LEVANTAMENTO PRELIMINAR DE INSETOS EM UM TRECHO DA APA DO MORRO DO CACHAMBI, SULACAP, RIO DE JANEIRO Ferreira, L. G.¹, Ferreira, J. G.², Fernandes, J. M.¹,³, Cordeiro, I. R.¹ e Avelino, F. C. S.4 1 Faculdades São José – Curso de Graduação Em Ciências Biológicas 2 Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ 3 Laboratório de Diptera – Museu Nacional Laboratório de Entomologia – UFRJ / Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal – UFRRJ / Laboratório de Transmissão de Laboratório de Transmissores de Leishmanioses Fiocruz; 4 Palavra-chave: biodiversidade de insetos. INTRODUÇÃO Levantamentos de fauna são fontes fundamentais de informação em biodiversidade. Tais trabalhos fornecem dados sobre a fauna e flora, subsidiando programas de monitoramento e fornecendo bases para a elaboração de planos de manejo (PRIMACK & RODRIGUES, 2010). Apesar da importância, muitas áreas ainda são grandes “vácuos” de conhecimento, não possuindo nenhum inventário. Os Hexapoda contém pelo menos 870.000 e talvez até 1.200.000 de espécies descritas, onde quase todas são de insetos (RUPPERT et al, 2005). A classe Insecta é o maior grupo de animais; de fato, ele é três vezes maior que todos os grupos animais combinados. Os insetos são distinguidos dos outros artrópodes por terem o corpo dividido em três tagmas, cabeça, tórax e abdome. Possui três pares de pernas e geralmente dois pares de asas, localizados na região média ou torácica do corpo. Além disso, a cabeça porta tipicamente um único par de antenas e um par de olhos compostos, acompanhados ou não de ocelos (RUPPERT et al, 2005). O sucesso evolutivo alcançado pelos insetos pode ser medido por diversas maneiras, porém as principais delas são dadas pelo número de indivíduos em cada ecossistema, além da extensão da distribuição geográfica. Embora sejam essencialmente animais terrestres e tenham ocupado virtualmente todos os nichos ambientais em terra, os insetos também invadiram os habitats aquáticos. A diversidade de hábitos foi possível graças ao revestimento quitinoso do corpo, que protege os órgãos internos contra danos e perda de umidade, pelo aparecimento das asas e pelo sistema de traqueias, eficientes para a captação de oxigênio. Esse sucesso dos insetos pode ser atribuído a vários fatores, mas certamente a evolução do voo concedeu a esses animais uma vantagem distinta sobre os outros invertebrados terrestres, como dispersão, fuga dos predadores e acesso ao alimento ou a condições ambientais ideais foram todos bastante potencializados. A capacidade de voo também evoluiu nos répteis, aves e mamíferos, mas os primeiros animais voadores foram os insetos (RUPPERT et al, 2005). Página Realizar um levantamento rápido da fauna de insetos encontrados na APA do Morro do Cachambi, Rio de Janeiro, RJ. 100 OBJETIVOS METODOLOGIA O presente estudo foi realizado na Área de Proteção do Morro do Cachambi (APAMC) (22°53’30,4”S 43°23’12,5”W) localizada no bairro de Sulacap - RJ. A região está inserida no Bioma Mata Atlântica e a vegetação caracteriza-se como mata secundária em regeneração. O levantamento preliminar foi realizado entre os meses de junho/2011 a março/2012, sendo realizadas coletas qualitativas com esforço amostral de 6h. Os insetos foram capturados com o auxílio de redes entomológicas, armadilhas de pitfall (com e sem atrativo), armadilhas de atração de insetos necrófilos e armadilhas de atração de polinizadores. No Laboratório de Zoologia das Faculdades São José, o material foi montado em alfinetes entomológicos e identificado até o nível de família, utilizando-se de chaves de identificação específicas de cada grupo disponíveis nos livros BORROR & DELONG (1988) e TRIPLETON & JOHNSON (2010). Dados de temperatura e precipitação foram obtidos na Estação Meteorológica de Bangu, através do Sistema de Alerta da Prefeitura do Rio de Janeiro (ALERTA RIO, 12-05-2012). RESULTADOS A temperatura média durante o período de coleta variou entre 22-29°C e a média pluviométrica do período foi 73,68mm com máxima de 222mm em dezembro e mínima de 8,8mm em julho (ALERTA RIO, 2012). Foram coletados 917 exemplares, distribuídos em sete ordens – Orthoptera, Hemiptera, Neuroptera, Coleoptera, Lepidoptera, Diptera e Hymenoptera - e 53 famílias. A ordem mais abundante foi Diptera, correspondendo a 50% (n=457) do total, seguido por Hemiptera (29%, n=268) e Orthoptera (10%, n=95). A grande abundancia em Diptera pode ter sido influenciada pelo tipo de coleta, uma vez que foram utilizados métodos passivos com atrativos. O contrário pode ser concluído para as demais ordens, que possuíram um baixo número de indivíduos, devido ao tipo de coleta qualitativa. Independente da abundância, a diversidade de famílias foi bem elevada, sendo as ordens Diptera e Hemiptera, representadas por 17 e 13 famílias respectivamente. Os dados sugerem que, apesar da área estar em um estágio inicial de reflorestamento, essa possui uma abundância de espécimes bem como uma diversidade grande de famílias. Desta forma, a continuidade do projeto será essencial para a melhor compreensão da diversidade da região. CONCLUSÕES Através dos métodos utilizados na coleta, houve uma provável influência nas ordens observadas, que resultou na maior abundância de Diptera e Hemiptera, assim como em seus respectivos números de família. Por tratar-se de um levantamento preliminar em uma área de mata secundária é preciso dar continuidade aos estudos sobre a ocorrência e diversidade desses invertebrados. REFERÊNCIAS ALERTA RIO, 2012. Sistema de Alerta da Prefeitura do Rio de Janeiro. Acesso em: 12/05/2012. Disponível em: http://www0.rio.rj.gov.br/alertario/ BORROR, D.J. & D.M. DELONG. 1988. Introdução ao Estudo dos Insetos. Ed. Edgard Blüncher, 653p TRIPLETON, C.A. & N. F. JOHNSON. 2010. Estudo dos insetos. 1ª Ed., Editora Cengage Learning, São Paulo. Página RUPPERT, E. E., FOX R. S., & BARNES R. D. 2005. Zoologia dos Invertebrados. 7° Ed., Editora Roca, São Paulo. 101 PRIMACK R.B. & E. RODRIGUES. 2010. Biologia da Conservação. 10ª ed. Londrina: Editora: Planta. 328 p.