Interações entre abertura do dossel, queda de árvores e

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE TROPICAL UNIFAP / EMBRAPA-AP / IEPA / CI - BRASIL
DAYSE SWELEN DA SILVA FERREIRA
INTERAÇÕES ENTRE ABERTURA DO DOSSEL, QUEDA DE ÁRVORES E
RIQUEZA DE ESPÉCIES EM FLORESTA DE VÁRZEA DO
ESTUÁRIO AMAZÔNICO
MACAPÁ-AP
2012
DAYSE SWELEN DA SILVA FERREIRA
INTERAÇÕES ENTRE ABERTURA DO DOSSEL, QUEDA DE ÁRVORES, E
RIQUEZA DE ESPÉCIES EM FLORESTA DE VÁRZEA DO
ESTUÁRIO AMAZÔNICO
(Versão corrigida)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Biodiversidade Tropical da Universidade Federal do
Amapá, como parte dos requisitos para obtenção do
título de mestre em Biodiversidade Tropical, área de
concentração em Ecologia.
Orientador: Dr. Marcelino Carneiro Guedes
MACAPÁ-AP
2012
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca Central da Universidade Federal do Amapá
Ferreira, Dayse Swelen da Silva
Interações entre abertura do dossel, queda de árvores, e riqueza de
espécies em floresta de várzea do estuário amazônico / Dayse Swelen da
Silva Ferreira; orientador, Dr. Marcelino Carneiro Guedes. Macapá, 2013.
63 f.
Dissertação
(mestrado)
–
Programa
de
Pós-graduação
em
Biodiversidade Tropical/PPGBio.
1. Ecologia florestal. 2. Fotografias hemisféricas. 3. Clareiras. 4.
Maré. 5. Florística. I. Guedes, Marcelino Carneiro. II. Universidade
Federal do Amapá. III. Título.
CDD. 577.309811
DEDICATÓRIA
À minha família, pelo incentivo e apoio em todos os momentos;
Ao meu amado José Ferreira Saraiva, companheiro
de todas horas, meu melhor amigo e meu grande incentivador.
AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES) pela
concessão da bolsa durante o período do mestrado.
Às instituições Embrapa-Amapá, Instituto Estadual de Florestas do Amapá– IEF,
Instituto Chico Mendes – ICMBio, Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do
Amapá – IEPA, Universidade Estadual do Amapá - pelo apoio técnico e logístico para
execução do projeto Florestam.
Ao meu orientador Dr. Marcelino Carneiro Guedes, pelos ensinamentos, pelo apoio
em todos os momentos, pela imensa paciência, tranquilidade e incentivo.
Ao meu esposo José Ferreira Saraiva, companheiro de todas as horas, sempre
carinhoso e incentivador, a quem eu devo mais essa conquista.
A minha super família pelo apoio em mais uma fase, em especial aos meus pais José
Ferreira e Jacilene Ferreira, a minha vozinha Benedita da Silva, aos meus tios e tias sempre
bem humorados que riam do meu desespero para terminar o mestrado; aos meus irmãos que
amo loucamente: Jackson Ferreira, Jorge Davi, Olívia Patrícia e Lucas Ferreira, também a
minha sobrinha Julie por tornar os meus dias mais felizes sempre que a vejo sorrir.
A toda equipe do Projeto Florestam, em especial ao Breno, Edglei, Lindinaldo,
Marciane, Mário, Jonas, Flávia, Diego, Ezaquiel, Núbia, Emauelle (Manú), Adjard, Adjalma e
Enoque, que muito me ajudaram em campo.
À engenheira florestal Juliana Eveline em quem eu descobri uma grande amiga. Pela
parceria durante o mestrado e durante as atividades de campo. Por ter sido sempre tão
divertida e pelas hooooras de bate papo quando estávamos em campo.
À amiga, colega de turma na graduação e no mestrado Giselle dos Anjos, pelo
companheirismo em momentos angustiantes e também divertidos durante essa jornada.
Ao professor Dr. Raimundo Nonato Picanço Souto, por ter me orientado no inicio do
mestrado, pela amizade, bom humor e pelos conselhos sempre bem vindos.
A todos os professores do PPGBio, pelos ensinamentos e colaboração no meu
desenvolvimento profissional.
Ao biólogo e amigo Jadson Dezincourt, pela colaboração na revisão final desta
dissertação.
Às avaliadoras, Drª. Eleneide Doff Sotta, Drª. Wegliane Aparício e Drª. Sônia Jordão
pelas contribuições para melhora deste trabalho.
Ao Daniel Pandilha, um verdadeiro anjo da guarda, sempre solícito e amigo nos
momentos necessários.
Aos moradores do Mazagão (Valdenor, Milton, Benedito, Francisco), Maracá
(Manoel Oliveira, Celestino, Dico e Ladir) e Ajuruxi (Benoca, Naldo, Ovídio e Sérgio), que
sempre nos receberam de braços abertos em suas casas e possibilitaram a realização do
trabalho em suas áreas.
À geógrafa Kerly Jardim e à pesquisadora Drª.Valdenira dos Santos, pela colaboração
com os mapas.
À família Saraiva, em especial aos meus sogros Margarida Ferreira e Aluísio Saraiva,
pelas orações e amizade.
Aos amigos de sempre Mariana Chandaliê, Juliana Ribeiro e Micheline Vergara,
Rayssa Barros, Ricardo dos Anjos e Rafael Homobono, pelo apoio moral e incentivo sempre
necessário.
A toda minha querida turma PPGBio 2010, em especial a Eliane Furtado, Juan
Vicente, Gabriela Dias, Maryele Ferreira, Lailson Lemos, Maurício Abdon, Edilson, Márcia
Dayane, Débora Arraes, Ana Beatriz, Keliane Castro pelos momentos que passamos juntos.
Foi um prazer passar esses dois anos ao lado de vocês.
A todos que de alguma forma colaboraram para o desenvolvimento e finalização deste
trabalho.
A TODOS MUITO OBRIGADA!
EPÍGRAFE
“A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas.”
Johann Goethe
RESUMO
INTERAÇÕES ENTRE ABERTURA DO DOSSEL, QUEDA DE ÁRVORES E RIQUEZA
DE ESPÉCIES EM FLORESTA DE VÁRZEA DO ESTUÁRIO AMAZÔNICO
Diversos fatores podem afetar a riqueza e a composição de espécies nas florestas tropicais, como os
distúrbios causados pela queda das árvores, formação de clareiras e aberturas no dossel florestal. O
presente trabalho teve como objetivo avaliar como a comunidade arbórea responde às variações da
abertura do dossel e se essa abertura pode ser associada às clareiras recentes e as principais causas de
queda de árvores. A coleta de dados foi realizada em parcelas permanentes do projeto “Florestam“,
que estuda a ecologia e manejo florestal para uso múltiplo de várzeas do estuário amazônico, em duas
regiões: uma na foz do Rio Mazagão e outra na foz do rio Ajuruxi, no Município de Mazagão, sul do
Estado do Amapá. Em cada região foi amostrada uma área de dois hectares, onde foi realizado o
inventário florístico dos indivíduos arbóreos com DAP ≥ 5 cm. Além disso, foi realizada uma busca
das árvores caídas e das clareiras nas mesmas áreas, aumentando a amostra para 5 ha. Para
caracterização do dossel foram utilizadas fotografias hemisféricas tomadas no centro das parcelas e
das clareiras encontradas. Essas fotografias foram analisadas no programa Gap Light Analyser 2.0
(GLA) para calcular a porcentagem de abertura do dossel. A região de Mazagão apresentou menor
riqueza com 69 espécies e a região do Ajuruxi 86 espécies. Para as duas regiões, a Mora paraensis
(pracuúba) e Pentachletra macroloba (pracaxi) foram as espécies com maior valor de importância.
Constatou-se que a riqueza de espécies não apresentou relação significativa com a abertura do dossel,
que também não teve relação com o número de indivíduos. A média de abertura do dossel para
Mazagão foi de 15,47% e para Ajuruxi foi de 13,96%. O nível máximo de abertura observado foi de
30%. Foram medidas 781 indivíduos de árvores caídas e tocos, com média de 19 árv. ha-1. Dessas
árvores caídas, constatou-se que apenas 23% foi de origem antrópica, mostrando que a derrubada de
árvores pelo homem é bem menor do que a queda natural. A área das clareiras não apresentou relação
significativa com a abertura do dossel, mostrando que a abertura que é fotografada naquele instante vai
depender de outros fatores como a capacidade de crescimento lateral das árvores que ficaram no limite
da clareira ou do efeito dominó que pode derrubar outras árvores menores. No caso das florestas de
várzea avaliadas, na micro escala considerada, as imagens estáticas dessa paisagem mostram que um
nível de abertura do dossel de até 30%, não chega a alterar a riqueza de espécies e a dominância da
família Fabaceae e das espécies Mora paraensis e Pentachletra macroloba nesse ambiente.
Palavras-chave: Distúrbio, Floresta Amazônica, fotografias hemisféricas, Projeto Florestam.
ABSTRACT
INTERACTIONS BETWEEN AN CANOPY OPENNESS, FALLING OF TREES,
WEALTH OF SPECIES IN A FLOODPLAIN FOREST OF THE AMAZON ESTUARY
Several factors may affect the species richness and composition of tropical forests such, as
disturbances caused by falling trees, forming gaps and openings in the forest canopy. This study aimed
to evaluate how the community responds to changes in the opening of tree canopy and this opening
can be linked to recent clearings and the main causes of the falling of trees. Data collection was
performed on permanent plots in the area of project "Florestam" whose objective of study is the
ecology and forest management for multiple use of the floodplains of the Amazon estuary, in two
regions: one at the mouth of the Rio Mazagão and another at the mouth of the river Ajuruxi in the city
of Mazagão, south of the state of Amapá. In each region was sampled an area of two hectares, where a
floristic inventory of trees with DBH ≥ 5 cm was carried out. Furthermore, a search of fallen trees and
gaps was done in the same areas, increasing the sample area to 5 ha. For the characterization of the
canopy were used hemispherical photographs, which were taken at the center of the plots and also in
the gaps found. These photographs were processed using the program Gap Light Analyzer 2.0 (GLA)
to calculate canopy openness. The Mazagão region showed the lowest species richness (69) compared
to the richness of the Ajuruxi region (86). For both regions, and Mora paraensis, Pentachletra
macroloba were the species with the highest importance. It was found that the species richness showed
no significant association with the opening of the canopy, which also was not related to the number of
individuals. The average canopy openness to Mazagão was 15.47% and for Ajuruxi was 13.96%. The
maximum opening was 30%. We measured 781 stumps and fallen trees, with an average of 19 tree. ha¹. Of these, 23% were of anthropogenic origin, showing that the falling of trees by man is much
smaller than the natural fall. The gap size showed no significant association with the opening of the
canopy, showing that openness that is photographed at that moment will depend on other factors as the
ability of lateral growth of the trees that were on the edge of the clearing or the domino effect that
could topple other smaller trees. In the case of floodplain forests that were assessed in a micro scale,
the statistical data of the landscape shows that a level of canopy opening up to 30%, it is not enough to
alter the species richness and the dominance of Fabaceae family and the species Mora paraensis and
Pentachletra macroloba this environment.
Keywords: Disturbance. Amazon Rainforest, hemispherical photographs, Project Florestam.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização das várzeas flúvio-marinhas da Amazônia brasileira. Fonte: Lima et al.
(2001). ............................................................................................................... 18
Figura 2. Localização das áreas de várzea no estuário amazônico. Fonte: ARIMA; MACIEL;
UHL, 1998. ........................................................................................................ 19
Figura 3. a) Frutos de açaí coletados na várzea; b) palmitos de açaí; c) serraria localizada na
região do Maracá. Fotos: Dayse S. S. Ferreira. ................................................... 20
Figura 4. a) Densiômetro para obtenção da porcentagem de cobertura; b) câmera com lente
olho de peixe para obtenção de fotografias hemisféricas. ................................... 22
Figura 5. a) Abertura no dossel causada pela queda de árvore; b) Queda de árvore em floresta
de várzea causada pelo desenraizamento. Foto: Dayse S. S. Ferreira. ................. 25
Figura 6. Localização das três áreas de estudo do Projeto Florestam localizadas em várzea
estuarina. Fonte: Acervo do Projeto Florestam. .................................................. 27
Figura 7. Localização dos transectos em cada região de estudo do Projeto Florestam. Em
destaque na cor vermelha os transectos amostrados neste estudo. Fonte: Acervo do
Projeto Florestam. .............................................................................................. 30
Figura 8. Desenho esquemático da coleta de dados ao longo dos transectos. ........................ 31
Figura 9. Causas de que de árvores em floresta de várzea: a) desenraizamento; b: quebra no
tronco; c) cortada sem uso madeireiro; d) serrada para uso madeireiro. .............. 32
Figura 10. a) Câmera fotográfica com lente hemisférica de 8mm; b) Posicionamento para o
norte geográfico, c) Câmera fotográfica posicionada no centro de uma parcela em
altura padrão de 1,30 m. ..................................................................................... 34
Figura 11. Curva cumulativa espécie - área para espécies arbóreas que ocorrem em floresta
de várzea nas regiões de Mazagão Velho que apresentou menor riqueza de
espécies que a região do Ajuruxi, sul do Estado do Amapá. ............................... 36
Figura 12. Famílias com maior riqueza de espécies para Ajuruxi e Mazagão Velho. ........... 38
Figura 13. Famílias mais representativas para Ajuruxi e Mazagão Velho. ........................... 39
Figura 14. Número de árvores caídas para cada transecto estudado na região de Mazagão
Velho e Ajuruxi. ................................................................................................ 42
Figura 15. Fatores da queda das árvores ao longo dos transectos na região de Mazagão Velho
e Ajuruxi............................................................................................................ 43
Figura 16. Níveis de abertura do dossel entre as duas regiões estudadas através do test-t. .... 45
Figura 17. Relação da riqueza de espécies (a) e número de indivíduos (b) com a abertura do
dossel nas 160 parcelas estudadas. ..................................................................... 46
Figura 18. Relação da abertura do dossel em clareias com a área da clareira delimitada no
nível do solo. ..................................................................................................... 49
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Resultados do inventário florestal na região de Mazagão Velho e Ajuruxi. ........... 37
Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos das 10 espécies com maior IVI, calculados para os
indivíduos arbóreos da região do Mazagão Velho. DA – Em que: DA – Densidade
absoluta (ind/ha); DR – Densidade relativa (%); FA – Frequência absoluta; FR –
Frequência relativa; DoA – Dominância absoluta (m²/ha); DoR – Dominância
relativa e IVI – Índice de valor de importância. .................................................. 40
Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos das 10 espécies com maior IVI, calculados para os
indivíduos arbóreos da região do Ajuruxi. Listados em ordem crescente de acordo
com o valor do IVI. Em que: DA – Densidade absoluta (ind/ha); DR – Densidade
relativa (%); FA – Frequência absoluta; FR – Frequência relativa; DoA –
Dominância absoluta (m²/ha); DoR – Dominância relativa e IVI – Índice de valor
de importância. .................................................................................................. 40
Tabela 4. Valores de árvores caídas e porcentagem de abertura de dossel nos transectos
estudados. .......................................................................................................... 44
Tabela 5. Clareiras encontradas nas regiões de Mazagão Velho e Ajuruxi com suas
respectivas áreas e porcentagens de abertura do dossel. ...................................... 48
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO........................................................................................................... 14
2
HIPÓTESE.................................................................................................................. 16
3
OBJETIVOS ............................................................................................................... 16
3.1
Objetivo Geral ....................................................................................................... 16
3.2
Objetivos Específicos............................................................................................. 16
4
REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 17
4.1
Florestas de várzea do estuário amazônico ............................................................. 17
4.2
Dossel florestal - a luz como um fator do ecossistema ............................................ 21
4.3
Importância da abertura de clareiras para manutenção da diversidade de espécies .. 23
5
MATERIAL E MÉTODO .......................................................................................... 27
5.1
Área de estudo ....................................................................................................... 27
5.2
Coleta de dados...................................................................................................... 29
5.3
Análise dos dados .................................................................................................. 34
6
RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 36
6.1
Suficiência amostral ............................................................................................... 36
6.2
Composição florística e parâmetros fitossociológcos das áreas estudadas ............... 37
6.3
Ocorrência de árvores caídas nas áreas estudadas ................................................... 41
6.4
Abertura do dossel ................................................................................................. 44
6.5
Origem e formação de clareiras .............................................................................. 47
7
CONCLUSÕES ........................................................................................................... 50
8
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 51
APÊNDICES ............................................................................................................... 57
14
1
INTRODUÇÃO
A floresta amazônica é a maior e mais diversa floresta tropical do mundo com mais
de 6.000.000 de km² distribuídos por nove países da América do Sul, é considerada como o
maior reservatório de espécies vegetais da Terra, contendo pelo menos 40.000 espécies de
plantas (MORTON et al., 2011; PEREIRA; SOBRINHO; NETO, 2011).
Composta por uma série de formações vegetais floristicamente distintas, a Floresta
Amazônica apresenta ao longo de sua distribuição; florestas de terra firme, campinas,
campinaranas e florestas inundáveis. Destas, as florestas inundáveis ocupam cerca de 8% do
bioma amazônico, e se destacam por apresentarem elevada importância econômica e cultural
para população (ALMEIDA; AMARAL; SILVA, 2004).
Há sete tipos de florestas inundáveis que se diferenciam pelo tipo de inundação, cor
da água, tipo de solo, origem geológica e composição de espécies. Os tipos mais
representativos na Amazônia brasileira são os igapós formados por rios de água preta ou
clara e as florestas de várzea que são periodicamente inundadas por rios de água branca
(ALMEIDA; AMARAL; SILVA, 2004).
Diferentemente das várzeas localizadas no médio Amazonas, que apresentam cheias
sazonais, as várzeas localizadas no estuário amazônico são fortemente influenciadas pelas
marés do oceano Atlântico, sendo diariamente inundadas por apresentar dois ciclos diários
de maré.
As florestas de várzea localizadas ao longo do estuário amazônico se destacam por
apresentar uma vegetação característica com espécies exclusivas e adaptadas ao regime de
inundação diário conhecido como maré (PAROLIN et al., 2004). Essas áreas também
apresentam elevados índices de fertilidade do solo, resultando em alta produtividade e
suporte às populações ribeirinhas que se mantém dos recursos que esse ecossistema oferece
(SILVA; TAKIYAMA; SILVA, 2006).
Sabe-se que fatores como o período de inundação, os tipos de solo, a deposição de
sedimentos, altura da inundação, a formação de um gradiente de inundação, assim como a
forma e a intensidade de utilização desse ambiente e a tolerância das espécies ao regime de
inundação diário agem sobre a diversidade e a composição das espécies (TER-STEEGE et
al., 2000; WITTMANN; JUNK; PIEDADE, 2004).
Além dos fatores previsíveis que fazem parte do ecossistema de várzea e são
relacionados com sua diversidade, os distúrbios que não podem ser previstos, também têm
15
um importante papel na manutenção da diversidade florestal. Autores como (MARTÍNEZRAMOS et al., 1988; CONNELL, 1989) relatam a ocorrência de distúrbios como um fator
importante na manutenção da diversidade das florestas tropicais. Os distúrbios são definidos
como qualquer evento que promova alterações no dossel florestal. Assim, distúrbios como a
queda das árvores e a formação de clareiras alteram a formação do dossel florestal,
proporcionando maior abertura e possibilitando maior incidência luminosa no solo da
floresta (SHEIL; DAVID, 2003).
As maiores causas da formação de clareiras na região amazônica são as quedas de
árvores por causa natural (VANDERMEER; BONGERS, 1996) ou interferência antrópica
(FERREIRA; ALMEIDA; AMARAL, 2005). Compreender como as espécies arbóreas
respondem a esses fatores ambientais é importante para entender a dinâmica que acontece
nas florestas de várzeas e como esse conhecimento pode ser aplicado para que se possa
maximizar o potencial do manejo florestal, principalmente no que se refere à luminosidade,
que é fator essencial à produção primária líquida e, portanto, essencial ao próprio
desenvolvimento e capacidade produtiva das espécies.
Esta dissertação representa uma das atividades do Projeto “Ecologia e Manejo
Florestal para Uso Múltiplo de Várzeas do Estuário Amazônico”, denominado “Florestam”.
O projeto é liderado pela Embrapa Amapá e conta com a colaboração das instituições:
Instituto Estadual de Florestas do Amapá (IEF/AP), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBIO), Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Universidade
Estadual do Amapá (UEAP). Tem como meta ampliar os conhecimentos sobre o
ecossistema de várzea e a partir disso, promover soluções e inovações para o manejo
florestal sustentável e o uso múltiplo das espécies nativas das várzeas do estuário do Rio
Amazonas.
16
2
HIPÓTESE
A variação na entrada de luz relacionada à abertura do dossel pode ser associada à
alteração na variedade de espécies arbóreas, alterando também a importância ecológica das
espécies no local.
3
OBJETIVOS
3.1
Objetivo Geral
Estudar a queda de árvores, a porcentagem de cobertura do dossel e a área de
clareiras em floresta de várzea do estuário amazônico, investigando sua relação com a
riqueza e densidade de espécies arbóreas.
3.2
Objetivos Específicos
 Verificar se as relações florístiticas e fitossociológicas da floresta com o dossel
variam em função da região.
 Investigar se há influencia da abertura do dossel sobre a riqueza de espécies e
densidade de árvores nas áreas estudadas.
 Estudar a queda de árvores formação de clareiras na floresta de várzea, analisando se
a área da clareira pode ser associada com a abertura do dossel.
17
4
REVISÃO DA LITERATURA
4.1
Florestas de várzea do estuário amazônico
O litoral amazônico ou costa amazônica estende-se desde a Baia de São Marcos
(MA), até o Delta do Orenoco na Venezuela com cerca de 2.700 km de extensão (SANTOS,
2006). Ao longo de sua distribuição, estão inseridos os estuários que figuram como parte
integrante dos ecossistemas amazônicos, exercendo grande influência no ecossistema local.
Classicamente, os estuários são definidos como corpos d’água semi-fechados
transitórios entre o rio e o mar, nos quais ocorre diluição da água salgada do mar com a água
doce do rio proporcionando um gradiente salino. Essas regiões estuarinas caracterizam-se
pela elevada biodiversidade, e são responsáveis pela manutenção tanto dos ecossistemas
marinhos quanto fluviais (PRITCHARD, 1967; CLARK, 1996).
O estuário do rio Amazonas é constituído por terras baixas oriundas dos sedimentos
holocênicos, rodeado por depósitos mais antigos do período terciário (HIRAOKA, 1992;
RABELO, 1999). A vegetação típica do estuário amazônico é a floresta de várzea,
denominada também de várzea flúvio-marinha, pois, “ao longo do baixo curso dos rios e dos
seus afluentes, as marés invertem a correnteza dos rios e comandam o regime de inundação
das várzeas”. Nesta classificação se enquadram o estuário do rio Amazonas, o estuário do
rio Pará, a planície litorânea amapaense, o nordeste paraense e pré-Amazônia maranhense
(LIMA et al., 2001) (Figura 1).
18
Figura 1. Localização das várzeas flúvio-marinha da Amazônia brasileira. Fonte: Lima
et al. (2001).
Na região estuarina as florestas de várzea abrangem uma área de aproximadamente
25.000 km² (ARIMA; MACIEL; UHL, 1998). Representada pelo trecho do rio Amazonas a
jusante de sua confluência com o rio Xingu, esta região mantém uma estreita relação com o
mar devido a influência das marés oceânicas apresentando dois ciclos de enchentes e
vazantes na foz dos rios (LIMA et al., 2001) (Figura 2).
19
Figura 2. Localização das áreas de várzea no estuário amazônico. Fonte: ARIMA;
MACIEL; UHL, 1998.
As florestas de várzea são consideradas o segundo maior ecossistema do estado
amapaense, ocupando cerca de 4,85% da superfície total e aproximadamente 15,46% do
setor estuarino, ocorrendo ao longo da orla amazônica adentrando pelos estuários e baixos
cursos de inúmeros rios (KORHONEN et al., 2006; CARIM; JARDIM; MEDEIROS, 2008;
PINTO et al., 2008).
Devido aos seus elevados valores de produtividade e fertilidade dos solos, as
florestas de várzea têm dado suporte socioeconômico e têm sido historicamente as mais
utilizadas para atividades humanas. Por isso, destaca-se como um dos ecossistemas mais
importantes da região amazônica (HIRAOKA, 1992).
O uso desse ambiente está centrado no extrativismo vegetal, principalmente do
açaizeiro, para uso do fruto e do palmito (Figura 3a, 3b), da andiroba e das espécies
madeireiras (Figura 3c). Também ocorre em menor escala a pecuária extensiva em campos
de várzea, além da pesca e da caça de subsistência (KORHONEN et al., 2006; GARCIA et
al., 2007; PINTO et al., 2008). Essas atividades de extrativismo vegetal podem influenciar
na diversidade de espécies e principalmente na estrutura da vegetação, distribuídas a partir
da margem do rio (APARÍCIO, 2011).
20
Figura 3. a) Frutos de açaí coletados na várzea; b) palmitos de açaí; c) serraria
localizada na região do Maracá. Fotos: Dayse S. S. Ferreira.
Quando comparadas com as florestas de terra firme, constata-se que as florestas de
várzea apresentam menor riqueza de espécies vegetais. Isso pode ser atribuído ao fato de que
poucas espécies dispõem de mecanismos morfofisiológicos que tolerem o ritmo de
inundação (GAMA et al., 2005). Contudo, as florestas de várzea apresentam elementos
florísticos bem característicos, principalmente palmeiras como a espécie Euterpe oleracea
Mart. (açaí) e o Astrocaryum murumuru Mart. (muru-muru), assim como a predominância
de espécies arbóreas como Mora paraensis (Ducke) Ducke (Pracuúba), Hevea brasiliensis
(Willd. ex A. Juss.) Müll. Arg. (seringueira), Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.)Warb.
(ucuúba), Ceiba pentandra (L.) Gaertn. (samaúma), Calycophyllum spruceanum (Benth.)
Hook. f. ex K. Schum. (pau-mulato) e Spondias mombin L. (taperebá) (JARDIM et al.,
2007).
A dissimilaridade entre os ambientes de várzea e terra firme pode ser explicada pelas
características dos solos de várzea formados por terras baixas e origem sedimentar. O
regime de inundação propicia uma baixa difusão de oxigênio e menor troca gasosa, assim
21
como a geração de gases como N2, N2O, CH4 que podem atingir altos níveis e comprometer o
desenvolvimento das plantas (GAMA et al., 2005).
Essa seletividade de espécies propicia uma menor diversidade, menor amplitude
diamétrica, menor estoque de fitomassa, menor altura do dossel e muitos indivíduos com
raízes tabulares (GAMA et al., 2005).
4.2
Dossel florestal - a luz como um fator do ecossistema
O dossel florestal é classicamente definido como "a camada superior do ecossistema
florestal que consiste na sobreposição de folhas, galhos de árvores, arbustos ou ambos"
(LOWMAN; WITTMAN, 1996). É uma estrutura resultante de anos de evolução entre
interações ecológicas da vegetação com o ambiente. É uma estrutura complexa e dinâmica
que varia em uma escala espacial e temporal e constitui a grande parte da folhagem
fotossitenticamente ativa e da biomassa em ecossistemas florestais (LOWMAN;
WITTMAN, 1996; MCCARTHY; ROBISON, 2003; SUGANUMA et al., 2008).
Em termos ecológicos, o dossel apresenta uma grande influência na regeneração das
espécies arbustivo-arbóreas e atua como barreira física às gotas de chuva, protegendo o solo
da erosão (LOWMAN; WITTMAN, 1996). Apesar dos estudos com dossel serem
relativamente recentes, compreender como essa estrutura influencia os processos ecológicos
é importante para o conhecimento da dinâmica dos ecossistemas, pois, alterações no dossel
influenciam diretamente a disponibilidade e a distribuição de luz no sub-bosque
(ENGELBRECHT; HERZ, 2001; GARCIA et al., 2007; SUGANUMA et al., 2008).
A luminosidade é um fator crucial no ecossistema, visto que a quantidade e a
qualidade da incidência luminosa têm papel relevante na determinação da abundância e
diversidade de plantas do sub-bosque, no crescimento e mortalidade de mudas e na estrutura
e composição da floresta. Além disso, muitas vezes ou quase sempre, pode determinar a
distribuição
de
espécies
arbóreas
(FRAZER;
CANHAM;
LERTZMAN,
1999;
ENGELBRECHT; HERZ, 2001; JARDIM; SERRÃO; NEMER, 2007).
Mas apesar da sua importância para o desenvolvimento e estruturação da floresta, a
luz não tem sido estudada na mesma proporção de sua importância. Este fato pode ser
influenciado pelas dificuldades de aplicação dos métodos de amostragem, já que as
metodologias utilizadas para mensurar as condições de luminosidade em sub-bosques de
22
florestas são geralmente indiretas, pois medidas diretas como a captação da densidade do
fluxo de fótons fotossinteticamente ativos (photosynthetic photon flux density - PPFD)
costumam ser trabalhosas e caras (ENGELBRECHT; HERZ, 2001).
Dentre os métodos indiretos, o mais simples e mais barato, é o uso do densiômetro
esférico convexo (D) de Lemmon. Trata-se de um equipamento composto por um espelho
côncavo-convexo com o seu centro dividido em 24 quadrantes que reflete a luz incidente em
180º (Figura 4a).
Atualmente as fotografias hemisféricas estão sendo cada vez mais
utilizadas em uma grande variedade de ambientes para estimar a abertura do dossel da
floresta (MCCARTHY; ROBISON, 2003).
Pearcy (2007) ressalta que o uso de fotografias hemisféricas é uma técnica objetiva,
precisa e uma maneira rápida de analisar a vegetação. Além disso, as fotografias
hemisféricas servem como um registro permanente da geometria da abertura do dossel
(RICH, 1990) (Figura 4b).
Figura 4. a) Densiômetro para obtenção da porcentagem de cobertura; b) câmera com lente olho de
peixe para obtenção de fotografias hemisféricas.
As fotografias hemisféricas têm sido usadas em inúmeros trabalhos ecológicos, como
no monitoramento de áreas manejadas, analisando áreas com diferentes níveis de
perturbação pelo corte de árvores (MONTEIRO; SOUZA-JR, 2009), no estabelecimento de
plântulas influenciadas pela heterogeneidade da luminosidade no sub-bosque (MARTINI,
2002), e também em estudos sobre como a estrutura do dossel resultante de variações na
23
distribuição da luz em uma determinada área ao longo de um período (GARCIA et al.,
2007).
Silva (2007) realizou análise florística e estrutural em uma área de 1 hectare em uma
floresta inundável em Barão de Melgaço - MT e verificou que houve pouca variação na
porcentagem de abertura do dossel e que a maior riqueza de espécies ocorreu em áreas com
menor abertura e maior índice de área foliar.
Até o momento percebe-se uma ausência de estudos sobre o dossel em florestas de
várzea, e esse fato dificulta que análises mais acuradas e comparações entre diferentes
regiões sejam elaboradas.
4.3
Importância da abertura de clareiras para manutenção da diversidade de espécies
Muitos autores têm tentado explicar a coexistência de um elevado número de
espécies em muitas florestas tropicais, entretanto uma simples teoria ou hipótese não pode
elucidar a causa ou as causas desses padrões.
Segundo o efeito de filtro proposto por (GANDOLFI; JOLY; RODRIGUES, 2007), a
biodiversidade presente e futura da comunidade de plantas da floresta pode ser parcialmente
determinada pela estrutura atual da comunidade de árvores do dossel. De acordo com os
autores, as espécies do dossel podem criar microsítios específicos sob sua copa, funcionando
como filtros para aquelas espécies que tentam regenerar abaixo delas. Em função de sua
permeabilidade ou impermeabilidade podem determinar parcialmente a composição e
estrutura da comunidade de plantas sob a projeção da sua copa.
Para Haffer (1982), a alta diversidade das florestas tropicais é o resultado de vários
fatores: i) Elevada produtividade dos ecossistemas; ii) Redução da área de nicho; iii)
Sobreposição de espécies em um mesmo nicho; iv) Aumento da competição e predação em
um ambiente heterogêneo e estável.
Whitmore (1989), Martínez-Ramos et al., (1988) destacam que as florestas tropicais
não são unidades homogêneas, elas são formadas por um mosaico de manchas com
diferentes fases estruturais, cada mancha, criada por meio de distúrbios, corresponde a uma
fase do ciclo de regeneração da floresta, as quais mudam através do espaço e tempo e estão
especialmente relacionadas entre si.
24
Connel (1978) propôs que a alta diversidade em florestas tropicais é mantida por
níveis intermediários de distúrbio (Hipótese do Distúrbio Intermediário - HDI). Em
frequências muito baixas de distúrbios a comunidade alcançará e se manterá em clímax e
pela exclusão competitiva produzirá baixa diversidade. Enquanto que em altos níveis e
maior frequência, os distúrbios podem levar a perda de espécies e a comunidade não
conseguirá se restabelecer (CONNELL, 1978; BEGON; TOWNSEND; HARPER, 2007).
White e Pickett (1985) apud Kageyama, et al. (2008) definem distúrbio como um
evento relativamente discreto no tempo, que altera a estrutura de uma comunidade,
população ou ecossistema. Para Uhl et al. (1990) distúrbio é qualquer evento de origem
natural ou antrópica que provoca uma abertura no dossel da floresta. As mudanças ocorridas
na estrutura de uma floresta têm como principal causa a queda de árvores que resultam na
formação de clareiras naturais (LAURITO, 2009), consideradas como uma das formas de
distúrbio.
A formação de clareiras pode ser causada pela queda de galhos, que gera menor
abertura no dossel e destruição do sub-bosque; pela morte de árvores em pé, que têm suas
copas fragmentadas aos poucos; e pelo desenraizamento das árvores (Figura 5a e 5b), que
além de gerarem destruição no sub-bosque, causam revolvimento do solo na região da raiz
(LIMA, 2005).
Atribui-se a abertura de clareiras formadas pela queda de uma ou mais árvores do
dossel como o principal mecanismo de manutenção da diversidade de árvores e arbustos em
florestas tropicais (TABARELLI; MONTOVANI, 1999).
25
Figura 5. a) Abertura no dossel causada pela queda de árvore; b) Queda de árvore em floresta de
várzea causada pelo desenraizamento. Foto: Dayse S. S. Ferreira.
Com a queda das árvores ocorre uma maior abertura do dossel que propicia maior
incidência de luz aos extratos inferiores da floresta, colaborando para a regeneração e
colonização de espécies no local (SHEIL; DAVID, 2003; BEGON; TOWNSEND;
HARPER, 2007). Elas direcionam o ciclo de renovação da floresta e são importantes para a
determinação da composição florística (WHITMORE, 1989).
De acordo com Hartshorn (1989), o tamanho das clareiras tem fundamental
importância para a sucessão da floresta, sendo responsável pela dinâmica das espécies e um
importante fator na manutenção da alta diversidade das florestas tropicais.
A área condiciona a quantidade de luz recebida pela clareira e determina as
dimensões dos mosaicos que irão compor a estrutura da floresta. Por esses motivos, o
tamanho da clareira influencia a composição florística, de modo que diferentes espécies
colonizam clareiras de diferentes tamanhos. Assim, informações sobre as dimensões e a
distribuição de classes de tamanho de clareiras são fundamentais para o entendimento da
composição e dinâmica de qualquer floresta (LIMA, 2005).
Jardim, Serrão e Nemer, (2007), ressaltam que para aplicação de tratamentos
silviculturais deve-se considerar que muitas espécies têm diferentes graus tolerância à
26
luminosidade. O conhecimento sobre queda de árvores e a formação de clareiras em
florestas de várzea é insuficiente, pois poucos estudos sobre o tema foram realizados nesses
ecossistemas.
A dificuldade em estabelecer padrões metodológicos para estudo das clareiras e
obtenção de dados sobre luminosidade, associado às várias definições utilizadas ao termo
clareira tornam estes estudos escassos e pontuais (LIMA, 2005, ARMELIN; MANTOVANI,
2001). Neste trabalho seguiu-se a definição adotada por Runkle (1981), na qual a clareira é
uma área do solo, sob a abertura do dossel, delimitada pelas bases das árvores de dossel que
circundam sua abertura.
27
5
MATERIAL E MÉTODO
5.1
Área de estudo
O estudo foi desenvolvido em áreas do município de Mazagão, sul do Estado do
Amapá, que possui uma área de 1.318.960 há, sendo que desta área cerca de 38.160 ha
compreendem o ecossistema de várzea (RABELO et al., 2005). O projeto Florestam é
desenvolvido em três regiões formadas pelo encontro de afluentes do Amazonas com seu
canal norte, no rio Mazagão Velho, rio Maracá e rio Ajuruxi. No entanto, para o presente
trabalho, as amostragens foram realizadas apenas na região do rio Mazagão Velho e do rio
Ajuruxi (Figura 6).
Figura 6. Localização das três áreas de estudo do Projeto Florestam localizadas em várzea estuarina.
Fonte: Acervo do Projeto Florestam.
28
Das duas regiões estudadas neste trabalho, a região de Mazagão caracteriza-se por
ser uma região mais antropizada, apresentando maior histórico de exploração madeireira e
maior número de serrarias, assim como apresenta maior contingente populacional
(QUEIROZ; MACHADO, 2007). Já a região do Ajuruxi encontra-se mais com menor ação
antrópica por estar inserida em uma unidade de conservação de uso sustentável, a RESEX
do Rio Cajari, criada por meio do Decreto n° 9.145 de 12 de março de 1990 (DRUMMOND,
2004).
5.1.1 Clima
O clima predominante nessas áreas de várzea é do tipo Ami da classificação de
Köppen, com média mensal de temperatura mínima superior a 18ºC, constituindo, assim,
habitat de vegetação mesotérmica; apresentando uma estação seca de pequena duração,
porém com umidade suficiente para manter a floresta tropical e amplitude térmica inferior a
5ºC, entre a temperatura média do mês mais quente e a do mês mais frio (VÁSQUEZ;
RABELO, 1999).
A temperatura é considerada alta com média anual de 27°C e umidade relativa acima
de 80%. O índice pluviométrico apresenta uma média anual que varia entre 2000 mm e 2500
mm, distribuídos em um período menos chuvoso de três a quatro meses, e outro período
chuvoso de dezembro a junho (CARIM; JARDIM; MEDEIROS, 2008).
5.1.2 Relevo
O relevo caracteriza-se por terrenos de origem quaternária, com extensas áreas
planas, formadas por sedimentos de origem mista, fluvial e marinha, que ainda está em
formação, sendo recoberta por campos, com áreas de florestas densas e manguezais
(BRASIL, 1974). O relevo das regiões estudadas compreende a Planície Fluviomarinha
Macapá – Oiapoque, cuja gênese está ligada a movimento estuásticos no final do
Pleistoceno.
29
5.1.3 Solo
O solo é caracterizado como do tipo Gley, que são solos minerais, hidromórficos,
pouco desenvolvidos, de profundidade variável, pouco poroso, mal drenado com baixa
permeabilidade. Apresenta coloração acinzentada com mosqueamentos decorrentes dos
processos de redução e oxigenação dos compostos de ferro que ocorrem em meio anaeróbio,
se desenvolvendo sob forte influencia do lençol freático próximo a superfície na maior parte
do ano devido ao regime de marés que estão sujeitos (RABELO, 1999).
5.1.4 Vegetação
É classificada como floresta Ombrófila Aluvial, conhecida como mata ciliar ou
floresta de várzea de marés (BRANDOZIO et al., 1993). É fortemente influenciada pelas
marés atlânticas, apresentando dois ciclos diários de cheia e vazante (APARÍCIO, 2011).
Assim, devido a esse ciclo de maré as florestas são periodicamente inundadas (PRANCE,
1980).
A vegetação de várzea apresenta um elevado número de indivíduos distribuídos em
poucas espécies e famílias, o que reflete a baixa diversidade e alta similaridade da região
estuarina (CARIM; JARDIM; MEDEIROS, 2008). A presença de espécies de uso
comercial, seja para o uso madeireiro, medicinal ou alimentício, mostra que a região
apresenta potencial para o manejo de uso múltiplo. Entretanto, a ausência de estudos
ecológicos sobre as espécies limitam a o desenvolvimento de políticas e intervenções que
subsidiem o uso adequado das florestas de várzea (FORTINI et al., 2006)
5.2
Coleta de dados
5.2.1 Demarcação das parcelas permanentes e inventário florístico
30
Para cada região estudo do projeto Florestam foram instalados quatro transectos
(Figura 7). O primeiro foi alocado mais próximo do rio e os demais foram instalados
subindo o afluente do Amazonas, mantendo uma distância de pelo menos 1000 m entre eles,
criando um gradiente de distância do canal norte do rio Amazonas.
Cada transecto foi instalado em uma determinada colocação ocupada por uma
família.
Figura 7. Localização dos transectos em cada região de estudo do Projeto Florestam. Em destaque
na cor vermelha os transectos amostrados neste estudo. Fonte: Acervo do Projeto Florestam.
Em cada transecto foram instaladas 20 parcelas permanentes de 10 x 25 m (250 m²),
totalizando em 0,5 ha amostrados por transecto e 2 ha amostrados por região (Figura 8).
Foram amostrados todos os indivíduos arbóreos com CAP ≥ 15 cm presentes nas parcelas
permanentes durante o período de abril de 2012 a julho de 2012.
A identificação taxonômica das espécies foi limitada aos indivíduos mensurados
dentro da área amostral, por parataxônomo com vasta experiência em floresta de várzea.
Também foi recolhido material botânico para confirmação da identificação, por meio de
31
comparação com exsicatas do Herbário Amapaense do IEPA (Instituto de Estudos e
Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá) e do herbário da Embrapa
Amazônia Oriental. A nomenclatura foi gerada segundo o sistema de classificação de
Angiosperm Phynology Group versão II (APG-II, 2003).
5.2.2 Classificação e medição de árvores caídas e clareiras
Ao longo de cada transecto, em área de 25 m de cada lado do mesmo, foi realizada
busca para localização e georreferenciamento de árvores caídas, tocos e clareiras (Figura 8).
Para todas as árvores caídas encontradas, foram medidas: a circunferência a altura do peito
(CAP), altura comercial, altura total. Quando encontrados tocos, mediu-se apenas seu
diâmetro, na altura em que ele foi cortado.
Figura 8. Desenho esquemático da coleta de dados ao longo dos transectos.
5.2.2.1 Classificação da causa da queda
Para classificação da causa da queda das árvores, foram estabelecidas quatro
categorias de queda: i) Desenraizamento; ii) Serrada para uso; iii) Apenas serrada e iv)
Quebra na base do tronco ou fuste (Figura 9). Uma estimativa de tempo decorrido após a
queda foi realizada baseada no estado de decomposição da árvore, sendo: i) Recente, caso
32
não apresentasse vestígio de decomposição; ii) Em decomposição, quando apresentava
indícios de decomposição e iii) Em avançado estágio de decomposição.
Figura 9. Causas de que de árvores em floresta de várzea: a) desenraizamento; b: quebra no tronco; c)
cortada sem uso madeireiro; d) serrada para uso madeireiro.
5.2.2.2 Obtenção das informações sobre clareiras
As clareiras recentes encontradas ao longo das áreas amostradas foram
georreferenciadas, e informações como a causa da formação da clareira e a árvore
formadora, foram obtidas. A área das clareiras foi obtida por meio da criação de polígonos
no GPS Track Maker. Em campo foram georreferenciadas as árvores com CAP > 10 cm que
demarcavam os limites da clareira. Sempre que houve mudança significativa da direção, um
33
vértice foi marcado com o auxílio de GPS, assim seguiu-se a linha das árvores que
constaram como vértice de um polígono.
A área também foi obtida por meio da fórmula da elipse (A = π.B.C) (TABARELLI;
MONTOVANI, 1999) sendo:

A = área da elipse, π =3,1416

B = raio maior/2

C = raio menor/2
5.2.2.3 Obtenção das fotografias hemisféricas
Para análise da abertura do dossel, fotografias hemisféricas foram obtidas no centro
das clareiras encontradas e no centro de cada uma das 160 parcelas presentes nas duas áreas.
Para tanto foi utilizada uma câmera fotográfica digital Canon modelo EOS T2i 550 D, que
foi montada sobre de um tripé a 1,30 m do solo, com uma lente hemisférica (olho de peixe)
de 8mm (Figura 10a).
A lente foi nivelada com nível de bolha do tripé e a câmera foi posicionada para o
norte geográfico localizado através de uma bússola (Figura 10b). As fotografias foram
obtidas sempre pela manhã (07h00min às 09h00min) ou no final da tarde (16h30min às
18h30min), para evitar a incidência do excesso de luminosidade sobre a lente, como
recomendado por Rich (1990).
34
Figura 10. a) Câmera fotográfica com lente hemisférica de 8mm; b) Posicionamento para o norte
geográfico, c) Câmera fotográfica posicionada no centro de uma parcela em altura padrão de 1,30
m.
5.3
Análise dos dados
Foram realizadas análises da composição florística e calculados os seguintes
parâmetros fitossociológicos: Densidade Absoluta - DA, Densidade Relativa - DR (%),
Frequência Absoluta - FA, Frequência Relativa - FR(%), Dominância Absoluta - DoA,
Dominância Relativa - DoR(%), e o Índice de Valor de Importância - IVI.
Para saber se o esforço amostral aplicado foi suficiente para identificar as espécies
presentes na região, foi elaborada a curva espécie - área para cada região estudada.
Das imagens obtidas em campo, foram selecionadas aquelas que apresentaram
melhor contraste entre o dossel e o céu e, posteriormente realizou-se a análise da
porcentagem de abertura do dossel utilizando o software Gap Light Analyzer vs. 2.0, que é
35
disponibilizado gratuitamente pela School of Resource Environmental Managment
disponível em http://www.ecostudies.org/gla/ (FRAZER; CANHAM; LERTZMAN, 1999).
Para verificar a relação entre a riqueza de espécies e densidade de árvores com a
porcentagem de abertura do dossel foram realizadas análises de regressão linear, utilizando
como unidade amostral as 160 parcelas das áreas de estudo.
Foram realizadas análises de correlação de Pearson para determinar a dependência da
queda natural das árvores em função do diâmetro e da altura comercial. Utilizou-se o teste T
para comparar a abertura do dossel entre as duas regiões estudadas.
36
6
RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1
Suficiência amostral
Verificou-se por meio do gráfico de acumulação de espécies em função da área que,
para a escala analisada, o esforço amostral aplicado foi suficiente para identificar as espécies
presentes nas duas regiões de estudo. Observou-se que na região do Mazagão, a partir da
parcela 55 inicia-se a uma tendência de estabilização na inserção de novas espécies o que se
torna mais aparente a partir da parcela 75, em que não há mais ocorrência de novas espécies.
Já para região do Ajuruxi, percebeu-se que a partir da parcela 68 houve uma tendência de
estabilização e inserção de duas novas espécies apenas nas parcelas 79 e 80 (Figura 11).
90
Mazagão Velho
Série1
Ajuruxi
Série2
80
70
Espécies
60
50
40
30
20
10
0
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70 73 76 79
Parcelas amostradas
Figura 11. Curva cumulativa espécie - área para espécies arbóreas que ocorrem em
floresta de várzea nas regiões de Mazagão Velho que apresentou menor riqueza de
espécies que a região do Ajuruxi, sul do Estado do Amapá.
37
6.2
Composição florística e parâmetros fitossociológicos das áreas estudadas
A combinação dos inventários realizados no Mazagão e no Ajuruxi resultou em uma
amostragem de 2199 indivíduos arbóreos distribuídos em 32 famílias, 76 gêneros e 94
espécies. A região do Ajuruxi apresentou maior número, tanto de indivíduos quanto de
espécies, do que a região de Mazagão (Tabela 1).
Tabela 1. Resultados do inventário florestal na região de Mazagão Velho e
Ajuruxi.
Mazagão
Ajuruxi
Indivíduos
868
1331
Famílias
29
28
Gêneros
62
69
Espécies
69
86
Essa diferença na riqueza de espécies e na abundância de indivíduos entre as duas
regiões, provavelmente pode ser atribuída à ocorrência de variações estruturais entre as
mesmas, como diferenças topográficas e no nível de inundação, estresse hídrico e à própria
dinâmica de queda de árvores. A região de Mazagão apresentou maior quantidade de árvores
caídas (Figura 12), principalmente por causa natural, o que mostra que a região está sujeita a
uma maior dinâmica de renovação. Por estar mais próxima do oceano, as marés são mais
intensas, o que pode provocar maior inundação e, provavelmente, ter um efeito sobre a
queda de árvores devido ao maior encharcamento do solo.
No que se refere à riqueza de espécies por famílias, na região do Ajuruxi, Fabaceae
concentrou maior número, com 27 espécies, seguida de Malvaceae com sete, Lauraceae,
Meliaceae e Myrtaceae com quatro espécies cada. Para a região do Mazagão, Fabaceae
também apresentou maior riqueza, com 21 espécies, seguida de Malvaceae (6), Myrtaceae
(4), Clusiaceae e Sapotaceae com três espécies cada.
38
30
Série1
Ajuruxi
25
Série2
Mazagão Velho
Espécies
20
15
10
5
0
1
Fabaceae
2
Malvaceae
3
4
5
Famílias
Figura 12. Famílias com maior riqueza de espécies para Ajuruxi e Mazagão Velho.
Santos e Jardim (2006), em estudo realizado em uma área de 4 hectares em floresta
de várzea em Santa Bárbara do Pará (PA), identificaram 70 espécies distribuídas em 58
gêneros e 29 famílias, das quais as mais representativas foram Caesalpiniaceae, Mimosaceae
e Papilionaceae.
Aparício (2011); Carim et al. (2008); Queiroz (2005), Almeida (2004) e Gama et al.
(2000) estudaram a composição florística das várzeas do estuário amazônico e constataram
que a família Fabaceae é a mais representativa do ambiente. A abundância dessa família nas
tipologias florestais da Amazônia, não é uma exclusividade do estuário. A família Fabaceae
também é dominante em outros ambientes, como na terra firme.
Quanto ao número de indivíduos, a família Fabaceae se destacou apresentando 776
indivíduos para Ajuruxi e 532 para Mazagão, em sequencia Meliaceae (86),
Chrysobalanaceae (63) e Malvaceae (51) também foram mais representativas no Ajuruxi. Já
para Mazagão, Rubiaceae (30), Sapotaceae (28) e Melastomaceae (15)
abundantes (Figura 13).
foram as mais
39
Série1
Ajuruxi
900
Mazagão Velho
Série2
800
Núm. de Indivíduos
700
600
500
400
300
200
100
0
Fabaceae
Famílias
Figura 13. Famílias mais representativas para Ajuruxi e Mazagão Velho.
Mora paraensis (pracuúba) apresentou maior densidade relativa (34,79 %) e
dominância relativa (38,23 %) para a região de Mazagão. Em seguida, a espécie
Pentaclethra macroloba (pracaxi) também se destacou, apresentando densidade relativa de
10,60% e dominância de 8,82% (Tabela 2). Na região de Ajuruxi, Mora paraensis
(pracuúba) também apresentou maior densidade relativa (34,57 %) e dominância relativa
(32,83 %). Pentaclethra macroloba também apresentou a segunda maior densidade relativa
(7,81%) e Lecythis pisonis (8,47%) apresentou a segunda maior dominância relativa da
região (Tabela 3).
As dez espécies que apresentaram maior valor de importância para Mazagão foram a
Mora paraensis; Pentaclethra macroloba; Swartizia cardiosperma; Matisia paraensis;
Licania heteromorpha; Calycophyllum spruceanum; Hevea brasiliensis; Licaria mahuba;
Carapa guianensis; Pithecellobium inaequale (Tabela 2).
Na região do Ajuruxi, Mora paraensis e Pentaclethra macroloba também
apresentaram maior IVI, seguidas de Matisia paraensis; Swartizia cardiosperma; Licania
heteromorpha; Calycophyllum spruceanum; Hevea brasiliensis; Licaria mahuba; Carapa
guianensis; Virola surinamensis (Tabela 3).
40
Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos das 10 espécies com maior IVI, calculados para os
indivíduos arbóreos da região do Mazagão. DA – Em que: DA – Densidade absoluta (ind/ha); DR –
Densidade relativa (%); FA – Frequência absoluta; FR – Frequência relativa; DoA – Dominância
absoluta (m²/ha); DoR – Dominância relativa e IVI – Índice de valor de importância.
NOME CIENTÍFICO
DA
DR(%)
FA
FR(%)
DoA
DoR (%)
IVI
Mora paraensis
Pentaclethra macroloba
Swartizia cardiosperma
Matisia paraensis
Licania heteromorpha
Calycophyllum spruceanum
Hevea brasiliensis
Licaria mahuba
Carapa guianensis
Pithecellobium inaequale
151
46
16
22
10
13
7,5
7
9,5
10
34,79
10,60
3,69
5,07
2,30
3,00
1,73
1,61
2,19
2,30
80
62,5
35
26,25
18,75
16,25
13,75
16,25
21,25
18,75
13,56
10,59
5,93
4,45
3,18
2,75
2,33
2,75
3,60
3,18
10,59
2,44
1,07
1,07
1,36
0,95
1,06
0,70
0,29
0,10
38,23
8,82
3,86
3,86
4,91
3,42
3,83
2,52
1,03
0,35
86,58
30,01
13,48
13,38
10,39
9,17
7,89
6,89
6,82
5,83
Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos das 10 espécies com maior IVI, calculados para os
indivíduos arbóreos da região do Ajuruxi. Listados em ordem crescente de acordo com o valor do
IVI. Em que: DA – Densidade absoluta (ind/ha); DR – Densidade relativa (%); FA – Frequência
absoluta; FR – Frequência relativa; DoA – Dominância absoluta (m²/ha); DoR – Dominância
relativa e IVI – Índice de valor de importância.
NOME CIENTÍFICO
DA
DR (%)
FA
FR (%)
Do
DoR (%)
IVI
218,5
32,83
5,46
32,83
11,27
34,57
100,24
Pentaclethra macroloba
52
7,81
1,30
7,81
1,87
5,74
21,37
Carapa guianensis
31
4,66
0,78
4,66
0,95
2,92
12,23
Calycophyllum spruceanum
23,5
3,53
0,59
3,53
1,43
4,39
11,46
Swartizia cardiosperma
23,5
3,53
0,59
3,53
0,82
2,52
9,58
Licania macrophylla
22,5
3,38
0,56
3,38
0,90
2,75
9,51
Lecythis pisonis
0,5
0,08
0,01
0,08
2,76
8,47
8,62
Pouteria biloculares
9,5
1,43
0,24
1,43
1,66
5,10
7,95
Macrolobium bifolium
15,5
2,33
0,39
2,33
0,99
3,04
7,70
Pithecellobium inaequale
18,5
2,78
0,46
2,78
0,16
0,48
6,04
Mora paraensis
É marcante na tipologia de várzea a presença de oligoespécies, ou seja, aquelas que
apresentam elevado número de espécies por unidade de área (ALMEIDA; AMARAL;
SILVA, 2004). A análise dos parâmetros fitossociológicos pode contribuir para obter
importantes informações acerca de processos ecológicos de uma determinada fitocenose, no
tocante as suas características básicas e fundamentais, como por exemplo, a dinâmica
populacional, os processos sucessionais.
41
Neste presente trabalho, pode-se notar que as espécies vegetais como a pracuúba e o
pracaxi foram as que apresentaram maior valor de importância nas duas regiões de
amostragem. Este fato também foi obtido por Carim et al. (2008), que constataram que a
Mora paraensis (Ducke) Ducke (1964) apresentava densidade relativa, dominância relativa
e valor de importância três vezes maior que segunda espécie mais representativa P.
bilocularis e quase seis vezes maior que a terceira posição de V.surinamensis.
Queiroz et al. (2007) realizaram estudo em duas áreas, uma localizada no Furo do
Mazagão, no município de Mazagão e outra no rio Maniva, na região das ilhas do Pará,
município de Afuá (PA). Eles observaram que o pracaxi (Pentaclethra macroloba O.
Kuntze), andiroba (Carapa guianensis Aubl.) e a pracuúba (Mora paraensis) apresentaram
elevado valor de importância (IVI), o que mostra a boa capacidade adaptativa dessas
espécies ao ambiente de várzea.
6.3
Ocorrência de árvores caídas nas áreas estudadas
Para cada transecto foi amostrada uma área de 5 ha e no total, foram medidas 781
árvores caídas, com média de 98 árvores caídas por transecto e 19 árv. ha -1. A região de
Mazagão apresentou maior quantidade de árvores caídas (n=440), sendo que nos transectos
um e dois desta região foram encontradas mais árvores caídas respectivamente. Já para
região do Ajuruxi obteve-se menos árvores caídas (n=341), e os transectos dois e um
apresentaram mais árvores caídas respectivamente (Figura 14).
42
Série1
Mazagão Velho
160
Ajuruxi
147
140
116
Árvores caídas
120
100
95
103
95
82
80
72
71
60
40
20
0
11
2
33
4
4
Transectos
Figura 14. Número de árvores caídas para cada transecto estudado na região de Mazagão Velho e
Ajuruxi.
Na figura 15 pode-se observar que há um claro efeito dos transectos, que
representam um gradiente de distância do canal norte do rio Amazonas, sobre a queda de
árvores. Nas duas regiões os transectos um e dois, que ficam mais próximos do rio
Amazonas, foram os que apresentaram maior número de árvores caídas. Essa relação é ainda
mais evidente no transecto um da região de Mazagão Velho, onde foi encontrada a maior
quantidade de árvores caídas e maior proporção de causa por queda natural.
No geral, constatou-se que 58,51% do motivo da queda das árvores foi de origem
natural, como desenraizamento e tombamento da árvore, assim como a quebra da árvore no
tronco ou no fuste. Em 23,30% dos casos a queda foi causada por origem antrópica voltada
para o uso madeireiro ou abertura de caminho na mata. Para 18,18% das árvores não foi
possível identificar a causa da queda devido ao avançado estágio de decomposição. Apesar
da região do Mazagão Velho ser mais antropizada, a principal causa de queda das árvores
foi natural (Figura 15).
43
120
102
Natural
Antrópica
Não identificada
100
Núm. de árvores caídas
80
60
65
62
61
58
50
40
40
46
4037 39
36
32
2322
24
21
20
5
2
1
0
5
1
9
0
1
2
3
4
1
2
3
4
Ajuruxi
Mazagão Velho
Transectos
Figura 15. Fatores da queda das árvores ao longo dos transectos na região de Mazagão Velho e
Ajuruxi.
Os resultados obtidos neste estudo mostraram que a pressão antrópica causada pela
derrubada de árvores nessas áreas é menos intensa do que a própria dinâmica natural de
queda. Verifica-se também que em todos os transectos analisados, que foram definidos
considerando o usuário da área, a queda natural foi sempre superior à derrubada antrópica.
No entanto, em alguns transectos, os valores quase se igualam, mostrando que há um efeito
diferenciado em função de quem está utilizando a área.
As 387 árvores caídas naturalmente, que foram consideradas como queda recente,
apontam para uma estimativa de uma taxa de queda de 10 árvores ha-1 ano -1, se
considerarmos que as quedas recentes aconteceram em um ano. Apesar de não saber o
tempo exato de queda da árvore, é possível assumir a premissa de que as árvores
categorizadas como quedas recente caíram no último ano, na medida em que um dos
critérios observados para essa classificação foi a presença de toda ou parte da copa ainda
intacta.
Considerando o trabalho de Gomide (1997), que trabalhou em floresta primária de
terra firme no Amapá, e encontrou uma taxa de mortalidade de 16 árvores ha -1 ano-1,
44
podemos considerar que a taxa encontrada nesse trabalho pode estar subestimada. É
plausível esperar uma maior taxa de mortalidade e queda de árvores na floresta da várzea, na
medida em que os sistemas radiculares nesse ambiente são superficiais e desprovidos de raiz
pivotante. Outro fator que contribui para queda são os solos rasos e saturados de água na
superfície, sujeitos aos regimes diários de enchente e vazante das marés, que devem fazer
com que as árvores caiam com maior facilidade.
Em trabalhos realizados em floresta de terra-firme, Toledo (2011) encontrou uma
forte associação entre a topografia e a queda natural das árvores. No entanto, em floresta
alagáveis de várzea, como por exemplo, onde o estudo foi conduzido, não há influência
considerável da topografia, pois são regiões planas e a queda deve estar mais relacionada
com outros fatores como a altura da árvore, altura de inundação das marés e a ação dos
ventos.
A taxa real de mortalidade e queda das árvores nas florestas de várzea só vai poder
ser determinada a partir do monitoramento das parcelas permanentes implantadas no projeto
Florestam. De qualquer forma, mesmo subestimada, a taxa de queda natural é muito maior
do que as recomendações de exploração de planos de manejo.
6.4
Abertura do dossel
Foram obtidas 160 fotografias hemisféricas do dossel, correspondendo a cada uma
das parcelas inventariadas nas áreas de estudo. Na região de Mazagão a abertura de dossel
variou de 4,66 a 29,66% e no Ajuruxi variou de 5,08 a 30,97% (Tabela 4). Também foram
obtidas 17 fotografias no centro de cada clareira encontrada nas regiões de estudo.
Tabela 4. Valores de árvores caídas e porcentagem de abertura de dossel nos transectos estudados.
Árvores Média das aberturas Abertura mínima Abertura máxima
Transecto
Região
caídas
de dossel%
de dossel
de dossel
01
Mazagão
147
15,66
4,63
25,65
02
Mazagão
116
15,90
4,99
29,66
03
Mazagão
95
15,60
5,83
23,38
04
Mazagão
82
14,72
6,63
23,50
05
Ajuruxi
95
11,92
5,08
18,38
06
Ajuruxi
103
13,84
5,71
26,35
45
Transecto
Região
07
08
Ajuruxi
Ajuruxi
Árvores
caídas
71
72
Média das aberturas
de dossel%
14,88
15,20
Abertura mínima
de dossel
8,02
5,38
Abertura máxima
de dossel
21,94
30,97
Ao analisar a abertura do dossel das duas regiões, constata-se que não há diferença
significativa de abertura (t= 1,8195, p-bilateral= 0,0712). A média de abertura para Mazagão
foi de 15,47 e para Ajuruxi foi de 13,96 (Figura 16).
Figura 16. Níveis de abertura do dossel entre as duas regiões
estudadas através do test-t.
6.4.1 Relação entre a riqueza de espécies, número de indivíduos com abertura do
dossel
Através da análise de regressão linear foi avaliada a dependência da riqueza de
espécies em função da abertura do dossel. Constatou-se que não há dependência entre essas
duas variáveis (f=0,0020; r²= -0,0063=; p=0,9632), também não houve relação entre o
46
número de indivíduos nas parcelas com a abertura do dossel (f=1,0936; r²= 0,0006; p=
0,2976) (Figura 17).
a)
b)
Figura 17. Relação da riqueza de espécies (a) e número de indivíduos (b) com a abertura do
dossel nas 160 parcelas estudadas.
Nas florestas, a capacidade inerente à regulação natural da densidade de plantas e seu
aumento populacional, pode ser determinada pela intensidade da abertura florestal (BEGON;
TOWNSEND; HARPER, 2007). No entanto, essa afirmação precisa ser entendida
considerando o aspecto dinâmico da sucessão florestal e da regulação da dinâmica das
populações. A elevada abertura do dossel de uma parcela pode ter sido fruto de quedas
recentes de algumas árvores, sem ainda ter tido o tempo de resposta necessário para que o
processo de ocupação e modificação da vegetação da clareira possa ter ocorrido.
No presente trabalho não foi encontrada relação significativa da abertura do dossel
com a riqueza de espécies. Além da questão da dinâmica das populações, outro fator que
pode ajudar a explicar isso é o próprio ambiente restrito da várzea em termos de constante
inundação, que pode ser mais restritivo ao estabelecimento, crescimento e adaptação das
espécies do que a própria luz.
O nível de distúrbio e abertura observado nas parcelas, em torno de 15%, chegando
ao máximo de 30%, pode não ser suficiente para estimular respostas em espécies típicas de
início de processo sucessional e grandes mudanças na composição de espécies. É possível
47
verificar isso analisando a baixa densidade de espécies como embaúba e pau mulato nessas
florestas que foram avaliadas. Várias espécies, inclusive algumas dominantes consideradas
de final de sucessão, como a castanheira, o mogno e o angelim, necessitam de clareiras
grandes e elevadas aberturas no dossel para se estabelecer e ocupar o extrato superior.
Krebs (2001), também reforça que quanto maior a cobertura vegetal, menor será a
intensidade de luz no ambiente, o que pode afetar o crescimento de espécies que precisam de
alta luminosidade para o seu desenvolvimento, o que pode levar a níveis específicos de
abertura que podem alterar a composição florística daquele local. Esperava-se que a riqueza
de espécies fosse maior nas áreas de com valor intermediário de abertura do dossel. Porém,
na escala analisada, os níveis de abertura encontrados, provavelmente não amostraram os
maiores valores que seriam necessários para corroborar essa hipótese.
No caso das florestas de várzea avaliadas, na micro escala considerada, os retratos
estáticos tirados dessa paisagem mostram que um nível de abertura do dossel de até 30%,
não chega a alterar a riqueza de espécies e a dominância da família Fabaceae e das espécies
pracuúba e pracaxi. Assim, em termos espaciais, considerando apenas a composição
florística, 30% pode ser um indicador de um limite de abertura no dossel, que na escala local
do tamanho da parcela analisada e da área capturada pela foto, mantem a composição
florística da área.
6.5
Origem e formação de clareiras
Foram identificadas, medidas e georreferenciadas 17 clareiras. Das quais oito foram
formadas por causas naturais e nove por ação antrópica. A região do Ajuruxi apresentou
nove clareiras, sendo cinco de origem antrópica e quatro de causas naturais. Em Mazagão,
quatro clareiras tiveram origem natural e quatro de origem antrópica.
A maior clareira, que apresentou uma área de 618,6 m², foi causada por ação
antrópica devido ao corte de uma pracuúba de 43 m de comprimento. No entanto, apesar
desta clareira ter gerado uma grande área de abertura no nível do solo, esta não
proporcionou uma grande abertura no dossel (21,44%). Já a menor clareira, com 31,0 m²
causada pela queda natural de uma árvore de 10 m, proporcionou uma abertura de 10,53%
no dossel florestal (Tabela 5).
48
Tabela 5. Clareiras encontradas regiões com suas respectivas áreas e porcentagens
de abertura do dossel.
Mazagão
Área da
Área da
Abertura do
Origem da
Velho
Clareira (m²)
Elipse (m²)
Dossel (%)
Clareira
Antrópica
CLA.01
51,36
107,34
12,51
Natural
CLA,02
330,48
176,68
11,43
Natural
CLA,03
334,13
235,62
12,69
Natural
CLA,04
102,61
88,35
19,2
Antrópica
CLA,05
220,89
412,3
24,1
Antrópica
CLA,06
71,08
48,38
16,61
Antrópica
CLA,07
618,60
506,58
21,44
Natural
CLA,08
72,82
102,10
35,88
Ajuruxi
Área da
Clareira (m²)
Área da
Elipse (m²)
Abertura do
Dossel (%)
CLA,09
CLA,10
CLA,11
CLA,12
CLA,13
CLA,14
CLA,15
CLA,16
CLA,17
118,60
201,12
30,98
67,71
190,36
480,54
211,23
67,71
159,98
220,54
369,45
70,68
196,64
330,58
564,10
355,63
323,85
138,97
13,7
17,15
10,53
13,6
17,16
35,6
37,02
28,66
16,48
Origem da
Clareira
Natural
Antrópica
Antrópica
Antrópica
Natural
Antrópica
Natural
Natural
Antrópica
6.5.1 Relação da área das clareiras com a abertura do dossel
Verificou-se que a abertura do dossel em clareira não apresentou relação significativa
com área medida a altura do solo (F= 0.6761; R²= -0.0207; p = 0.5712) (Figura 14).
Observou-se que as clareiras com maior área foram as de origem natural, pois as
clareiras causadas pela queda natural das árvores geralmente derrubam outras árvores
adjacentes a ela. As clareiras de origem antrópica proporcionaram menor abertura do dossel,
devido à seleção de uma única árvore cuja queda é direcionada. No processo de derrubada, o
extrativista realiza a limpeza ao redor da árvore que será tombada, inclusive de cipós que
poderiam causar o efeito dominó.
A ausência de relação entre a abertura do dossel acima da clareira e a área da clareira
também pode ser explicada pela queda direcionada ou pela derrubada de mais árvores
menores pelo efeito dominó. Além disso, com a abertura e a entrada da luz na clareira, há
uma tendência de crescimento lateral em direção à luz dos ramos das árvores que ficaram no
49
limite do polígono definido pela clareira, o que pode causar um certo fechamento na
abertura do dossel.
Figura 18. Relação da abertura do dossel em clareias com a
área da clareira delimitada no nível do solo.
Segundo Whitmore et al. (1993), o estudo da estrutura florestal geralmente requer a
medição do tamanho de clareiras. No entanto, é preciso ir além, para entender a dinâmica
das populações e como o complexo mosaico de riqueza de espécies da floresta varia espaço
e temporalmente, tornando-se imprescindíveis os estudos de longo prazo em parcelas e
clareiras permanentes.
50
7
CONCLUSÕES
Não há diferença na abertura de dossel entre as duas regiões da floresta de várzea
estudada, que não apresenta diferenças fitossociológicas consideráveis, pois as famílias e
espécies mais importantes de cada região são as mesmas;
Diferenças na abertura de dossel de até 30% da floresta de várzea do estuário
amazônico, não influencia a riqueza de espécies e nem a abundância de indivíduos arbóreos
presentes nas parcelas amostradas;
A proporção de árvores caídas naturalmente na floresta de várzea é maior do que
aquelas derrubadas por ação antrópica, sendo que a abertura do dossel não apresenta uma
relação proporcional com a área de clareira aberta no nível do solo pela queda das árvores;
Recomenda-se o monitoramento dessas clareiras amostradas, analisando o seu
desenvolvimento a médio e longo prazo, assim como a queda de árvores ao longo do tempo,
para se ter resultados mais efetivos que garantam o entendimento da dinâmica da floresta de
várzea.
51
8
REFERÊNCIAS
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57
APÊNDICES
58
APENDICE A. LISTA DE ESPÉCIES ARBÓREAS DAS REGIÕES DE MAZAGÃO E
AJURUXI, MAZAGÃO, AMAPÁ AGRUPADAS POR FAMÍLIA EM ORDEM ALFABÉTICA.
Família
Nome científico
Nome popular
Spondias mombin L.
Taperebazeiro
Duguetia cauliflora R.E.Fr.
Guatteria poeppigiana Mart.
Envira
Envira preta
Cordia nodosa Lam.
Chapéu de sol
Dacryodes nitens Cuatrec.
Protium spruceanum (Benth.) Engl.
Breu
Breu branco
Calophyllum brasiliense Cambess.
Jacareúba
Caryocar glabrum (Aubl.) Pers.
Piquiarana
Licania heteromorpha Benth.
Licania latifolia Benth. ex Hook. f.
Licania macrophylla Klotzsch
Parinarium excelsa Sabine
Macucú
Macucu vermelho
Anoerá
Isqueiro
Caraipa densifolia Mat.
Platonia insignis Mart.
Symphonia globulifera L.f.
Tamaquaré
Bacuri
Anani
Terminalia dichotoma G. Meyer
Terminalia guianensis Aubl.
Cuiarana
Cinzeiro
Diospyros praetermissa Sandwith
Caqui
Sloanea sp. L.
Urucurana
Hevea brasiliensis (Willd. ex A. Juss.) Müll. Arg.
Hura crepitans L.
Sapium curupita Huber
Seringueira
Assacu
Murupita
Bixa acuminata L.
Bowdichia nitida Spruce ex Benth.
Campsiandra laurifolia Benth.
Urucum Bravo
Sucupira
Acapurana
Dipteryx oppositifolia (Aubl.) Willd.
Dussia discolor (Benth.) Amshoff
Hymenaea intermedia Ducke
Cumarurana
Mututirana
Jutaí
Anacardiaceae
Annonaceae
Boraginaceae
Burseraceae
Calophyllaceae
Caryocaraceae
Chrysobalanaceae
Clusiaceae
Combretaceae
Ebenaceae
Elaeocarpaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
59
Família
Nome científico
Nome popular
Hymenaea oblongifolia Huber
Inga acrocephala Steud.
Inga edulis Mart.
Inga negrensis Spruce ex Benth.
Inga oerstediana Benth. ex. Seem
Inga sp. Mill.
Inga sp2.
Licaria cannella (Meisn.) Kosterm.
Macrolobium acaciaefolium Benth.
Macrolobium augustifolium R.S.Cowan
Macrolobium bifolium (Aublet) Pers.
Mora paraensis (Ducke) Ducke
Ormosia coutinhoi Ducke
Jutaí da folha fina
Ingá
Ingá cipó
Ingá branco
Ingá grande
Ingá vermelho
Ingá Xixica
Louro Pretinho
Arapari
Jutaí da folha larga
Iperana
Pracuúba
Buiuçu
Pentaclethra macroloba (Willd.) O. Kuntze
Pithecellobium inaequale (Humb. & Bonpl. ex Willd.)
Pracaxi
Jaranduba da mata
Platymiscium trinitatis Benth.
Pterocarpus amazonicus Huber
Swartizia cardiosperma Spr. Ex Benth
Swartzia acuminata Willd.
Macacaúba
Mututi
Pacapeuá
Pitaíca
Tachigali guianensis (Benth.) Zarucchi & Herend.
Vatairea guianensis Aubl.
Zygia ampla (Spruce ex Benth.) Pittier
Tachi
Faveira
Jaranduba
Hernandia guianensis Aubl.
Ventosa
Sacoglottis ceratocarpa Ducke
Uxirana
Vismia cayennensis (Jacq.) Pers.
Lacre
Aniba squarensis Vatlimo Gil
Licaria mahuba (Kuhlm. & samp.) Kosterm.
Louro Capitiu
Maúba
Ocotea dissimilis C.K. Allen
Ocotea sp.
Louro canela
Louro
Allantoma lineata Miers
Gustavia hexapetala (Aubl.) Sm.
Lecythis pisonis Cambess.
Ceru
Jeniparana
Sapucaia
Bubroma guazuma (L.) Willd.
Eriotheca globosa (Aubl.) A. Robyns
Herrania mariae (Mart.) Decne. ex Goudot
Matisia paraensis Huber
Pachira aquatica Aubl
Mutamba
Munguba
Cacau jacaré
Cupuçurana
Mamorana
Quararibea guianensis Aubl.
Sterculia pilosa Ducke
Inajarana
Capoteiro
Hernandiaceae
Humiriacea
Hypericaceae
Lauraceae
Lecythidaceae
Malvaceae
60
Família
Nome científico
Nome popular
Cacau
Theobroma cacao L.
Melastomataceae
Miconia ceramicarpa (DC.) Cogn.
Mouriri acutiflora Naudin
Papa terra
Camutim
Carapa guianensis Aubl. Kuntze
Cedrela odorata L.
Trichilia paraensis C.D.C
Andiroba
Cedro
Jataúba
Trichilia surinamensis (Miq.) C. DC
Marajoão
Ficus maxima Mill.
Ficus nymphaeifolia Mill.
Caxinguba
Apuí
Maquira coriacea (H. Karst.) C.C. Berg
Muiratinga
Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb.
Virola
Calyptranthes speciosa Sagot.
Eugenia browsnbergii Amshoff
Goiabarana
Goiaba braba
Eugenia floribunda H. West ex Willd.
Pecidiu matourensis Aublet
Goiabinha
Goiaba
Meliaceae
Moraceae
Myristicaceae
Myrtaceae
Rubiaceae
Calycophyllum spruceanum (Benth.) Hook. f. ex K. Schum. Pau mulato
Chimarrhis barbata (Ducke) Bremek.
Canela de velho
Genipa americana L.
Jenipapeiro
Rutaceae
Metrodorea flavida K. Krause
Laranjinha
Banara guianensis Aubl.
Andorinheira
Crysophyllum excelsum Huber
Guajaraí
Manilkara huberi (Ducke) Chevalier
Pouteria biloculares (Winkler) Baehni
Maçaranduba
Abiurana
Siparuna decipiens (Tul.) A.DC.
Capitiu
Cecropia obtusa Trécul
Embaúba
Rinorea flavescens Kuntz
Canela de Jacamim
Salicaceae
Sapotaceae
Siparunaceae
Urticaceae
Violaceae
61
APÊNDICE B - PLANILHA DE DADOS SOBRE CLAREIRAS - - - *IDADE DAS CLAREIRAS: 1. Recentes: aquelas em que se observa no
chão da floresta a copa com galhada com ou sem folhas; 2. Muito antigas: aquelas em que não há mais vestígios de copa e galhos, tronco em pé
ou no chão em avançado estágio de decomposição. ** ORIGEM DA CLAREIRA: 1. Desenraizamento; 2. Quebra no tronco ou fuste; 3.
Quebra da copa; 4. Árvore morta em pé; 5. Árvore cortada.
DATA
REGIÃO/TRANSECTO/
PARCELA
Nº DA
CLAREIRA
PONTOS
VÉRTICES
COMP (m)
LARG (m)
*IDADE
***ORIGEM
ÁRVORE
FORMADORA
IDENTIFICAÇÃO
DAS FOTOS
HEMISFÉRICAS
62
APÊNDICE C. PLANILHA DE DADOS SOBRE ÁRVORES CAÍDAS:
Data: ____/___/___, Região: Mazagão ( ); Maracá ( ), Ajuruxi ( ), Transecto: _____; ** IDADE: Recente = 1, Em Decomposição = 2, Em
Avançado Estágio de Composição = 3; Quebrou = 4, ***CAUSA DA QUEDA: Desenraizamento = 1; Cortada p/ Exploração = 2; Cortada, mas
não Utilizada = 3
ALTURA
Ponto- gps
Espécie
CAP cm
DAP cm
Total (m)
Comercial- (m)
Idade**
Causa da
queda***
Obs.
63
APÊNDICE D - PLANILHA DE DADOS DAS FOTOGRAFIAS HEMISFÉRICAS
Data: ___/___/___
PARCELA
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Região: ___________________
IDENTIFICAÇÃ DA FOTO
Transecto: ___________________
PONTO_GPS
HORARIO
OBSERVAÇÃO
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