Edição 14 - Novembro de 2014 Surto de gripe aviária atinge a Europa A Comissão Europeia abriu uma investigação epidemiológica para identificar a origem do vírus influenza H5N8, que provocou surtos de gripe aviária na Holanda, Reino Unido e Alemanha. Cogita-se a possibilidade de que aves selvagens migratórias ou cisnes selvagens possam estar carregando o vírus sem apresentarem sinais da doença. Desde o início do ano, esse mesmo vírus provocou surtos da doença em granjas na Coreia do Sul, Japão e China. Na Europa, o surto começou no início de novembro, em fazendas de criação de perus, na Alemanha. Depois, em 16 de novembro, a gripe aviária foi detectada também em uma fazenda de galinhas poedeiras na Holanda. No mesmo dia, o mesmo subtipo do vírus foi confirmado numa fazenda de criação de patos em North Yorkshire, no Reino Unido. Os Países Baixos e o Reino Unido também adotaram medidas de salvaguarda de emergência. As regiões foram submetidas a severas restrições veterinárias, numa tentativa de evitar a propagação da gripe aviária de alta patogenicidade dentro dos países afetados, para outros Estados-Membros e para outros países. Na Holanda, 150 mil galinhas poedeiras foram abatidas com a imediata paralisação do comércio de aves, ovos e estrume das explorações agrícolas e produtos derivados de aves. Na Inglaterra, seis mil patos foram abatidos. Outras ações, além disso, foram adotadas desde então: abate seguro das aves presentes e limpeza e desinfeção dos estabelecimentos em torno do foco, ou seja, todas as aves devem ser mantidas dentro das granjas avícolas. O Que é a Influenza aviária? A Influenza Aviária ou “Bird Flu” é uma infecção viral altamente contagiosa, que pode manifestar-se de diferentes formas e afetar todas as espécies de aves, incluindo aves de capoeira. Essas infecções são divididas em dois grupos: • Gripe aviária altamente patogênica: se espalha rapidamente e provoca a mortalidade de até 100% das aves dentro de 48 horas; • Gripe aviária de baixa patogenicidade: pode não ser percebida e provocar uma doença leve. Como funciona a legislação? As regras da União Europeia no caso de gripe aviária foram adotadas pelos Estados-Membros em dezembro de 2005 e têm por objetivo a prevenção de surtos. Para tanto, todos os casos suspeitos de gripe aviária em aves domésticas e aves de cativeiro precisam ser notificados e investigados. Quando há um surto numa exploração avícola, todas as aves devem ser abatidas. As autoridades veterinárias são obrigadas a restringir a circulação de aves vivas e produtos derivados na área afetada e num raio de pelo menos 10 quilômetros. Como funciona o controle à doença? A Comissão Europeia exige que todos os Estados-Membros intensifiquem a vigilância e trabalhem para a identificação precoce do vírus. Para tanto, a Comissão fornece apoio no monitoramento nacional de aves domésticas e selvagens. Como prevenção, os Estados-Membros podem apresentar um plano de vacinação das aves, incluindo medidas de vigilância. Em caso de confirmação, é obrigatório enviar uma notificação de doença à Comissão e à Organização Mundial de Saúde Animal. Total mundial de casos em 2014 De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal, a influenza aviária foi registrada pela primeira vez este ano na Ásia, em janeiro. A Coreia do Sul registrou 29 surtos em gansos, galinhas e patos, sacrificando 600 mil aves. Meses mais tarde, em setembro, um novo surto entre patos criados para a produção de carne, resultou no abate de 1.200 animais. Em abril, o Japão notificou 1.100 casos e promoveu o abate de 112 mil aves. Em novembro, outro surto foi confirmado no país, após a coleta de amostras retiradas de cisnes do tipo Cygnus Columbianus. A China também informou sobre dois surtos em outubro, em patos. Esse vírus já havia sido registrado, em 2008, nos Estados Unidos, mas na forma de gripe aviária de baixa patogenicidade. Informativo União Europeia 2 Edição 14 - Novembro de 2014 Produtores de leite receberão 28 milhões de euros Três meses depois do embargo russo, a Comissão Europeia decidiu destinar 28 milhões de euros para repor as perdas contabilizadas pelo setor de leite europeu. Os Países Bálticos serão os beneficiados com o pacote de apoio. A distribuição dos recursos levará em consideração os níveis da produção de leite no biênio 2013/2014. Para a Lituânia devem ser destinados 14,1 milhões de euros; Letônia 7,7 milhões de euros; e Estônia outros 6,9 milhões de euros. Mesmo havendo esse compromisso de financiamento por parte da Comissão Europeia, a adoção dessa medida causou descontentamento entre alguns Estados-Membros. Finlândia e Polônia já haviam solicitado ajuda, mas tiveram seus pedidos negados. Os produtores de leite poloneses não aceitaram a recusa e mantém o argumento de que também sofrem as consequências de não encontrar mercado para escoar a produção leiteira do país, antes destinada à Rússia. Segundo a Copa-Cogeca, representante dos produtores agropecuários europeus, a queda geral nos preços do leite foi de 30%, sendo necessário encontrar novos mercados e acelerar campanhas de promoção para estimular nova demanda e evitar um colapso do setor em 2015. França, Reino Unido, Holanda, Itália e Polônia, em conjunto, respondem por 70% desse total. Desde agosto o setor de leite europeu enfrenta dificuldades para escoar parte da produção. Isso acontece porque a Rússia está entre os destinos das vendas externas do leite europeu, mas os russos proibiram a entrada de alguns produtos agrícolas do Bloco, como resposta às sanções aplicadas pelo Bloco e por outras nações ocidentais em consequência da crise na Ucrânia. A produção de leite da União Europeia responde por 15% da produção agropecuária total. De acordo com a Comissão Europeia, são produzidos por ano 152 milhões de toneladas de leite, de acordo com os números de 2011. Alemanha, Indefinição no orçamento de 2015 Novembro termina sem que ninguém saiba, ao certo, como ficará o orçamento da União Europeia para o próximo ano. Um impasse sobre a forma e o tamanho do orçamento transformou-se numa verdadeira bomba relógio porque os Estados-Membros da UE e o Parlamento Europeu não chegaram a um acordo sobre o pacote. Agora, a Comissão Europeia tem pouco tempo para apresentar uma nova proposta. Em espaço de tempo tão curto parece difícil, quase impossível, atender aos interesses de deputados e dos 28 Estados-Membros da UE. A última sessão plenária no Parlamento está marcada para 15 de dezembro. Antes que uma nova proposta possa ser votada em plenário é preciso cumprir trâmites legais, ou seja, passar pelo colégio de comissários, receber aprovação dos Ministros de Finanças dos 28 Estados-Membros (o Conselho), e, em seguida, avaliação dos deputados em comitê e, se houver consenso, encaminhamento para votação final em plenário. Caso não haja acordo até 31 de dezembro deste ano, a União Europeia enfrentará embaraçoso regime chamado de duodécimos provisórios: ter um orçamento mensal com base nos valores calculados e aprovados para 2014. No meio dessa contagem regressiva estão os interesses dos parlamentares europeus. Os deputados querem aumentar o financiamento para pagamentos deste ano. O motivo é que restam contas que a União Europeia precisa pagar. O Conselho, por sua vez, quer recursos para a promoção do crescimento e do emprego no bloco, propondo pagamento total de 140,7 bilhões de euros, aumento de 3,9% em relação ao orçamento de 2014. Os parlamentares, porém, solicitaram uma ampliação de 8,1% no nível de pagamentos, equivalente a 146,4 bilhões de euros. A dura posição do Conselho pode ser considerada compreensível se for levado em consideração que as despesas da UE são uma questão sensível. É que a crise econômica e financeira na Europa levou à adoção de uma política de cortes no orçamento, além de medidas de austeridade. No entanto, não aprovar o primeiro orçamento do recém-eleito Presidente da Comissão Europeia poderia colocar Jean-Claude Juncker numa posição desconfortável e delicada, provavelmente, exposto às críticas. Sem mexer na área agrícola - Os dilemas orçamentários de Juncker não param por aí. O Presidente da Comissão tem pela frente outro desafio, em se tratando do Orçamento para a União Europeia em 2015. Os Ministros da Agricultura de 21 dos 28 Estados-Membros do Bloco manifestaram oposição à proposta da Comissão Europeia de redirecionar 448 milhões de euros da reserva crise agrícola de 2015 para outras áreas, como ações contra o Ebola. Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, República Checa, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Polônia, Portugal, Romênia, Eslováquia, Eslovênia e Espanha se declararam contrários a mudanças no orçamento de 2015. Numa carta enviada ao presidente do Conselho Econômico e Financeiro, o Ministro italiano da Economia, Pier Carlo Padoan, à frente das negociações sobre o orçamento no Parlamento Europeu, os países defenderam o mecanismo do financiamento para diminuir o impacto do embargo russo a partir da renda adicional dos fundos agrícolas. Com a reserva de crise mantida é possível responder com eficácia caso ocorra nova crise no setor. 3 Edição 14 - Novembro de 2014 Informativo União Europeia Escândalo “Luxleaks” constrange presidente da Comissão Europeia No início de novembro, já na primeira semana de trabalho, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, se viu diante da divulgação não autorizada de documentos fiscais embaraçosos que apontam Luxemburgo como refúgio para centenas de empresas reduzirem drasticamente suas contas fiscais. Nesse esquema de evasão fiscal, cuja ilegalidade ainda precisa ser comprovada, 340 multinacionais teriam praticado irregularidades envolvendo bilhões de euros em impostos não pagos, entre elas a PepsiCo, a Amazon, o Ikea e o Deutsche Bank. O escândalo ficou conhecido como “Luxleaks”. A divulgação foi feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investiga- tivos (ICIJ), que reúne alguns dos jornais mais importantes do continente, entre eles o “Financial Times”, o “Le Monde” e o “La República”. O consórcio publicou uma análise de 28 mil páginas de documentos confidenciais. Juncker foi Primeiro-Ministro de Luxemburgo entre 1995 e 2003, durante o qual estes regimes fiscais ocorreram. A Comissão Europeia abriu quatro processos investigativos, um sobre a Holanda, outro sobre a Irlanda e mais dois sobre Luxemburgo, utilizando os documentos do “Luxleaks”. As investigações sobre regras fiscais abusivas nos Estados-Membros devem ser concluídas no segundo trimestre de 2015. Esse fato Mais transparência nas discussões da Comissão Europeia Quando assumiu a Comissão Europeia, o presidente Jean-Claude Juncker se comprometeu a dar mais transparência à Comissão e a colocou entre suas diretrizes políticas. A partir de primeiro de dezembro deste ano, todos os contatos e reuniões realizadas por comissários, membros de gabinetes e diretores-gerais com grupos de interesse e pessoas registradas no Registro de Transparência, ou seja, os lobistas, terão de ser identificados publicamente. As informações devem ser disponibilizadas no site da Comissão Europeia. também constitui elemento de embaraço, já que a Comissária para a Concorrência, Magrete Vestager é encarregada de dirigir as investigações e responde ao Presidente Juncker. Em sua defesa, Juncker afirmou ser essa uma prática normal de alguns Estados-Membros e estaria em conformidade com a legislação europeia, desde que os benefícios sejam aplicados de forma não discriminatória. O presidente da Comissão ressaltou, ainda, ter trabalhado durante toda sua vida para a harmonização fiscal e, como Presidente da Comissão Europeia, propôs aos Comissários uma troca automática sobre decisões fiscais. Parceria transatlântica A Comissária para o Comércio, Cecilia Malmström defendeu que trabalhadores, empresários e consumidores europeus devem ser beneficiados com o Acordo de Parceria de Comércio e Investimento Transatlântica (TTIP), durante a audiência: “TTIP e Consumidores, o bom o mau e o feio”, em novembro, no Parlamento Europeu. A Comissária destacou ser preciso negociar um acordo que responda às necessidades e preocupações dos consumidores europeus. E, segundo ela, a cooperação é a forma política capaz de oferecer bens e serviços com qualidade e preços justos, baixando preços, ampliando as escolhas e aumentando os postos de trabalho. Malmström declarou que novos documentos relacionados às negociações serão liberados aos deputados do Parlamento Europeu, embora com salvaguardas. Os parlamentares não têm poder de decisão ou de mudar o acordo, apenas aprovam ou rejeitam o texto final. INFORMATIVO UNIÃO EUROPEIA é elaborado mensalmente pelo Escritório de Representação da CNA em Bruxelas, Bélgica. Reprodução permitida desde que citada a fonte. CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL SGAN - Quadra 601 - Módulo K CEP: 70.830-021 Brasília/DF (61) 2109-1419 | [email protected]