Tecnologias de Manejo - Tombamento de Plantas em

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Tecnologias de Manejo
Tombamento de Plantas em Milho Safrinha
André Figueiredo
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Tombamento de Plantas em Milho Safrinha
Figura 1 – Reboleira de quebramento de plantas em condições de safrinha. Fonte: Joice Jardim.
Na cultura do milho, as perdas decorrentes do
tombamento (quebramento e acamamento) são
bastante variáveis a cada safra; entretanto, estimase que as perdas variem entre 5 e 20% a cada ano. O
tombamento ocorre, principalmente, no final do ciclo da
cultura quando, por alguns fatores, o colmo e as raízes
parece não serem capazes de sustentar a espiga. São
inúmeros os fatores que podem influenciar no maior
tombamento; porém, a translocação de assimilados
para a espiga é provavelmente a causa principal do
enfraquecimento do colmo e das raízes. Neste artigo,
discutiremos o que acontece com as plantas, sua
resposta ao ambiente e de que maneira podemos
diminuir os impactos do quebramento de colmo (figura
1) e acamamento de raízes.
primárias e seminais, responsáveis pelo suprimento
de água e nutrientes na fase inicial; modais e laterais,
responsáveis pelo maior suprimento da planta ao longo
da sua vida; e raízes de suporte.
Sistema radicular e sua influência nos
problemas de colmo e raízes
As raízes do milho apresentam elevada importância
para o desempenho das suas atividades fisiológicas
normais. Em função das dificuldades inerentes ao seu
estudo e manipulação, pouco se conhece ainda sobre
sua atividade fisiológica e interações com o ambiente.
Os tipos de raízes presentes na planta de milho são:
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Figura 2 – Detalhe de colmos íntegros em pré-colheita.
Fonte: Joice Jardim.
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Como o nome indica, as raízes adventícias que
surgem acima da superfície do solo contribuem para
sustentação e diminuem os riscos de acamamento das
plantas. Estas raízes são capazes também de absorver
alguns nutrientes.
O maior volume do sistema radicular do milho é
superficial, concentrado nos primeiros 30 centímetros do
solo. Entretanto, em condições adequadas, muitas raízes
também se aprofundarão, podendo atingir até 3 metros.
Estas raízes são bastante úteis em condições de estresse
hídrico, quando a disponibilidade de água passa a ser
mais limitada.
umidade, acidez e disponibilidade de nutrientes. Condições
de umidade excessiva na fase inicial da cultura, adubação
a lanço e fitotoxidez provocada por herbicidas podem
interferir no desenvolvimento do sistema radicular. A
adubação a lanço provoca um gradiente de fertilidade
que, assim como o excesso de umidade na fase inicial,
provoca menor aprofundamento radicular. O crescimento
do sistema radicular é dependente da genética do híbrido
e do estímulo do ambiente, principalmente na fase inicial
de desenvolvimento da planta, quando muitas vezes o
excesso de chuva, adubações a lanço, compactação do
solo, presença de alumínio nas camadas mais profundas,
limitam o seu desenvolvimento no ambiente de Safrinha.
Este sistema radicular profundo é bastante influenciado
pelas pragas e condições do solo, como compactação,
Figura 3 – Detalhamento de tombamento da planta.
Fonte: Rafael Veiga.
Figura 4 – Esgotamento radicular associado ao enraizamento
superficial. Fonte: Joice Jardim.
É importante ressaltar que alguns herbicidas podem prejudicar o desenvolvimento
radicular do milho, o que não acontece com a tecnologia Roundup Ready®.
No período de florescimento e enchimento de grãos, quando as condições climáticas
tornam-se menos favoráveis, um sistema radicular bem desenvolvido pode minimizar
riscos de acamamento e quebramento de plantas.
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Figura 5 – Elevada translocação causando esgotamento
em todo o colmo. Fonte: Joice Jardim.
Figura 6 – Fungos colonizando o sistema radicular e colmo esgotado.
Fonte: Rafael Veiga.
O nível de translocação de carboidratos para os grãos é bastante variável. Dependendo do potencial produtivo da
planta e das condições ambientais no período reprodutivo, podem atingir até 40% do total acumulado nas espigas e,
desta forma, acarretar um enfraquecimento dos colmos, também conhecido como esgotamento precoce.
Com as doenças foliares provocando redução da área foliar e populações de planta incompatíveis com as condições
ambientais, a translocação para as espigas pode aumentar, favorecendo o esgotamento precoce (figura 3).
Doenças do colmo
É muito comum a associação de problemas de
quebramento de colmo com a ocorrência de podridões;
porém, na maioria das vezes, as podridões do colmo se
instalam em plantas em que ocorreu o esgotamento
precoce. Por isso, é importante conhecer e analisar todos
os fatores ambientais envolvidos ao longo da safra para um
correto diagnóstico.
Nas áreas em que a causa da morte prematura das
plantas foi doença de colmo (figura 4), pode-se verificar um
quadro de infecção mais desenvolvido nos colmos, como
também uma redução significativa do peso das espigas,
evidenciada pelo afrouxamento dos grãos. Quando a
infecção acontece de forma secundária ao esgotamento dos
colmos, podem-se encontrar plantas com maior peso de
espigas e colmos apresentando maior fragilidade, mesmo
sem sintomas desenvolvidos de podridões. Neste caso,
a “raiz” do problema certamente foi de causa fisiológica
ambiental e não o patógeno infectante.
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No Brasil, as principais doenças de colmo e raízes são:
Colletotrichum graminicola, Stenocarpella sp, mais conhecida
como Diplódia, Fusarium graminearum, Fusarium moniliforme
e Macrophomina phaseolina. Os sintomas da antracnose
(C. graminicola) são mais visíveis após o florescimento. Na
casca dos colmos se observam lesões estreitas e elípticas,
que se tornam marrom-escuras mais tarde. Além disso, no
interior do colmo pode haver lesões de coloração marromescura que tendem a se desintegrar, ocasionando a morte
precoce das plantas. O sintoma típico verificado nas podridões
causadas por Fusarium é a presença de lesões de coloração
avermelhada no tecido interno dos colmos que se estendem
em direção à parte superior das plantas.
Plantas atacadas pelas podridões de Diplódia
apresentam lesões marrom-escuras, principalmente nos
primeiros entrenós das plantas em que se pode observar
muitas vezes a presença de picnídios. Em plantas infectadas
por Macrophomina, a infecção se desenvolve a partir das
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raízes e, posteriormente, pode-se verificar a destruição
dos tecidos internos, restando apenas os vasos lenhosos
em que podem ser visualizados esclerócios que conferem
coloração acinzentada no interior dos colmos. Muitas
vezes, as plantas esgotadas podem apresentar um
complexo de doenças oportunistas que dificultam bastante
a identificação visual do patógeno envolvido.
Interessante verificar que uma possível seca no início
do ciclo da cultura torna as plantas mais vulneráveis às
podridões causadas por Fusarium e Diplódia. Temperaturas
elevadas e alta umidade após a polinização também podem
tornar as plantas mais vulneráveis, porém são condições
pouco frequentes na safrinha, em que inicialmente as
chuvas são mais abundantes. No período reprodutivo
temos o contrário, com condições de menor disponibilidade
hídrica. Já a podridão causada pela Macrophomina é
favorecida pelas condições de seca no enchimento dos grãos
associadas às temperaturas elevadas (acima de 32oC).
O Colletotrichum é favorecido por temperaturas elevadas
associadas aos longos períodos de alta umidade relativa e
períodos nublados. Segundo a EMBRAPA, a incidência de
podridões de colmo é mais favorecida pelas condições de
plantio de verão em relação à safrinha (inverno). É bom
lembrar que danos radiculares causados por nematoides
e/ou insetos podem favorecer a ocorrência de doenças
causando a morte prematura das plantas. Aliados a esses
fatores, como foi visto, condições de manejo da adubação
superficial, excesso de chuva no período juvenil da cultura
e estresse no enchimento de grãos potencializam as
infecções de colmo.
Figura 7 – Sintoma de doenças e esgotamento de colmo.
Fonte: Silvina Rojas.
Resistência física do colmo
Com relação à estrutura do colmo, grande parte da
resistência física está associada à parede do mesmo,
enquanto que a medula apresenta menor contribuição.
A população de plantas pode afetar significativamente a
resistência mecânica.
Maiores populações aumentam os níveis de auxina
e há maior competição por luz, afetando o porte das
plantas e das espigas por meio de um maior elongamento
dos entrenós do colmo. Nestas condições, observase redução no diâmetro do colmo. A maior competição
entre plantas resulta em menor disponibilidade de água,
luz e nutrientes e, por consequência, menor produção e
armazenamento de fotoassimilados.
Na safrinha, as condições climáticas verificadas no
decorrer do cultivo, associadas ao manejo do agricultor,
muitas vezes não são compatíveis com a população de
plantas e expectativas de produtividade. O porte mais
elevado das plantas e espigas, o menor diâmetro do colmo
e a sua maior fragilidade aumentam a porcentagem de
plantas acamadas e quebradas antes da colheita. Níveis
de potássio abaixo do necessário, devido a adubações
deficitárias ou à lixiviação intensa, diminuem a resistência
dos colmos e favorecem as podridões.
Figura 8 – Detalhe mostrando casca fina e medula esgotada em
condição de safrinha. Fonte: Silvina Rojas.
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Condições climáticas verificadas na safrinha dos cerrados
Embora o milho responda à interação de todos
os elementos climáticos, pode-se considerar que a
radiação solar, a precipitação e a temperatura são os
fatores que mais influenciam, pois atuam diretamente
nas atividades fisiológicas, interferindo na produção de
matéria seca e de grãos. Na Safrinha 13, foi possível
notar que as condições climáticas durante o período de
estabelecimento da cultura podem favorecer o sistema
radicular raso e a formação de espigas com elevado
potencial (alto número de fileiras), devido à elevada
umidade ambiental. No período vegetativo, períodos de
maior nebulosidade interferem na fotossíntese líquida
das plantas, resultando em menor disponibilidade
de fotoassimilados no colmo. Finalmente, na fase de
intensa atividade de enchimento dos grãos, a condição
climática pode ser decisiva para a alta remobilização
das reservas de carboidrato dos colmos para os grãos,
resultando em maior esgotamento dos colmos.
Chuvas (01/01 a 20/05/2013)
ESTIAGEM
Precipitação diária (mm)
Figura 9 – Condições climáticas referentes à pluviosidade, coletadas localmente na estação climática da Monsanto em Sorriso - MT.
Fonte: Departamento de Desenvolvimento de Produtos Monsanto.
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Recomendações técnicas
Na safrinha, as condições ambientais tendem a favorecer as perdas por quebramento de plantas. Híbridos de
maior potencial produtivo naturalmente são mais expostos às condições de esgotamento de colmo.
Produzir mais com menores riscos exige melhorias no manejo que podem ser decisivas em anos mais favoráveis
ao esgotamento. Por esta razão, cabem algumas sugestões de manejo que poderão auxiliar neste sentido:
• Melhorar perfil de fertilidade do solo evitando gradiente elevado na superfície.
• Adubações potássicas mais equilibradas, visando melhor estrutura dos colmos.
• Populações de plantas mais ajustadas aos recursos disponíveis (época de plantio e adubação).
• Evitar herbicidas que provoquem fitotoxidez.
• Utilização de fungicidas permitindo melhor atividade fotossintética.
• Manejo de pragas de raiz e de nematoides.
• Colheita precoce minimizando a exposição ao vento e ao esgotamento.
Referências:
Brachtvogel, E. L. População de plantas e uso de Piraclostrobina na cultura do milho: alterações
agronômicas e fisiológicas. Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP – Botucatu, 2010.
Costa, R. V. Podridões fúngicas de colmo na cultura do Milho - Circular técnica número 100.
EMBRAPA milho e sorgo, 2008.
Fernandes, F. T., Oliveira, E., Casela, C. R., Ferreira, A. S., Pinto, N. F. J. A. Cultivo do Milho.
EMBRAPA milho e sorgo, 2006.
Magalhães, P. C.; Durães, F. O. M.; Fisiologia da cultura do milho. EMBRAPA/CNPMS.
Magalhães, P.C.; Durães, F.O.M.; Cruz, I. e Maqnavaca, R. Quebramento do colmo em milho.
XX Congresso Nacional de Milho e Sorgo.
Moraes, D. F.; Brito, C. H. Análise de possível correlação entre as características morfológicas do
colmo do milho e o acamamento. Universidade Federal de Uberlândia - Minas Gerais.
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Saiba mais:
www.monsanto.com.br
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/MonsantoBrasil
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