UNIDADE IV – ASTROFÍSICA ESTELAR AULA 17 – ESTRELAS: PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS OBJETIVOS: Ao final desta aula, o aluno deverá: compreender os conceitos de magnitude e luminosidade; conhecer os tipos espectrais e as classes de luminosidade das estrelas; conhecer as características básicas, a fonte de energia e a formação das estrelas. 1 INTRODUÇÃO As estrelas são enormes esferas de gás em cujo interior, devido à alta pressão e às altas temperaturas, ocorrem processos de fusão nuclear com intensa liberação de energia. Parte dessa energia é liberada na forma de luz. As estrelas são tão distantes umas das outras na nossa galáxia que, quando olhamos para o céu, vemos quase todas as estrelas como pequenos pontos brilhantes. Quase todas, porque o Sol também é uma estrela, e ele, sim, pode ser visto como a enorme esfera de gás que são todas as estrelas. Embora a composição química das estrelas varie de estrela para estrela, elas são, em geral, compostas principalmente por hidrogênio, seguido de hélio, e uma fração menor de elementos mais pesados. Nesta aula, vamos começar o estudo das propriedades das estrelas. Veremos os processos físicos que ocorrem no seu interior e as propriedades básicas da radiação que emitem. Mas, primeiro, veremos como medir e representar o brilho das estrelas e o que são os espectros estelares. 2 FOTOMETRIA E ESPECTROSCOPIA Uma das coisas mais fascinantes das estrelas é que elas brilham. Ao brilhar, as estrelas expelem a luz que resultou dos processos físicos no seu interior, interagindo com suas camadas externas. É graças ao fato de as estrelas expressarem de forma tão evidente a física dos processos que ocorrem no seu interior que compreendemos, hoje em dia, mais sobre as estrelas do que sobre o interior da Terra. Para sermos capazes de converter a luz recebida por uma estrela em alguma informação científica sobre suas características, precisamos de alguma metodologia para coletar sua luz e expressar a luz recebida em alguma forma matematicamente precisa. Via de regra, existem duas formas de se fazer isso: coletar toda a luz emitida pela galáxia em uma faixa de comprimentos de onda e analisar o resultado como um número, ou coletar a luz emitida em cada comprimento de onda e expressar a distribuição da luz emitida por comprimento de onda na forma de um gráfico. Essas duas metodologias são a fotometria e a espectroscopia. 2.1 Fotometria A fotometria é o conjunto de técnicas de captação e medição da luz emitida por um corpo celeste em uma faixa de comprimentos de onda. A fotometria de um objeto pode se referir tanto à análise da sua distribuição de brilho (quando o corpo é extenso) quanto à quantidade total de luz emitida pelo objeto que foi captada pelo nosso equipamento. No segundo caso, adequado ao estudo das estrelas, costumamos expressar os dados fotométricos em um sistema de magnitudes. O sistema de magnitudes é útil quando estamos interessados em determinar a emissão luminosa de uma estrela em toda uma faixa de comprimentos de onda. Podemos extrair diversas informações desse dado, especialmente se tivermos à disposição medidas de magnitude em diversas bandas fotométricas. Quando olhamos para o céu noturno, vemos que as estrelas não brilham com a mesma intensidade. Quanto mais brilhante é a estrela, mais luz o nosso olho capta por unidade de tempo. Vamos representar o brilho aparente das estrelas por uma grandeza que chamaremos magnitude aparente. O sistema de magnitudes aparentes possui as seguintes características: 1) Quanto mais brilhante for uma estrela, menor será o valor de sua magnitude aparente. Parece estranho definirmos a magnitude aparente dessa forma, mas existem razões históricas para isso: quando da elaboração dos primeiros catálogos de estrelas, no séc. I a.C., as estrelas eram classificadas por brilho pela ordem em que aparece durante o pôr-do-sol. As primeiras estrelas a se tornarem visíveis no céu, ou seja, as mais brilhantes, recebiam números mais baixos para representar seu brilho (0,1,2 etc); as últimas, menos brilhantes, recebiam números maiores. O sistema de magnitudes atual segue uma lógica semelhante. 2) Se uma estrela A tiver magnitude aparente ݉ , e uma estrela B for dez vezes menos brilhante do que A, então sua magnitude aparente é de 2,5 unidades maior do que a de A, ou seja, ݉ = ݉ + 2,5. Isso acontece porque a escala de magnitudes é uma escala logarítmica: o valor da magnitude depende do logaritmo da quantidade total de luz recebida da fonte. 3) A magnitude aparente de referência igual a zero é a magnitude da estrela Vega. Assim, uma estrela dez vezes menos brilhante do que Vega tem magnitude 2,5. As magnitudes aparentes das estrelas informam somente quanta luz recebemos das estrelas na Terra. Elas não nos informam quanta luz a estrela de fato emite por unidade de tempo. Porém, se conhecermos a magnitude aparente da estrela e sua distância, podemos converter sua magnitude aparente, que é uma medida relativa de emissão de luz, em uma grandeza absoluta, chamada magnitude absoluta. A magnitude absoluta ܯde uma estrela que possui magnitude aparente ݉ e se encontra a uma distância ݀ da Terra vale: ݉ = ܯ+ 5 − 5 log ݀, 17.1 onde ݀ deve ser expresso em parsecs. Quando definimos as magnitudes, utilizamos como critério o brilho de uma estrela conforme percebido pelo olho humano. Na verdade, quando falamos em magnitudes, estamos nos referindo à quantidade de luz recebida a partir da estrela em uma faixa específica de comprimentos de onda. Assim, uma magnitude sempre está associada ao tipo de radiação que foi captada pelo detector para medir essa magnitude. A uma câmera ou filme fotográfico utilizados em astronomia, sempre está associado algum tipo de filtro que seleciona certos comprimentos de onda, e é sobre a luz que esse filtro deixou passar para o detector ou filme fotográfico que medimos a magnitude de uma estrela. Chamamos de banda fotométrica a faixa de comprimentos de onda que selecionamos para a observação de um objeto celeste qualquer. Um sistema fotométrico é o nome dado a um conjunto de bandas fotométricas com propriedades particulares. O sistema fotométrico ܷܸܤ,por exemplo, é formado por três bandas fotométricas principais, que lhe dão nome: ultravioleta (ܷ), azul (ܤ, do inglês blue) e visual (ܸ). A banda ܸ nesse sistema corresponde grosseiramente à faixa de comprimentos de onda para os quais o olho humano é mais sensível. Assim, a magnitude absoluta de uma estrela na banda ܸ pode ser representada por ܯ , e sua magnitude aparente nessa mesma banda por ݉ . Em geral, duas estrelas não possuem a mesma magnitude em duas bandas fotométricas diferentes. Algumas estrelas podem emitir mais no ultravioleta do que no azul, outras mais no visível do que no ultravioleta etc. Podemos criar uma grandeza que nos informa, dentre dois tipos de radiação, qual deles a estrela mais emite. Essa grandeza é chamada índice de cor, ou simplesmente cor, e corresponde à diferença entre as magnitudes da estrela nas duas bandas fotométricas. Assim, a diferença entre as emissões da estrela nas bandas fotométricas ܷ e ( ܤchamada cor ܷ − )ܤ, por exemplo, vale: ܷ − ݉ = ܤ − ݉ 17.2 Finalmente, podemos expressar a magnitude absoluta de uma estrela em uma escala linear, representando quanta radiação luminosa a estrela está emitindo ao espaço, em uma dada banda fotométrica, por unidade de tempo. Essa grandeza é chamada luminosidade. A razão entre as luminosidades ܮe ܮᇱ de duas estrelas vale: ܮ ᇲ = 10ି,ସ(ெିெ ) ᇱ ܮ 17.3 A equação 17.3 nos permite calcular a luminosidade de qualquer estrela em relação à luminosidade de um astro padrão. O padrão mais comum para se expressar as magnitudes das estrelas é o Sol. Representando a luminosidade do Sol em uma dada banda fotométrica por ⊙ܮe sua magnitude absoluta por ⊙ܯ, obtemos: ⊙ܮ = ܮ10ି,ସ(ெିெ⊙ ) 17.4 Se somarmos a radiação total emitida por uma estrela em todas as frequências por unidade de tempo, vamos obter uma medida da quantidade total de luz irradiada pela estrela. Essa quantidade é chamada luminosidade bolométrica. A luminosidade bolométrica, quando expressa em unidades logarítmicas, ou seja, em magnitudes, fornece a magnitude bolométrica. 2.2 Espectroscopia A espectroscopia consiste no estudo dos espectros da luz emitida por uma fonte. Um espectro é grosseiramente um gráfico que mostra quanta luz captamos da fonte, por unidade de tempo, em cada comprimento de onda. Assim como as magnitudes de uma estrela em bandas fotométricas distintas são diferentes, também a intensidade da emissão de luz por uma estrela é diferente a cada comprimento de onda. Isso nos permite extrair diversas informações sobre as propriedades e a composição química das estrelas. Podemos obter o espectro de uma estrela fazendo a luz da estrela passar por uma fenda e direcionando a luz que passa pela fenda por um prisma, ou por algum outro dispositivo que decomponha sua luz em seus diferentes comprimentos de onda. A figura 17.1 mostra a decomposição da luz de uma estrela em particular. Na parte superior dessa figura, está a decomposição da luz no sentido horizontal. Perceba que existem regiões mais escuras, em forma de linhas. Essas linhas são formadas devido à composição química da superfície da estrela, que absorve determinados comprimentos de onda. Na parte inferior da figura 17.1, está o espectro propriamente dito para a mesma estrela, obtido medindo-se o fluxo da luz em cada comprimento de onda. Note que as linhas de absorção do espectro correspondem a quedas locais no fluxo emitido pela estrela. A partir da intensidade e de outras características dessas linhas, podemos determinar parâmetros físicos e de composição química das estrelas. Além disso, a temperatura da estrela tem relação direta com o formato global do seu espectro. 3 CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRELAS As estrelas diferem entre si em uma variedade de aspectos: temperatura, luminosidade, composição química, massa etc. Com base nesses parâmetros, alguns obtidos a partir da fotometria, e outros pela espectroscopia, foram criados sistemas de classificação das estrelas. A partir das características globais e das linhas de absorção dos espectros das estrelas, definimos os tipos espectrais. A intensidade de algumas linhas está diretamente relacionada com a temperatura superficial da estrela, de forma que podemos dizer que os tipos espectrais formam uma sequência de temperaturas estelares. As estrelas mais quentes, com temperaturas superficiais acima de 25000 K formam o tipo O; as mais frias, com temperaturas entre 2700 K e 3500 K, são do tipo M. Figura 17.1: Um espectro de uma estrela. Indicados por traços pontilhados estão as linhas de absorção da estrela. Figura 17.2: Espectros de estrelas dos diferentes tipos espectrais e suas respectivas temperaturas em Kelvins. Fonte: http://www.astro.umd.edu/~ssm/ASTR220/OBAFGKM.html A tabela 17.1 fornece a lista dos tipos espectrais das estrelas, sua temperatura superficial, sua coloração e um exemplo de estrela desse tipo espectral. A figura 17.2 mostra como os espectros das estrelas variam de acordo com seu tipo espectral. Tipo espectral Temperatura (K) Coloração Exemplo Azul O 25000-50000 Alnitak Azulada B 11000-25000 Rigel Branca A 7500-11000 Sirius Branco-amarelado F 6000-7500 Canopus Amarelo G 5000-6000 Sol Laranja K Arcturus 3500-5000 Vermelha M 2700-3500 Antares Tabela 17.1: Os tipos espectrais das estrelas. As estrelas podem, ainda, ser classificadas de acordo com sua luminosidade. Para podermos compreender essa classificação, precisamos criar um gráfico da luminosidade (ou magnitude absoluta) em função do tipo espectral. Um gráfico desse tipo é chamado diagrama Hertzsprung-Russel, ou diagrama H-R, em homenagem aos astrônomos Ejnar Hertzsprung e Henry Russel que o utilizaram pela primeira vez. A figura 17.3a mostra um exemplo de diagrama H-R. Nessa figura, vemos que as estrelas não se distribuem aleatoriamente no espaço de tipo espectral e magnitude absoluta. Pelo contrário, podemos ver linhas curvas bem definidas e povoadas de estrelas, e regiões praticamente vazias em torno delas. Essas linhas correspondem às classes de luminosidade. Podemos definir sete classes de luminosidade distintas: às classes I-II pertencem as estrelas supergigantes, e à classe VII pertencem as anãs brancas. Às classes intermediárias pertencem as demais estrelas. A tabela 17.2 mostra as quatro principais classes de luminosidade, e a figura 17.3b mostra a localização dessas classes no diagrama H-R. Figura 17.3a: Diagrama H-R expresso mediante o índice de cor ܤ− ܸ das estrelas (no eixo horizontal) e a magnitude absoluta ܯ (no eixo vertical). O índice de cor ܤ− ܸ de uma estrela é tanto maior (mais vermelho) quanto mais fria a estrela, de forma que esse índice expressa diretamente o tipo espectral. As estrelas nesse diagrama são oriundas do catálogo Hipparcos e compreendem estrelas até uma distância de 200 pc do Sol. Os círculos pretos preenchidos são as 25 estrelas mais brilhantes do céu, e os círculos abertos são as 25 estrelas mais próximas do Sol. Fonte: Leandro Kerber. Figura 17.3b: O mesmo diagrama H-R da figura 17.3a, mas com as classes de luminosidade da tabela 17.2 indicadas pelas linhas vermelhas contínuas. Fonte: Leandro Kerber. Classe de luminosidade Tipo de estrela I-II Supergigantes III Gigantes V Sequência principal VII Anãs brancas Tabela 17.2: As principais classes de luminosidade. Para que serve classificar os tipos espectrais e definir classes de luminosidade no diagrama H-R? A posição de uma estrela no diagrama H-R nos fornece informações sobre sua massa e seu estágio evolutivo. Assim, criando um diagrama H-R para uma população de estrelas podemos determinar em que estágio de sua vida a estrela se encontra e qual seu provável destino. Analisaremos isso mais a fundo na aula 18. 4 A FONTE DE ENERGIA ESTELAR A energia irradiada pelo sol, ao contrário da crença popular, não é devido à combustão de um material. Essa energia é produzida por processos de fusão nuclear que ocorrem no núcleo das estrelas. Sem a energia proveniente da fusão, a enorme força gravitacional faria com que a estrela entrasse em colapso, contraindo-se e aumentando a pressão a tal ponto que os núcleos atômicos dos elementos que as compõem seriam destruídos no processo; a radiação produzida pela fusão produz uma pressão que suporta as camadas externas da estrela. Só muito recentemente, nos anos 1930-40, foi descoberto que a fusão nuclear era o mecanismo responsável pela energia liberada pelas estrelas, pelo físico alemão Hans Bethe. As reações exatas que ocorrem nas estrelas dependem de sua composição química e de sua massa. Em estrelas de massa semelhante à do Sol, a pressão e a temperatura no núcleo permitem a cadeia de reações próton-próton: Hଵ + Hଵ → H ଶ + ݁ ା + ߥ 17.5 H ଶ + Hଵ → Heଷ + ߛ 17.6 Heଷ + Heଷ → Heସ + Hଵ + Hଵ , 17.7 onde Hଵ é um núcleo de hidrogênio de massa atômica 1 (ou seja, um próton), ݁ ା é um pósitron, ߛ é um fóton, H ଶ é um núcleo de hélio de massa atômica 2, ߥ é um neutrino e Heଷ e Heସ são núcleos de hélio de massa atômica 3 e 4, respectivamente. Nessa cadeia de reações, formam-se núcleos de hélio 4 a partir de prótons, com intensa liberação de energia. Os três passos da reação mostrados acima são, todos, exotérmicos, ou seja, liberam energia. Assim, em estrelas como o Sol, a fonte principal de sua energia é proveniente desse ciclo de reações, que consomem o hidrogênio da estrela e a enriquecem com hélio. Em estrelas um pouco mais massivas do que o Sol (a partir de 1,5 vezes sua massa), um outro processo de fusão se torna importante, devido à elevação da temperatura e da pressão no núcleo da estrela, o ciclo CNO: Cଵଶ + Hଵ → Nଵଷ + ߛ 17.8 Nଵଷ → Cଵଷ + ݁ ା + ߥ 17.9 Cଵଷ + Hଵ → Nଵସ + ߛ 17.10 Nଵସ + Hଵ → Oଵହ + ߛ 17.11 Oଵହ → Nଵହ + ݁ ା + ߥ 17.12 Nଵହ + Hଵ → Cଵଶ + Heସ 17.13 No ciclo CNO, o carbono atua como catalisador da transformação de hidrogênio em hélio. O resultado do ciclo CNO, no interior de uma estrela, é converter hidrogênio em hélio e enriquecê-la, também, com Nଵସ . Estrelas ainda mais massivas, até 10 massas solares aproximadamente, um novo par de reações se torna possível, o ciclo triplo-α: Heସ + Heସ → Be଼ + ߛ 17.14 Be଼ + Heସ → Cଵଶ + ߛ 17.15 Nesse ciclo, ocorre a fusão do hélio, que se converte em carbono. Durante esse ciclo, uma estrela consome hélio e se enriquece em carbono 12. Enquanto isso acontece, os ciclos próton-próton e CNO continuam acontecendo, de forma que a estrela desenvolve camadas em torno do núcleo onde cada uma das reações acima se dá, todas simultaneamente. Estrelas com cada vez mais massa são capazes de realizar a fusão de elementos cada vez mais pesados – neônio, magnésio, silício, argônio etc. – em camadas “especializadas” em torno do núcleo. A vida de uma estrela e seus estágios finais de produção de energia dependem da produção de elementos pesados no seu interior. Na aula 18, vamos ver o que acontece com as estrelas conforme os diferentes processos de fusão nuclear e a conversão de elementos mais leves em elementos mais pesados evolui no tempo. 5 A FORMAÇÃO DAS ESTRELAS As estrelas se formam a partir do colapso gravitacional de nuvens de gás moleculares. Essas nuvens de gás, compostas principalmente de hidrogênio e hélio e enriquecidas com elementos pesados, se distribuem em algumas regiões dentro das galáxias e são também chamadas nebulosas difusas. As nuvens moleculares são muito mais densas do que a média do espaço interestelar – da ordem de dezenas de partículas por centímetro cúbico. A figura 17.4 mostra a imagem de uma nuvem molecular em uma galáxia satélite da Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães. Figura 17.4: Nuvem molecular na Grande Nuvem de Magalhães. Fonte: nasaimages.org As partículas de gás que fazem parte das nuvens moleculares se atraem gravitacionalmente. Com o tempo, as partículas migram para o centro de massa da nuvem, irradiando energia conforme colapsam. Durante o colapso, sub-regiões de nuvem atingem uma densidade tal que ocorre fragmentação da nuvem. Surgem assim, focos independentes de colapso. Cada um desses focos prossegue colapsando, tornando-se mais densos e formando pequenas estruturas físicas – pequenas esferas de gás centrais que irão posteriormente se transformar em estrelas. Assim, nuvens moleculares em colapso dão origem não a uma estrela isolada, mas a um conjunto de estrelas. Os aglomerados de estrelas que vemos no céu (como as Plêiades e as Híades, na constelação de Touro) são formados dessa forma. A figura 17.5 mostra uma imagem das Plêiades, onde se pode ver que parte do material da nuvem que formou o aglomerado ainda está presente na forma de gás entre as estrelas. Figura 17.5: As Plêiades, aglomerado de estrelas na constelação de Touro. Perceba que, além das estrelas, ainda há material originário da nuvem molecular que formou o aglomerado disperso entre as estrelas. Fonte: apod.nasa.gov Nesse estágio, as esferas de gás conseguem irradiar toda a energia nelas armazenada pela queda do gás do entorno na forma de radiação térmica e, com isso, mantêm seus interiores relativamente frios. Um objeto desse tipo é chamado proto-estrela. As proto-estrelas, com freqüência, são acompanhadas de um disco circunstelar, ou seja, um disco de gás e grãos de poeira que circunda a protoestrela. Finalmente, quando o estágio do colapso está suficientemente adiantado e se houver massa suficiente, sua região central se encontra tão densa que dá início às reações de fusão nuclear. Nesse momento, temos uma estrela propriamente dita. Quando se dá a ignição das fusões nucleares, a estrela passa a fazer parte da sequência principal e irá aparecer, em um diagrama H-R, na linha ocupada pela sequência principal e na posição determinada pelo seu tipo espectral, ou seja, por sua massa. Se o objeto formado não tiver massa suficiente para dar início a reações de fusão nuclear, esse objeto não pode ser considerado uma estrela; objetos desse tipo são chamados anãs marrons. Quando as primeiras estrelas se formam, ainda resta muito material ainda em colapso na nuvem. Assim, podemos ter um aglomerado de estrelas jovens coexistindo com a nuvem que colapsa. Um exemplo desse tipo é mostrado na figura 17.6, onde uma nuvem molecular da Pequena Nuvem de Magalhães, satélite da nossa galáxia, deu origem a um aglomerado de estrelas e continua colapsando, ainda formando estrelas. Figura 17.6: Aglomerado de estrelas ainda em formação e sua respectiva nuvem molecular, na Pequena Nuvem de Magalhães. Fonte: apod.nasa.org É comum que, durante o colapso da nuvem molecular, mais de uma protoestrela seja formada a partir do colapso de um único fragmento da nuvem. Assim, temos os sistemas estelares múltiplos. A estrela mais brilhante da constelação de Centaurus, ߙ Centauri, é, na verdade, um sistema triplo: três estrelas orbitam uma em torno da outra. Uma delas é a estrela Proxima Centauri, a mais próxima da Terra. ATIVIDADES Em várias regiões do espaço que circunda o Sol existem regiões de formação estelar. Vá ao site Skyview, que oferece imagens de todo o céu, no endereço http://skyview.gsfc.nasa.gov/cgi-bin/query. No campo “Coordinates or Source”, coloque o nome de cada objeto; no campo “SkyView Surveys”, marque a opção “DSS” e, nos campos “Image size (pixels)” e “Image Size (degrees)”, coloque “500” e “1”, respectivamente. Pressione o botão “Submit Request” e obtenha a imagem do objeto. Se o objeto estiver muito pequeno no centro da imagem, mude a opção “Image Size (degrees)” para um número mais baixo e obtenha uma nova imagem, até que o objeto esteja visível a contento, ou aumente esse número caso o objeto seja muito grande. Analise as características de cada uma dessas regiões e compare sua estrutura com o cenário de formação de estrelas visto nesta aula. L43 M8 M16 M17 M20 NGC 6604 NGC 7000 RESUMO Nesta aula, você viu: Os conceitos de magnitude e luminosidade e as técnicas de fotometria e espectroscopia. Os tipos espectrais e as classes de luminosidade das estrelas. Os fundamentos da produção de energia nas estrelas. O modelo de formação de estrelas a partir de nuvens moleculares. REFERÊNCIAS COLLINS, George W. II. The foundations of stellar astrophysics. Tucson: Pachart Publishing House, 2003. FERRIS, Timothy. Coming of age in the Milky Way. perennial ed. New York: HarperCollins, 2003. VÁRIOS AUTORES. Astronomia: uma visão geral do universo. 2.ed. 3.reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. AULA 18 – ESTRELAS: EVOLUÇÃO E ESTÁGIOS FINAIS OBJETIVOS: Ao final desta aula, o aluno deverá: 1 compreender o que significam as classes de luminosidade estelares; ter um conhecimento básico sobre o ciclo de vida estelar; conhecer os objetos formados ao fim da vida de uma estrela. INTRODUÇÃO A vida de uma estrela é controlada pelos processos de fusão nuclear que ocorrem no seu centro. Os diferentes processos de fusão alteram as proporções relativas dos elementos no seu interior, alterando também as propriedades globais das estrelas. Devido a isso, o volume, a luminosidade, a cor e outras características das estrelas mudam ao longo de sua vida. Nesta aula, vamos analisar o que acontece com uma estrela em cada fase de seu histórico de fusão nuclear, e o que se forma quando uma estrela encerra a produção de energia no seu núcleo. 2 A SEQUÊNCIA PRINCIPAL As estrelas passam a maior parte de sua existência (cerca de 90% dela) realizando exclusivamente a fusão de hidrogênio em hélio, através dos ciclos próton-próton e do ciclo CNO. Estrelas nesta condição formam a sequência principal (classe de luminosidade V), já mostrada na aula 17. Como 90% da vida de uma estrela transcorre quando ela se encontra nessa fase, então cerca de 90% das estrelas que vemos no céu estão na sequência principal. Mas as estrelas, assim que saem da fase de proto-estrela, já passam a povoar a sequência principal. Assim, podemos dizer que as estrelas da sequência principal são estrelas na fase inicial da sua vida. Para estrelas da sequência principal, quanto maior a massa da estrela, maior sua temperatura superficial e maior seu volume. Sabendo o tipo espectral de uma estrela que faz parte da sequência principal, podemos determinar diretamente sua massa e seu tamanho: estrelas tipo O são as maiores e mais massivas estrelas da sequência principal, e estrelas do tipo M são as menores e menos massivas. A tabela 18.1 mostra a massa média das estrelas da sequência principal para cada tipo espectral, e seus raios aproximados. Tipo espectral Massa Raio Tempo na sequência (em massas (em raios principal solares) solares) (anos) O > 15 >6 < 107 B 3 – 15 A 1,5 – 3 1,5 – 2,5 2×108 – 2×109 F 1 – 1,5 1 – 1,4 2×109 – 2×1010 G 0,75 – 1 0,8 – 1 1×1010 – 3×1010 K 0,5 – 0,75 0,6 – 0,8 3×1010 – 2×1011 M 0,1 – 0,5 0,2 – 0,6 2×1011 – 2×1012 2,5 – 6 1×107 – 2×108 Tabela 18.1: A massa, o raio e o tempo de permanência na sequência principal de estrelas de diferentes tipos espectrais. A queima de hidrogênio no núcleo da estrela é mais prolongado quanto menor a massa da estrela. As estrelas mais massivas, como as estrelas de tipos espectrais O e B, permanecem na sequência principal por bem menos tempo do que as estrelas dos tipos K e M. A diferença entre os tempos de permanência das estrelas de diferentes massa na sequência principal é enorme: enquanto uma estrela de tipo M pode permanecer da ordem de centenas de bilhões de anos queimando hidrogênio em seu núcleo – mais tempo do que a idade do universo –, estrelas do tipo O saem da sequência principal em meros 10 milhões de anos, ou antes. A última coluna da tabela 18.1 mostra o tempo de permanência de cada tipo espectral de estrelas na sequência principal. Conforme o processo de fusão de hidrogênio no núcleo da estrela progride, o núcleo se torna cada vez mais rico em hélio. Estrelas de baixa massa, como as estrelas de tipos K e M, apresentam convecção intensa em toda sua extensão, o que sempre conduz mais hidrogênio para o núcleo, permitindo com que todo o hidrogênio possa ser convertido em hélio. Uma estrela desse tipo só abandona a sequência principal ao ter consumido quase todo seu hidrogênio; pela coloração avermelhada, são chamadas anãs vermelhas. Quando isso acontece, o destino da estrela é esfriar por irradiação; não havendo mais fusões nucleares em seu núcleo, a estrela “morre”. Estrelas desse tipo ainda não tiveram tempo de fundir completamente o hidrogênio disponível, uma vez que o universo é mais jovem do que isso. Por isso, não existem no diagrama H-R remanescentes de anãs vermelhas. Para estrelas mais massivas do que 0,5 massas solares, depois de passado um tempo suficientemente longo, o núcleo se torna instável devido à abundância de hélio. Nesse processo, a estrela assume uma nova configuração, sua temperatura superficial e sua luminosidade mudam, e ela deixa a sequência principal. 3 ESTRELAS GIGANTES E SUPERGIGANTES A instabilidade gerada no núcleo das estrelas devido ao consumo do hidrogênio produz uma compressão e um aquecimento do núcleo; o aquecimento do núcleo faz com que as camadas externas da estrela se expandam. Com isso, a luminosidade da estrela aumenta intensamente. Quando o núcleo se aquece o suficiente, inicia-se a fusão do hélio em carbono pelo processo triplo-α, enquanto na periferia do núcleo continua a fusão de hidrogênio. A estrela assume, então, uma nova configuração de equilíbrio, onde seu raio e sua luminosidade aumentaram significativamente, enquanto a temperatura de sua superfície caiu e a estrela se tornou mais avermelhada devido a isso. Estrelas entre 0,5 e 10 massas solares, nessa fase de sua vida, são chamadas gigantes e ocupam o ramo das gigantes (classe de luminosidade III) no diagrama H-R. As estrelas com massa acima de 10 massas solares se tornam mais brilhantes do que as gigantes e são chamadas supergigantes, ocupando o ramo das supergigantes (classe de luminosidade I-II) no diagrama H-R. Ao entrar na fase de gigante, uma estrela aumenta seu tamanho em cerca de 100 vezes o original, enquanto que uma estrela mais massiva, ao se tornar uma supergigante, aumenta seu tamanho por um fator 1000, aproximadamente. Se uma estrela tem menos de 4 massas solares aproximadamente, após consumir uma fração significativa do hélio no núcleo, passa a ter um núcleo rico em carbono, onde não ocorrem mais reações nucleares, e duas camadas externas queimando hélio e hidrogênio, respectivamente. Incapaz de produzir reações nucleares no núcleo devido à sua baixa massa, o destino da estrela será eventualmente resfriar, saindo da sequência principal e ocupando um outro ramo no diagrama H-R, que será descrito na seção 4, a seguir. Estrelas com mais de 4 massas solares são capazes de produzir a fusão de carbono no seu núcleo; quanto maior a massa da estrela, mais reações de fusão diferentes, produzindo elementos mais e mais pesados, ela é capaz de realizar. Estrelas com até 10 massas solares aproximadamente encerram suas fusões nucleares convertendo oxigênio em silício; embora tenham realizado mais tipos de fusão nuclear e tenham composição química diversa, terminam seus dias de forma semelhante às estrelas menos massivas. No entanto, estrelas mais massivas do que 10 massas solares são capazes de fundir silício em ferro e, ao tentar fundir o ferro e transformá-lo em elementos mais pesados, produz um evento catastrófico; a estrela, ao morrer, produz algo muito diferente do que as estrelas de menor massa, conforme veremos na seção 5. 4 NEBULOSAS PLANETÁRIAS E ANÃS BRANCAS As estrelas com menos de 10 massas solares encerram, em algum momento, suas fusões nucleares. Conforme seu núcleo colapsa e se aquece, expulsa as camadas externas, revelando o núcleo denso rico em hélio e carbono. A estrela sai, então, da sequência principal, tornando-se uma anã branca (classe de luminosidade VII). As anãs brancas são assim chamadas porque são muito compactas (de tamanho aproximado ao da Terra, embora tenham uma massa aproximadamente igual ao do Sol) e de coloração esbranquiçada. As camadas exteriores, ricas em hidrogênio, hélio e com outros elementos formados por fusão em camadas diversas, ao serem expulsas pelo núcleo, formam uma densa nuvem de gás em torno da anã branca resultante, formando as chamadas nebulosas planetárias. As nebulosas planetárias se expandem rapidamente e se dissipam em alguns milhares de anos. A figura 18.1 mostra uma nebulosa planetária. No centro da figura, podemos ver a anã branca que resultou da estrela original que produziu a nebulosa. Figura 18.1: A nebulosa planetária NGC 2440. O pequeno ponto brilhante no centro da nebulosa é a anã branca associada à nebulosa. Fonte: apod.nasa.gov 5 SUPERNOVAS, ESTRELAS DE NÊUTRONS E BURACOS NEGROS As estrelas com massas superiores a 10 massas solares prosseguem realizando a fusão de elementos cada vez mais pesados, até que seu núcleo se torna enriquecido por níquel e ferro. Nesse momento, mais uma vez, o núcleo da estrela irá se contrair, aumentando sua densidade e sua pressão, como fizera a cada novo processo de fusão. Chegou a hora de, à pressão e temperatura adequadas, o ferro ser fundido em algum elemento mais pesado. Porém, tendo em vista a estabilidade dos núcleos de ferro, enquanto todas as reações de fusão, desde o hidrogênio até o ferro, liberam energia, reações de fusão nuclear envolvendo o ferro absorvem energia. Ao ser dado o início da fusão do ferro no núcleo da estrela, o núcleo inteiro colapsa devido à drenagem de energia do processo. A densidade do núcleo aumenta enormemente. Com isso, nêutrons livres são formados pela dissociação do ferro em hélio, devido à intensa radiação produzida no processo; mais nêutrons são formados pela fusão de prótons e elétrons, o que diminui ainda mais a pressão interna, e produz um enorme fluxo de neutrinos para fora da estrela, drenando ainda mais energia e favorecendo o colapso. Durante esse processo, que dura apenas algumas horas, são produzidas ondas de choque tão intensas que as camadas externas da estrela são bruscamente ejetadas. Esse processo libera uma enorme quantidade de energia, inclusive na forma de radiação, e é chamado explosão de supernova, ou simplesmente supernova. As explosões de supernova estão entre os fenômenos mais energéticos que ocorrem na natureza. Quando uma estrela passa por uma explosão de supernova, sua luminosidade aumenta tanto que uma única explosão de supernova pode ser mais brilhante do que uma galáxia inteira, com bilhões de estrelas. Assim, uma estrela que originalmente possui um brilho tão baixo que não pode ser vista a olho nu, no céu, passa não apenas a ser visível quando explode em supernova, como também pode se tornar a estrela mais brilhante do céu por semanas. Daí o nome desse tipo de explosão: quando ocorre uma supernova, é como se tivesse nascido uma nova estrela no céu. A explosão dura pouco, e logo a estrela volta a ser invisível a olho nu. Com o passar do tempo, as camadas externas se afastam do núcleo da estrela e resfriam, diminuindo sua luminosidade. Durante a explosão, formam-se diversos elementos químicos mais pesados do que o ferro, como o ouro, o chumbo e o urânio. Parte desses elementos é ejetada juntamente com as camadas externas da estrela. O resultado é uma nuvem de gás muito enriquecida com elementos pesados. Posteriormente, essa nuvem poderá eventualmente enriquecer uma nuvem molecular e, pelo colapso dessa nuvem, novas estrelas serão formadas e conterão em seu interior os restos da explosão original. A figura 18.2 mostra a Nebulosa do Caranguejo, um remanescente de uma estrela que teria explodido em supernova no ano de 1054 d.C. Figura 18.2: A Nebulosa do Caranguejo, na constelação de Touro. Essa nebulosa é o remanescente de uma explosão de supernova. Fonte: www.nasaimages.org Se a estrela original tiver menos de 15 massas solares aproximadamente, seu núcleo, após a explosão, conterá somente cerca uma a duas massas solares – o restante da massa original é expelido pela explosão de supernova. Esse núcleo, rico em nêutrons, também será extremamente denso, uma vez que seu raio é de apenas 10 ou 15 km. Assim, tanto pela sua constituição (nêutrons) quanto pela sua enorme densidade, tais núcleos se assemelham a um enorme núcleo atômico. Esse objeto astronômico recebe o nome de estrela de nêutrons. As estrelas de nêutrons se mantêm estáveis devido à pressão interna dos próprios nêutrons. O tamanho reduzido das estrelas de nêutrons torna difícil sua detecção. Na figura 18.3, podemos ver a minúscula imagem de uma estrela de nêutrons, observada pelo telescópio espacial Hubble. Figura 18.3: A estrela de nêutrons RX J185635-3754. Fonte: www.nasaimages.org Se a estrela original tiver mais de 15 massas solares, o núcleo remanescente da explosão será tão massivo que os nêutrons não conseguem evitar seu colapso. Conforme colapsa, a densidade do núcleo aumenta indefinidamente, até que, em um dado momento, a força gravitacional na sua superfície se torna infinita. Quando isso ocorre, o espaço-tempo na região do núcleo da estrela se torna tão deformado que nada mais pode ser emitido para fora do núcleo: nem mesmo a luz consegue escapar. Esse objeto é, por isso, chamado buraco negro. Os buracos negros, por não emitirem nenhuma radiação, não podem ser observados diretamente. Só podemos inferir sua existência pela ação gravitacional que produzem em estrelas ou no gás disperso em torno de si. A figura 18.4 mostra os cenários possíveis de evolução de estrelas de diferentes massas, e seus estágios finais. Embora os detalhes possam mudar em cada caso devido a outros fatores, como a interação das estrelas com estrelas companheiras, as etapas principais da vida das estrelas são representadas nesse diagrama. Figura 18.4: O ciclo de vida das estrelas. ATIVIDADES Os remanescentes das estrelas podem ser observados diretamente no céu com auxílio de telescópios. A seguir, damos uma lista de 10 remanescentes, sendo 4 nebulosas planetárias e 2 remanescentes de explosões de supernova. Tente descobrir, comparando suas características com o que foi visto na aula de hoje, quais são nebulosas planetárias e quais são remanescentes de supernovas. Para isso, vá ao site Skyview, que oferece imagens de todo o céu, no endereço http://skyview.gsfc.nasa.gov/cgi-bin/query. No campo “Coordinates or Source”, coloque o nome de cada objeto; no campo “SkyView Surveys”, marque a opção “DSS” e, nos campos “Image size (pixels)” e “Image Size (degrees)”, coloque “500” e “0.5”, respectivamente. Pressione o botão “Submit Request” e obtenha a imagem do objeto. Se o objeto estiver muito pequeno no centro da imagem, mude a opção “Image Size (degrees)” para um número mais baixo e obtenha uma nova imagem, até que o objeto esteja visível a contento. NGC 6853 NGC 6369 SN 1054 NGC 7293 NGC 3587 Puppis A RESUMO Nesta aula, você viu: O que significam as classes de luminosidade estelares. O ciclo da vida de uma estrela. Os remanescentes das estrelas. REFERÊNCIAS COLLINS, George W. II. The foundations of stellar astrophysics. Tucson: Pachart Publishing House, 2003. FERRIS, Timothy. Coming of age in the Milky Way. perennial ed. New York: HarperCollins, 2003. RIDPATH, Ian. Guia ilustrado Zahar Astronomia. 2.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. VÁRIOS AUTORES. Astronomia: uma visão geral do universo. 2.ed. 3.reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. AULA 19 – CRIANDO E ANALISANDO UM DIAGRAMA H-R OBJETIVOS: Ao final desta aula, o aluno deverá: 1 compreender e ser capaz de reproduzir um diagrama H-R; ser capaz de identificar as propriedades de estrelas via diagrama H-R. INTRODUÇÃO Na aula 17, vimos que as estrelas podem ser classificadas de acordo com seu tipo espectral e de acordo com sua luminosidade, através das classes de luminosidade reveladas pelo diagrama H-R. Para uma amostra de estrelas para as quais tenhamos a magnitude absoluta (para o qual precisamos de estimativas de distância e de magnitude aparente) e o tipo espectral (obtido através da espectroscopia), podemos construir um diagrama H-R e, através dele, entender como as estrelas de nossa amostra se relacionam entre si e a que classes de luminosidade pertencem. Isso nos fornece não apenas o estágio atual da vida de cada estrela como também nos informa qual seu destino provável. Nesta aula, vamos construir um diagrama H-R para uma amostra de estrelas e, através do diagrama, entender as propriedades das estrelas da amostra. 2 METODOLOGIA Na tabela 19.1 está uma lista de estrelas que povoam a região próxima ao Sol. Algumas dessas estrelas são as mais brilhantes do céu, outras são as mais próximas de nós. A tabela informa, para cada estrela, seu tipo espectral e sua magnitude absoluta. Você deverá criar um gráfico contendo o tipo espectral no eixo das abscissas e a magnitude absoluta no eixo das ordenadas. Para construir esse gráfico, siga os seguintes passos: 1) Transforme os tipos espectrais das estrelas em uma sequência numérica. Para isso, atribua números, numa escala linear, para os tipos espectrais, começando no tipo O e indo até o tipo M, na ordem de maior temperatura superficial para a menor. A sequência numérica deve seguir na ordem O0, O1, O2, ..., O9, B0, B1, B2, ..., B9, e assim por diante. 2) Use a sequência numérica obtida acima para atribuir um valor da abscissa para cada estrela. 3) Use a magnitude absoluta dada na tabela 19.1 como ordenada para construir um gráfico, invertendo o eixo das ordenadas, de forma que a magnitude mais intensa (mais negativa) aponte para cima. Nome da estrela Tipo espectral Magnitude absoluta visual 61 Cygnus A 61 Cygnus B Achernar Adhara Aldebarã A Aldebarã B Altair Antares A Antares B Arcturus BD +5 1668 BD -12 4523 Bellatrix Beta Centari Beta Crucis Betelgeuse Canopus Capella A Capella B Capella C Castor A Castor B Castor C Centari A Centari B Centari C Centaurus A Centaurus B Crucis A Crucis B Deneb Epsilon Eridani Epsilon Indi Fomalhaut A Fomalhaut B Groom 34 A Groom 34 B Kapteyn's Star Krueger 60 A Krueger 60 B Lacaille 8760 K5 K7 B5 B2 K5 M2 A7 M1 B4 K2 M4 M4 B2 B1 B0 M2 F0 G0 M0 M5 A1 A5 K6 G2 K5 M5 G2 K5 B1 B3 A2 K2 K5 A3 K4 M1 M6 M0 M3 M4 M0 7,5 8,3 -1,0 -5,0 -0,2 12,0 2,2 -4,5 -0,3 -0,3 11,9 12,0 -4,2 -4,1 -4,6 -5,5 -3,1 -0,7 9,5 13,0 2,1 2,9 8,8 4,4 5,8 15,0 4,4 5,8 -4,0 -3,5 -6,9 6,1 7,0 2,0 7,3 10,5 13,2 8,7 11,8 13,4 8,7 Lacaille 9352 Lalande 21185 Luyten Pollux Procyon A Procyon B Regulus Rigel A Rigel B Ross 128 Ross 154 Ross 248 Ross 614 Shaula Sirius A Sirius B Sol Spica Struve 23948 Struve 2398 Tau Ceti Vega M2 M2 M5 K0 F5 F0 B7 B8 B9 M5 M4 M5 M5 B1 A1 B8 G2 B1 M5 M4 G8 A0 9,6 10,5 14,7 0,1 2,7 13,0 -0,7 -6,8 -0,4 13,8 13,3 14,7 13,1 -3,3 1,4 11,5 4,8 -3,6 11,9 11,1 5,7 0,5 Tabela 19.1: Tipos espectrais e magnitudes absolutas de algumas estrelas. 3 ANÁLISE DO DIAGRAMA Com base no diagrama H-R, que você construiu para as estrelas da tabela 19.1, analise os seguintes pontos: 1) A qual classe de luminosidade pertence a estrela Centaurus A? Qual você acredita que seja seu futuro? O que você sabe sobre sua história? Como ela se compara com o Sol? 2) A qual classe de luminosidade pertence a estrela Betelgeuse? Que idade você estima para essa estrela? Qual você acredita que seja seu futuro? O que você sabe sobre sua história? 3) A qual classe de luminosidade pertence a estrela Aldebarã A? Que idade você estima para essa estrela? Qual você acredita que seja seu futuro? O que você sabe sobre sua história? 4) A qual classe de luminosidade pertence a estrela Sirius B? Que massa você estima para essa estrela? Qual você acredita que seja seu futuro? O que você sabe sobre sua história? 5) A qual classe de luminosidade pertence a estrela Procyon B? Que massa você estima para essa estrela? Qual você acredita que seja seu futuro? O que você sabe sobre sua história? 6) As estrelas Sirius B e Procyon B fazem parte de sistemas binários, respectivamente, com Sirius A e Procyon A. Você consegue explicar por que as duas primeiras recebem a letra “B” no seu nome? RESUMO Nesta aula, você viu: A construção e interpretação de um diagrama H-R. Como inferir propriedades de estrelas mediante o diagrama H-R.