INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA INTERIOR Morfologia do tubo digestório aplicada à compreensão da dieta em quelônios da família Podocnemididae MARCELA DOS SANTOS MAGALHAES Manaus, Amazonas Março/2010 1 MARCELA DOS SANTOS MAGALHAES Morfologia do tubo digestório aplicada à compreensão da dieta em quelônios da família Podocnemididae Orientador: Dr. Richard C. Vogt Co-orientador: Dr. Carlos Eduardo B. de Moura – UFRN Co-oreintador: Dr. Jose Fernando M. Barcellos – UFAM Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas, área de concentração em Biologia de Água Doce e Pesca Interior. Manaus, Amazonas Março/2010 2 FICHA CATALOGRÁFICA M188 Magalhães, Marcela dos Santos Morfologia do tubo digestório aplicada à compreensão da dieta em quelônios da família Podocnemididae / Marcela dos Santos Magalhães.--Manaus : [s.n.], 2010. xii, 78 f. : il. color. Dissertação (mestrado)-- INPA, Manaus, 2010 Orientador : Richard Carl Vogt Co-orientadores : Carlos Eduardo Bezerra de Moura ; José Fernando Marques Barcellos Área de concentração : Biologia de Água Doce e Pesca Interior 1. Quelônios. 2. Sistema digestório. 3. Anatomia. 4. Histologia. I. Título. CDD 19. ed. 597.920443 Sinopse: Foi descrita a morfologia do tubo digestório das espécies Podocnemis expansa, Podocnemis unifilis, Podocnemis erythrocephala, Podocnemis sextuberculata e Peltocephalus dumerilianus. Relacionando a anatomia e a histologia com a categoria alimentar de cada uma destas espécies. Palavras-chave: Quelônios, Sistema digestório, Anatomia, Histologia. 3 AGRADECIMENTOS Ao CNPq pelo financiamento da bolsa de estudo. Ao INPA pelo programa de Pós-Graduação e suporte para realização do meu trabalho. Ao meu orientador Dr. Richard Vogt (Dick), por ter aceitado me orientar e ter acreditado no meu trabalho Ao meu co-orientador Carlos Eduardo (Cadu), pela sua grande contribuição e por mais uma vez ter participado do meu crescimento profissional. Ao meu co-orientador Fernando Marques (Ferdinando), pela sua orientação, e principalmente pela amizade e paciência. A minha mãe, que esteve presente em todos os momentos da minha vida, acreditando, incentivando e apoiando nas minhas decisões e conquistas. E ao meu irmão pela torcida. Ao CNPq, MCT, MMA, MPA e CT-INFRA, Processo 408760/2006-0 para RDS pelo financiamento e apoio ao projeto “BAJAQUEL”. Ao Dr. Ronis Da-Silveira, por ter me dado espaço no projeto “BAJAQUEL” e disponibilizado exemplares de quelônios para análises. Ao Dr. Celso Morato, pela contribuição na parte estatística do projeto e pelo seu incentivo. A Dra. Eliana Feldberg, por ter disponibilizado o microscópio com câmera acoplada para realização das imagens histológicas. As técnicas Rose Campos e Maíza da Conceição, pela importante ajuda na preparação das lâminas histológicas no laboratório de histologia da UFAM. Ao laboratório de histologia da UFRN, onde realizei parte da coloração (PAS) das laminas histológicas com ajuda da Lourdes (Lourdinha). Aos meus amigos e companheiros da Coleção de anfíbios e répteis do INPA: Virgínia, Camila, Rosa, Letícia (Tica), Ladislau, Rafael, Rayath, Melina, Elis, Larissa, Lucéia, Vinícios e Altamir, pela ajuda em vários momentos da realização desse trabalho e pelas experiências compartilhadas. A Márcia e ao Daniel Praia (“Meus Pibic`s”), pela imensa ajuda na parte da morfometria. Aos vários companheiros de republica, Daniel, Alex, Daniela, Anelena, Raquel, Francimario e em especial Ricardo, que fizeram minha estadia em Manaus mais alegre e colorida. Aos amigos do BADPI turma 2008, especialmente Luciana (lut), Ariana (lurinha), João Henrique (Minhoca), Túlio, Fernanda (Nanda), Mariel, Marla, Roberta (Robertinha), 4 William (China) e Daiane, por todos os momentos de ciência nos estudos do metabolismo do álcool. Aos grandes amigos conquistados em Manaus, João Vitor (JB), Alice, Fabi (in memorian), Marcelino, Priscila, entre outros vários que fizeram deste um lugar mais feliz. Aos amigos BAJAQUEL, Adriana, Shamila, Michele, Boris, Washington, Robin..., que mesmo sem perceberem me fizeram enxergar Manaus de forma diferente. Aos professores do BADPI, que me mostraram como eu deveria ser profissionalmente e também como eu não deveria ser. A Elany e Carminha, que sempre estiveram dispostas a me ajudar. A todos os funcionários do CPBA, em especial Sida e Dona Rosa. Ao Flavio Augusto (Guto) pela enorme e indispensável ajuda nas análises dos meus dados morfométricos. A todos que direta e indiretamente me ajudaram a realizar esse trabalho. 5 RESUMO Neste estudo foram utilizados 75 animais sendo 15 exemplares de cada espécie, Podocnemis expansa, Podocnemis unifilis, Podocnemis sextuberculata, Podocnemis erythrocephala e Peltocephalus dumerilianus, com objetivo de caracterizar a morfologia do tubo digestório dessas espécies. Foram realizadas as descrições anatômicas e histológicas e análise dos órgãos do tubo digestório. As cinco espécies apresentaram a mucosa esofágica caracterizada por duas regiões distintas, a primeira com papilas esofágicas e a segunda com pregas longitudinais; sendo um órgão aglandular, com células mucosas, caliciformes e secretoras. O estômago em P. expansa, P. unifilis e P. erytrhocephala é formado por duas porções gástricas separadas por uma constrição, a primeira mais volumosa composta pelas regiões cárdica e fúndica aglandulares e caracterizadas pela presença de células caliciformes. A segunda porção se curva para direita logo abaixo da primeira e é formada pela região pilórica desenvolvida, com grande quantidade de glândulas em sua lâmina própria. Em P. sextuberculata o estômago apresentou forma de “J” e em P. dumerilianus forma de ferradura encurvada. Nessas duas espécies esse órgão apresentou grande quantidade de glândulas em todas as regiões. O intestino delgado (ID) em todas as espécies é um tubo longo e enovelado. Apresenta pregas reticulares na região cranial, longitudinais baixas e em zigue-zague na região média e, longitudinais altas em zigue-zague bem evidentes na região caudal. Caracteriza-se pela presença de vilosidades que se apresentam diferentes em cada região do ID. O intestino grosso (IG) em P. expansa, P. unifilis, P. erythrocephala inicia-se com uma dilatação, o ceco, seguindo por região reta e tubular, o cólon/reto. Em P. sextuberculata e P. dumerilianus, o IG é formado apenas de uma região tubular. O IG apresenta maior quantidade de células caliciformes quando comparado ao ID. Em todas as espécies ocorreu diferença entre o comprimento do ID e IG, sendo ID proporcionalmente maior que o IG (p < 0,0001). Este trabalho define que para a manutenção destas espécies de quelônios em cativeiro uma dieta ou ração deva ser elaborada em separado para as de adaptações herbívora, onívora e carnívora. 6 ABSTRACT In the present study were used 15 specimens of each species, Podocnemis expansa, Podocnemis unifilis, Podocnemis sextuberculata, Podocnemis erythrocephala and Peltocephalus dumerilianus, aiming to define and characterize the morphology of their digestive tract. The biometric parameters were held in each specimen. The anatomical and histological procedure were carried out for further analysis of the organs of the digestive tract. The five species showed the esophageal mucosa divided and characterized by two distinct regions, the first with esophageal papillae and the second with longitudinal folds. The esophagus appeared as an aglandular organ with marked presence of mucous cells, goblet cells and secretory cells. The stomach in P. expansa, P. unifilis and P. erytrhocephala consists of two parts separated by a gastric evident constriction, the first portion is composed of massive cardic and fundic regions. Both were glandular regions, but characterized by the presence of goblet cells. In the anatomical position, the second part bends to the right just below the first one and is composed by a pyloric region well developed, and a large number of glands in the lamina propria. In P. sextuberculata the stomach showed a "J" shape and in Peltocephalus dumerilianus has a "C" shape. The small intestine (SI) in all species is a long, thin meandering tube with reticular folds in the proximal region, low longitudinal folds in a zigzag design in the medial region and a very evident high longitudinal fold with zigzag in the distal region. The organ is characterized by the presence of villi which appear different in each region of the SI. The large intestine (LI) in P. expansa, P. unifilis and P. erythrocephala begin with an enlarged and clear tube, the cecum, followed by a straight and tubular region, the colon/rectum. In P. sextuberculata and P. dumerilianus the large intestine is composed only by a tubular region, with a diameter larger than the SI. The GI has a large number of goblet cells. In all species difference was found between the length of the SI and LI. The SI is proportionally higher than the LI (p <0.0001). This work defines that the maintenance of these species of turtles in captivity need a diet that should be prepared separately for the adaptations of herbivores and another one for omnivory and carnivory. 7 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................IX 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................................ 4 2.1 Caracterização geral das espécies de Podocnemididae da Amazônia ........................... 4 2.1.1 Podocnemis expansa............................................................................................... 4 2.1.2 Podocnemis unifilis ................................................................................................ 5 2.1.3 Podocnemis erythrocephala .................................................................................... 5 2.1.4 Podocnemis sextuberculata .................................................................................... 6 2.1.5 Peltocephalus dumerilianus .................................................................................... 7 2.2 Aspectos Gerais ............................................................................................................. 8 2.2.1 Morfologia do tubo digestório em quelônios ....................................................... 10 3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 12 3.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 12 3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 12 4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 13 4.1 Obtenção dos animais ................................................................................................. 13 4.2 Biometria dos animais ................................................................................................. 14 4.3 Processamento e análise da anatomia do tubo digestório ........................................... 14 4.4 Preparação dos cortes histológicos para microscopia de luz ...................................... 16 4.5 Análise estatística ........................................................................................................ 18 5 RESULTADOS .................................................................................................................... 19 5.1 Esôfago ........................................................................................................................ 19 5.2 Estômago ..................................................................................................................... 28 5.3 Intestino Delgado ........................................................................................................ 38 5.4 Intestino Grosso .......................................................................................................... 44 6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 49 7 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 60 ANEXOS ................................................................................................................................. 73 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Espécies de Podocnemididae analisadas. A: P. expansa; B: P. unifilis; C: P. erythrocephala; D: P. sextuberculata; E: P. dumerilianus ........................................................ 8 Figura 2 – Representação da biometria do comprimento e da largura retilínea da carapaça. (adaptado de Luz et al., 2003) .................................................................................................. 14 Figura 3 – Figura esquemática demonstrando o local dos fragmentos retirados ao longo do tubo digestório para análise histológica. ▌corte transversal; ▬ corte longitudinal. ................ 17 Figura 4 – Disposição do esôfago encontada em P. expansa, P.unifilis e P. erythrocephala. e: esôfago; s: estômago; (→) transição esôfago-estômago. ......................................................... 19 Figura 5 – Disposição do esôfago encontrada em P. dumerilianus. e: esôfago; s: estômago; (→) transição esôfago-estômago. ............................................................................................. 20 Figura 6 - Mucosa esofágica em Podocnemididae. Primeira porção caracterizada pela presença de papilas esofágicas (→); Segunda porção caracterizada pela presença de pregas longitudinais ( ). A: P. expansa. B: P. unifilis. C: P. erythrocephala. D: P. sextuberculata. E: P. dumerilianus. ................................................................................................................... 23 Figura 7 – Fotomicrografia da primeira porção do esôfago caracterizada pela presença de papilas esofágicas em Podocnemididae. A: Epitélio estratificado cilíndrico em P. expansa. (→): células superficiais mucosas; a: célula caliciforme; b: célula secretora; c: submucosa PAS. B: Epitélio estratificado pavimentoso em P. expansa. d: epitélio estratificado pavimentoso; e: submucosa - HE. C: Epitélio estratificado cilíndrico em P. unifilis. (→): células superficiais mucosas; f: célula secretora; g: submucosa - PAS. D: Em P. unifilis. h: epitélio estratificado pavimentoso; i: epitélio estratificado cilíndrico; j: célula caliciforme HE. E: Epitélio estratificado cúbico alto em P. erythrocephala. (→): células superficiais mucosas; k: célula caliciforme - PAS. F: Epitélio estratificado cilíndrico em P. sextuberculata. (→): células superficiais cilíndricas mucosas; l: Célula caliciforme ; m: epitélio estratificado cilíndrico - HE. Aumento todas as fotos: 400X ...................................... 24 Continuação Figura 7 - Fotomicrografia da primeira porção do esôfago caracterizada pela presença de papilas esofágicas em Podocnemididae. G: Epitélio estratificado cilíndrico em P. dumerilianus. n: células superficiais cilíndricas mucosas; o: submucosa - PAS. Aumento: 400X. H: Epitélio estratificado pavimentoso em P. dumerilianus (→) - PAS. Aumento: 400X. I: Camada muscular (→) em P. expansa; p: submucosa- HE. Aumento: 50X. J. Camada muscular (→) em P. erythrocephala; q: epitélio; r: submucosa; s: feixes de tecido conjuntivo entre as fibras musculares - HE. Aumento: 100X. L: Camada muscular (→); t: feixes de tecido conjuntivo entre as fibras musculares – TM. Aumento: 100X . M: Plexo mioentérico (→) em P. sextuberculata. - HE. Aumento: 100X. ................................................................... 25 Figura 8 – Fotomicrografia da segunda porção do esôfago caracterizada pela presença de pregas longitudinais em Podocnemididae. A: Mucosa esofágica pregueada em P. erythrocephala - TM. Aumento: 50X. Nas imagens de B a D: observa-se o epitélio estratificado cilíndrico com células superficiais mucosas alongadas, característico desta região ix nas espécies P. expansa, P. unifilis, P. erythrocephala, respectivamente (→). a: pregas esofágicas; b: epitélio; c: submucosa; d: camada muscular. B; D – PAS. C – HE. Aumento B a D: 400X .................................................................................................................................... 26 Continuação Figura 8 – Fotomicrografia da segunda porção do esôfago caracterizada pela presença de pregas longitudinais em Podocnemididae. Nas imagens de E e F: observa-se o epitélio estratificado cilíndrico com células superficiais mucosas alongadas, característico desta região nas espécies P. sextuberculata e P. dumerilianus, respectivamente (→). c: submucosa; d: camada muscular. E – PAS. F – HE. Aumento E e F: 400X. G: Camada muscular em P. expansa - HE. Aumento: 100X. H: camada muscular em P. dumerilianus. c: submucosa; d: camada muscular circular interna; e: camada muscular longitudinal externa; f: tecido conjuntivo - TM. Aumento: 50X. .................................................................................. 27 Figura 9 - Padrões anatômicos encontrados para o estômago em Podocnemididae. c: região cárdica; f: região fúndica; p: região pilórica. A; B; C: estômago dividido em duas porções por uma constrição (→) em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala, respectivamente; D: estômago em forma de “J” em P. sextuberculata; E: estômago em forma de ferradura encurvada em P. dumerilianus. ................................................................................................ 29 Figura 10 - Mucosa do estômago. A: Mucosa da primeira porção do estômago da P. expansa com pregas transversais; A’: Mucosa da segunda porção do estômago da P. expansa com pregas longitudinais; B: Mucosa da primeira porção do estômago da P. unifilis com pregas transversais; B’: Mucosa da segunda porção do estômago da P. unifilis com pregas longitudinais; C: Mucosa da primeira porção do estômago da P. erythrocephala com pregas transversais; C’: Mucosa da segunda porção do estômago da P. erythrocephala com pregas longitudinais. (►) transição entre a primeira e a segunda porção do estômago. D: Mucosa do estômago da P. sextuberculata com pregas longitudinais; E: Mucosa do estômago do P. dumerilianus com pregas longitudinais. (→): transição esôfago-estômago. ........................... 30 Figura 11- Fotomicrografia da região cárdica do estômago em Podocnemididae. A: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. expansa. a: pregas; b: muscular da mucosa; c: submucosa - HE. Aumento: 50X. B: Células caliciformes presentes no epitélio em P. expansa (→). d: epitélio - PAS. Aumento: 400X. C: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. erythrocephala. e: pregas; f: submucosa - HE. Aumentov 100X. D: Células caliciformes presentes no epitélio em P. erythrocephala (→) – PAS. Aumento: 400X. ........................................................................................................................................ 32 Continuação Figura 11- Fotomicrografia da região cárdica do estômago em Podocnemididae. E: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. unifilis. g: pregas - PAS. Aumento: 100X. F: Região das fossetas e glândulas gástricas em P. sextuberculata. (→): fosseta gástrica; (*): epitélio cilíndrico simples com células superficiais mucosas; h: região das glândulas gástricas - PAS. Aumento: 100X. G: Em P. dumerilianus. i: região das glândulas gástricas; j: muscular da mucosa - HE. Aumento 50X. H: Região das fossetas e glândulas gástricas em P. dumerilianus. (→): fosseta gástrica; l: região das glândulas gástricas - PAS. Aumento: 100X. ............................................................................ 33 Figura 12 – Fotomicrografia da região fúndica do estômago em Podocnemididae. A: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. expansa. a: pregas; b: muscular da mucosa; c: submucosa - PAS. Aumento: 100X. B: Células caliciformes presentes no epitélio em P. expansa (→) - PAS. Aumento: 400X. C: Pequenas pregas secundárias sem x formação de fossetas em P. erythrocephala. d: pregas; e: epitélio cilíndrico simples; f: muscular da mucosa – HE. Aumento: 100X. D: Células caliciformes presentes no epitélio em P. erythrocephala (→) - PAS. Aumento: 400X. E: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. unifilis. g: pregas; (→): célula caliciforme - HE. Aumento: 400X. F: Região das fossetas e glândulas gástricas em P. dumerilianus. (→): fosseta gástrica; h: região das glândulas gástricas; i: muscular da mucosa; j: submucosa - PAS. Aumento: 100X. .................................................................................................................................................. 34 Figura 13 – Fotomicrografia da região pilórica do estômago em Podocnemididae. A: Fossetas e glândulas pilóricas em P. expansa. (→): fosseta; a: glândulas; b: muscular da mucosa; c: submucosa - PAS. B: Região das glândulas pilóricas em P. unifilis - HE. C: Fossetas gástricas em P. unifilis (→) - PAS. D: Fossetas gástricas em P. erythrocephala (→). (*): células superficiais mucosas. Aumento A e B: 100X. Aumento C e D: 400X. ................................... 35 Continuação Figura 13 - Fotomicrografia da região pilórica do estômago em Podocnemididae. E e F: Fossetas e glândulas pilóricas em P. sextuberculata. (→): fosseta; d: glândulas; e: muscular da mucosa; f: submucosa. E – HE. F – PAS. G: Fossetas gástricas e glândulas pilóricas em P. dumerilianus. (→): fossetas; g: glândulas - PAS. H: Região das glândulas pilóricas em P. dumerilianus - PAS. Aumento E a G: 100X. Aumento H: 400X. .. 36 Figura 14 - Esfincter pilórico (→). s: estômago; d: duodeno. A: P. expansa. B: P. unifilis. C: P. erythrocephala. D: P. dumerilianus. .................................................................................... 37 Figura 15 - Intestino delgado. A: P. erythrocephala. B: P. sextuberculata. s: estômago; d: duodeno, primeira região do intestino delgado caracterizado como uma porção curta; j/i: jejuno/íleo, região do intestino delgado caracterizada como longa e enovelada; ig: intestino grosso. ....................................................................................................................................... 38 Figura 16 - Mucosa do intestino delgado. Em A: Região cranial com pregas reticulares na P. expansa; e A’ na P. unifilis. B: Região medial com pregas longitudinais em zigue-zague baixas em P. expansa. C: Região caudal com pregas longitudinais em zigue-zague altas e bem evidentes na P. expansa e em C’: na P. unifilis........................................................................ 39 Figura 17 – Fotomicrografia das vilosidades do duodeno em Podocnemididae. A: Em P. expansa. a: simples; b: ramificada - PAS. B: Vilosidades filiformes em P. erythrocephala HE. C: Vilosidades filiformes em P. dumerilianus - PAS. D: Células caliciformes presentes nas vilosidades (↔) em P. dumerilianus - PAS. Aumento A a C: 100X. Aumento D: 400X. 41 Figura 18 – Fotomicrografia das vilosidades do jejuno em Podocnemididae. Observar alternância de vilosidades foliáceas, ramificadas e digitiformes. A: Em P. expansa – HE. B: Em P. unifilis – HE. C: Em P. sextuberculata. a: vilosidade digitiforme; b: vilosidade ramificada; c: vilosidade foliácea - PAS. Aumento de todas as fotos: 50X. ............................ 42 Figura 19 – Fotomicrografia das vilosidades do íleo em Podocnemididae. A: Vilosidades fungiformes baixas em P. sextuberculata - HE. Aumento: 50X. B: Vilosidades ramificadas em P. sextuberculata - TM. Aumento: 100 X. C: Vilosidades convolutas em P. dumerilianus PAS. Aumento 50X. D: Células caliciformes presentes no íleo em P. dumerilianus (→) PAS. Aumento: 400X. .............................................................................................................. 43 Figura 20 - Intestino grosso. A: Padrão encontrado em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala. Intestino grosso iniciando com uma dilatação, cc: ceco, e seguindo com uma xi região reta e tubular, c/r: cólon/reto. B: Mucosa do ceco com pregas transversais (→); mucosa do cólon/reto com pregas longitudinais onduladas ( ). C e D Padrão encontrado em P. sextuberculata e P. dumerilianus, respectivamente. Intestino grosso formado por uma região tubular. E: Mucosa do intestino grosso em P. dumerilianus com pregas transversais. id: intestino delgado; ig: intestino grosso. Região circulada refere-se ao esfíncter ileocecal. ...... 45 Figura 21 – Fotomicrografia da região proximal do intestino grosso. A: Região referente ao ceco em P. expansa. a: mucosa pregueada; b: camada muscular - HE. Aumento: 50X. B: Região proximal do intestino grosso em P. sextuberculata. (→): prega primária; c: pregas secundárias; d: submucosa - PAS. Aumento: 50X. C: Presença de células caliciformes na região proximal do intestino grosso em P. dumerilianus (→). e: epitélio cilíndrico simples PAS. Aumento: 400X. .............................................................................................................. 46 Figura 22 – Fotomicrografia da região do reto. A: Mucosa pregueada e submucosa formada por tecido conjuntivo frouxo em P. unifilis. a: mucosa pregueada com células caliciformes; b: submucosa; c: camada muscular circular interna; d: camada muscular longitudinal externa formando tênias - PAS. Aumeto: 100X. B: Camada muscular do reto em P. expansa - HE. Aumento: 50X. ......................................................................................................................... 47 xii 1 INTRODUÇÃO Os quelônios amazônicos foram e continuam sendo um importante recurso alimentar e econômico para as populações indígenas em toda Amazônia. Eles têm sido caçados, pescados e seus ovos colhidos há muitas gerações (Smith, 1979; Fachín-Terán et al., 1996; Vogt, 2001). Em sentido estrito, existe uma boa documentação do uso da carne e dos ovos da tartaruga-da-amazônia no Amazonas (Smith, 1979). Bates (1863) estimou que, durante o século 19 aproximadamente 48 milhões de ovos de Podocnemis expansa foram removidos anualmente na região do médio rio Solimões. E o óleo extraído a partir dos ovos foi um produto importante para cozinha e iluminação (Redford e Robinson, 1991). No Rio Negro e na Amazônia como um todo, o consumo de quelônios é uma maneira de se obter carne ou proteína (Alho, 1984), no entanto, este hábito associado a um intenso comércio ilegal, levou à drástica diminuição de suas populações naturais (Mittermeier, 1975; Vogt, 2001). Todas estas características, juntamente com o seu comportamento de nidificar em grandes colônias e a presença de ovos em altas densidades nas praias facilitaram ao homem reduzir as populações de quelônios (Hernandez et al., 1998). Podocnemis expansa, Podocnemis unifilis, Podocnemis sextuberculata, Podocnemis erythrocephala e Peltocephalus dumerilianus são as espécies de quelônios mais consumidos na Amazônia (Smith, 1979; Rebelo e Pezzuti, 2000; Vogt, 2001). Entretanto, uma grande variação é observada dependendo da preferência e de qual espécie é mais abundante em determinada localidade (Smith, 1979; Rebelo e Pezzuti, 2000). Em locais onde já houve uma grande exploração das espécies maiores, as menores passam a ocupar um lugar de destaque na caça (Smith, 1979). Por exemplo, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – AM, a população de P. sextuberculata vem sendo permanentemente explorada pelo homem (FachínTerán et al., 2003). No Parque Nacional do Jaú - médio rio Negro – AM as espécies de quelônios consumidas em maior escala são o P. unifilis, P. erythrocephala e P. dumerilianus, sendo a última uma das mais consumidas (Pezzuti et al., 2004; Rebelo, 2002; Silva, 2004). No município de Barcelos - médio rio Negro - AM, as duas maiores espécies, P. expansa e P. unifilis são geralmente compradas por comerciantes para revenda em Manaus, e as três menores, P. sextuberculata, P. erythrocephala e P. dumerilianus, são vendidas para consumo local (Vogt, 2001). 1 Entre as principais atividades adotadas para conservação desses animais, estava o incentivo à criação com finalidade comercial em criadouros legalizados, desestimulando a caça predatória e o comércio ilegal por meio da oferta legal de tartarugas e de seus subprodutos (Brasil, 2001). A criação comercial de quelônios amazônicos foi normalizada pelas Portarias 142-N, de 30 de dezembro de 1992, que dispõe sobre a criação em cativeiro de P. expansa e P. unifilis, e 070, de 23 de agosto de 1996, que dispõe sobre a comercialização de produtos e subprodutos de P. expansa e P. unifilis (Brasil, 1992; Brasil, 1996). Portanto, o desenvolvimento de sistemas de criação pode contribuir, não somente para diminuir a pressão sobre os animais de vida livre, como também para oferecer alternativas econômicas de utilização sustentada e racional dos recursos da fauna (CENAQUA, 2000). Embora a abertura para criação em cativeiro proporcionada pela legislação seja extremamente importante, as pesquisas conduzidas até o momento não ofereceram subsídios científicos suficientes para estabelecer tecnologia adequada e eficiente para o manejo (Luz, 2000). Conforme Lima (1998), a escassez de informações científicas sobre quelônios cria dificuldades para a sua criação em escala comercial para abastecer a demanda de sua carne, que é muito apreciada nos centros urbanos do Amazonas. Um dos fatores que condicionam o bom desenvolvimento de espécies nativas em cativeiro está relacionado à questão nutricional destes animais, incluindo estudos do sistema digestório (Rodrigues et al., 2004). O efetivo enquadramento de quelônios, como fonte protéica disponível comercialmente só será possível à medida que houver maior conhecimento científico, relacionado à sua biologia e fisiologia. Pouco se conhece sobre a taxa de crescimento, as exigências nutricionais, as densidades populacionais, o rendimento de carcaça, além dos aspectos relacionados à morfologia do tubo digestório destes animais (Luz, 2000). Análise dos parâmetros morfométricos do tubo digestório são necessários para o conhecimento dos processos digestivos dos alimentos no organismo animal além de indicar a preferência alimentar de uma espécie (Luz et al., 2003). Além disso, estudos anatômicos e morfométricos fornecem informações necessárias na clínica de animais silvestres (Pinto, 2006). Esses estudos juntamente com exames complementares como endoscopia, colonoscopia e radiografia podem ser conduzidos em quelônios, com finalidade de elucidar fenômenos fisiológicos e patológicos do tubo gastrintestinal (Holt, 1978; Meyer, 1998). Do ponto de vista morfológico, é importante que se conheça a descrição da localização dos órgãos digestórios na cavidade celomática. 2 As pesquisas científicas de caráter biológico e ecológico, desenvolvidas com os quelônios, vieram crescendo significativamente na Amazônia, principalmente quando relacionados a aspectos reprodutivos, alimentares e populacionais dos Podocnemididae (Hildebrand et al., 1988; Vogt, 1994; Vogt et al., 1991; Fachin-Terán, 1992; Fachin-Terán et al., 1995; Cantarelli, 1997; Soini, 1997; Vogt, 2001; Fachin-Terán e Vogt, 2004). Entretanto não se dispõe de informações detalhadas da anatomia e histologia do tubo digestório de quelônios da Amazônia. Em quelônios, estudos morfológicos do tubo digestório e da composição alimentar se tornam importantes para fornecer informações essenciais à formulação de produtos que possam suprir suas necessidades alimentares em cativeiro (Rodrigues et al., 2004). Estes animais são alimentados com ração para aves e peixes, ou na experimentação de fórmulas caseiras, como peixe in natura e vísceras bovinas (Duarte, 1998). Os trabalhos de Best (1984) e Lima (1998) avaliaram o efeito da dieta em animais em cativeiro e concluíram que uma dieta adequada é importante para manutenção de tartarugas em cativeiro, tanto para fins de conservação como para fins de comercialização da espécie. Portanto existe a necessidade de maiores informações que auxiliem na correta localização e delimitação das estruturas do tubo digestório bem como elucidar questões referentes a adaptações morfológicas frente a variações nutricionais na dieta, tanto na natureza como em criadouros. 3 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Caracterização geral das espécies de Podocnemididae da Amazônia Na Amazônia são encontradas cinco espécies da família Podocnemididae: Podocnemis expansa, Podocnemis unifilis, Podocnemis erythrocephala, Podocnemis sextuberculata e Peltocephalus dumerilianus (Vogt, 2008). 2.1.1 Podocnemis expansa Podocnemis expansa, conhecida como tartaruga-da-amazônia, caracteriza-se como o maior quelônio de água doce da América do Sul podendo atingir até 80 cm de carapaça (Pritchard e Trebbau, 1984) (Figura 1A). É uma espécie largamente distribuída, ocorrendo em rios da Colômbia, Venezuela, Guiana, Equador, Peru, Bolívia e no Brasil, nas bacias Amazônica e do Araguaia/Tocantins (Roze, 1964; Pritchard e Trebbau, 1984), vivendo tanto em sistema de água branca ou preta (Ernst e Barbour, 1989; Rueda-Almonacid et al., 2007). Na natureza, a tartaruga-da-amazônia é herbívora, sua dieta constituiu-se de frutas, raízes, sementes, gramíneas e folhas de plantas silvestres de várzeas (Pritchard, 1979; Almeida et al., 1986; Fachín-Terán, 1992; Fachín-Terán et al., 1995; Rueda-Almonacid et al., 2007; Vogt, 2008). Em um estudo realizado de conteúdo estomacal por Rodrigues et al. (2004) em Trombetas-PA, o material de origem vegetal teve quantidade elevada, sendo que as folhas destacaram-se como um alimento representativo, vindo em seguida as sementes e, em menor representatividade, os talos e palmito. Corroborando que a alimentação dessa espécie em condições de vida livre está predominantemente baseada em alimentos de origem vegetal. Segundo Duarte (1998), essa espécie em alguns casos se comporta como onívora porque também ingere, em quantidades menores, alimento de origem animal, mas sem especificar se este é um hábito oportunista, em função da disponibilidade de alimentos existentes no meio ambiente. Em cativeiro P. expansa apresenta fácil adaptação a alimentos de origem animal e vegetal (Acosta et al., 1995; Malvasio et al., 2003). 4 2.1.2 Podocnemis unifilis Podocnemis unifilis, popularmente conhecida como tracajá, quando filhote, juvenil e machos adultos exibem manchas amarelas na cabeça, enquanto as fêmeas adultas perdem essa coloração, passando a ser marrom. (Pritchard, 1979; Pritchard e Trebbau, 1984; Ernst e Barbour, 1989) (Figura 1B). Ocorre nas bacias venezuelanas dos rios Orinoco e Amazonas, leste da Colômbia, leste do Equador, nordeste do Peru, Guiana Francesa, Guiana, Suriname e bacia do rio Amazonas no Brasil e Bolívia (Ernst e Barbour, 1989). Seu habitat abrange rios de água preta, clara e branca (Rueda-Almonacid et al., 2007; Vogt, 2008). A dieta dessa espécie em ambiente natural indica que é herbívora, alimentando-se de plantas aquáticas, algas, sementes, folhas, frutos, flores, raízes e talos (Fachín-Terán et al., 1995; Portal et al., 2002; Balensiefer, 2003; Balensiefer e Vogt, 2006), mas ocasionalmente ingerem pequenos animais como moluscos, crustáceos, insetos e peixes, sendo que o baixo volume de artrópodes e peixes no conteúdo estomacal indicou que esses itens não são importantes na dieta dessa espécie (Fachin-Terán et al., 1995; Balensiefer, 2003; Balensiefer e Vogt, 2006). Balensiefer e Vogt (2006) encontraram que, do volume total analisado de alimento para P. unifilis 79,6% era matéria vegetal, sendo que folhas (81,5%), sementes (61,5%) e frutos (50,8%) ocorreram com maior freqüência. Fachín-Teráan et al. (1995) encontraram que essa espécie consome com mais freqüência sementes e frutos, sendo que caule e folhas são consumidas durante todo o ano. Em cativeiro essa espécie apresentou fácil adaptação a alimentos de origem animal e vegetal em todas as fases de desenvolvimento (Malvasio et al., 2003). 2.1.3 Podocnemis erythrocephala Podocnemis erythrocephala, conhecida como irapuca, tem como característica da espécie o padrão de coloração vermelha ou alaranjada na cabeça nos filhotes, juvenis e nos machos adultos este padrão persiste enquanto que nas fêmeas adultas torna-se marrom escuro (Pritchard, 1979) (Figura 1C). Essa espécie ocorre na Colômbia, Venezuela e no Brasil nos rios Negro, Tapajós e Trombetas (Rueda-Almonacid et al., 2007). Apresenta distribuição restrita, vivendo preferencialmente em água preta (Pritchard e Trebbau, 1984; RuedaAlmonacid et al., 2007), havendo registros de pequenas populações também em água clara 5 (Hoogmoed e Avila-Pires, 1990; Pritchard, 1990; Rebêlo, 1991; Vogt et al., 1991; Iverson, 1992). Na natureza, a irapuca é primariamente herbívora alimentando-se de plantas aquáticas, frutos e uma variedade de sementes (Vogt, 2001; Rueda-Almonacid et al., 2007). No entanto, peixes também foram registrados como fazendo parte da sua dieta (Mittermeier e Wilson, 1974). Vogt (2001); Sousa e Vogt (2008) observaram que essa espécie alimenta-se principalmente de matéria vegetal, representado por algas filamentosas e sementes, consumindo peixes, crustáceos e insetos em menor escala. Segundo Santos-Junior (2009), na época da seca P. erythrocephala é uma espécie herbívora que consome frutos e sementes, mas também material animal em menor proporção, o que parece ser um padrão dentro da família Podocnemididae. 2.1.4 Podocnemis sextuberculata Podocnemis sextuberculata, conhecida como iaçá, apresenta nos indivíduos jovens o plastrão com seis pontas salientes denominadas tubérculos, que desaparecem à medida que o indivíduo cresce (Rueda-Almonacid et al., 2007) (Figura 1D). Sua distribuição geográfica compreende a drenagem do rio Amazonas no Brasil, Peru e Colômbia (Ernst e Barbour, 1989; Iverson, 1992). No Brasil, esta espécie é encontrada em rios de água branca como o Solimões, Amazonas, Japurá e Branco, além de rios de água clara como o Trombetas e Tapajós (Smith, 1979; Pezzuti e Vogt 1999; Pezzuti et al., 2000; Bernhard, 2001; Fachin-Teran et al.; 2003). Com relação à dieta, Ernst e Barbour (1989) afirmam que a iaçá alimenta-se de plantas aquáticas e peixes. Fachín-Terán (1999) verificou que essa espécie é herbívora, desde filhote até adulto, com 95,17% do volume total contendo material vegetal, entre eles sementes, talo, folha e rizoma. Alimentando-se principalmente de sementes em todas as épocas do ano, sendo rizoma o segundo ítem vegetal mais consumido. Material animal, principalmente peixe e caranguejos foi encontrado em pequenas quantidades, no entanto foi detectado que material animal foi mais freqüente na vazante, e que os insetos apresentaram freqüência de ocorrência alta, supondo que esses são ingeridos como parte da sua dieta. O mesmo autor encontrou mudanças na alimentação em função do tamanho, talo, folha e rizoma só foram consumidos por exemplares cujo tamanho foi igual ou mais que 15 cm de comprimento. 6 Vogt (2008) relata que em Trombetas-PA foram encontrados principalmente pequenos caramujos no conteúdo estomacal desta espécie. Rueda-Almonacid et al. (2007) consideram essa espécie onívora que se alimenta de peixes, rãs, moluscos, insetos pequenos, assim como frutos e sementes. Em cativeiro, P. sextuberculata demonstra ser uma espécie predominantemente carnívora nas faixas etárias recém eclodidas e jovens (Malvasio et al., 2003). 2.1.5 Peltocephalus dumerilianus Peltocephalus dumerilianus, conhecido como cabeçudo, ao contrário da maioria das espécies da mesma família, os machos são maiores do que as fêmeas (Pritchard e Trebbau, 1984; De La Ossa, 2007). Os machos adultos podem atingir 52 cm de comprimento da carapaça, enquanto às fêmeas adultas 47 cm (Medem, 1983; Iverson e Vogt, 2002) (Figura 1E). É uma espécie amplamente distribuída, encontrada na Bacia Amazônica, que compreende desde o rio Orinoco na Venezuela, leste da Colômbia, leste do Equador, nordeste do Peru, Guiana Francesa e Brasil (Iverson e Vogt, 2002). Essa espécie habita preferencialmente rios, igapós e lagoas de água preta, sendo abundantes no rio Negro. Entretanto, ocasionalmente, também pode ser encontrado, em menor número, em rios de água branca e clara. (Pritchard e Trebbau, 1984; Rueda-Almonacid et al., 2007). É considerada uma espécie onívora oportunista e generalista, com consumo de frutas, sementes, peixes, plantas aquáticas, invertebrados e algas (Perez-Eman e Paolillo, 1977; Vogt, 2001; De La Ossa, 2007). Segundo De La Ossa (2007) é uma espécie com um consumo de matéria vegetal diversa. Os conteúdos estomacais analisados por Perez-Eman e Paolillo (1977) apresentaram 36% em volume de frutos e sementes e 51,6% de peixes, sendo o Podocnemididae que registra maior ingestão de matéria animal. 7 Figura 1 – Espécies de Podocnemididae analisadas. A: P. expansa; B: P. unifilis; C: P. erythrocephala; D: P. sextuberculata; E: P. dumerilianus 2.2 Aspectos Gerais A morfologia do tubo digestório está relacionada à função digestiva, sendo que os hábitos alimentares aproximados e a dieta de um vertebrado geralmente podem ser determinados a partir do sistema digestório, e ocasionalmente, sua estrutura é utilizada na sistemática (Hildebrand e Goslow, 2006). É possível diagnosticar o regime alimentar de uma espécie a partir de diferenças anátomo-fisiológicas do tubo digestório, o que fica evidenciado quando se observa os formatos variados dos estômagos ou os diferentes comprimentos do intestino (Godinho, 1970). Estudos comparativos indicam que existem diferenças distintas na estrutura e função do tubo digestório entre herbívoros e carnívoros (Grady et al., 2005). Esses autores sugerem que as diferenças na morfologia do intestino são governadas por diferenças na estratégia na dieta. Segundo a descrição feita por D`arce e Flechtmann (1985) em mamíferos, o tubo digestório é um tubo musculomembranoso que se estende da boca ao ânus e glândulas anexas. O estômago é uma dilatação do tubo digestório, situado na parte dorsal da cavidade abdominal e à esquerda do plano mediano. Visto externamente é subdividido em cárdia, corpo e piloro. A cárdia e o piloro se encontram bem próximos um do outro. Esta disposição 8 determina o aparecimento de um bordo bastante curto e côncavo entre a cárdia e o piloro, que é conhecido com pequena curvatura, e o bordo oposto bem mais longo e convexo, conhecido como grande curvatura. A abertura esofágica, ou cárdica, mostra-se obliterada por numerosas dobras da mucosa. A comunicação com o intestino delgado, o piloro, é provida de um espessamento da musculatura circular, constituindo o esfíncter pilórico. O intestino delgado é um tubo longo, todo dobrado em voltas ou circunvoluções, que se inicia no orifício pilórico. A sua porção inicial, curta, fixa e bem delimitada, denomina-se duodeno. O restante é conhecido em anatomia animal por jejuno-íleo. Este termina no intestino grosso onde se abre por meio de um orifício circundado por uma saliência esta que constitui a válvula íleo-cecal. O intestino grosso consiste em ceco, cólon e reto, mostrando grande variação quando se comparam as diversas espécies (D`arce e Flechtmann, 1985). Diversos trabalhos demonstram que existe correlação entre as estruturas do tubo digestório e o hábito alimentar dos peixes (Fugi e Hahn, 1991). Segundo Fryer e Iles (1972), o comprimento do intestino é claramente relacionado à categoria trófica em peixe, e o comprimento é ordenado da seguinte maneira: carnívoro < onívoro < herbívoro < detritívoro. O conhecimento de características morfofisiológicas do tubo digestório é essencial para se compreender as modificações devido às adaptações a dietas e também para se obter sucesso na criação (Curry, 1939; Al-Hussaini, 1949; Langille e Youson, 1984). A análise do tubo digestório é importante na determinação da dieta em marsupiais e em geral, o formato e o tamanho dos órgãos são funcionalmente adaptados (Crowe e Hume, 1997). O tamanho do intestino grosso é um bom indicador da dieta para pequenos mamíferos: uma maior dimensão indica que a espécie tende a ser mais herbívora na dieta, e em contraste, uma menor dimensão, indica ser mais carnívora. Por outro lado, o comprimento do intestino delgado não ajuda a elucidar a atual dieta do animal (Schieck e Millar, 1985; Stevens e Hume, 1998). Segundo Junger et al. (1989), o comprimento intestinal menor indica uma tendência da espécie a carnivoria. Além disso, herbívoros podem possuir especializações ausentes em carnívoros como o ceco e válvulas intestinais. A importância do intestino grosso varia segundo a espécie animal. Nos carnívoros, o intestino grosso é de tamanho relativamente pequeno, apresentando pouca importância digestiva, sendo o local onde simplesmente ocorre a recuperação da água que foi perdida com 9 as secreções digestivas. Para os herbívoros monogástricos, no entanto, o intestino grosso e, em especial, o ceco, são de enorme importância digestiva. Aí ocorre a digestão bacteriana da celulosa e outros carboidratos das forragens que, de outra maneira, não poderiam ser aproveitados (D`arce e Flechtman, 1985). Os répteis mostram alto grau de adaptação morfofisiológica aos seus hábitats, sendo o tubo digestório característico para espécies herbívoras, onívoras e carnívoras, diferindo na forma do estômago e em comprimento e volume do intestino delgado e intestino grosso (Zentek e Dennert, 1997). De acordo com Hildebrand (1995); (Hildebrand e Goslow, 2006), os répteis carnívoros têm um estômago simples, mas distensível, e o intestino tende a ser curto. Enquanto a maioria dos répteis herbívoros tem um estômago grande e complexo, que funciona como reservatório ou câmara fermentativa, com intestino relativamente longo. 2.2.1 Morfologia do tubo digestório em quelônios De acordo com Parsons e Cameron (1977); Legler (1993) para quelônios em geral, o esôfago é um tubo distensível e a mucosa consiste tipicamente de pregas longitudinais. Já segundo Hildebrand (1995), o esôfago tende a ser ciliado se o alimento ingerido é mole e é queratinizado em algumas tartarugas. Em tartarugas marinhas, o esôfago é revestido internamente com papilas pontiagudas e queratinizadas (Rainey, 1981; Work, 2000; Wyneken, 2001; Pressler et al., 2003; Magalhães, 2007; Magalhães et al., 2008). O estômago em tartarugas marinhas está situado no lado esquerdo da cavidade celomática (Work, 2000; Magalhães, 2007), é semelhante a uma bolsa e distintamente mais largo do que partes adjacentes do intestino, com amplas rugosidades e pregas longitudinais na sua mucosa (Parsons e Cameron, 1977; Legler, 1993). P. unifilis apresenta estômago dividido em dois compartimentos por uma constrição, um proximal e outro distal (Pinto, 2006). Em P. expansa, o estômago apresenta forma achatada, com a região pilórica bem desenvolvida e encurvada (Oliveira et al., 1996; Santos et al., 1998). Segundo Work (2000); Wyneken (2001), a mucosa do intestino delgado em muitas tartarugas marinhas possui aparência de “favos de mel”. Entretanto, Magalhães (2007) descreveu que, nas espécies Chelonia mydas, Lepdochelys olivacea, Caretta caretta e Eretmochelys imbricata existem diferenças na mucosa do duodeno, jejuno e do íleo, sendo a 10 mucosa do duodeno marcada com pregas reticulares e do jejuno e íleo por pregas longitudinais. Já na Dermochelys coriacea, todo o intestino delgado apresentou mucosa com pregas reticulares. De acordo com Wyneken (2001) a transição entre as regiões do intestino (duodeno, jejuno e íleo) é muitas vezes de difícil identificação e delimitação, onde para confirmação o ideal é utilizar métodos histológicos. Em P. expansa (Oliveira et al., 1996; Santos et al., 1998) e P. unifilis (Pinto, 2006) o intestino delgado é longo e enovelado. O intestino grosso em tartarugas marinhas é marcado pela alternância de regiões abauladas (haustros ou saculações) com ausência de pregas, e estreitamentos com pregas retilíneas. A região referente ao reto apresentou pregas retilíneas evidentes (Magalhães, 2007). De acordo com Parsons e Cameron (1977) o padrão do cólon é muito difícil de descrever porque raramente é distinto, e por ser distensível, o padrão das pregas pode desaparecer completamente quando o cólno está cheio. Em P. expansa (Oliveira et al., 1996; Santos et al., 1998) e P. unifilis (Pinto, 2006) inicia-se com uma dilatação, conhecida como ceco. Trabalhos publicados com histologia do tubo digestório em quelônios ainda são de pouco conhecimento, tendo trabalhos apresentados em congressos com tartaruga marinha C. mydas (Magalhães et al., 2008), com P. expansa (Oliveira et al., 1996), um relatório (Santos et al., 1998), uma monografia com tartarugas marinhas (Magalhães, 2007), um artigo no prelo com C. mydas (Magalhães et al. no prelo) e um artigo apenas com a descrição histológica do esôfago (Vogt et al., 1998). O esôfago foi descrito como apresentando epitélio estratificado pavimentoso para os Podocnemididae (Vogt et al., 1998), estratificado pavimentoso queratinizado em C. mydas (Magalhães, 2007; Magalhães et al. no prelo), epitélio colunar ciliado em P. expansa (Oliveira et al., 1996) e estratificado colunar também em P. expansa (Santos et al., 1998). Esse órgão apresentou-se aglandular em C. mydas (Magalhães, 2007; Magalhães et al., 2008) em espécies da família Podocnemididae (Vogt et al., 1998) e em P. expansa (Santos et al., 1998). O estômago em P. expansa (Oliveira et al., 1996) e C. mydas (Magalhães, 2007) apresenta glândulas gástricas com células secretoras e o intestino delgado mucosa com inúmeras vilosidades e células caliciformes. O intestino grosso em P. expansa (Oliveira et al., 1996) apresenta mucosa com muitas vilosidades revestida por um epitélio pseudoestratificado cilíndrico com células caliciformes em grande quantidade . 11 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral Caracterizar a morfologia do tubo digestório nos segmentos esôfago, estômago, intestinos delgado e grosso de cinco espécies da família Podocnemididae: Podocnemis expansa, Podocnemis unifilis, Podocnemis erythrocephala, Podocnemis sextuberculata e Peltocephalus dumerilianus, relacionando esses achados morfológicos com sua categoria alimentar. 3.2 Objetivos específicos 1) Descrever a anatomia do tubo digestório; 2) Descrever a histologia dos órgãos do tubo digestório; 3) Comparar a morfometria dos intestinos delgado e grosso; 4) Comparar a anatomia e a histologia entre as espécies; 5) Relacionar a morfologia do tubo digestório das espécies analisadas à sua categoria alimentar. 12 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Obtenção dos animais O tubo digestório das espécies P. expansa e P. unifilis analisados foram de quelônios provenientes de vida livre no âmbito do Projeto “Bases Técnico-Científicas e Protocólons de Beneficiamento para a Implantação da Cadeia Produtiva de Jacarés e de Quelônios nas Florestas Alagáveis de Várzea da Amazônia Central (Bajaquel) - CNPq/408760/2006-0”, em nome de Ronis Da Silveira (Licenças IBAMA 11919-1, 11919-2, 14498-1, 14498-2). As coletas foram desenvolvidas na várzea localizada na margem esquerda (em relação à nascente) do Rio Purus, no limite norte da Reserva de Desenvolvimento Sustentável PiagaçuPurus e na área de várzea adjacente. Os tubos digestórios foram obtidos nos meses de abril, agosto e setembro de 2008 e posteriormente tombados na Coleção de Anfíbios e Répteis do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA (Anexo 1). Os exemplares de P. erytrhocephala, P. sextuberculata e P. dumerilianus foram quelônios coletados para a Coleção de Anfíbios e Répteis do INPA (Licença 13347-1). P. erytrhocephala são provenientes do rio Itu, Barcelos/AM (00º30'390"S; 063º12'876"W) e próximos da Comunidade da Floresta I, Barcelos (01º22’171’’S; 061’39’769’’W), P. sextuberculata das proximidades da Comunidade da Floresta I, Barcelos/AM (01º22’171’’S; 061’39’769’’W) e P. dumerilianus do rio Itu, Barcelos/AM (00º30’390’’S; 063’12’876’’ W). Essas espécies foram obtidas nos meses de maio e setembro de 2008 e março de 2009. Todos os exemplares estão tombados na Coleção de Anfíbios e Répteis do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA (Anexo 1). As coletas foram realizadas com redes malhadeiras. Essas redes são formadas por três malhas, duas laterais (firmes) e uma interna (solta) que formam uma espécie de saco quando os quelônios são coletados. Cada malhadeira possui 100 m de comprimento, 2,5 m de altura e distâncias entre nós de 10 ou 20 cm. As malhadeiras foram revisadas a cada três horas para evitar afogamento dos animais (Vogt, 1980). 13 4.2 Biometria dos animais Realizou-se a biometria de todos os espécimes analisados, sendo registrados os dados individuais referentes ao comprimento retilíneo da carapaça (CRC) (Figura 2). A mensuração foi realizada com auxílio de um paquímetro digital (precisão de 1mm). Essa medida foi realizada para indicar as classes de tamanho de cada exemplar analisado. Ver tabela 1 as médias do CRC de cada espécie. Figura 2 – Representação da biometria do comprimento e da largura retilínea da carapaça. (adaptado de Luz et al., 2003) 4.3 Processamento e análise da anatomia do tubo digestório Parte do procedimento e análise anatômica foi realizada ainda em campo e parte no Laboratório de Ecologia e Sistemática de Quelônios do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA. Para o estudo anatômico foram utilizados 75 animais de comprimentos variados agrupados em 15 exemplares de cada espécie, P. expansa, P. unifilis, P. erythrocephala, P. sextuberculata e P. dumerilianus. Os quelônios do projeto BAJAQUEL foram insensibilizados por resfriamento (gelo em água, de 0 a 20º Celsius, por 15 minutos), segundo características fisiológicas e 14 comportamentais de reptilianos, e posteriormente abatidos através da secção da cabeça. Todos esses processos seguiram normas mínimas de ética humanitária de produção animal, sendo todas as etapas supervisionadas por dois Médicos Veterinários e por um biólogo do IBAMAAM, membros da Equipe Técnica do Projeto. (Licenças IBAMA 11919-1, 11919-2, 14498-1, 14498-2). Após dissecação o tubo digestório foi doado para análise. O abate dos animais destinados a coleção foi realizado conforme os procedimentos sugeridos por Silva Neto (1998). Para insensibilização dos animais, estes foram colocados em um recipiente, contendo água e gelo a uma temperatura em torno de 5ºC, durante 20 minutos. Para o abate foi realizada a secção da cabeça. (Licença 13347-1). Os animais foram dissecados de acordo com a metodologia utilizada por Work (2000), possibilitando análise de características morfológicas externas e internas do tubo digestório. Para análise da disposição e morfologia dos órgãos digestórios, foram retirados além do plastrão, os músculos peitorais, clavículas e cintura pélvica; ficando exposto todo o tubo digestório, sendo assim realizada a descrição sobre a topografia de cada órgão na cavidade celomática e também sua morfologia. Para estudo da morfologia interna dos órgãos, o tubo digestório foi retirado manualmente, em seguida, aberto com auxílio de uma tesoura e imerso em água, sendo as partículas alimentares removidas para facilitar a visualização. Em seguida, foi realizada a descrição morfológica interna de cada órgão, sendo descrito a presença de papilas, tipo e a disposição das pregas da mucosa, e presença de esfíncteres. Para auxiliar na descrição morfológica foram realizadas imagens fotográficas. A medida do comprimento de cada órgão (esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso) foi realizada com o tubo digestório aberto, levando em consideração a presença de esfíncteres, formato do órgão e mudança do padrão das pregas da mucosa, com o auxílio de uma linha e de fita métrica flexível. A linha foi colocada percorrendo todo o tubo digestório e na transição do órgão a linha era cortada e colocada sobre a fita métrica para obtenção do comprimento em centímetros. Ver na tabela 1 a média do comprimento (cm) de cada órgão (esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso). Ao fim de cada análise o material foi devidamente acondicionado, etiquetado e fixado em solução aquosa de formol tamponado a 10%. 15 4.4 Preparação dos cortes histológicos para microscopia de luz O processamento e a análise histológica, foram realizados no Laboratório de Histologia do Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a coloração pelo método de PAS no Laboratório de Histologia do Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para esta análise foram utilizados três exemplares de cada espécie alvo. De cada exemplar, foram retirados fragmentos de diferentes segmentos ao longo do tubo digestório, conforme descritos a seguir: - Regiões cranial e caudal do esôfago, referente à porção das papilas esofágicas e pregas longitudinais, respectivamente (corte transversal); - Transição do esôfago com o estômago (corte longitudinal); - Regiões cranial, média e caudal do estômago equivalem às regiões: cárdica, fúndica e pilórica (corte transversal); - Região do esfíncter pilórico (corte longitudinal); - Região referente ao duodeno, jejuno e íleo no intestino delgado (corte transversal); - Transição do intestino delgado com o intestino grosso (corte longitudinal); - Região referente ao ceco e ao cólon e reto no intestino grosso (corte transversal). Ver figura 3. 16 Figura 3 – Figura esquemática demonstrando o local dos fragmentos retirados ao longo do tubo digestório para análise histológica. ▌corte transversal; ▬ corte longitudinal. O material foi acondicionado individualmente em frascos contendo solução aquosa de formaldeído a 10% tamponado com fosfato de sódio 0,1M, pH 7,4 a 4oC. Após fixação, o material foi lavado em água corrente para retirada do excesso do fixador e então submetido às técnicas histológicas padrão (desidratação, diafanização e inclusão em parafina) (Maia, 1979) (Anexo 2). Obtidos os blocos, foram preparados cortes de 5µm em micrótomo (slee Cut 4255), que eram levados à esfufa a 55°C. As lâminas posteriormente foram submetidas às técnicas de coloração por Hematoxilina-Eosina - HE (Maia, 1979), Tricômio de Mallory (Mallory, 1938) e Ácido Periódico de Schiff - PAS (Hooghwinkel e Smith, 1948) (Anexo 3). Finalizada a coloração, procedeu-se a montagem definitiva das lâminas utilizando-se bálsamo do canadá interface entre lâmina e lamínula. Em seguida, as lâminas confeccionadas foram observadas ao microscópio de luz (Olympicos BX41), e imagens obtidas em microscópio trinocular com iluminação transmitida (Axiostar Plus Zeiss) com câmera fotográfica digital Canon PowerShot acoplada para posterior análise. 17 4.5 Análise estatística As medidas do comprimento dos intestinos delgado e grosso foram utilizadas para comparação estatística. As demais variáveis amostradas foram descritas através de média aritmética e desvio-padrão. Os comprimentos relativos do intestino delgado e do intestino grosso foram obtidos pela divisão de cada uma dessas medidas pelo comprimento total do seu respectivo tubo digestório. O coeficiente de variação dos intestinos delgado e grosso foi calculado baseado na media aritmética e desvio padrão de cada espécie (CV = desvio padrão / média x 100). Para evitar a heterocedasticidade das variáveis relacionada com percentagens e proporções (Zar, 1996) os dados foram submetidos à transformação arcosseno da raiz quadrada (Crowe e Hume, 1997). Os comprimentos dos intestinos delgado e grosso foram comparados em cada uma das espécies estudadas através do Teste t de Student para amostras pareadas (Zar, 1996), com nível de significância de 5%. Foram analisados os valores relativos dos comprimentos dos intestinos delgados e grossos entre as cinco espécies estudadas. Essas variáveis foram submetidas ao teste de homogeneidade de variância de Levene. Os valores referentes ao intestino delgado não se mostraram heterocedásticos, sendo comparados pelo testes não paramétricos de KruskalWallis para a variância e de Dwass-Steel-Critchlow-Fligner para comparação das médias (Critchlow e Fligner, 1991). Os valores relativos do intestino grosso mostraram-se homocedásticos, sendo comparados por análise de variância unifatorial e em seguida submetidos ao teste de Tukey para amostras de tamanhos diferentes (Zar, 1996). 18 5 RESULTADOS Nesse estudo foi descrita a morfologia dos segmentos do tubo digestório, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso de cinco espécies de Podocnemididae. 5.1 Esôfago O esôfago nas cinco espécies analisadas apresentou-se com um órgão tubular músculo-membranáceo. Os comprimentos do esôfago de cada espécie estudada estão descritos na tabela 1. Em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala o esse órgão encontrouse localizado medianamente na região cervical e sofre um desvio lateral à direita na região celomática, unindo-se ao cárdia (Figura 4). Em P. sextuberculata e P. dumerilianus o esôfago também se encontrou localizado medianamente na região cervical, e na região celomática sofre um desvio à esquerda, quando se une ao cárdia (Figura 5). A mucosa esofágica mostrouse dividida e caracterizada por duas regiões distintas. Figura 4 – Disposição do esôfago encontada em P. expansa, P.unifilis e P. erythrocephala. e: esôfago; s: estômago; (→) transição esôfago-estômago. 19 Figura 5 – Disposição do esôfago encontrada em P. dumerilianus. e: esôfago; s: estômago; (→) transição esôfago-estômago. A primeira região esofágica, mais curta, localizada na região cervical foi caracterizada por pequenas papilas cônicas, as papilas esofágicas, orientadas no sentido do estômago (Figura 6). Histologicamente, as papilas esofágicas eram formadas pela projeção da mucosa e da submucosa do esôfago. Nas cinco espécies analisadas, a mucosa foi revestida por dois tipos distintos de epitélio, epitélio estratificado pavimentoso (Figura 7B; 7H) e epitélio estratificado cilíndrico (Figura 7A; 7C; 7D; 7F; 7G), porém em P. erythrocephala ao invés de cilíndrico foi observado epitélio cúbico alto (Figura 7E). O epitélio estratificado pavimentoso localizava-se nas regiões apicais das papilas, enquanto o epitélio estratificado cilíndrico distribuía-se nas demais áreas como pode ser observado na porção superior da Figura 7D. O elemento com predominância no epitélio estratificado cilíndrico foram células superficiais mucosas, que são células cilíndricas alongadas com reação positiva ao PAS (Figura 7A; 7C; 7E), dispostas de forma homogênea na região apical do epitélio. Estavam presentes 20 numerosas células secretoras, caracterizadas como células ovaladas que reagem irregularmente ao PAS (Figura 7A; 7C) e células caliciformes, caracterizadas com células globosas, mas às vezes ovaladas, que reagem positivamente ao PAS (Figura 7E), ambas disposta de forma não homogênea no epitélio. Não foi evidenciada a muscular da mucosa. A submucosa era aglandular, constituída de tecido conjuntivo frouxo (Figura 7). A coloração pelo método de Tricômio de Mallory indicou ausência de camada muscular contínua, e sim camada disposta em feixes de músculo intercalados com feixes de conjuntivo frouxo. Em alguns cortes foi possível diferenciar as duas subcamadas, a camada circular interna e a camada longitudinal externa, ambas de músculo liso. (Figura 7I; 7J; 7L). Presença de plexo mioentérico entre as camadas circular e longitudinal da camada muscular (Figura 7M). A segunda região, localizada na região celomática, constituiu quase todo o órgão, foi caracterizada por apresentar em sua superfície interna pregas longitudinais elevadas, ligeiramente onduladas e um pouco espaçadas entre si (Figura 6). Observou-se, também, que quanto maior o animal, mais desenvolvidas as papilas esofágicas e mais evidentes as pregas longitudinais. Histologicamente essa região apresentou mucosa pregueada constituída por epitélio estratificado cilíndrico, com predominância de células superficiais mucosas cilíndricas alongadas (Figura 8C; 8E; 8F). As células superficiais mucosas apresentaram-se mais alongadas que na primeira região, dando a impressão que a camada de muco estava mais espessa, demonstrado pela atividade através do PAS (Figura 8B; 8D; 8E). Foi identificada a presença de tecido linfóide associado à lâmina própria (GALT). Nesta região também não foi observado à muscular da mucosa. A Submucosa também era aglandular, formada por tecido conjuntivo frouxo e bem vascularizada (Figura 8). A camada muscular própria seguiu o mesmo padrão da primeira região do esôfago (figura 8G; 8H). Ainda, externamente, o esôfago era contínuo pela túnica adventícia exceto próximo a região cárdica onde recebe um revestimento mesotelial seroso. Não foi averiguado um esfíncter no limite de transição entre esôfago e estômago, contudo macroscopicamente existe uma simples constrição e mudança da coloração mais clara do esôfago, para avermelhada do estômago, quando no animal in vivo. Internamente 21 ocorre mudança da mucosa, de pregas longitudinais no esôfago para transversais no estômago em P. expansa, P. unifilis e P. erytrhocephala, e para pregas longitudinais espaçadas em P. sextuberculata e P. dumerilianus (Figura 7). Histologicamente é perceptível a transição pela mudança da mucosa esofágica pregueada para a mucosa com fossetas gástricas e da substituição do epitélio estratificado cilíndrico pelo epitélio cilíndrico simples. 22 Figura 6 - Mucosa esofágica em Podocnemididae. Primeira porção caracterizada pela presença de papilas esofágicas (→); Segunda porção caracterizada pela presença de pregas longitudinais ( ). A: P. expansa. B: P. unifilis. C: P. erythrocephala. D: P. sextuberculata. E: P. dumerilianus. 23 Figura 7 – Fotomicrografia da primeira porção do esôfago caracterizada pela presença de papilas esofágicas em Podocnemididae. A: Epitélio estratificado cilíndrico em P. expansa. (→): células superficiais mucosas; a: célula caliciforme; b: célula secretora; c: submucosa - PAS. B: Epitélio estratificado pavimentoso em P. expansa. d: epitélio estratificado pavimentoso; e: submucosa - HE. C: Epitélio estratificado cilíndrico em P. unifilis. (→): células superficiais mucosas; f: célula secretora; g: submucosa - PAS. D: Em P. unifilis. h: epitélio estratificado pavimentoso; i: epitélio estratificado cilíndrico; j: célula caliciforme - HE. E: Epitélio estratificado cúbico alto em P. erythrocephala. (→): células superficiais mucosas; k: célula caliciforme - PAS. F: Epitélio estratificado cilíndrico em P. sextuberculata. (→): células superficiais cilíndricas mucosas; l: Célula caliciforme ; m: epitélio estratificado cilíndrico - HE. Aumento todas as fotos: 400X 24 Continuação Figura 7 - Fotomicrografia da primeira porção do esôfago caracterizada pela presença de papilas esofágicas em Podocnemididae. G: Epitélio estratificado cilíndrico em P. dumerilianus. n: células superficiais cilíndricas mucosas; o: submucosa - PAS. Aumento: 400X. H: Epitélio estratificado pavimentoso em P. dumerilianus (→) - PAS. Aumento: 400X. I: Camada muscular (→) em P. expansa; p: submucosa- HE. Aumento: 50X. J. Camada muscular (→) em P. erythrocephala; q: epitélio; r: submucosa; s: feixes de tecido conjuntivo entre as fibras musculares - HE. Aumento: 100X. L: Camada muscular (→); t: feixes de tecido conjuntivo entre as fibras musculares – TM. Aumento: 100X . M: Plexo mioentérico (→) em P. sextuberculata. HE. Aumento: 100X. 25 Figura 8 – Fotomicrografia da segunda porção do esôfago caracterizada pela presença de pregas longitudinais em Podocnemididae. A: Mucosa esofágica pregueada em P. erythrocephala - TM. Aumento: 50X. Nas imagens de B a D: observa-se o epitélio estratificado cilíndrico com células superficiais mucosas alongadas, característico desta região nas espécies P. expansa, P. unifilis, P. erythrocephala, respectivamente (→). a: pregas esofágicas; b: epitélio; c: submucosa; d: camada muscular. B; D – PAS. C – HE. Aumento B a D: 400X 26 Continuação Figura 4 – Fotomicrografia da segunda porção do esôfago caracterizada pela presença de pregas longitudinais em Podocnemididae. Nas imagens de E e F: observa-se o epitélio estratificado cilíndrico com células superficiais mucosas alongadas, característico desta região nas espécies P. sextuberculata e P. dumerilianus, respectivamente (→). c: submucosa; d: camada muscular. E – PAS. F – HE. Aumento E e F: 400X. G: Camada muscular em P. expansa - HE. Aumento: 100X. H: camada muscular em P. dumerilianus. c: submucosa; d: camada muscular circular interna; e: camada muscular longitudinal externa; f: tecido conjuntivo TM. Aumento: 50X. 27 5.2 Estômago Para as cinco espécies analisadas foram evidenciados três padrões anatômicos diferentes para o estômago. O primeiro padrão observado em P. expansa, P. unifilis e P. erytrhocephala, o estômago apresentou-se formado por duas porções bem evidentes, separadas por uma constrição com pregas longitudinais em sua mucosa. A primeira porção é a mais volumosa, localizada medianamente e ligeiramente deslocada para esquerda na cavidade celomática. Compreende praticamente todo o órgão, e é composta pelas regiões cárdica e fúndica (Figura 9A; 9B; 9C). A região cárdica foi caracterizada como sendo a primeira porção, logo após o esôfago, e a região fúndica ou corpo, a seguir, compreende todo o restante do órgão (Figura 9A; 9B; 9C). Internamente, as duas regiões são caracterizadas pela presença de pregas transversais em toda sua mucosa (Figura 10A; 10B; 10C). A segunda porção estomacal se curva para direita logo abaixo da primeira, sendo formada pela região pilórica bem desenvolvida (Figura 9A; 9B; 9C). Internamente, sua mucosa é marcada por pregas longitudinais elevadas (Figura 10A’; 10B’; 10C’). O segundo padrão encontrado, observado em P. sextuberculata, o estômago estava localizado no antímero esquerdo do animal e apresentou forma de “J” de aspecto saculiforme com fundo cego. Do esôfago, inicialmente o estômago se curva discretamente para a direita, sendo a porção inicial formada pela região cárdica, seguida por uma grande bolsa, a região fúndica ou corpo, com a curvatura maior localizada do lado esquerdo; dando continuidade à região pilórica, ascendente e curvada para a direita (Figura 9D). Internamente, sua mucosa é constituída, em toda extensão, por diversas dobras elevadas no sentido longitudinal, conferindo um aspecto pregueado (Figura 10D). No terceiro padrão, observado em P. dumerilianus o estômago, localizado à esquerda da cavidade celomática do animal, apresentou forma de ferradura curvada de aspecto saculiforme de fundo cego. A partir da porção caudal do esôfago, curva-se para a esquerda inicialmente formando a região cárdica, em seguida forma uma grande bolsa, a região fúndica ou corpo, e por fim a região pilórica constitui uma pequena área curvada para a direita (Figura 9E). Internamente a mucosa foi marcada pela presença de dobras longitudinais elevadas (Figura 10E). 28 Figura 9 - Padrões anatômicos encontrados para o estômago em Podocnemididae. c: região cárdica; f: região fúndica; p: região pilórica. A; B; C: estômago dividido em duas porções por uma constrição (→) em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala, respectivamente; D: estômago em forma de “J” em P. sextuberculata; E: estômago em forma de ferradura encurvada em P. dumerilianus. 29 Figura 10 - Mucosa do estômago. A: Mucosa da primeira porção do estômago da P. expansa com pregas transversais; A’: Mucosa da segunda porção do estômago da P. expansa com pregas longitudinais; B: Mucosa da primeira porção do estômago da P. unifilis com pregas transversais; B’: Mucosa da segunda porção do estômago da P. unifilis com pregas longitudinais; C: Mucosa da primeira porção do estômago da P. erythrocephala com pregas transversais; C’: Mucosa da segunda porção do estômago da P. erythrocephala com pregas longitudinais. (►) transição entre a primeira e a segunda porção do estômago. D: Mucosa do estômago da P. sextuberculata com pregas longitudinais; E: Mucosa do estômago do P. dumerilianus com pregas longitudinais. (→): transição esôfago-estômago. 30 Os comprimentos do estômago de cada espécie estudada estão descritos na tabela 1. Histologicamente em todas as espécies o estômago apresentou mucosa pregueada revestida por epitélio cilíndrico simples, constituído por células superficiais mucosas cilíndricas que são PAS positivas (Figuras 11, 12 e 13). Essas células podem variar de tamanho sendo maiores nos ápices das fossetas, e menores ao constituir as criptas. Em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala, não ocorreu formação de fossetas nas regiões cárdica e fúndica do estômago e sim pequenas pregas secundárias, onde as células superficiais mucosas encontram-se distribuídas homogeneamente por todo o epitélio. Em P. sextuberculata e P. dumerilianus, que apresentam criptas ou fossetas gástricas, as mesmas estiveram dispostas regularmente por toda a mucosa, diferenciando-se em tamanho e profundidade dependendo da região. Estas fossetas são invaginações do epitélio que estabelecem comunicação com a porção secretora das glândulas tubulares gástricas. As glândulas gástricas quando presentes localizaram-se apenas na lâmina própria. A muscular da mucosa apresentou-se bem evidente em todas as regiões do estômago e a submucosa foi constituída por tecido conjuntivo frouxo rico em vasos sanguíneos (Figuras 11, 12 e 13). Na região cárdica de P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala o epitélio de revestimento recobre pequenas pregas secundárias, e não origina criptas ou fossetas (Figura 11A, 11C, 11E). Não foram encontradas glândulas gástricas nesta região. Células caliciformes foram evidenciadas nessas três espécies - PAS positivas (Figura 11B; 11D). A região fúndica seguiu o mesmo padrão da cárdica para estas espécies, sendo também encontradas células caliciformes PAS positiva (Figura 12A; 12B; 12C; 12D; 12E). A região pilórica apresentou fossetas relativamente profundas, com uma grande quantidade de glândulas tubulares longas e simples (Figura 13A; 13B; 13C; 13D). As espécies P. sextuberculata e P. dumerilianus apresentavam a região cárdica com mucosa bem desenvolvida, com numerosas fossetas gástricas de pequena profundidade e com glândulas tubulares longas e simples, ocupando toda a lâmina própria (Figura 11F; 11G; 11H). A região fúndica apresentou o mesmo padrão que a cárdica, porém aparentemente com fossetas mais profundas e glândulas longas e simples (Figura 12F). Ambas as regiões apresentaram uma grande quantidade de glândulas. A região pilórica, diferentemente das outras regiões, possui fossetas mais profundas com glândulas tubulares simples e curtas, podendo apresentar também glândula tubular enovelada (Figura 13E; 13F; 13G; 13H). 31 A camada muscular no estômago variou nas três regiões. Em algumas espécies foi verificada a presença de duas camadas musculares, uma circular interna e uma longitudinal externa. Enquanto, que em outras foi verificado uma terceira camada, uma camada muscular oblíqua entre a circular e a longitudinal. Sendo evidente que na região pilórica a camada muscular se apresenta mais espessa do que nas outras regiões. Externamente, o estômago é recoberto por uma membrana serosa. Figura 11- Fotomicrografia da região cárdica do estômago em Podocnemididae. A: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. expansa. a: pregas; b: muscular da mucosa; c: submucosa - HE. Aumento: 50X. B: Células caliciformes presentes no epitélio em P. expansa (→). d: epitélio - PAS. Aumento: 400X. C: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. erythrocephala. e: pregas; f: submucosa - HE. Aumentov 100X. D: Células caliciformes presentes no epitélio em P. erythrocephala (→) – PAS. Aumento: 400X. 32 Continuação Figura 11- Fotomicrografia da região cárdica do estômago em Podocnemididae. E: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. unifilis. g: pregas - PAS. Aumento: 100X. F: Região das fossetas e glândulas gástricas em P. sextuberculata. (→): fosseta gástrica; (*): epitélio cilíndrico simples com células superficiais mucosas; h: região das glândulas gástricas - PAS. Aumento: 100X. G: Em P. dumerilianus. i: região das glândulas gástricas; j: muscular da mucosa - HE. Aumento 50X. H: Região das fossetas e glândulas gástricas em P. dumerilianus. (→): fosseta gástrica; l: região das glândulas gástricas - PAS. Aumento: 100X. 33 Figura 12 – Fotomicrografia da região fúndica do estômago em Podocnemididae. A: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. expansa. a: pregas; b: muscular da mucosa; c: submucosa - PAS. Aumento: 100X. B: Células caliciformes presentes no epitélio em P. expansa (→) - PAS. Aumento: 400X. C: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. erythrocephala. d: pregas; e: epitélio cilíndrico simples; f: muscular da mucosa – HE. Aumento: 100X. D: Células caliciformes presentes no epitélio em P. erythrocephala (→) - PAS. Aumento: 400X. E: Pequenas pregas secundárias sem formação de fossetas em P. unifilis. g: pregas; (→): célula caliciforme - HE. Aumento: 400X. F: Região das fossetas e glândulas gástricas em P. dumerilianus. (→): fosseta gástrica; h: região das glândulas gástricas; i: muscular da mucosa; j: submucosa - PAS. Aumento: 100X. 34 Figura 13 – Fotomicrografia da região pilórica do estômago em Podocnemididae. A: Fossetas e glândulas pilóricas em P. expansa. (→): fosseta; a: glândulas; b: muscular da mucosa; c: submucosa - PAS. B: Região das glândulas pilóricas em P. unifilis - HE. C: Fossetas gástricas em P. unifilis (→) - PAS. D: Fossetas gástricas em P. erythrocephala (→). (*): células superficiais mucosas. Aumento A e B: 100X. Aumento C e D: 400X. 35 Continuação Figura 13 - Fotomicrografia da região pilórica do estômago em Podocnemididae. E e F: Fossetas e glândulas pilóricas em P. sextuberculata. (→): fosseta; d: glândulas; e: muscular da mucosa; f: submucosa. E – HE. F – PAS. G: Fossetas gástricas e glândulas pilóricas em P. dumerilianus. (→): fossetas; g: glândulas - PAS. H: Região das glândulas pilóricas em P. dumerilianus - PAS. Aumento E a G: 100X. Aumento H: 400X. 36 A transição do estômago para o intestino delgado nas cinco espécies estudadas se deu pela presença de um espessamento muscular circular, caracterizando o esfíncter pilórico. Esse esfíncter é bem evidente em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala, porém em P. dumerilianus e P. sextuberculata esse esfíncter é menos expressivo (Figura 14). Histologicamente na região do esfíncter ocorre um espessamento da submucosa e da camada muscular própria, e ocorre mudança da mucosa com fossetas estomacais para as vilosidades intestinais. Figura 14 - Esfincter pilórico (→). s: estômago; d: duodeno. A: P. expansa. B: P. unifilis. C: P. erythrocephala. D: P. dumerilianus. 37 5.3 Intestino Delgado Em todas as espécies analisadas, o intestino delgado (ID) consistiu de um tubo longo, fino e enovelado. A primeira alça intestinal originou-se a partir do esfíncter pilórico, como uma região retilínea e curta da esquerda para a direita. Em seguida descende se tornando um órgão enovelado, localizado à direita na cavidade celomática (Figura 15). Macroscopicamente, não foi possível a delimitação exata de cada região do ID (duodeno, jejuno e íleo) por não possuírem limites de demarcação definidos. Desta forma, neste estudo foram consideradas regiões cranial, média e caudal para as análises do duodeno, jejuno e íleo, respectivamente. A primeira região, retilínea, foi considerada como duodeno e a parte mais longa e enovelada, jejuno/íleo (Figura 15). Os comprimentos (cm) do ID de cada espécie estudada estão descritos na tabela 1. Ver tabela 2 para comparação do tamanho proporcional (%) do ID entre as espécies. A região cranial apresentou pregas reticulares (Figura 16A; 16A’), e a região média apresentou pregas longitudinais baixas em zigue-zague (Figura 16B). No entanto, não foi claramente observado o local exato de transição das pregas reticulares para aquelas em ziguezague. Na região caudal as pregas longitudinais em zigue-zague eram altas e bem evidentes (Figura 16C; 16C’). Figura 15 - Intestino delgado. A: P. erythrocephala. B: P. sextuberculata. s: estômago; d: duodeno, primeira região do intestino delgado caracterizado como uma porção curta; j/i: jejuno/íleo, região do intestino delgado caracterizada como longa e enovelada; ig: intestino grosso. 38 Figura 16 - Mucosa do intestino delgado. Em A: Região cranial com pregas reticulares na P. expansa; e A’ na P. unifilis. B: Região medial com pregas longitudinais em zigue-zague baixas em P. expansa. C: Região caudal com pregas longitudinais em zigue-zague altas e bem evidentes na P. expansa e em C’: na P. unifilis. 39 Histologicamente o intestino delgado de todas as espécies apresentou mucosa constituída por vilosidades revestida por epitélio cilíndrico simples, com células caliciformes dispersas nas vilosidades, as quais reagem fortemente ao PAS. A lâmina própria e a submucosa aglandular, foram formadas por tecido conjuntivo frouxo. A muscular da mucosa foi constituída de uma fina camada de músculo liso. Cada região (cranial, média e caudal) foi diferenciada pelo padrão de suas vilosidades e pela quantidade de células caliciformes. Ocorreu padrão semelhante para todas as espécies, havendo diferenças de altura. O duodeno apresentou vilosidades filiformes e alongadas, sendo encontradas vilosidades simples e ramificadas. Em algumas espécies mostravam-se mais alongadas que em outras (Figura 17). O jejuno apresentou vilosidades menores que as duodenais, porém não seguiu um padrão contínuo, ocorrendo alternância de vilosidades foliáceas, ramificadas e digitiformes (Figura 18). O íleo apresentou vilosidades baixas e com base larga, com aspecto fungiforme, no entanto algumas vilosidades mostraram-se ramificadas, e também convolutas (Figura 19). A quantidade de células caliciformes aumentou em direção ao íleo. A camada muscular é composta pela camada circular interna e pela longitudinal externa, sendo a primeira mais espessa que a segunda, ambas de fibras musculares lisas. Limitando o órgão externamente encontrou-se a serosa. A delimitação do intestino delgado para o intestino grosso se deu pela presença de um espessamento muscular, caracterizando um esfíncter ileocecal (Figura 20). 40 Figura 17 – Fotomicrografia das vilosidades do duodeno em Podocnemididae. A: Em P. expansa. a: simples; b: ramificada - PAS. B: Vilosidades filiformes em P. erythrocephala - HE. C: Vilosidades filiformes em P. dumerilianus - PAS. D: Células caliciformes presentes nas vilosidades (↔) em P. dumerilianus - PAS. Aumento A a C: 100X. Aumento D: 400X. 41 Figura 18 – Fotomicrografia das vilosidades do jejuno em Podocnemididae. Observar alternância de vilosidades foliáceas, ramificadas e digitiformes. A: Em P. expansa – HE. B: Em P. unifilis – HE. C: Em P. sextuberculata. a: vilosidade digitiforme; b: vilosidade ramificada; c: vilosidade foliácea - PAS. Aumento de todas as fotos: 50X. 42 Figura 19 – Fotomicrografia das vilosidades do íleo em Podocnemididae. A: Vilosidades fungiformes baixas em P. sextuberculata - HE. Aumento: 50X. B: Vilosidades ramificadas em P. sextuberculata - TM. Aumento: 100 X. C: Vilosidades convolutas em P. dumerilianus - PAS. Aumento 50X. D: Células caliciformes presentes no íleo em P. dumerilianus (→) - PAS. Aumento: 400X. 43 5.4 Intestino Grosso Em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala o intestino grosso iniciou-se com uma dilatação bem evidente, o ceco, com presença de pregas transversais em sua mucosa. Segue em uma região reta e tubular, constituindo o cólon/reto, com pregas longitudinais onduladas em sua mucosa, demonstrando às vezes um padrão irregular das pregas (Figura 20A; 20B). Diferente, em P. sextuberculata e P. dumerilianus, o intestino grosso não apresenta um ceco evidente (dilatação), seguindo de uma região tubular. Nestas espécies o intestino grosso, a partir do esfíncter ileocecal, aumenta de diâmetro em relação ao intestino delgado, mantendo constate o diâmetro até a cloaca. Internamente apresenta pregas transversais em sua mucosa (Figura 20C; 20D; 20E). Os comprimentos (cm) do IG de cada espécie estudada estão descritos na tabela 1. Ver tabela 2 para comparação do tamanho proporcional (%) do IG entre as espécies. 44 Figura 20 - Intestino grosso. A: Padrão encontrado em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala. Intestino grosso iniciando com uma dilatação, cc: ceco, e seguindo com uma região reta e tubular, c/r: cólon/reto. B: Mucosa do ceco com pregas transversais (→); mucosa do cólon/reto com pregas longitudinais onduladas ( ). C e D Padrão encontrado em P. sextuberculata e P. dumerilianus, respectivamente. Intestino grosso formado por uma região tubular. E: Mucosa do intestino grosso em P. dumerilianus com pregas transversais. id: intestino delgado; ig: intestino grosso. Região circulada refere-se ao esfíncter ileocecal. 45 A histologia de todas as espécies seguiu padrão semelhante. O ceco e o cólon/reto apresentaram mucosa pregueada com pregas primárias e secundárias. A mucosa foi revestida por epitélio cilíndrico simples, com numerosas células caliciformes e uma camada de muco evidente, reagindo fortemente ao PAS (Figura 21 e 22). A lâmina própria e a submucosa mostraram-se aglandulares, compostas de tecido conjuntivo frouxo, bastante vascularizado e com linfócitos associados formando agregados linfóides na lâmina própria. A camada muscular própria foi composta por uma camada circular interna e longitudinal externa, ambas de fibras musculares lisas. A camada circular apresentou-se mais espessa que a longitudinal. No reto os feixes de músculo da camada muscular longitudinal externa se congregaram em faixas formando as tênias (Figura 22) Figura 21 – Fotomicrografia da região proximal do intestino grosso. A: Região referente ao ceco em P. expansa. a: mucosa pregueada; b: camada muscular - HE. Aumento: 50X. B: Região proximal do intestino grosso em P. sextuberculata. (→): prega primária; c: pregas secundárias; d: submucosa - PAS. Aumento: 50X. C: Presença de células caliciformes na região proximal do intestino grosso em P. dumerilianus (→). e: epitélio cilíndrico simples - PAS. Aumento: 400X. 46 Figura 22 – Fotomicrografia da região do reto. A: Mucosa pregueada e submucosa formada por tecido conjuntivo frouxo em P. unifilis. a: mucosa pregueada com células caliciformes; b: submucosa; c: camada muscular circular interna; d: camada muscular longitudinal externa formando tênias - PAS. Aumeto: 100X. B: Camada muscular do reto em P. expansa - HE. Aumento: 50X. Foram observadas diferenças significativas (p<0,05) no comprimento dos intestinos delgado e grosso em relação ao tubo intestinal para as cinco espécies de Podocnemididae (Tabela 2). P. dumerilianus apresentou o intestino grosso relativamente maior entre as espécies de Podocnemididae avaliadas. O maior e o menor comprimento relativo do intestino delgado foram observados na P. sextuberculata e P. dumerilianus, respectivamente. As espécies P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala não apresentaram diferenças (p>0,05) entre si na proporção em relação ao tubo intestinal possuindo valores medianos entre as duas espécies anteriores. Para todas as cinco espécies o intestino delgado foi proporcionalmente maior que o grosso (p < 0,0001). O intestino delgado apresentou uma menor variação no tamanho em relação ao intestino grosso (p<0,0001) das Podocnemididae estudadas. Ver tabela 2 para os resultados das análises estatísticas. 47 Tabela 1 - Médias do Comprimento (cm) da Carapaça (CC) e dos órgãos do tubo digestório – esôfago, estômago, intestino delgado (ID) e intestino grosso (IG) nas espécies de Podocnemididae. Espécie CC Esôfago Estômago ID IG P. expansa 29,98±2,85 9,32±3,13 22,84±4,32 47,90±13,58 12,25±3,35 P. unifilis 37,29±4,90 10,99±2,80 37,88±11,99 81,39±16,34 22,84±7,81 P. erythrocephala 24,62±2,67 7,87±0,95 20,25±5,81 44,37±14,23 10,50±3,83 P. sextuberculata 22,53±1,38 10,00±1,46 8,07±1,11 44,91±7,47 10,38±2,61 P. dumerilianus 29,39±2,65 12,31±1,20 12,81±2,42 37,82±4,50 21,61±2,77 Média ± Desvio Padrão Tabela 2: Tamanho proporcional* (%) dos intestinos delgado e grosso para cinco espécies da família de Podocnemididae. INTESTINO DELGADO % INTESTINO GROSSO % TESTE t P. expansa 51,41±8,96 a 13,39±3,55 A p < 0,0001 P. unifilis 52,57±5,35 a 14,47±3,34 A p < 0,0001 P. erythrocephala 52,91±4,20 a 12,60±2,46 A p < 0,0001 P. sextuberculata 61,34±2,47 b 14,13±2,47 A p < 0,0001 P. dumerilianus 44,68±4,16 c 25,62±3,42 B p < 0,0001 CV T 14,46 35,72 p < 0,0001 CV D 12,70 22,03 p < 0,0001 ESPÉCIE *Média ± desvio padrão Letras minúsculas diferentes na coluna indicam, diferença (p<0,05) pelo teste de Dwass-Steel-Chritchlow-Fligner Letras maiúsculas diferentes na coluna indicam, diferença (p<0,05) pelo teste de Tukey para amostras de tamanho desigual. CV: coeficiente de variação; T: todas as espécies ; D: todas as espécies excluindo P. dumerilianus 48 6 DISCUSSÃO Para todas as espécies estudadas a mucosa esofágica mostrou-se caracterizada por duas regiões bem distintas. A primeira região com papilas esofágicas orientadas no sentido do estômago e a segunda com pregas longitudinais. Essas papilas também foram descritas por Vogt et al. (1998) para as cinco espécies de Podocnemididade, porém foram ausentes para espécies de Chelidae. A presença dessa região com papilas, esta possivelmente associada com o peculiar comportamento alimentar de neustofagia empregada por P. unifilis (Belkin e Gans, 1968) e outras espécies de Podocnemis (Rhodin et al., 1981). As papilas esofágicas também estão presentes em todas as tartarugas marinhas (Parsons e Cameron, 1977; Bjorndal, 1985; Work, 2000, Wyneken, 2001, Magalhães, 2007, Magalhães et al. no prelo). Entretanto, ao contrário do que ocorre em Podocnemididae essas papilas se estendem até a transição com o estômago. A orientação das mesmas sugere que elas podem facilitar na ingestão do alimento e evitar sua regurgitação do estômago devido à mudança de pressão durante o mergulho (Bleakney, 1965; Porter, 1972; Work, 2000; Wyneken, 2001; Pressler, 2003). A presença de pregas longitudinais na mucosa esofágica já havia sido descrita por diversos autores (Porter, 1972; Legler, 1993; Zug et al., 2001), aumentando significativamente o diâmetro do esôfago para garantir a capacidade de dilatação do órgão adequando-o para a condução do alimento ao estômago. Menin (1988) propôs que o padrão da mucosa, se mais ou menos pregueada, levaria a maior ou menor capacidade de deglutição. No Caiman crocodilus (jacaré-tinga) e no Chelus fimbriatus (matamatá), que engolem presas grandes e inteiras, foi verificada uma mucosa esofágica bem pregueada (obs. pessoal). Então, o padrão pregueado longitudinalmente das espécies de Podocnemididae estudadas pode ser relacionado ao fato de que nas análises anatômicas foram encontradas muitas sementes grandes e inteiras. Vogt et al. (1998) descreveu o epitélio esofágico dos Podocnemididae como sendo estratificado pavimentoso. Entretanto, Oliveira et al. (1996) descreveu para P. expansa como sendo colunar ciliado, enquanto que para a mesma espécie Santos et al. (1998) descreveu que era estratificado colunar. Porém no presente estudo foi verificado na primeira região esofágica a presença de dois tipos distintos de epitélio, na porção mais apical das papilas um epitélio estratificado pavimentoso como descrito por Vogt (1998), e no restante da papila e na maior parte da mucosa, epitélio estratificado cilíndrico mucoso como encontrado por Santos et al. 49 (1998), e em P. sextuberculata estratificado cúbico alto. Enquanto que na segunda região toda a mucosa foi revestida por epitélio estratificado cilíndrico mucoso. Segundo Humbert et al. (1984), o epitélio do tipo estratificado pavimentoso funciona como uma importante camada protetora contra agressões mecânicas e invasão bacteriana. Como uma das funções das papilas esofágicas, presentes nas espécies estudadas, é evitar a regurgitação do alimento do estômago, esse tipo de epitélio presente no ápice das papilas protege a mucosa contra atritos decorrentes da passagem e retorno do alimento. E o epitélio estratificado cilíndrico, devido à presença de células secretoras de muco, produz muco para facilitar a deglutição e transporte do alimento em direção aboral (Al-Hussaini,1949; Godinho et al., 1970). Para as espécies de Podocnemididade analisadas foram evidenciadas três tipos distintos de células produtoras de muco: células superficiais mucosas, células secretoras e células caliciformes. Parsons e Cameron (1977) descrevem no esôfago de quelônios, as células ciliadas e as células mucosas, essas últimas foram caracterizadas como células globosas que reagem positivamente ao PAS e apresentam baixa atividade enzimática. Vogt et al. (1998) em Podocnemididae apenas descreveu que o epitélio apresentava bordas apicais com pouca reação positiva ao PAS e Alcian blue, porém não detalhando que tipos de células se tratava. George e Castro (1998) descrevem a presença de células caliciformes no esôfago de répteis e por sua vez, Oliveira et al. (1996) relatam sua presença em P. expansa sendo importantes na liberação de muco ao longo de todo tubo digestório auxiliando na lubrificação do alimento. Para anfíbios, George e Castro (1998) descrevem a presença de células caliciformes na mucosa esofágica. Em Bombina sp foram evidenciadas células caliciformes entre as células colunares (Duellman e Trueb, apud Santana e Menin, 1997). Células classificadas como mucosas foram encontradas no anuro Leptodactylus labyrinthicus, onde o muco produzido, além de auxiliar na progressão do alimento em direção ao estômago, também protege o segmento esofágico contra danos mecânicos provocados pelos alimentos, uma vez que os Anura deglutem itens alimentares inteiros, ou seja, sem preparação digestiva (Santana e Menin, 1997). Enquanto que, a ocorrência de células mucossecretoras é uma característica comum nos epitélios do tubo digestório de teleósteos (Reid et al., 1988). Essas células, que equivalem às células secretoras descritas no presente estudo, ainda não tinham sido 50 demonstradas para quelônios, portanto pela primeira vez estão sendo descritas para espécies de Podocnemididae A camada muscular seguiu o mesmo padrão descrito por Parsons e Cameron (1977), duas camadas de fibras de músculo liso, uma circular interna e uma longitudinal externa. Porém foi encontrada nas espécies desse estudo a presença de fibras conjuntivas entre blocos de fibras musculares lisas. George e Castro (1998) descrevem que em peixes e anfíbios a camada muscular presente no esôfago tem importância no trajeto do alimento para o estômago, pois é responsável pelas contrações peristálticas. A transição do esôfago para estômago na espécie de peixe P. maculatus é claramente percebida através da abrupta mudança do epitélio estratificado pavimentoso para o epitélio simples cilíndrico (Santos et al. 2007). Para as espécies de Podocnemididae analisadas além da mudança do epitélio estratificado cilíndrico para o epitélio simples cilíndrico, a transição também foi notada pela mudança da mucosa esofágica pregueada para a mucosa com fossetas do estômago. Em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala analisadas nesse trabalho foi verificado que o estômago é um órgão dividido em dois compartimentos por uma constrição e apresentar região pilórica desenvolvida o que corrobora a descrição feita por Pinto (2006) para P. unifilis, caracterizado como tendo uma região proximal em forma de sifão e outra distal alongada disposta transversalmente na cavidade celomática. Trabalhos realizados por Oliveira et al. (1996); Santos et al. (1998), em P. expansa, demonstraram que o estômago apresenta uma forma achatada, com a região pilórica bem desenvolvida e encurvada. Além das funções digestivas, o estômago também funciona como um reservatório de alimentos (D`arce e Flechtmann, 1985). Segundo Hildebrand e Goslow (2004) uma estocagem temporária é promovida por bolsas faciais em alguns roedores, primatas e morcegos. Em aves, essa função de armazenamento temporário de alimentos é realizada em uma porção do esôfago em forma de saco, chamada papo ou inglúvio. Em C. mydas existe na região distal do esôfago uma porção dilatada em forma de saco, que possui a mesma função do inglúvio das aves (Magalhães et al. no prelo). Não apresentando bolsas ou um papo, a maioria dos répteis e mamíferos herbívoros possui um grande estômago mesmo quando este não funcione como câmara de fermentação. Com essa adaptação o animal pode manter a refeição por mais tempo e digeri-la com mais eficiência. Portanto, a separação do estômago em dois compartimentos bem definidos demonstra uma especialização e uma divisão das 51 funções entre cada porção. O estômago nesse formato reflete bem o tipo de alimento ingerido pelas espécies que o possuem, já que P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala apresentam uma dieta basicamente de matéria vegetal, sendo assim consideradas herbívoras. Enquanto a primeira porção do estômago funciona como uma câmara fermentativa, a região pilórica desenvolvida é que realiza a função de digestão desse órgão. Entre as cinco espécies analisadas P. dumerilianus foi o que apresentou o estômago mais simples. Sendo essa espécie considerada onívora e a que consome a maior quantidade de matéria animal entre os Podocnemididae (Perez-Eman e Paolillo, 1977). Legler (1993) comenta que a maioria das espécies de Testudines é onívora oportunista e apresenta comportamento típico de onívoros aquáticos, rondando perto do leito do rio, investigando a vegetação e as frutas caídas das árvores, além dos botes oportunistas em pequenos invertebrados. No entanto, infere-se que cada espécie tem uma tendência a uma determinada categoria trófica, como acontece com algumas espécies em questão. Em tartarugas marinhas ocorre diferença na forma do estômago entre as espécies, no qual a espécie herbívora (C. mydas), e as onívoras (Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea) apresentaram estômago com aspecto saculiforme em J, e a Caretta caretta e a Dermochelys coriacea (carnívoras) de aspecto tubular (Magalhães, 2007). De acordo com Hildebrand (1995); (Hildebrand e Goslow, 2006), os répteis carnívoros têm um estômago simples, mas distensível, e o intestino tende a ser curto. Em contrapartida, a maioria dos répteis herbívoros tem um estômago grande e complexo, que funciona como reservatório ou câmara fermentativa e um intestino relativamente longo. P. sextuberculata apresentou estômago com o formato similar as espécies herbívoras e onívoras citadas acima. Parsons e Cameron (1977) descreveram que algumas espécies de quelônios apresentavam pregas longitudinais na mucosa gástrica. Em D. coriacea, o mesmo autor encontrou a presença de pregas transversais na mucosa gástrica divergindo do padrão encontrado para esta espécie por Magalhães (2007) que encontrou pregas longitudinais na região cárdica, pregas transversais na fúndica e ausência de pregas na pilórica. Para P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala analisadas nesse trabalho a primeira região do estômago apresentou pregas transversais e a segunda, pregas longitudinais. P. sextuberculata e P. dumerialianus apresentaram pregas longitudinais em toda mucosa gástrica. Segundo Parsons e Cameron (1977) as pregas longitudinais, provavelmente, permitem a livre passagem de alimentos através do lúmen ao passo que pode ser impedida por pregas transversais ou 52 oblíquas. Portanto, supõe-se que a presença das pregas transversais nas espécies analisadas sirva pra retardar a livre passagem do alimento ajudando a mantê-lo por mais tempo no estômago. Em animais em que o estômago estava repleto de alimento, no momento da análise, a mucosa da primeira região se mostrou desprovida de pregas, demonstrando que essas dobras são importantes para distensão do órgão e aumento da área de contato. Histologicamente nas espécies analisadas o estômago apresentou mucosa revestida por epitélio cilíndrico simples. Como descritos para peixes, anfíbios e répteis (George e Castro, 1998) e para peixes das espécies Steindachnerina notonota (Silva, 2004) e Pimelodus maculatus (Santos et al. 2007). Esse epitélio é constituído por células superficiais mucosas PAS positivas homogeneamente distribuídas pelo epitélio. A presença desse epitélio mucossecretor também foi descrito para répteis, anfíbios e peixes (George e Castro, 1998), como exemplo S. notonota e Hoplias malabaricus (Silva, 2004), Pseudoplatystoma coruscans (Cal, 2006). Estes autores relatam que a função dessa secreção mucosa é provavelmente a de proteger as células epiteliais contra o ácido clorídrico produzido pelas glândulas gástricas, além de ser encarregada de proporcionar o deslocamento do alimento ao intestino e auxiliar na hidratação do alimento. Fossetas gástricas são invaginações do epitélio de revestimento para dentro da lâmina própria que estabelecem ligação com a porção secretora das glândulas tubulares gástricas, são estruturas que se encontram dispostas por toda a mucosa. Porém em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala nas regiões cárdica e fúndica não ocorreu formação de fossetas, o epitélio de revestimento recobriu pequenas pregas secundárias, com presença de células superficiais mucosas e células caliciformes. Além disso, essas regiões se mostraram desprovida de glândulas. Portanto, devido à ausência de glândulas nas regiões cárdica e fúndica nas espécies de estudo, a atividade secretora é restrita ao epitélio, pelas células superficiais mucosas e caliciformes. A ausência de fossetas também foi descrito por Silva (2004) para a região pilórica de S. notonota e para o estômago de H. maculatus. Células caliciformes também foram descritas para o estômago anterior de anfíbios (George e Castro, 1998). As fossetas estiveram presentes apenas na região pilórica de P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala. Como sendo descrito para répteis no geral por George e Castro (1998). De acordo com Oliveira et al. (1996) e Santos et al. (1998) em P. expansa, o estômago apresenta 53 glândulas gástricas com células secretoras, além de células acidófilas nas glândulas pilóricas. Mas como descrito anteriormente essa espécie apresentou glândulas apenas na região pilórica. Portanto constata-se que as regiões estomacais cárdica e fúndica em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala possivelmente estão envolvidas com o armazenamento e fermentação dos itens alimentares ingeridos, tendo a região pilórica funções de digestão e deslocamento do alimento ao intestino. P. sextuberculata e P. dumerilianus apresentaram semelhante padrão histológico descrito para a maioria dos grupos de vertebrados (George e Castro, 1998). Apresentando fossetas e glândulas nas três regiões estomacais, cárdica, fúndica e pilórica. Com variação entre as regiões na profundidade das fossetas e na quantidade de glândulas. Esse padrão foi o mesmo para espécie C. mydas (Magalhães et al. no prelo). As células mucosas, encontradas nas espécies acima citadas, são comuns nas glândulas tubulares como descrito para quelônios (Parsons e Cameron, 1977). Devido a essas características esse órgão não apresenta função fermentativa, e sim função de armazenamento e, digestão além de deslocamento do alimento ao intestino, auxiliado pelas células superficiais mucosas. Em todas as espécies estudadas nesse trabalho a muscular da mucosa no estômago foi bem espessa e evidente. Segundo Chaves e Vazzoler (1984), a presença da muscular da mucosa nas paredes do estômago de Semaprochilodus insignis está relaciona com o movimento de pressão sobre as glândulas para a eliminação de seus produtos. A camada muscular própria das espécies de Podocnemididae variou entre regiões e espécies, sendo verificada a presença ora de duas camadas, uma circular interna e uma longitudinal externa e ora, com três camadas, sendo uma intermediária e oblíqua. Foi evidente que na região pilórica a camada muscular se apresentou mais espessa que nas outras regiões. De acordo com Silva (2004) a camada muscular é responsável pela motilidade gástrica, e, portanto, pelo transporte e mistura do alimento com as secreções estomacais. Além disso, o esvaziamento gástrico é causado em virtude das contrações desenvolvidas na espessa camada muscular que compõe as paredes da região pilórica, e do padrão longitudinal das pregas de sua mucosa (Menin, 1988; Santos et al., 2007). Entre as espécies estudadas, independente do hábito alimentar existe a presença do esfíncter pilórico que marca o início do intestino. Esse esfíncter controla o movimento dos alimentos do estômago para o intestino delgado (Zug et al., 2001). 54 Em P. unifilis Pinto (2006) verificou que a transição para o duodeno é suave e esta porção do intestino delgado revela-se curta como um segmento retilíneo da direita para a esquerda, onde se inicia o jejuno-íleo. Este por sua vez é enovelado e compreende a maior porção do intestino delgado. Oliveira et al. (1996); Santos et al. (1998) descreveram para P. expansa o intestino delgado longo e bem enovelado. As espécies analisadas nesse trabalho apresentaram arranjo semelhante ao descrito acima, no entanto ao contrário do relatado por Pinto (2006) o duodeno não se curva da direita para a esquerda, pois no animal na sua posição anatômica, o duodeno se curva da esquerda para a direita. Pregas longitudinais formam um padrão em zigue-zague, o qual provavelmente desaparece quando o tubo é distendido (Parsons e Cameron, 1977). De acordo com Legler (1993), o padrão de vilosidades é mais complexo no duodeno e se torna mais simples e menor para o cólon, com mudança de pregas em zigue-zague para pregas longitudinais simples perto da região distal do íleo. Em tartarugas marinhas a mucosa de todo o intestino delgado apresenta aparência de “favos de mel” (Work, 2000; Wyneken, 2001). No entanto, nas espécies de Podocnemididae analisadas o duodeno apresentou pregas reticulares, o jejuno, pregas longitudinais baixas em zigue-zague e o íleo pregas longitudinais altas em zigue-zague e evidentes. Nas espécies de tartarugas marinhas C. mydas, L. olivacea, C. caretta e E. imbricata o duodeno apresentou pregas reticulares, e o jejuno/íleo pregas retilíneas. Já em D. coriacea todo o intestino delgado apresentou mucosa com pregas reticulares (Magalhães, 2007). Histologicamente em répteis o epitélio cilíndrico que reveste as pregas intestinais é simples, e a camada muscular consiste de uma camada circular interna e uma longitudinal externa (Parsons e Cameron, 1977). Oliveira et al. (1996); Santos et al. (1998), descreveram que a mucosa do intestino delgado em P. expansa possui inúmeras vilosidades e seu epitélio é simples e cilíndrico com borda estriada e células caliciformes. A mucosa constituída por vilosidades também foi descrita para C. mydas, sendo longa e filiforme no duodeno, curta e digitiforme no jejuno e foliado no íleo (Magalhães et al., no prelo). A mesma autora descreveu a presença de glândulas na lâmina própria apenas no duodeno. As espécies de Podocnemididae analisadas também apresentaram mucosa constituída por vilosidades e revestida por epitélio cilíndrico simples, com células caliciformes dispersas nas vilosidades. No entanto, ao contrário do que foi descrito para C. mydas (Magalhães et al., no prelo), apresentaram lâmina própria e a submucosa aglandular. As vilosidades nos 55 Podocnemididae também variaram em relação à região do intestino delgado, sendo filiformes e alongadas no duodeno, com alternância de vilosidades foliáceas, ramificadas e digitiformes no jejuno e o íleo apresentou vilosidades fungiformes. A presença destas pregas e vilos aumentam sobremodo a superfície da parede intestinal (Porter, 1972; Romer e Parsons, 1985; Legler, 1993; Young e Heath, 2000; Wyneken, 2001). A delimitação do intestino delgado para o intestino grosso se deu pela presença de um espessamento muscular, caracterizando um esfíncter ileocecal em todas as espécies desse trabalho. Esse esfíncter tem como função regular a passagem de material do intestino delgado para o grosso. Semelhantes achados foram descritos por Rainey (1981); Wyneken (2001) e Magalhães (2007) para tartarugas marinhas. O intestino grosso em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala analisadas nesse trabalho constitui inicialmente por uma dilatação, o ceco, e segue em direção a cloaca, assumindo posição mediana até alcançar a pelve e apresenta dimensões reduzidas. Oliveira et al. (1996); Santos et al. (1998) em P. expansa e Pinto (2006) em P. unifilis, descreveram mesmo padrão para esse órgão. Porém para P. sextuberculata e P. dumerilianus o intestino grosso não apresentou um ceco (dilatação), caracterizando-se como um órgão tubular. Para as espécies analisadas foram encontradas pregas transversais no ceco e pregas longitudinais onduladas, demonstrando às vezes um padrão irregular, no cólon/reto. No entanto, como descrito por Parsons e Cameron (1977), o cólon e o ceco são distensíveis, e para alguns espécimes não foi verificado a presença de pregas na mucosa. Em peixes as relações entre o arranjo das pregas mucosas e a velocidade de transporte do alimento no intestino sugere que o padrão longitudinal com numerosas anastomoses, retardam o avanço do alimento em sentido aboral, o que possibilita maior período digestivo e, conseqüentemente, maior aproveitamento dos nutrientes, em virtude da exposição do material alimentar à mucosa intestinal por maior período, além de contribuir para a preparação do bolo fecal (Seixas-Filho et al., 2003). A organização das pregas do ceco e cólon/reto evidenciadas neste trabalho para as cinco espécies analisadas demonstram a retenção do alimento por um maior período de tempo, devido à presença de pregas transversais. A importância digestiva do intestino grosso varia segundo a espécie animal. Para os carnívoros, é o local onde simplesmente ocorre a recuperação hidroeletrolítica que foi perdida com as secreções digestivas, além disso, o ceco é pequeno ou mesmo ausente. Para os herbívoros, em especial o ceco, são de enorme importância. Sendo o local onde ocorre a 56 digestão bacteriana da celulose e outros carboidratos do material vegetal que, de outra maneira, não poderiam ser aproveitados (D’arce e Flechtmann, 1985; Hildebrand e Goslow, 2006). P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala, espécies herbívoras, apresentaram o ceco desenvolvido, o que mostra a importância desse órgão. No entanto, apesar de P. sextuberculata ser considerada herbívora, apresentou o mesmo padrão que P. dumerilianus, que consome maior quantidade de material animal, onde não foi evidenciado um ceco desenvolvido, todo o intestino grosso apresentou o mesmo diâmetro do inicio ao fim. Esse padrão já descrito por Porter (1972), onde o intestino grosso tem o diâmetro maior que o intestino delgado, e é geralmente reto. Histologicamente o intestino grosso nas espécies estudadas apresentou mucosa pregueada revestida por epitélio cilíndrico simples. Em comparação ao intestino delgado, observa-se maior quantidade de células caliciformes. O tipo de epitélio encontrado e a presença de células caliciformes foram o mesmo descrito por George e Castro (1998) para peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. No entanto, Oliveira et al. (1996); Santos et al. (1998) descreveram que em P. expansa a mucosa apresentava muitas vilosidades e revestida por um epitélio pseudo-estratificado cilíndrico, divergindo do encontrado no presente estudo. Porém também evidenciaram células caliciformes em quantidade. O muco secretado pelas células caliciformes promove a lubrificação do tubo, o que facilita o deslizamento das fezes, já que chegam nesta região bastante desidratadas (George e Castro, 1998; Young e Heath, 2000; Cal, 2006). Em C. mydas, o intestino grosso apresentou mucosa pregueada contendo glândulas e acúmulo de linfócitos na lâmina própria (Magalhães, 2007). Mesmo padrão foi descrito em répteis (George e Castro, 1998). Porém nas espécies analisadas a submucosa foi aglandular, mas ocorreu a presença de acúmulo linfocitário expressivo. A presença de células do sistema imunitário está relacionada com a flora bacteriana no intestino grosso (Young e Heath, 2000). Apesar de P. sextuberculata ser considerada herbívora, apresentou características mais próximas do P. dumerilianus, espécie onívora, possuindo o estômago bem mais simples quando comparada com as outras espécies herbívoras analisadas. Morfologicamente essa espécie não possui especializações para uma dieta herbívora, desse modo sugere-se que esteja em processo transicional da sua dieta, ou está se adaptando a disponibilidade de alimento no meio, por isso a maioria dos autores considera essa espécie herbívora a partir de estudos 57 recentes da sua dieta. No entanto Vogt (2008) encontrou principalmente pequenos caramujos no conteúdo estomacal dessa espécie. Luz et al. (2003) verificou que o estômago seguido pelo intestino delgado, foram os que apresentaram maior capacidade em alocação, desempenhando importantes funções na digestão de alimentos em P. expansa jovens. No entanto, em trabalho com trânsito gastrintestinal na mesma espécie demonstrou que os dois segmentos do tubo digestório que parecem exercer função importante no tempo de retenção da digestão são o estômago e o ceco, que retiveram o contraste por até 24 e 29 dias, respectivamente (Lopes, 2006). Em um trabalho parecido, Pinto (2006) observou que P. unifilis reteve o contraste no intestino grosso em um tempo médio de permanência alto, quando comparado aos outros órgãos. Apesar de não terem sido enfatizados os aspectos funcionais da digestão, a morfologia demonstrou que em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala o estômago e o ceco desempenham importante função no retardo do alimento, ratificando as informações dos autores acima. Luz et al. (2003) e Pereira et al. (2003) encontraram que os comprimentos médios de intestino delgado e intestino grosso em P expansa, são 46,68 cm e 96,36 cm, 14 cm e 13,09 cm, respectivamente. No presente estudo P. expansa apresentou comprimentos médios de intestino delgado e intestino grosso de 47,90 cm e 12,25 cm, respectivamente. O que demonstra aproximação com os resultados encontrados pelos autores citados acima. Além disso, os resultados de Luz et al., (2003) demonstraram que o estômago apresentou maior percentual do tubo digestório, com 44,20%, seguido pelo intestino delgado, que correspondeu a 28,68% e pelo intestino grosso, a 20,93%. Em todas as espécies analisadas o intestino delgado também correspondeu a um maior percentual quando comparado ao intestino grosso, como observado na tabela 2. O intestino delgado tende a ser mais longo nos carnívoros e o mais curto nos herbívoros, enquanto o intestino grosso é mais longo nos herbívoros e mais curto nos carnívoros (Stevens e Hume, 1998). Essa diferença no comprimento do intestino delgado e do grosso ocorre porque os alimentos de origem animal são mais facilmente digeridos do que os de origem vegetal (Ricklefs, 2003). No entanto, nossos resultados não seguiram por completo essa relação. P. dumerilianus, espécie onívora, esteve de acordo com a afirmação acima, onde o intestino 58 delgado apresentou maior média percentual quando comparado com o intestino grosso. Além disso, essa espécie apresentou o intestino grosso relativamente maior que as espécies de Podocnemididae herbívoras. Porém, P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala, consideradas herbívoras, apresentaram média percentual do intestino delgado maior que o intestino grosso. Mas apesar de o intestino grosso ser proporcionalmente menor que o intestino delgado, é capaz de reter a digestão por um tempo suficientemente longo para permitir uma ampla atividade microbiana (Luz, 2000), como observado por Lopes (2006) em P. expansa e Pinto (2006) em P. unifilis em trabalhos com trânsito gastrintestinal. 59 7 CONCLUSÃO O esôfago nas espécies de Podocnemididae está morfologicamente preparado para se proteger contra ação abrasiva do alimento e para auxiliar seu transporte até a próxima câmara. Existem 3 tipos de células secretoras de muco no esôfago nas espécies estudadas: células superficiais mucosas, células secretoras e células caliciformes. Foi verificada para as cinco espécies a presença de três padrões anatômicos diferentes para o estômago. O estômago dividido em dois compartimentos, em forma de “J”e em forma de ferradura encurvada. As espécies herbívoras, Podocnemis expansa, Podocnemis unifilis e Podocnemis erythrocephala, apresentaram semelhança em sua morfologia macroscópica e microscópica para todos os órgãos, principalmente em relação ao estômago e intestino grosso. Em P. expansa, P. unifilis e P. erythrocephala há uma separação do estômago em duas porções definidas demonstrando uma especialização e uma divisão das funções entre cada região. A primeira porção do estômago funciona como câmara fermentativa e a segunda região realiza a digestão. Com ausência de fossetas e glândulas gástricas na porção fermentativa Podocnemis sextuberculata, considerada herbívora, não apresentou especializações para uma dieta herbívora. Possuindo características anatômicas e histológicas mais próximas do Peltocephalus dumerilianus, espécie onívora. A relação ID/IG diverge da esperada para os indivíduos herbívoros, pois é compensada pela região do ceco que auxilia nestes animais como uma câmara fermentativa. 60 REFERÊNCIAS Acosta, A.; Fachín-Terán, A.; Vilchez, I.; Taleixo, G. 1995. Alimentacion de crias de taricaya Podocnemis unifilis (Reptilia, Testudines) em cautiverio, Iquitos, Peru. In: Fang, T.G.; Bodmer, R.E.; Aquino, R.; Valqui, M.H. (Eds). Manejo de Fauna Silvestre em la Amazônia. Instituto de Ecólongia, La Paz. 334pp. Alho, C.J.R. 1984. A ciência do manejo da fauna silvestre. Ver. Bras. Tecnol., 15(6): 24-33. Al-Hussaini, A.H. 1949. On the functional morphology of the alimentary tract of some fish in relation to differences in their feedings habits. II – Citology and Physiology. Quat. J. Micr. Sec. London, 90: 323-354. Almeida, S.S.; Sá, P.G.; Garcia, A. 1986. Vegetais utilizados como alimento por Podocnemis (Chelonia) na região do baixo rio Xíngú (Brasil/Pará). 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Florida: Academic Press. 630 pp. 72 ANEXOS Anexo 1: Lista do material tombado Espécie Número do tombo Podocnemis sextuberculata INPA-H 21931 até 21935 Podocnemis sextuberculata INPA-H 21960 Podocnemis sextuberculata INPA-H 21964 Podocnemis sextuberculata INPA-H 21965 Podocnemis sextuberculata INPA-H 21969 Podocnemis sextuberculata INPA-H 21970 Podocnemis sextuberculata INPA-H 21971 Podocnemis sextuberculata INPA-H 21974 Podocnemis sextuberculata INPA-H 24165 Podocnemis sextuberculata INPA-H 25567 Podocnemis sextuberculata INPA-H 25568 Podocnemis sextuberculata INPA-H 25571 Podocnemis erythrocephala INPA-H 21936 até 21938 Podocnemis erythrocephala INPA-H 21948 Podocnemis erythrocephala INPA-H 21951 Podocnemis erythrocephala INPA-H 21952 Podocnemis erythrocephala INPA-H 21954 Podocnemis erythrocephala INPA-H 23407 Podocnemis erythrocephala INPA-H 25561 até 25566 Peltocephalus dumerilianus INPA-H 21939 até 21947 Peltocephalus dumerilianus INPA-H 22884 até 22888 Peltocephalus dumerilianus INPA-H 25558 - 25559 Podocnemis unifilis INPA-H 26169 até 26172 Podocnemis unifilis INPA-H 26216 - 26217 Podocnemis unifilis INPA-H 26294 - 26295 73 Podocnemis expansa INPA-H 26174 até 26179 Podocnemis expansa INPA-H 26210 até 26217 Podocnemis expansa INPA-H 26291 até 26293 74 Anexo 2 : Técnicas histológicas de rotina Fixação: Os tubos digestórios foram fixados durante 24hs, depois seccionados para obtenção do esôfago, estomago e intestinos delgado e grosso. Após fixação, sofreram lavagem em água corrente por aproximadamente 15 minutos, decorrido este tempo deu-se inicio a desidratação. Desidrataçao: Foi realizada passando-se o fragmento através de uma serie crescente de alcoóis, de modo a garantir total desidratação do material. As peças seguiram o seguinte processo: 1. Alcool 70% -------------------------- 1h 2. Álcool 80% -------------------------- 1h 3. Alcool 90% -------------------------- 1h 4. Alcool 100% ------------------------- 1h 5. Alcool 100% ------------------------- 1h Diafanização: Através desse processo, o álcool é substituído pelo xilol e as peças, por sua, vez tendem a ficar transparentes. Seguindo o seguinte processo: 1. Xilol 1 -------------------------------- 1h 2. Xilol 2 -------------------------------- 1h Inclusão em parafina: Passou-se a peça diafanizada por dois banhos de parafina liquida mantida em estufa a 58°C, por uma hora cada. Inclusão definitiva ou formação do bloco: Encheram-se pequenos moldes com para fina lÍquida 50º.C - 55º.C Em seguida, tomou-se a peça e a cóloncou no interior do molde cheio de parafina, como auxílio de uma pinça, orientando-a no sentido de que a superfície a ser cortada coincidisse com o lado inferior do molde. 75 Anexo 3 : Colorações 3.1 Hematoxilina-Eosina (HE) – corante de rotina 1. Desparafinização 1. Xilol 1 - 5min 2. Xilol 2 - 5min 2. Hidratação 1. Alcool 100% - 1min 2. Álcool 90% - 1min 3. Alcool 70% - 1min 3. Hematoxilina – 710min 4. Água corrente – tirar excesso do corante 5. Eosina – 10seg 6. Desidratação 1. Alcool 80% - 1min 2. Alcool 100% - 1min 3. Alcool 100% - 1min 4. Alcool 100% - 1min 7. Xilol – 1mim 8. Montar lâminas Resultados: roxo: núcleos; cor de rosa: citoplasma 76 3.2 Tricômio de Mallory – Fibras colágenas, cartilagem 1. Desparafinar e hidratar – idêntica ao processo para HE 2. Hematoxilina - idêntica ao processo para HE 3. Lavar 4. Solução fucsina ácida 0,5% - 10 min 5. Água destilada – banho 6. Solução ácido fosfomolibdico 1% - 5 seg 7. Água corrente - banho 8. Solução B (solução mãe*) – 30 seg 9. Montar lâminas *Solução mãe – 1 ml do corante tricomio de Mallory p/ 3 ml de água destilada Resultados: Laranja-amarelo: hemácias; Cinza: núcleos; Vermelho: fibras musculares; Azul: tecido conjuntivo, membrana basal, retículo e fibras elásticas; Vermelho-escuros: nucléolos; Vermelho-claro: fibrina 77 3.3 Ácido Periodico de Schiff (PAS) – Mucoproteína, membrana basal 1. Desparafinar e hidratar - idêntica ao processo para HE 2. Água corrente – 10 min 3. Água destilada – 5 min 4. Ácido periódico 1,0% - 7 min 5. Água corrente – 15 min 6. Água destilada – 5 min 7. Reagente de Shiff – 15 min 8. Água corrente – 15 min 9. Água destilada – lavagem rápida 10. Hematoxilina – 15 seg (contra corar) 11. Agua corrente – 10 min 12. Desidratar e montar Resultados: Púrpura: Mucoproteína e mebrana basal. 78