ESPÉCIES VEGETAIS COMO ÁREA DE REFÚGIO PARA INIMIGOS NATURAIS EM CULTIVOS ANUAIS Autores GIANNE CAROLINE GUIDONI STULZER (4) AYRES DE OLIVEIRA MENEZES JUNIOR ADRIANO THIBES HOSHINO (9) (5) JULIANA CRISTINA AMANCIO SUSUKI ALEXANDRE DA SILVA (4) (4) TIAGO HENRIQUE DE CARVALHO DIAS THIAGO AUGUSTO PAES FERNANDES (4) (14) RAFAEL HIDEKI ONO DANIEL LAVORENTE DE OLIVEIRA (4) (4) Categoria Trabalho de Iniciação Científica Introdução O problema com insetos pragas se intensifica com o aumento da produção agrícola em monocultivo (BRECHELT, 2004). Uma estratégia para minimizar este problema é a diversificação vegetal do ambiente agrícola (ALTIERI et al., 2003). Estudos ecológicos demonstram que insetos e plantas não só vivem juntos como interagem entre si, sofrem as consequências dessas interações e se adaptam por dependência (PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, 2009). A diversidade vegetal pode favorecer inimigos naturais de pragas agrícolas por fornecer recursos vitais como: presas e hospedeiros alternativos, suplementação alimentar (pólen e néctar), abrigo e local de reprodução, principalmente em períodos de entressafra (BIANCHI et al., 2006). Bugg & Ellis (1990) tem demonstrado a possibilidade do uso de plantas de cobertura no manejo da fauna benéfica, identificando várias espécies vegetais capazes de manter inimigos naturais de pragas agrícolas. Objetivos O trabalho objetivou avaliar plantas de cobertura no binômio milho-soja como refugio aos inimigos naturais no início de entressafra. Buscando verificar: a) qual a planta de cobertura com maior ocorrência de inimigos naturais; b) se há maior ocorrência de inimigos naturais em função do cultivo anual; c) se já um acúmulo de inimigos naturais no "refúgio" logo após a colheita das culturas anuais. Material e Métodos O estudo foi conduzido entre Fevereiro a Abril de 2014, na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Londrina. A presença de inimigos naturais foi avaliada em três plantas: feijão caupi (Vigna unguiculata), crotalaria (Crotalaria spectabilis) e mamona (Ricinus communis), com cinco parcelas cada, dispostas em faixa, no qual de um lado da faixa havia um cultivo de soja e do outro um cultivo de milho, ambos em final de ciclo. A presença de inimigos naturais também foi avaliada nesses cultivos, nas distâncias de 5 m e 15 m em relação às parcelas. A amostragem foi realizada através de armadilhas pitfall, que consistiam em potes plásticos (ø = 14 cm e vol. = 1L) enterrados ao nível do solo, sobre os potes eram colocadas aletas plásticas (10 cm alt. x 1 m compr.) para aumentar eficiência de captura. A cada data de coleta as armadilhas permaneciam no campo durante cinco dias, contendo 400 ml de solução aquosa de formol e detergente. ENCONTRO DE ATIVIDADES CIENTÍFICAS, 17.; SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 4., 2014, LONDRINA. ANAIS ... LONDRINA: UNOPAR, 2014. Resultados e Discussão Foram coletados durante o estudo 1089 artrópodes predadores e 730 insetos parasitóides dentro de 38 famílias de insetos mais a ordem Aranea. Do total de predadores, Araneae (55,8%), Cicindelidae (14,9%), Staphylinidae (9,1%) e Carabidae (7,1%) foram os mais abundantes. Para parasitoides as famílias com maior ocorrência foram Scelionidae (20%), Diapriidae (19,3%), Figitidae (9,6 %), Ceraphronidae (7%). Maior diversidade de inimigos naturais, estimada pelo índice de Shannon-Wiener, foi observada em mamona (1,14) e feijão-caupi (1,10). Das famílias citadas anteriormente a família Cincidelidae teve maior abundância em feijão-caupi seguido e mamona, para as demais famílias não foi possível verificar diferenças na ocorrência. Dos principais inimigos naturais amostrados foi observado que a ordem Araneae e as famílias Cicindelidae, Dolichopodidae, Diapriidae e Scelionidae apresentaram maior ocorrência nos locais com as plantas de cobertura em relação aos locais com culturas anuais. Conclusão A família Cicindelidae apresenta maior ocorrência em feijão-caupi e menor ocorrência em crotalaria, diferença não verificada para os demais inimigos naturais. A família Cicindelidae tende a maior ocorrência em milho que em soja, contudo essas diferenças não são mais contatadas após a colheita das culturas anuais. As plantas de cobertura atuam como refúgio, principalmente após a colheita das culturas anuais, para os seguintes inimigos naturais: Araneae, Cicindelidae, Diapriidae e Scelionidae. Referências ALTIERI, M.A., SILVA, E.N.; NICHOLLS, C.I. O papel da biodiversidade no manejo de pragas. Ribeirão Preto: Holos, 2003. 226p. BIANCHI, F. J. J. A; BOOJI, C. J. H; TSCHARNTKE, T.. Sustainable pest regulation in agricultural landscapes: A review on landscape composition, biodiversity and natural pest control. Proceedings of the Royal Society Biological Sciences. v.273, p.1715-1727. 2006 BRECHELT, A. O manejo ecológico de pragas e doenças. Fundação Agricultura e Meio Ambiente (FAMA): República Dominicana. 2004. 33p. <Disponível em: http://www.rapal.org/articulos_files/O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas.pdf> Acesso em: 18 Out 2014. BUGG, R.L.; ELLIS, R.T. Insects associated with cover crops in Massachusetts. Biological Agriculture and Horticulture. v.7, p.47-68. 1990. PIZZAMIGLIO-GUTIERREZ, M. A. In: PANIZZI, A. R.; PARRA, J. R. P. Bioecologia e nutrição de insetos. EMBRAPA: Brasília-DF, 2009. Cap 05, p 211- 249. Legenda (4) Aluno Graduação - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ (4) Aluno Graduação - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA (5) Aluno Pós-Graduação - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA (9) Pesquisador - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA (14) Outros - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA ENCONTRO DE ATIVIDADES CIENTÍFICAS, 17.; SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 4., 2014, LONDRINA. ANAIS ... LONDRINA: UNOPAR, 2014.