz IgG2 contra S. aureus, reduz S. dextran sulfato aureus IMI. e β− Toxina S. aureus inativado, AL (OH) 3 encapsulados e não encapsulados. Estrato bruto de exopolisacáridos Nelson et Proteína de adesão do S. ISCOM al. 1991 aureus. Nickerson Cultivos lisados de S. aureus AL (OH) 3 et al. 2000 de 5 fagotipos. Lesigin ®. O’ Brien et S. aureus inativados com sub Microesferas al. 2001 estruturas celulares + antígenos capsulares. Leitner et 3 S. aureus inativados de IFA al. 2003. a casos clínicos e subclínicos eb vacinas avaliados em modelo experimental de ratas Redução IMI 6.0-6.7% vs. 18.8%. Redução SCC Significativo aumento em resistência al desafio com S. aureus Novilhas 6 meses, redução IMI na prenhes 41.3%. Novas IMI reduzidas em 44.8%. Uma dose larga produção de anticorpos contra aderência, contra cápsula e incremento fagocitose. 70% de proteção al desafio vs. 10% controles (9 animais com 10 controles) A campo sem diferencias significativas em quantidade de vacas infectadas. Melhor SCC e produção leiteira de vacas vacinadas. Atualmente, não bastam vacinas que geram anticorpos neutralizadores de patógenos, toxinas e promoção da fagocitose. As vacinas modernas devem ser produzidas contra patógenos mais difíceis que são capazes de estabelecer infecções crônicas e intracelulares; uma possibilidade é a obtenção de vacinas mediante potentes adjuvantes que sejam capazes de induzir imunidade mediada por células, particularmente do tipo linfócitos T, Th1 (linfócitos de ajuda) produtores de IL-2 e IFN-γ(Singh e O’Hagan, 2002). Estando completamente de acordo com estes autores acima citados, se considera que a possível deficiência de todas as informações citadas na Tabela 4, estejam na qualidade dos adjuvantes usados para estimular significativamente a imunidade mediada por células. Uma exceção são os resultados das pesquisas que utilizam microesferas e ISCOM (saponinas) que, apesar dos prometedores resultados dos primeiros ensaios, devido a quantidade pequena de animais testados, não são suficientes para expressar resultados definitivos. Disponível em: http://www.cbql.com.br/biblioteca.php 11 Como citar este capítulo: BASCUÑÁN, C.C. Perspectivas da estimulação da resposta imune da glândula mamária bovina. In: DURR, J.W., CARVALHO, M.P., SANTOS, M.V. O Compromisso com a Qualidade do Leite. Passo Fundo: Editora UPF, 2004, v.1, p. 105-129. Tomita et al. (2000), descreveu uma vacina contra Escherichia coli em que o núcleo dos lipídios A dos lipopolisacásaridos (LPS) possuem homologia antigênica entre todos os coliformes patógenos. Uma cepa mutante de Escherichia coli 0111:B4 (J5) tem a característica única pela qual o núcleo e os antígenos A dos LPS estão expostos e à imunização com E. coli J5 produz anticorpos que reagem cruzado com outros coliformes. Resultados de desafio e ensaios a campo têm demonstrado que a imunização com a bacterina E. coli J5 está associada com uma diminuição do risco de desenvolver mastite clínica por coliformes; reduz a severidade e diminui as taxas de mastite clinicas por coliformes. A imunização com J5 bacterina produz uma elevada presença de IgG1 e IgG2 que servem de opsoninas para a fagocitose e neutralização das toxinas respectivamente. Um marcado aumento no soro para os títulos IgG, IgG1 e IgG2, observado após a primeira dose no período seco, ao parto e com títulos altos posteriormente à terceira dose após o parto. As bases imunológicas da resposta imune com esta vacina não estão bem esclarecidas, pois apesar de se ter um bom conhecimento do rol das imunoglobulinas, há um total desconhecimento da imunidade mediada por células. Referências 1. Blecha, F. 2001. Immunomodulators for prevention and treatment of infectious diseases in food-producing animals. Vet. Clin. North Am. Food Anim. 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