INTERAÇÃO DE PERCEVEJOS DO GÊNERO Dysdercus COM A PAINEIRA Crosia speciosa ST. HIL. (BOMBACACEAE) EXISTENTE NO HORTO FLORESTAL DO CEULJI/ULBRA EM JI-PARANÁ ESTADO DE RONDÔNIA. TREVISAN Olzeno1, ARCARI Jonnes Alexandre2, OLIVEIRA Andréia Alves de TREVISAN3 Flavio, LYRA2 Carlos Augusto Vieira. 1 Prof. do CEULJI/ULBRA e Pesquisador da CEPLAC/ESTEX. E-mail: [email protected] 2 Alunos do Curso de Agronomia do CEULJI/ULBRA 3 Prof. do CEULJI/ULBRA, E-mail: [email protected] Em um ambiente não perturbado pelo homem, como a floresta amazônica, os insetos mantêm, na maioria das situações, um equilíbrio dinâmico de sua população com a população de plantas hospedeiras. A interação pode chegar ao clímax quando, determinados insetos e plantas co-evoluem num ambiente diversificado e são mutuamente beneficiados. No Horto Florestal do CEULJI/ULBRA em Ji-Paraná-RO, existe uma relativa predominância da paineira Crosia speciosa, que têm suas sementes atacadas pelo percevejo-manchador-do-algodoeiro Dysdercus sp. A espécie de percevejo é considerada praga de algodão. Decidiu-se investigar a possível interação entre a paineira e o inseto. Para o estudo, efetuaram-se a amostragens semanais em uma paineira com diâmetro a altura do peito (DAP) de 180cm localizada na referida área. A amostragem dos insetos foi efetuada contando-se os insetos em quatro ponto sob a copa da paineira e no fuste (tronco) até 180cm de altura. A amostragem teve a participação de alunos de Agronomia da Disciplina de Entomologia, do segundo semestre de 2005. Foram registrados também os principais inimigos naturais do percevejo. Quando não havia mais sementes para cair, foram coletadas ao acaso, sob a projeção da copa sementes, para constatação da sua viabilidade. Como resultados constatou-se que Dysdercus sp inviabilizou a germinação das sementes, não permitindo que sementes caídas sob a copa pudessem germinar. Assim as possíveis sementes levadas pelo vento, para fora do alcance dos insetos têm mais chance de formar uma nova planta. A população do inseto foi crescente a partir de 08/08/2005 alcançando o pico populacional em 08/10/2005 e depois decresceu drasticamente até 15/10/2005. Quando não existiam mais sementes na copa da paineira, acentuou-se o canibalismo entre os percevejos e em seguida ocorreu a dispersão da população restante. Quanto ao comportamento do percevejo Dysdercus foram observados casais em cópula, antes do início da queda das sementes da planta, e ninfas foram amostradas com a queda das primeiras sementes. Formaramse gerações sucessivas, resultando no aumento do número de percevejos enquanto havia sementes para alimento. O grande número de paineiras no local de estudo pode ser explicado pela ação antrópica sobre a floresta nativa em anos anteriores, onde nas proximidades algumas paineiras provavelmente isoladas receberam ação mais direta do vento e dispersaram suas sementes fora do ambiente de ocorrência natural dos percevejos. A interação inseto planta observada no trabalho, indica que o inseto introduz um fator de seleção natural nessas plantas uma vez que ao atacar as sementes em torno das árvores, seleciona os indivíduos que possuam uma maior capacidade de dispersão de suas sementes. A paineira então pode ser considerada um refúgio dessa importante praga, e obviamente a retomada do cultivo do algodão na região apresentará problemas em relação à presença de praga agrícola. Palavra chave: Praga, Paineira, Biodiversidade