IMPRENSA | Resumo Diário | 06 e 07 MAI 2017

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DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO DA AIP
[domingo, 07]
1. Governo quer limpar 90% da dívida ao FMI até 2019. Pagar mais cedo ao FMI é uma
forma de poupar nos juros, cerca de 456 milhões de euros até ao final da legislatura,
e evitar críticas regulares do credor às políticas seguidas. O Governo tem um plano
para, até ao final desta legislatura, saldar 85% a 90% do empréstimo concedido pelo
Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2011. Os valores já amortizados neste ano
mais o que se prevê pagar em 2018 e 2019 podem permitir poupar logo à cabeça
cerca de 456 milhões de euros em juros, considerando que a taxa cobrada pelo FMI
ronda os 4%, um empréstimo muito mais caro do que os dos restantes credores. Uma
poupança relevante, tendo em conta que Portugal tem uma factura anual com juros
na ordem dos 8,3 mil milhões de euros. (pág. 20)
[domingo, 07]
2. “Os regulamentos do vinho do Porto estão a estrangular-nos”. A Taylor’s, portabandeira do grupo The Fladgate Partnership, celebrou esta semana 325 anos de vida.
Adrian Bridge, CEO, sublinha que, apesar das apostas no turismo, o vinho do Porto
continuará a ser a alma do grupo. Entrevista. (…) “É ridículo: uma quinta no Douro da
letra A, mecanizada, vale 100 mil euros por hectare. Em Champanhe vale dois
milhões e aqui, num vale lindíssimo, vale 100 mil?” (págs. 1, 16 e 17)
[sábado, 06]
3. Eles dão que falar. 40 líderes com menos de 40 anos. É a geração mais bem
preparada de sempre e isso nota-se: ministros, CEO e empreendedores, os jovens
líderes sub-40 estão prontos para dar cartas. (…) Rui Miguel Nabeiro, CEO da Delta
Cafés. … Recebeu vários prémios e nomeações na área do empreendedorismo por ter
sido o grande responsável pela criação da marca Delta Q. A Delta Cafés factura
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anualmente 340 milhões de euros e marca presença em 40 países. (…) Nuno Rangel,
CEO do Grupo Rangel. …Foi um dos grandes responsáveis pelo processo de
internacionalização do grupo, que começou em 2007 em Angola. Hoje, o Grupo
Rangel chega ainda a Moçambique e ao Brasil. Emprega cerca de 1500 pessoas e
factura cerca de 150 milhões de euros por ano. (…) Catarina Vieira, proprietária da
Herdade do Rocim. … A enóloga, agrónoma e empresária, um dos nomes fortes da
nova geração ligada ao vinho, assumiu a liderança da herdade do Rocim, situada
entre Cuba e Vidigueira, no Baixo Alentejo, em 2002. A Herdade conta hoje com 120
hectares de terra, 70 dos quais plantados com vinha. As castas tradicionais
portuguesas, como a Touriga Nacional ou Trincadeira, partilham o mesmo espaço que
uma unidade de enoturismo, uma das mais recentes apostas de Catarina Vieira.
(suplemento Dinheiro Vivo, págs. 8 a 12)
4. Solar Concept. Navegar com electricidade é preciso. E em silêncio. Empresa nascida
em Olhão já entregou dez embarcações e não faltam encomendas. Vai representar
Portugal na final do programa The Chivas Venture, onde poderá ganhar até um
milhão de euros. (…) Uma empresa portuguesa já está a fabricar barcos que navegam
com energia solar. Com investimento próprio de 800 mil euros, pretendem proteger
o ambiente do ruído e dos combustíveis. Empresas de turismo são pro primeiro alvo.
(suplemento Dinheiro Vivo, págs. 26 e 27)
5. IT Sector. O software português que vai duplicar exportações até 2020. Fundada no
Porto, há 12 anos, a empresa especializada no setor financeiro vai abrir o quinto
centro de desenvolvimento, em Bragança, e está a contratar dezenas de
programadores para entrada imediata. (…) No ano passado, as 350 pessoas da equipa
portuguesa de desenvolvimento de software foram responsáveis por mais de 200
projetos em mais de duas dezenas de países. Até 2020, a empresa quer aumentar
60% à faturação, passando dos 12,5 milhões do ano passado para 20 milhões de
euros. (…) “Cerca de 35% da nossa faturação é em mercados externos. Só não é mais
porque os projetos da banca, em Portugal, são muito grandes. Mas, até 2020,
queremos duplicar essa percentagem”, anunciou o responsável [Renato Oliveira,
presidente]. (suplemento Dinheiro Vivo, pág. 28)
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6. Mais de metade das PME vivem em “extrema fragilidade”. A maioria das empresas
portuguesas estão descapitalizadas e não têm autonomia financeira. Conclusões, no
mínimo, preocupantes [estudo sobre a “Estrutura de Financiamento das Empresas
em Portugal”, da autoria da consultora do ex-ministro da Economia Augusto]. (…) De
acordo com o documento, a que o Dinheiro Vivo teve acesso, mais de metade (52%)
das PME registavam, em 2014, um EBITDA (resultados antes de juros, impostos,
depreciações e amortizações) negativo ou inferior aos juros suportados. A
percentagem negativa deste importante indicador de gestão é ainda maior se se
considerar as microempresas (54,5%). “Este cenário de inviabilidade latente repetese em 32,3% das pequenas empresas e 22,6% das médias empresas”, refere o estudo.
Nas grandes empresas, a percentagem é inferior, mas ainda assim atinge os 18,3%.
(…) Outra das conclusões do estudo é que as empresas portuguesas “são também as
campeãs no recurso ao financiamento junto de instituições de crédito”. Apesar de se
ter verificado uma descida de quatro pontos percentuais em relação a 2010, a
percentagem era, ainda assim, de 17,4% em Portugal, em 2014, enquanto a média
dos países europeus era de 12,2%. As empresas lusas são ainda, de longe, as que
mais se financiam através de títulos de dívida pública (4,4%).
(suplemento Dinheiro Vivo, pág. 16)
7. Opinião. Ricardo Reis, professor de Economia na London School of Economics. O
relatório da dívida. O relatório sobre a dívida pública patrocinado pelo PS e BE foi
apresentado há uma semana. A maior parte dos comentários na imprensa económica
foi negativa. Poucos defenderam o relatório para além dos autores, destacando-se
Francisco Louçã em vários media. (Um reparo para o descuido dos jornalistas neste
caso: em nenhum dos muitos artigos que li, se revelava que Louçã era um dos
autores do relatório que estava a comentar). A minha leitura do relatório é bem mais
positiva. Para começar, ele está bem escrito, bem fundamentado, e é uma boa peça
de análise económica. (…) Em segundo lugar, a análise do passado na primeira parte
do relatório é surpreendentemente equilibrada. … O relatório aponta claramente o
dedo ao crédito da construção e ao imobiliário pelo seu papel na crise e às políticas
que favoreceram o crescimento dos setores produtores de bens não transacionáveis,
duas características da política económica dos governos de Sócrates. (…) Terceiro, o
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relatório propõe a nível europeu uma extensão da maturidade dos empréstimos em
45 anos a uma taxa fixa de 1%. Isto traduz-se num corte significativo no valor da
dívida portuguesa, seguindo a mesma estratégia que o Conselho europeu adotou em
2013 com mérito para Vítor Gaspar. A maioria dos comentadores criticou esta
medida por exigir o apoio dos credores. Claro que sim, e ainda bem. O relatório não
embarca em sonhos de “não pagamos”. (…) O relatório tem outras propostas, mais
discutíveis ou mesmo na direção errada, sobre a gestão da dívida do ISCO e sobre a
relação com o Banco de Portugal. Abordarei esses temas nas próximas semanas.
(suplemento Dinheiro Vivo, pág. 2)
8. Entrevista. Luís Cabral, economista. “Proposta do PS e do BE para a dívida é positiva
e sensata”. Luís Cabral, economista radicado nos EUA há 17 anos, acusa os sindicatos
de serem “os principais culpados por haver tantos jovens desempregados e
precários” em Portugal. A dívida pública portuguesa tem de ser reestruturada? Sim,
acho que tem de ser reestruturada. Aliás, ela tem sido ao longo dos últimos anos, o
que era inevitável. (…) Para si, as leis laborais ainda são um problema? Eu tenho um
mantra, como sabe. Portugal protege certo tipo de empregados, não protege o
emprego. Isto não é uma consideração meramente teórica. Há contas feitas sobre
esse custo implícito para a economia. Por cada emprego que artificialmente protejo
em determinado sector, estou a destruir entre um e dois empregos novos que
podiam ter sido criados. Se crio grandes dificuldades à flexibilidade do mercado de
trabalho, isso tem um efeito positivo, é evidente, que é garantir estabilidade no
emprego a determinadas pessoas. Mas ao mesmo tempo faz com que as empresas
tenham muito mais dificuldade e menor incentivo a contratar novas pessoas a título
permanente. As vítimas disto têm sido, claramente, os jovens. Costumo dizer que os
jovens desempregados ou precários não deviam fazer manifestações à frente dos
ministérios ou do Parlamento, deviam era fazer em frente da sede da CGTP e da UGT.
Os sindicatos são os principais culpados de haver tantos jovens desempregados ou
com empregos precários. Os sindicatos não protegem o emprego, protegem os
empregados que são seus associados. (suplemento Dinheiro Vivo, pág. 17)
9. Entrevista. Jeffrey Frieden, professor no departamento do Governo na Universidade
de Harvard, especialista em política monetária e relações financeiras. “Problema do
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euro não é técnico, nem económico, é político”. (…) Os problemas do euro não são
técnicos. E de certa forma nem sequer são económicos. São políticos. Tanto os EUA
como a Europa enfrentaram a crise económica que começou no final de 2007. Mas se
a recuperação americana não foi brilhante, recuperámos e a economia tem crescido.
A recuperação europeia, ou o pós-crise, foi um desastre. Foi mal gerida, do início ao
fim, pelos governos nacionais e pelas instituições da União Europeia. (…) Para um país
como Portugal, desistir da sua moeda foi uma força ou uma fraqueza? Tudo na
economia tem custos e benefícios. Por um lado, Portugal claramente beneficiou de
estar no euro. E de estar na UE. Portugal foi um dos países que mais beneficiou tanto
em termos dos fundos que recebe da União como em termos de acesso aos
mercados europeus. Portugal é um país com salários relativamente baixos, que pode
produzir produtos de alta qualidade. Também beneficiou de estar na zona euro.
Primeiro porque facilita o investimento em Portugal. Tornou mais fácil para os
cidadãos e para os bancos portugueses pedir empréstimos. E pedir empréstimos não
é necessariamente uma coisa má. Pedir demasiado dinheiro é que é mau. Tornou-se
claro com o tempo que fazer parte da zona euro é fazer parte do núcleo duro da UE.
Por isso tem sido positivo para Portugal. No entanto, há uma desvantagem maior,
que é quando a crise chega, Portugal não pôde fazer o que todos os manuais dizem
para fazer: desvalorizar a moeda. A realidade confirmou nos últimos dez anos a
importância de uma taxa de câmbio como ferramenta de política económica. (págs.
16 e 17)
[sábado, 06]
10.Os dinamarqueses não baixam os braços pelo Portvin. A Quinta da Boeira começou
a exportar vinho do Porto em Janeiro e uma das suas primeiras apostas foi a
Dinamarca. Porquê? Neste pequeno país, o Portvin é um clássico que teima em não
sair da moda. (pág. 24)
[sábado, 06]
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11.Brexit obriga a mudança urgente. Reprogramação do quadro de apoio Portugal 2020
já está a ser negociada, concorre com o Brexit e vai resvalar no tempo em 2018.
Qualificação e inovação são as prioridades. (…) Mais de metade do Plano Nacional de
Reformas é financiada pelo Portugal 2020. (pág. 60)
12.Fundos não substituem políticas. Desde a adesão à União Europeia em 1986,
Portugal recebeu mais de 100 mil milhões de euros. Ainda assim, PIB per capita do
país é inferior a 90% da média comunitária. (pág. 61)
[sábado, 06]
13.Deve o Banco de Portugal constituir provisões para riscos relacionados com a dívida
que compra do programa do BCE? (…) Daniel Bessa, economista, ex-ministro da
Economia – Mesmo não tendo havido, até ao momento, nenhuma manifestação de
incumprimento pelo Estado, diria que é óbvio que o BdP deve constituir provisões
sobre a dívida pública portuguesa ou outra se a detiver. (…) João Duque, professor do
ISEG (Lisboa) – Se houver intenção e alienação antes da data de maturidade, em que
o preço de venda pode ser diverso do preço de aquisição, devem constituir-se
provisões. Tratando-se de dívida que é detida até à maturidade pode admitir-se não
se realizarem provisões. (suplemento Economia, págs. 8 e 9)
14.Qualidade da engenharia nacional atrai alta tecnologia. Portugal está a subir na
cadeia de valor, atraindo projetos de investimento estrangeiro que procuram
engenharia nacional de grande qualidade. A qualidade da engenharia portuguesa é
um dos fatores relevantes na decisão de investir em Portugal, sobretudo para subir
na cadeia de valor e captar projetos de alta tecnologia. E essa é uma das razões que
tem levado várias empresas alemãs a investir ou a estudar investimentos no nosso
país, garante a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã (CCILA), em declarações
ao Expresso. (…) Além dos casos mais conhecidos da Volkswagen, com o novo
investimento da Autoeuropa, da Continental, da Siemens, da Bosch, dos elevadores
Schmitt (que tem um investimento de €30 milhões que permite contratar 400
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trabalhadores), Markus Kemper [presidente da CCILA] diz que “um grande potencial
de investimento alemão está nas Pequenas e Médias Empresas [PME] alemãs [têm
até 10 mil trabalhadores] que pretendem produzir fora da Alemanha”. No entanto, “o
principal problema de Portugal para as PME alemãs é que as consultoras que
aconselham os mercados onde devem investir não têm Portugal no seu radar”,
afirma. (…) Finalmente, Carlos Aguiar, presidente da Câmara de Comércio e Indústria
Luso-Francesa (CCILF), destaca a qualidade, qualificação e adaptabilidade de quadros
técnicos e de mão de obra portugueses, os custos salariais competitivos, o custo de
vida moderado e a qualidade de vida como fatores de atração de Portugal para o
investimento francês. (suplemento Economia, pág. 12)
15.Opinião. Miguel Sousa Tavares. Onde é que eu já vi isto? Sem ofensa, que não é de
todo a minha intenção: olho para o vago e demagógico discurso, em matéria
económica e social, de Marine Le Pen durante o debate com Macron, e não vejo
nenhuma diferença essencial com o discurso do nosso PCP e, em grande parte, com o
do Bloco de Esquerda. É a mesma crença nos amanhãs que cantam do
proteccionismo, do regresso à “moeda do povo”, do fecho das fronteiras, da
perseguição fiscal às importações (sem temer as correspondentes represálias sobre
as exportações), a supremacia do Estado sobre as empresas, o aumento do numero
de funcionários públicos, a diminuição do número de horas de trabalho e o
abaixamento da idade da reforma, não explicando como é que isso se consegue sem
aumentar as contribuições sociais e os impostos ou baixar o valor das pensões. Tudo
é possível, fácil e evidente: basta recusar o “sistema” e renunciar à Europa. “La
France d’abbord”, igualzinho ao “America first” de Donald Trump, igualzinho ao
discurso económico da extrema-esquerda. (…) Uma das recomendações do relatório
sobre a dívida pública, acordado entre o PS e o BE, é o prolongamento dos prazos de
maturidade da dívida até 60 anos. Discordo: não sei porque hão-de ser os nossos
filhos e netos a pagar uma dívida que nos contraímos e de que eles nada ou quase
nada beneficiarão. Chama-se a isso egoísmo geracional. (pág. 7)
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