38th World Hospital Congress

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O 38th World
Hospital Congress
aqui trazido pelo
Dr. Manuel Delgado,
membro do
Conselho Geral da
APDH
19 | agosto | 2013
Texto:
Carlos Gamito
[email protected]
Fotografia:
João Pedro Jesus
Paginação e Grafismo:
Marisa Cristino
[email protected]
O Dr. Manuel Delgado, administrador hospitalar e membro do Conselho Geral da APDH, foi uma das
individualidades que marcaram presença no 38th World Hospital Congress
Oslo, Noruega, foi a cidade seleccionada para a realização do 38th World Hospital Congress,
que decorreu entre os dias 18 e 20 de Junho de 2013.
A Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar – APDH, no âmbito das suas
acções, marcou presença no evento e esteve representada pelas seguintes individualidades:
Prof. Doutor Carlos Pereira Alves; Prof.ª Doutora Margarida Eiras, Dr. Jorge Penedo, assessor
do Senhor Ministro da Saúde, na qualidade de palestrante e observador; Dr. Manuel Delgado, e
Dra. Paula Bruno.
O Dr. Manuel Delgado, administrador hospitalar e membro do Conselho Geral da APDH,
concedeu-nos esta entrevista onde, em linhas gerais, fez um traçado não só do Congresso como
também da sua intervenção – aqui documentada com ilustrativos diapositivos –, e ainda se
debruçou sobre outros temas que envolvem as actuais condições com que estão a ser geridos
os hospitais em Portugal.
A APDH FOI CONVIDADA A REALIZAR UMA MESA EM REPRESENTAÇÃO DE PORTUGAL
Dr. Manuel Delgado, quer comentar em que condições esteve presente a APDH naquele que foi
o 38th World Hospital Congress? «A APDH foi convidada a realizar uma Mesa referente a
Portugal, todavia acresce adiantar que por seu turno a nossa organização convidou uma figura
representante da própria Noruega. Nessa Mesa foram feitas duas apresentações, sendo uma por
mim e a outra pala Profª. Doutora Margarida Eiras.»
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«O tema da nossa apresentação – e refiro nossa porque foi um trabalho desenvolvido e
elaborado pela empresa IASIST Portugal, da qual sou Director Geral – centrou-se numa
realidade prática e quotidiana: “Segurança do Paciente”. Foi um estudo que abrangeu os
maiores hospitais portugueses, no qual tentámos identificar os tratamentos e a segurança dos
doentes, isto com base numa escala de acontecimentos adversos produzida por uma entidade
pública dos Estados Unidos da América.»
Adiantou-nos ainda o Dr. Manuel Delgado que essa entidade dos EUA avalia os riscos dos
doentes em vinte acontecimentos adversos devidamente sediados, tendo sido essa tabela que
serviu de matriz para este estudo pioneiro levado a termo pela IASIST Portugal.
De modo a oferecermos uma informação mais pormenorizada, publicamos aqui alguns dos
slides mais documentativos da apresentação do Dr. Manuel Delgado.
Ver diapositivos
UM CONGRESSO PARTICIPADO PELOS CINCO CONTINENTES
Relativamente ao decurso do Congresso, o Dr. Manuel Delgado deixou-nos a sua análise, ainda
que sintetizada: «O Congresso apresentou-se muito diversificado, o que na minha opinião foi
francamente positivo, no entanto a nota mais marcante assentou no elevado número de países
participantes. Estiveram representados, com significativa preponderância, imensos países do
Médio Oriente e do Continente Asiático, o que ofereceu ao Congresso um forte contributo no que
concerne à permuta de experiências e resultados vivenciados pelos profissionais da área da
saúde que exercem em pontos geográficos onde as realidades são bem distintas entre si». E
adiantou: «Permita-me ainda sublinhar que a nossa apresentação se mostrou um sucesso,
particularmente junto da comitiva brasileira.»
E a encerrar o capítulo do Congresso, o Dr. Manuel Delgado não poupou palavras de elevado
apreço pelo exímio trabalho organizativo que ofereceu vida àquele que foi o 38th World Hospital
Congress.
"Segurança do Paciente", foi este o tema a que se subordinou a apresentação - escorada em ilustrativos
diapositivos - feita pelo Dr. Manuel Delgado
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O MODELO HOSPITALAR QUE ESTÁ INSTALADO CARECE DE UMA REFORMA PROFUNDA
O Dr. Manuel Delgado, com uma vasta experiência na administração de hospitais, afirmou que as actuais
dificuldades financeiras com que estão confrontados os hospitais não constitui, para si, qualquer surpresa, e aponta
as responsabilidades ao modelo de gestão hospitalar instalado
As contenções financeiras são uma das realidades transversais a todos os sectores públicos do
País, sendo que os hospitais também estão confrontados com acentuados cortes no exercício da
sua gestão. O Dr. Manuel Delgado que já presidiu ao Conselho de Administração de vários
hospitais públicos da zona metropolitana de Lisboa, observou assim o quadro que está criado
nos hospitais portugueses: «Sem dúvida que os nossos hospitais estão a viver um período muito
difícil, mas não é surpresa. E não é surpresa porque os hospitais nunca viveram momentos de
facilidade em termos económicos. Com especial incidência na última década, os hospitais têm
vindo a acumular dívidas em anos sucessivos aos seus fornecedores, o que me leva a dizer-lhe
que o actual panorama é um lastro histórico, constante e crónico que está instalado no modelo
de gestão hospitalar». E frisou: «Neste momento verifica-se uma acentuada exacerbação por
parte do Ministério da Saúde no que respeita à contenção de despesas, mas essa contenção é
fruto das instruções emanadas pelo próprio Governo que, como é do conhecimento geral, está
também confrontado com a grave situação económica que assola o País. Mas note, se me
perguntar se essas contenções, designadamente na área do medicamento, que por sua vez
envolve também a travagem na introdução de novos fármacos, será a medida mais adequada?
Eu responder-lhe-ia que não. A medida mais adequada seria proceder a uma reforma profunda
do sistema de forma a corrigir as muitas falhas estruturais existentes, sendo que dentro delas e
pelos custos que acarretam, sobressaem o excessivo número de atendimentos nos Serviços de
Urgência. Paralelamente, encontramos a falta de programação no atendimento, outro factor que
contribui em muito para o “disparo” dos custos nos cuidados de saúde. Ou seja, como é do
conhecimento de todos os administradores hospitalares, o actual modelo assistencial carece de
uma reforma estrutural muito profunda.»
Antes de terminar o seu raciocínio acerca desta matéria, o Dr. Manuel Delgado deu um passo
atrás na conversa para salientar que a introdução de novos medicamentos obedece
necessariamente a estudos exaustivos que comprovem o binómio custo/benefício, e avançou de
imediato que este tipo de argumento ecoa de forma negativa junto da opinião pública, «mas para
todos os efeitos estamos ante uma realidade incontornável», afirmou e ainda adiantou que outro
dos aspectos a considerar passa pela prescrição dos novos medicamentos: «se os médicos não
forem criteriosos na prescrição desses fármacos, o que equivale a dizer-lhe que se os médicos
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não prescreverem esses medicamentos só aos doentes que efectivamente necessitem deles,
continuamos a ser confrontados com o gravíssimo problema do desperdício».
O Dr. Manuel Delgado não poupou palavras para enaltecer o excelente trabalho que tem sido desenvolvido pela
APDH
“A APDH TEM PROMOVIDO, DE FORMA CONTINUADA, A IMAGEM DOS HOSPITAIS PORTUGUESES”
Dr. Manuel Delgado, terminamos esta documentativa entrevista a agradecer a sua
disponibilidade e a solicitar-lhe uma apreciação sobre o trabalho que tem sido desenvolvido pela
APDH: «Na minha opinião a APDH tem feito um trabalho a todos os títulos meritório. A
Associação tem promovido, de forma continuada através de várias iniciativas, a imagem dos
hospitais portugueses, assim como também promove, assiduamente, o intercâmbio de
conhecimentos entre os seus membros associados. Depois não posso deixar de exaltar a
capacidade de penetração nalguns fóruns internacionais, como aliás ficou bem evidente no 38th
World Hospital Congress, onde foi patenteada a imagem não só da própria APDH como a do
Ministério da Saúde e por consequência de Portugal».
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