PADRONIZAÇÃO DO TEMPO DE METÁSTASE PULMONAR A PARTIR DE TUMOR PRIMÁRIO DE MELANOMA CUTÂNEO Rayane Louise dos Santos (Bolsista de Inclusão - Fundacação Araucária), Gabriella Pasqual Melo, Alessandra Lourenço Cecchini Armani (Orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Ciências Patológicas Medicina II, Anatomia Patológica e Patologia Clinica. Palavras-chave: melanoma metastático, metástase pulmonar, progressão tumoral Resumo: O melanoma é um tipo de câncer de pele com alta capacidade de formar metástase e atualmente há poucas alternativas terapêuticas quando ocorre a metástase da doença. O projeto visa auxiliar estudos posteriores para melhor compreensão dos mecanismos de metástase, facilitando o desenvolvimento de pesquisa para novos tratamentos através da padronização do tempo de metástase pulmonar a partir de tumor primário de melanoma cutâneo. Foram inoculadas células de melanoma da linhagem B16F10 no tecido subcutâneo de camundongos C57BL/6 onde foi acompanhada a evolução do tumor em 3, 5 e 9 dias a fim de determinar o tempo necessário para o desenvolvimento de metástase pulmonar. Introdução O câncer de pele é a neoplasia mais comum em âmbito global, e com o passar dos anos sua incidência tem aumentado em diversos países. O melanoma corresponde a 4% das neoplasias malignas de pele, apesar de raro, é a mais grave devido a sua característica altamente invasiva e agressiva. Possui alta taxa de mortalidade, representando 79% das mortes por neoplasias de pele. A estimava do INCA para 2014, no Brasil, foi de 2.960 casos novos em homens e 2.930 em mulheres. A etiopatogênese do melanoma é multifatorial, incluindo fatores genéticos e raciais. Dentre os principais fatores que levam ao aparecimento deste tipo de câncer, se encontram a sensibilidade ao sol, pele clara, tendência a sardas, história de melanoma na família, presença de nevos displásicos, aumento no número de nevos típicos, nevos congênitos grandes e imunossupressão. Experimentalmente, o estudo do melanoma metastático é vantajoso, pois permite esclarecer os mecanismos de metástase nesse tipo de câncer, auxiliando também estudos posteriores visando a descoberta de novas estratégias terapêuticas, e a melhora da qualidade de vida do paciente. Levando-se em consideração os altos índices de metástase nos pacientes com melanoma e a gravidade da doença em sua forma metastática, o presente trabalho justifica-se ao visar a padronização de um modelo de estudo de metástase pulmonar de melanoma em camundongos a partir de tumor primário de melanoma cutâneo. A padronização desse modelo auxiliará estudos posteriores visando a melhor compreensão dos mecanismos de metástase dessa doença, o que facilitará a pesquisa de novos fármacos para o tratamento dessa neoplasia. Procedimentos metodológicos 1 Animais experimentais Os camundongos C57BL6 foram acomodados em condições padronizadas dentro de gaiolas coletivas contendo no máximo 6 animais, com alimentação especial para camundongos (Nuvital CR1) e água ad libitum. Todos os procedimentos foram realizados após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina, de acordo com as recomendações do Código Brasileiro para utilização de animais de laboratório. 2 Manutenção da linhagem celular B16F10 As células de melanoma murino da linhagem B16 subtipo F10 foram cultivadas em condições estéreis em garrafas de cultura celular de 25 cm 3 de área utilizando meio de cultura celular DMEM suplementado com 20mM de bicarbonato de sódio, e 5% de soro fetal bovino. As garrafas foram incubadas a 37ºC em estufa de CO2 5%, e o crescimento das células foi acompanhado, sendo realizada a troca do meio de cultivo quando necessário, até as células atingirem confluência de 80-100%. Após atingirem crescimento adequado, as células aderidas na garrafa de cultura celular foram descoladas por meio de tripsinização com tripsina-EDTA 0,1%. A viabilidade celular foi analisada pela coloração com azul de tripan e em seguida foi preparada uma suspensão de células em meio de cultivo DMEM para inoculação nos animais de experimentação. 3 Modelo experimental de melanoma murino cutâneo Foram inoculadas, via subcutânea, no dorso de camundongos C57Bl6, 1 x 105 células B16/F10 em 50 µL de DMEM. Os animais foram divididos em três grupos experimentais: melanoma 5 dias (M5), melanoma 7 dias (M7) e melanoma 9 dias (M9). Os animais foram acompanhados durante 14 dias após a inoculação das células tumorais no dorso do animal e então foram eutanasiados. Resultados e Discussão Os grupos experimentais foram observados diariamente, a fim de acompanhar o desenvolvimento da massa tumoral. Todos os animais apresentaram boa aparência e não foram observados sinais sugestivo de desenvolvimento massa tumoral, depois de 3, 5 e 9 dias após inoculação das células. Os três grupos experimentais foram acompanhados por 14 dias após a inoculação das células, porém não foi observado o desenvolvimento de massa tumoral. No 15º dia após a inoculação, os animais foram anestesiados com quetamina/xilazina (18μl de xilazina, 8 μl de quetamina, diluídas em 24 μl de salina, por animal) a fim de verificar possíveis alterações macroscópicas no local onde as células foram implantadas. Entretanto, não foi observada nenhuma alteração nos animais. Os animais foram eutanasiados após este processo. Considerando a situação, pode-se inferir que houve contaminação das células B16/F10 utilizadas para este projeto, uma vez que diversos trabalhos da equipe do laboratório no qual foi feito este experimento demonstraram a eficácia desta linhagem celular. Experimentos nos quais utiliza-se cultura de células exigem uma série de cuidados para evitar os riscos de contaminação, tendo em vista que as células são cultivadas em meios ricos em nutrientes, que oferecem um meio rico para a proliferação de microorganismos. A contaminação pode ocorrer durante o cultivo das células, bem como durante a utilização das mesmas nas técnicas in vivo, sendo esta a possível causa do não desenvolvimento do tumor, uma vez que houve confluência das células durante o cultivo. Conclusões A linhagem celular selecionada para o experimento apresenta rápido crescimento e é facilmente transplantada em camundongos C57BL/6N, com alta capacidade de disseminação metastática. Entretanto, nas condições deste experimento não ocorreu implantação das células, e portanto não foi possível observar desenvolvimento de massa tumoral nos animais utilizando um inóculo de 1 x 105 células B16/F10 em 50 µL de DMEM, nos grupos experimentais M5, M7 e M9, bem como 14 dias após a inoculação das células. Uma nova padronização do modelo deve ser feita, considerando os cuidados que se deve ter com a cultura de células, a quantidade de células inoculadas, assim como os tempos experimentais. Agradecimentos Á bolsa de inclusão social da Fundação Araucária, aos Laboratórios de Patologia Molecular e de Fisiopatologia e Radicais Livres, aos alunos Gabriella Pasqual Melo, Iriana Moratto Carrara, aos técnicos Pedro Dionísio Sebastião Filho e Jesus Antonio Vargas. Referências CHAMMAS, Roger; ODONE FILHO, Vicente; NOVIS, Yana Sarkis.Tratado de Oncologia. 1° Ed. São Paulo: Atheneu, 2013. KUMAR,Vinay; ABBAS, Abul K.; FAUSTO, Neuson. Robbins & Cotran: Patologia - Bases patológicas das doenças. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Pele melanoma, 2014. Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/pele_m elanoma/>. Acesso em 7/8/2015.