A importância da prática da responsabilidade social nas em

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Responsabilidade social nos negócios
A importância da prática da responsabilidade social nas
empresas
Maria José F. de Morais
Aluna da 6ª Etapa de Adm. de Empresas/Comércio Exterior
UNAERP – Campus Guarujá
[email protected]
Resumo
O atual ambiente empresarial aponta para dois pontos extremos: o aumento da
produtividade em função das novas tecnologias e a difusão de novos
conhecimentos, que levam as empresas a investir mais em processos de gestão,
buscando competitividade. Neste contexto, o papel social da empresa passa a
ser fundamental como mecanismo para diminuir ou atenuar as desigualdades
sociais geradas pelo capitalismo. Esses fatores é que motivaram a realização
deste trabalho, com o qual pretende-se alcançar dois objetivos: apresentar o
conceito e importância da prática da responsabilidade social nas empresas e
benefícios que podem ser alcançados. A pesquisa foi elaborada com base na
bibliografia disponível, rede mundial de computadores e instituições de
pesquisa sobre responsabilidade social. As principais conclusões mostram que
a responsabilidade social das empresas vem sendo questionada e impõe novos
desafios gerenciais aos negócios, trazendo a emergência de medidas de combate
aos problemas sociais, pois já não é possível conviver com o paradoxo de
importantes inovações tecnológicas de um lado e a degradação da vida humana
de outro. Desta forma, não podemos pensar em responsabilidade social, sem
termos como ponto de referência a busca de um desenvolvimento sustentável,
sob as dimensões mais diversas: política, social, ambiental e humana.
Palavras-chave: Responsabilidade social, inclusão social e sustentabilidade.
1. Introdução
Segundo Ashley (2003), a preocupação com responsabilidade social é tão
antiga quanto a formação das organizações, mas a precisão conceitual ou
estrutura teórica parece ter sido deixada para um segundo plano em todo o
mundo.O mero cumprimento de leis e de regulamentações governamentais não
satisfez a ânsia de buscar o melhor para a sociedade. A lei, com todas as suas
virtudes, muitas vezes tem brechas que permitem crescer grandes injustiças
sociais.
Para Ashley (2003), no universo corporativo, as organizações têm se
preocupado em desenvolver ações voltadas para as questões sociais. Ao
questionarmos o porquê desta preocupação com a responsabilidade social,
devemos analisar o cenário atual das empresas.
1
De acordo com Ashley (2003), os negócios assumem hoje dimensões
muito complexas. Os fenômenos da globalização, das inovações tecnológicas e
da informação apresentam-se como desafios aos empresários, já que alteram
comportamentos e também servem como um novo paradigma na busca de
melhor entendimento sobre as mudanças que estamos enfrentando.
Segundo Ashley (2003), o atual ambiente empresarial aponta para dois
pontos extremos: o aumento da produtividade, em função das novas
tecnologias e da difusão de novos conhecimentos, que leva as empresas a
investir mais em processos de gestão, buscando competitividade. Ao mesmo
tempo, temos um aumento nas disparidades e desigualdades de nossa
sociedade, que obrigam a repensar o sistema econômico, social e ambiental.
Para Ashley (2003), neste contexto de mudanças e de transformações
sociais, econômicas e tecnológicas pelo qual passam as organizações, percebese uma grande preocupação em estabelecer padrões de responsabilidade social
em suas atividades.
Segundo Laville (2002), o papel social das empresas passa a ser
fundamental como mecanismo de diminuir ou atenuar as desigualdades sociais
geradas pelo próprio capitalismo.
De acordo com Ashley (2003), a nova realidade do mercado fez com que
as empresas investissem mais em atributos hoje essenciais, além de preço e
qualidade, a confiabilidade, serviços de pós-venda, produtos ambientalmente
corretos,
relacionamento ético da empresa com seus consumidores,
fornecedores e varejistas, valorização das práticas no ambiente interno, como a
política adotada em relação à segurança de seus funcionários ou produtos e à
qualidade e preservação do meio ambiente.
Para Ashley (2003), essas inovações no lado tecnológico, nos processos de
produção, nas formas de organização, no relacionamento da empresa com seus
funcionários e comunidade e no lado social e ambiental, dizem respeito a um
tema que não é novo mas que, nos últimos anos, apresenta importância
crescente: a responsabilidade social das empresas.
Segundo Ashley (2003), a responsabilidade social é uma forma de gestão
estratégica capaz de forçar os negócios das empresas no desenvolvimento
sustentável, na transparência do relacionamento com os seus públicos de
interesse e no compromisso com a sociedade.
2. Objetivos
O objetivo principal deste artigo é apresentar a importância da prática da
responsabilidade social nas empresas.
Como objetivos específicos, será apresentado o conceito de
responsabilidade social, suas áreas de abrangência e identificado os benefícios
que a sua prática poderá trazer a todos que contribuem para a existência das
empresas: acionistas, empregados, clientes, fornecedores, distribuidores,
governo, meio ambiente, sociedade e todos os públicos que de alguma forma se
relacionam com a empresa.
2
Será ainda enfatizada a necessidade da colaboração da iniciativa privada
no que diz respeito às questões de caráter social e ambiental, já que muito
pouco é realizado nesse sentido por parte do governo.
3. Justificativa
A justificativa para a elaboração deste artigo está em destacar a
importância da prática da responsabilidade social nas empresas. Inseridas em
contextos nos quais os valores de mercado e as variáveis econômicas são
predominantes, as empresas se deparam, cada vez mais, com
responsabilidades que não faziam parte do seu cotidiano.
Os empresários precisam perceber que contribuir para o bem-estar da
comunidade em que atuam é o divisor de águas entre as empresas que se
omitem e as que atuam positivamente em seu meio, respeitando-o e valorizando
os diversos públicos que dele fazem parte.
A função social de uma empresa não é meramente se preocupar em
oferecer bons serviços ou produtos, mas ampliar o escopo de atuação e
intervenção para estágios mais avançados.
4. Definição de responsabilidade social empresarial
Segundo Duarte e Dias (1986) apud Ashley (2003), a expressão
responsabilidade social suscita uma série de interpretações. Para alguns,
representa a idéia de responsabilidade ou obrigação legal; para outros, é um
dever fiduciário, que impõe às empresas padrões mais altos de comportamento
que os do cidadão médio.
De acordo com Peter Drucker apud Ashley (2003), chama a atenção para
o fato de que é justamente em função de a empresa ser bem-sucedida no
mercado que cresce a necessidade de atuação socialmente responsável, visando
diminuir os problemas sociais. Assim, a responsabilidade social é um fator
importante para que as companhias mantenham sua sustentabilidade.
Para Filho (2002), a responsabilidade social nas empresas é uma
coerência ética nas práticas e relações com seus diversos públicos
(stakeholders), contribuindo significantemente para o desenvolvimento
contínuo das pessoas, das comunidades e do meio ambiente, além de
conquistar o respeito e a preferência dos consumidores.
Segundo Grajew (2000), a responsabilidade social é um grande fator de
mudança nas empresas. Por meio da mudança do comportamento empresarial
podemos promover mudanças sociais que levarão o nosso país a uma
prosperidade econômica e social justa.
Segundo Gil (2001), a essência do capitalismo é o lucro. À partir daí,
existem pessoas que acham que a responsabilidade de uma empresa limita-se
somente na maximização dos lucros. No entanto, atualmente, as empresas
devem assumir valores éticos, respeitar seus funcionários, proteger o meio
ambiente e comprometer-se com as comunidades.
De acordo com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
(1998), responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define
pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os
3
quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais
compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando
recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a
diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.
5. Histórico sobre responsabilidade social empresarial
Segundo Pimentel e Marasea (2004), o tema da função social da empresa
na economia capitalista alimenta polêmicas desde a Revolução Industrial. A
fase do capitalismo monopolista acrescentou ingredientes a este debate,
quando a expansão da economia industrial deu contornos mais nítidos aos
desequilíbrios da distribuição de renda e à distância social entre os incluídos e
os excluídos nos mercados onde se dão as relações econômicas e de produção.
De acordo com Pimentel e Marasea (2004), no pós-segunda guerra
mundial e com a reconstrução dos países abalados, a economia capitalista
conheceu crescimento inédito, até então marcado por uma estabilidade
desconhecida nos tumultuados períodos anteriores. O mercado observado
mostrava-se vantajoso aos produtos, pois em muitos casos a demanda era
maior que a oferta.
Segundo Pimentel e Marasea (2004), já na década de 1970, período
marcado, dentre outros fatos, pela aguda crise econômica mundial, os países
de economia avançada na Europa e na América do Norte orientaram-se na
direção de políticas destinadas a minimizar as consequências sociais
decorrentes do colapso das atividades econômicas.
De acordo com Pimentel e Marasea (2004), foi criado então, um conjunto
de medidas que respondia ao descontentamento social crescente, assegurando
razoáveis condições básicas de subsistência aos grupos marginalizados, ou que
se encontravam precariamente inseridos nas relações produtivas.
Para Pimentel e Marasea (2004), este movimento ficou conhecido como
Welfare State ou Estado do Bem Estar, que é o cojunto de políticas da década
de 1970 que procurava conter a elevação do desemprego, proteger o salários
submetidos à corrosão inflacionária e multiplicar as leis sociais para garantir o
bem estar da população. O Estado assumia a responsabilidade social total e
plena sobre a sociedade.
Segundo Pimentel e Marasea (2004), com o desenvolvimento de novos
setores industriais, principalmente o de tecnologia de ponta, os anos de 1980
produziram uma nova reviravolta no jogo político econômico europeu e norteamericano.
De acordo com Pimentel e Marasea (2004), o cerne dessa alteração esteve
na decadência das políticas orientadas para o Welfare State e na ascensão das
políticas do neoliberalismo (conjunto de idéias e doutrinas tendentes a
assegurar a liberdade ao mercado, a regulação do mercado pelas próprias
forças do mercado).
Segundo Pimentel e Marasea (2004), o termo neoliberalismo surgia, nesse
contexto, para produzir a imagem das teorias em moda, que pregavam o “livre
jogo do mercado” e a “completa liberdade da lei da oferta e da procura”.
4
Para Pimentel e Marasea (2004), a partir daí, havia o pressuposto de que
as propriedades características de fortes conjunturas das economias nacionais
nas quais o pleno emprego, ou pelo menos, a oferta mais amplas de
oportunidades de inserção no mercado de trabalho, reduziam as possibilidades
de exclusão social.
Segundo Fischer (2002), assistida tal lógica, finalmente veria a reinversão
do capital multiplicado no próprio negócio ou em novos negócios, criando a
máfia do equilíbrio econômico e da injustiça social. Contudo, este quadro
nunca se tornou realidade, mesmo nas economias mais estáveis.
Para Magnoli (1996) apud Pimentel e Marasea (2004), o neoliberalismo
não buscava o fim da interferência do Estado na economia, mas uma mudança
de rota dessa interferência. O Estado deveria parar de opor restrições ao
capital, defendendo direitos e leis sociais, subsidiar e estimular os processos de
oligopolização (situação de mercado em que a oferta é controlada por um
pequeno número de grandes empresas) e os investimentos em pesquisa e
desenvolvimento nos setores de tecnologia de ponta.
Segundo Magnoli (1996) apud Pimentel e Marasea (2004), o que se
observou foi o fato de a velocidade com que o capital se acumula e reproduz
provocam o aumento das distâncias sociais, reforçando as injustiças
distributivas e propiciando movimentos de monopolização (privilégio que
empresas conquistam de atuação exclusiva em determinado mercado) e
cartelização (processo de agrupamento e entendimento entre empresas de um
mesmo setor visando o controle e domínio do mercado).
Segundo Magnoli (1996) apud Pimentel e Marasea (2004), surge a
discussão sobre a responsabilidade social das empresas e a possível ampliação
do papel social da empresa, que vai muito além da geração de emprego e
pagamento de tributos, propondo-se que assumam parte da responsabilidade
pelo desenvolvimento das parcelas da população. Nesse mesmo contexto,
emerge também a proposta de uma aliança de cooperação trissetorial Estado,
Iniciativa Privada e Terceiro Setor.
6. Origem da responsabilidade social empresarial no Brasil
Segundo Pimentel e Marasea (2004), no Brasil, acompanhando a
tendência
das
economias
subdesenvolvidas,
a
preocupação
com
responsabilidade social demorou a sensibilizar empresários e executivos
responsáveis pelas decisões estratégicas dos negócios. Esta postura se deve ao
processo de industrialização do país acompanhado por um sistema de
produção econômica fortemente dependente do Estado.
Para Pimentel e Marasea (2004), durante o período de 1950 à 1994, o
tema da responsabilidade social ocupou a atenção de alguns intelectuais, mas
não chegou a fazer parte do conteúdo programático empresarial da agenda do
capital.
Segundo Pimentel e Marasea (2004), houveram somente algumas ações
esporádicas ou de caráter fortemente paternalista, como reajustes salariais e a
criação do salário desemprego, visando apenas conter as manifestações mais
agressivas de operários, que se enquadravam no contexto da industrialização
5
de substituição de importações no Brasil. Em meados da década de 1990,
devido a nova realidade político-econômica, o assunto começou a tornar-se
concreto nas ações empresariais.
Segundo Ashley (2003), com o passar do tempo, a parcela dos brasileiros
excluída social e economicamente continua a ser muito grande. O problema
deixou de ser apenas ético, pois as desigualdades ultrapassaram a
responsabilidade dos empresários. O governo parece não ter conseguido
abarcar todas as suas responsabilidades no âmbito social, e o limite de pobreza
passou a ser inacreditável.
Segundo o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social,
fundado em 1998 para ajudar os empresários a compreender e incorporar o
conceito de responsabilidade social no cotidiano de sua gestão, o movimento de
valorização da responsabilidade social empresarial no Brasil ganhou forte
impulso na década de 90 através da ação de entidades não governamentais,
institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questão.
Segundo Ashley (2003), a busca por certificados de padrão de qualidade e
de adequação ambiental, como as normas ISO - International Standardization
Organization (Organização Internacional para Padronização – aglomera os
grêmios de padronização de 148 países que aprova normas internacionais em
todos os campos técnicos, exceto na eletricidade e na eletrônica) por empresas
brasileiras, é fundamentada na conscientização dos empresários e na
relevância desse tema junto à sociedade brasileira.
Diante dessas iniciativas evidencia-se a crença das empresas no preceito
de que só uma sociedade saudável pode gerar empresas saudáveis.
7. Áreas de atuação da responsabilidade social
Segundo Laville (2002), a responsabilidade social das empresas refere-se
a estratégias de sustentabilidade que, para além do desempenho financeiro,
contemplam também a preocupação com os efeitos sociais e ambientais das
suas atividades.
7.1. Dimensão econômica
Segundo Laville (2002), a dimensão econômica da sustentabilidade diz
respeito ao impacto das organizações sobre as condições econômicas das suas
partes interessadas e sobre o sistema econômico a todos os níveis.
Para Laville (2002), a performance econômica abrange todos os aspectos
das interações econômicas que podem existir entre uma organização e as suas
partes interessadas, incluindo os resultados tradicionalmente apresentados nos
balanços financeiros.
Estes balanços financeiros destacam prioritariamente os indicadores
relacionados com a rentabilidade da empresa porque estão vocacionados para
informar as direções e os acionistas.
7.2. Dimensão ambiental
Segundo Kinlaw (1997), as empresas devem se tornar ambientalmente
responsáveis, ou “verdes” para sobreviver. Somente por meio da administração
6
e do trabalho verde, pela aceitação do meio ambiente como parte integrante de
cada aspecto da operação total da empresa, é que os líderes de uma
organização podem esperar manter sua posição competitiva e assegurar sua
sobrevivência.
De acordo com Laville (2002), para as empresas, a dimensão ambiental
está relacionada com os seus impactos sobre os sistemas naturais vivos e não
vivos, incluindo ecossistemas, solos, ar e água. Uma empresa socialmente
responsável vai, assim, procurar minimizar os impactos negativos e amplificar
os positivos.
Segundo Ashley (2003), as reflexões sobre a temática ambiental têm
trazido grandes questionamentos ao papel da indústria na sociedade moderna,
não só quanto à extração de insumos produtivos da natureza, mas também
quanto às consequências dos modelos de produção e consumo dominantes,
baseados no aumento crescente da demanda por produtos. Esse processo tem
se mostrado bastante intenso nos setores industriais historicamente associados
à degradação sistemática do meio ambiente.
Para Ashley (2003), na tentativa de respostas a esses questionamentos,
observa-se uma proliferação de modelos e técnicas gerenciais voltados para a
questão ambiental, sendo uma das mais significativas a certificação ISO 14000
(série de padrões internacionais em administração ambiental).
Segundo Pimentel e Marasea (2004), embora a preocupação com o meio
ambiente não seja de caráter voluntário, as organizações reconheceram sua
atual relevãncia, uma vez que o ambiente se encontra comprometido à escassez
de seus recursos, sendo estes os fatores importantes para a sobrevivência de
inúmeras organizações e da sociedade moderna.
Conforme artigo do Jornal Administrador Profissional (2007), atualmente,
o consumidor mais exigente, quer que o mundo dos negócios seja conciliado
com atividades que respeitem o meio ambiente.
As empresas brasileiras estão preocupadas com a nova realidade e já
partem para a certificação ambiental, tendo como base os critérios
estabelecidos pela norma ISO 14001 (norma publicada em 1996 que especifica
as exigências atuais para um sistema de administração ambiental e peça
fundamental da ISO 14000).
Segundo Pimentel e Marasea (2004), a conscientização ambiental tornouse a base para uma atuação pró-ativa na defesa do meio ambiente, na qual
consiste em acompanhar atentamente as legislações referentes às atividades
que implicam no impacto ambiental.
Para Pimentel e Marasea (2004), se espera que a lei nº 9605 de 12 de
fevereiro de 1998, que dispõe sobre sanção administrativa e penalidades às
atividades lesivas ao meio ambiente, assim como as legislações municipais,
sejam aderidas por todas as organizações que exerçam atividade vinculada à
questão ambiental.
7.3. Dimensão social
Segundo Laville (2002), a dimensão social para as empresas, diz respeito
ao seu impacto no sistema social onde operam. A performance social é
7
abordada por meio da análise do impacto da organização sobre as suas partes
interessadas
colaboradores,
fornecedores,
consumidores/clientes,
comunidade, governo e sociedade em geral - a nível local, nacional e global
(stakeholders).
Para Laville (2002), em relação aos colaboradores, a empresa socialmente
responsável faz compromissos para respeitar o equilíbrio entre o trabalho e a
vida privada; incentiva a participação dos empregados em sindicatos; favorece o
desenvolvimento pessoal através da formação, etc.
Segundo Laville (2002), em relação aos fornecedores, a empresa tem de
lutar contra as práticas do trabalho infantil, do trabalho forçado, como pode
também desenvolver uma política de comércio justo que garanta aos
fornecedores rendimentos regulares. As medidas contra a corrupção fazem
também parte das práticas que as empresas têm de implementar.
8. Responsabilidade social e inclusão social
Segundo Barat (2007), as últimas décadas do século XX evidenciaram a
disposição de agentes públicos, privados ou do terceiro setor de lutarem contra
a exclusão social. Nos países desenvolvidos, os antagonismos sociais postos em
termos de lutas de classes foram cedendo lugar a conscientização de segmentos
atuantes no centro dos sistemas econômico, social, político e cultural que
propiciou a busca de acordos e parcerias para a realização de programas e
projetos comuns com forte conteúdo social, suplementando as ações do
governo.
Para Barat (2007), o foco das parcerias sociais deve ser, portanto, além
da colocação em prática de novas iniciativas e da colaboração entre instituições
e empresas, a efetiva capacidade de contribuir para mudanças de políticas
públicas que tenham caráter meramente assistencialista, ou seja, apenas
geradoras de efeitos efêmeros.
Segundo Darcanchy (2006), o atual contexto faz com que as empresas,
em particular as indústrias, percebam seu papel no âmbito social, abrindo-se
para novas demandas sociais, como o conceito atual de inclusão. Em virtude
das mudanças na concepção social da participação das minorias, a questão da
inclusão social assume a centralidade na sociedade.
Para Darchancy (2006), a inclusão tornou-se um conceito extremamente
latente na atualidade, pois um novo contexto social impingiu ao conjunto da
sociedade a necessidade de promover ações afirmativas no sentido de proteger
contingentes sociais que de alguma forma, estão em condições de
empobrecimento, de indigência ou em situações discriminatórias.
Segundo Barat (2007), as parcerias sociais enfrentam o desafio de
quebrar o isolamento e a exclusão de segmentos sociais desfavorecidos, por
meio de ações coordenadas e partilhar novas regras que permitam superar
tanto a separação das lógicas econômicas, sociais e políticas quanto a visão das
diferentes políticas sociais (emprego, saúde, educação, proteção social, etc.) e
tentar integrá-las.
Para Barat (2007), o desafio maior é o de criar um novo marco nas
relações de colaboração entre a administração pública, o mundo associativo, as
8
redes sociais primárias, a economia social e as empresas na busca de padrões
contemporâneos de convivência social.
Segundo Giosa (2003), são muitos os caminhos já percorridos por
algumas empresas brasileiras que estão operando com programas socialmente
responsáveis. Entretanto, é preciso despertar o interesse das organizações,
mexer com a governança corporativa, dirigentes, empresários e muitos de seus
profissionais, líderes e executivos, demonstrando que o papel das empresas vai
muito além do lucro.
De acordo com Giosa (2003), a cada dia cresce na sociedade e, sobretudo
nos meios empresariais, a convicção de que nenhum governo, sozinho, em
tempo algum, será capaz de debelar as enormes e seculares injustiças que
ainda predominam em nosso país. A busca da inclusão social, para usar um
termo em voga, é um dever de cada cidadão, em especial daqueles que mais
possuem.
Para Giosa (2003) o trabalho das Organizações Não-Governamentais, das
empresas que se preocupam com a responsabilidade social e dos voluntários
em geral não devem substituir a ação e a responsabilidade do Estado. Até
porque é preciso dividir tarefas para somar em benefício da imensa parcela de
cidadãos que vivem abaixo da linha da pobreza, em defesa do meio ambiente,
em prol da segurança, do desenvolvimento urbano, da qualificação profissional,
da defesa dos direitos humanos, etc.
9. Desenvolvimento sustentável
Segundo Kinlaw (1997), Desenvolvimento Sustentável (DVS) é a
macrodescrição de como todas as nações devem proceder em plena cooperação
com os recursos e ecossistemas da Terra para manter e melhorar as condições
econômicas gerais de seus habitantes, presentes e futuras. O DVS concentra-se
nas políticas nacionais e internacionais.
Para a United Nations World Commission on Environment and
Development - WCED apud Kinlaw (1997), desenvolvimento sustentável é
aquele que atenda as necessidades do presente sem comprometer a capacidade
das futuras gerações de atender as suas próprias necessidades.
De acordo com artigo da revista Você S.A. (2007), nos últimos tempos,
poucas palavras ganharam tanta visibilidade dentro das empresas quanto
“sustentabilidade”. Em fevereiro de 2007, a divulgação do relatório do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e o lançamento do
documentário Uma Verdade Incoveniente, do ex-vice-presidente americano Al
Gore, deixaram claro que os recursos naturais do planeta estão se extinguindo
e que as políticas de sustentabilidade estão se tornando uma imposição.
Segundo artigo da revista Você S.A. (2007), não há unanimidade sobre o
que significa exatamente sustentabilidade. Na verdade, trata-se de um conceito
em construção. Sustentabilidade não é apenas uma questão de valores
financeiros; uma empresa pode investir um valor altíssimo e projetos sociais e
ambientais e mesmo assim estar longe de ser sustentável.
9
9.1. Desenvolvimento regional sustentável
Segundo Barbieri (2000), a globalização tem aumentado a importância
dos mercados como agentes dos processos de reorganização dos sistemas
produtivos, ao mesmo tempo em que se reduz a liderança dos agentes estatais
nesse processo.
De acordo com Barbieri (2000), é visível o enfraquecimento do Estado e,
consequentemente, das políticas públicas voltadas para promover o
desenvolvimento no nível nacional. Para competir em mercados globais as
empresas procuram distribuir seus estabelecimentos em diferentes locais,
fazendo com que as cidades e regiões se tornem competidoras entre si.
Para Barbieri (2000), isso tem colocado a dimensão local e regional acima
da nacional enquanto esfera de reestruturação produtiva, aumentando ainda
mais os desníveis entre locais e regiões, pois nem todas conseguem oferecer
vantagens competitivas capazes de atrair investimentos.
Segundo Barbieri (2000), algumas cidades e regiões irão ganhar com esse
processo enquanto muitas irão perder, quer permanecendo atrasadas, quer
perdendo o dinamismo da sua economia. Mesmo para as ganhadoras, esse
processo de reestruturação não garante justiça social no seu interior.
De acordo com o International Council for Local Environmental Initiatives ICLEI (1996) apud Barbieri (2000), desenvolvimento sustentável é um programa
de ação para reformar a economia global e regional, cujo desafio é desenvolver,
testar e disseminar meios para mudar o processo de desenvolvimento
econômico de modo que ele não destrua os ecossistemas e os sistemas
comunitários, tais como, cidades, vilas, bairros e famílias.
Segundo Barbieri (2000), no nível local, o desenvolvimento sustentável
requer que o desenvolvimento econômico local apoie a vida e o poder da
comunidade, usando os talentos e os recursos locais. Isso vai de encontro ao
desafio de distribuir os benefícios eqüitativamente e mantê-los no longo prazo
para todos os grupos sociais. E isso só pode ser alcançado prevenindo os
desperdícios ecológicos e a degradação dos ecossistemas pelas atividades
produtivas
Segundo o Banco do Brasil – BB (2007), o Desenvolvimento Regional
Sustentável (DRS) é uma estratégia de atuação que tem por objetivo catalisar os
diferentes agentes existentes nas comunidades para superar as dificuldades e
carências, objetivando desenvolver as potencialidades locais.
Para o Banco do Brasil – BB (2007), o Desenvolvimento Regional
Sustentável (DRS), promove a geração de trabalho e renda de forma
sustentável, inclusiva e participativa, considerando as dimensões econômica,
social e ambiental.
De acordo com o Banco do Brasil - BB (2007), o trabalho é desenvolvido
sempre em uma ação conjunta que aglutine os diferentes agentes das esferas
federal, estadual e municipal, sociedade civil, empresários, entidades religiosas
etc. nessas comunidades, formando um processo que é denominado de
"concertação".
Segundo Barbieri (2000), não há um único caminho para iniciar um
processo de desenvolvimento sustentável local. A Constituição Federal e a
10
Agenda 21 são referências importantes, mas há muitas outras que também
devem ser consideradas, como os elementos que compõem os índices de
desenvolvimento humano e de condições de vida.
Para Barbieri (2000), este processo deverá perseguir objetivos múltiplos e
conflitantes envolvendo questões políticas, econômicas, sociais, culturais e
ambientais. Por isso iniciar e dar continuidade a esse processo jamais será uma
empreitada fácil.
Segundo Barbieri (2000), é razoável supor que já está em curso uma
verdadeira cruzada mundial em prol do desenvolvimento sustentável local, pois
cada vez mais as pessoas se dão conta de que vivem no local e não no global e
que somente o fortalecimento regional poderá garantir que as promessas da
globalização se cumpram.
De acordo com Barbieri (2000), as propostas de desenvolvimento
sustentável não colocam em oposição o local e o global, no sentido de ou um ou
outro, mas sim em confronto onde um não anula o outro, pois são entidades
distintas e que se excluem mutuamente, embora façam parte de uma realidade
na qual se pretende atuar. A idéia de desenvolvimento faz parte do anseio da
maioria dos povos e hoje já está inscrito como um dos direitos humanos
inalienáveis.
Segundo Barbieri (2000), a Assembléia Geral da ONU, através da
Resolução 41/128, art. 1º de 04/12/86, declara que “o direito ao
desenvolvimento é um direito inalienável do homem em virtude do qual toda
pessoa e todos os povos têm o direito de participar e contribuir para o
desenvolvimento econômico, social, cultural e político de modo que todos os
direitos e liberdades fundamentais do homem possam ser realizadas
plenamente, e de beneficiar-se desse desenvolvimento”.
Para Barbieri (2000), o desenvolvimento é colocado como uma condição
prévia para que os direitos e liberdades humanas fundamentais possam ser
realizados. Assim, promover o desenvolvimento é um dever dos governantes,
mas não só deles.
9.2. Os seis benefícios de uma estratégia de desenvolvimento sustentável
a. Antecipação dos problemas e prevenção do risco (social, ecológico,
jurídico, imagem);
b. Redução dos custos ligados ao consumo de recursos e produção de
resíduos;
c. Inovação pelo aumento da qualidade, do serviço e do valor acrescentado;
d. Diferenciação face ao mercado e aumento do valor da marca;
e. Melhoria da reputação e fidelização dos públicos;
f. Performance econômica e financeira.
Fonte: Sustainable Strategies for Value Creation, Consortium Report, The Performance
Group, 1999.
11
10. Conclusões
Diante da tendência de disponibilidade cada vez maior dos recursos
tecnológicos, a vantagem competitiva de uma empresa será determinada em
grande medida pela qualidade da relação que ela mantém com as pessoas,
interna e externamente. E essa qualidade está diretamente relacionada ao
problema da inclusão ou exclusão de diferentes grupos sociais.
Desta forma, não podemos pensar em responsabilidade social, sem
termos como ponto de referência a busca de um desenvolvimento sustentável,
sob as dimensões mais diversas, política, social, ambiental e humana. Somos
todos responsáveis pelo planeta, pelas pessoas, as empresas por seus clientes,
as escolas por seus alunos, os governos pelos povos, enfim, uns pelos outros.
Toda ação que se digne combater as desigualdades necessita investir
tanto no capital humano, na potencialidade de cada indivíduo, como promover
o capital social das comunidades ou de seus stakeholders (todas as partes
envolvidas).
Enfim, a dimensão do que deve ser considerado como responsabilidade
social, ultrapassa o seu aspecto mais comum, como convencionalmente
compreendido na discussão habitual sobre o tema, pois empresas e instituições
têm de alguma maneira devolver de forma sustentável à sociedade, os recursos
utilizados da natureza, do planeta, que são de todos, porém, encontram-se
gerando muitas vezes lucros privados e prejuízos democratizados, danos ao
planeta, às pessoas, à vida humana, mais reconhecidos nos processos de
exclusão social, como a miséria.
11. Referências
AHSLEY, Patrícia Almeida (Coordenação). Ética e responsabilidade social nos
negócios, São Paulo: Ed. Saraiva, 2003.
BANCO DO BRASIL. Gestão de negócios solidários. Material do Banco do
Brasil
Manaus,
2007.
Disponível
em:
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