PANORAMA POLÍTICO/ Armando Burd

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OPINIÃO
4 — SEGUNDA-FEIRA, 23 de dezembro de 2002
CORREIO DO POVO
A estrela
Flávio Alcaraz Gomes
Bíblia não precisa a data do nascimento de Jesus Cristo. Mas dá pistas: Lucas afirma que “na região havia
pastores que velavam e faziam de noite guarda ao seu rebanho”. E Mateus informa que os Reis Magos “ficaram possuídos de grandíssima alegria” e partiram para Belém, “eis que
a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles”. Temos, portanto, duas indicações verificáveis. Uma, ligada à
meteorologia, informando que o clima, na época do Natal de
Jesus, devia ser ameno, pois os pastores cuidavam dos animais nos campos – o que só pode ocorrer na região fora do
inverno, que ali é rigoroso. E outra, falando no surgimento
de uma estrela fenomenal. Que se foi, de fato, extraordinária, deve ter registro na astronomia. Foi o astrônomo João
Kepler, da corte do império austríaco, que formulou a teoria aceita pela ciência para explicar a estrela de Belém. Ele
concluiu que o fenômeno somente pode ser atribuído à conjunção de Saturno e Júpiter na constelação de Peixes. Conjunção quer dizer alinhamento. E o alinhamento desses
planetas constituiu um espetáculo celestial impressionamente, que ocorreu no Oriente Médio sete anos antes da
data até então aceita como a do nascimento do Cristo.
EMPRESA JORNALÍSTICA CALDAS JÚNIOR
A
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Uma holding chamada Natal
Túlio de Oliveira Martins
olding é uma palavra inglesa que significa sustentação,
suporte, capacidade de segurar. Em psicologia aplicamos o vocábulo ao papel materno, à função de sustentar o
bebê em sua fragilidade, garantindo-lhe a sobrevivência,
especialmente afetiva. Nas horas de desconforto, fome e irritabilidade, é a holding materna que restitui a organização
e a paz; a voz da mãe, seu abraço, o leite demonstram ao filho que a fonte de vida está ali. Essa é uma matriz que carregamos para o resto de nossas vidas, com todas as nuanças, e se sempre fomos atendidos, é assim que exigiremos
que as coisas aconteçam à nossa volta. Mas, se desenvolvemos a capacidade de esperar um pouco que seja pela satisfação de nossas necessidades, teremos aprendido a ter paciência e construído o sentimento de esperança em nós.
Cada uma dessas carências, do alimento ao prazer, nasce
de um acréscimo de nossa satisfação básica, garantia de
sobrevivência estruturada em um período muito primitivo.
Crescemos e esquecemos como construímos nossa matriz, não nos lembramos de fazer autocrítica, substituída
por queixumes e reclamações, mas o Natal é uma convocação para essa reflexão. Como sinônimo de amor, remetenos a nossos valores fundamentais, ativa os sentimentos
de ternura, solidariedade, fraternidade e paz. O Natal, aniversário do menino Jesus, presenteia-nos anualmente com
a possibilidade de refletir e revisar nossas possibilidades,
reais ou simplesmente sonhadas. É a grande oportunidade
de nos comprometermos com uma nova e amorosa postura
de vida, que é a idéia síntese do Natal: o renascimento do
amor. Presentes são só detalhes, ou um caminho para se
buscar os abraços de que tanto precisamos e dizer palavras
afetuosas àqueles que são importantes para nós.
As crianças nos dão uma bela e comovente lição quando escrevem para o Papai Noel. Na verdade, fazem um inventário anual – reflexão que os adultos também deveriam
elaborar – e formulam uma carta de intenções, especialmente quando as coisas não foram tão bem; a seguir, em
uma troca simbolicamente justa, sugerem os presentes desejados. Este ano eu vou escrever minha carta, contarei
meu empenho em ser justo e pedirei um único presente para todos aqueles que amo: um renovado espírito fraterno.
H
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Os pobres e o governo Lula
á foi pior a situação do trabalhador e das classes mais desfavorecidas. Na década de 30 do século XX, o governo de Getúlio Vargas
estabeleceu todo um estatuto protetivo visando coibir abusos contra
aqueles que viviam em uma situação de desequilíbrio no mundo do
trabalho, com péssimas condições para desempenhar sua atividade e
sujeitos a todo tipo de exploração. De lá para cá, o trabalhador ganhou
muito em dignidade e recebeu a proteção por parte do legislador.
Naquela época, a atenção se voltou para aqueles que eram hipossuficientes no desempenho da sua atividade laboral. Mas uma coisa era
visível, que eles tinham emprego, ainda que nem sempre nas condições desejadas. Hoje, o que vemos é uma melhoria para os que se encontram no mercado formal de trabalho, fruto dessas conquistas que
vêm de outros tempos.
Contudo, essa evolução, saudável, por certo, veio acompanhada de
transformações no mercado da mão-de-obra, fruto da evolução tecnológica e da crescente complexidade da economia brasileira. É assim
que se deu uma pauperização de um grande contingente humano que,
por se encontrar fora dessas relações protegidas de trabalho, hoje está no mercado informal ou não consegue manter uma atividade econômica que garanta o seu sustento. São cerca de 60 milhões de brasileiros abaixo do nível de pobreza considerado mínimo. Nessas condições,
torna-se claro que lhes falta cidadania, sendo fácil deduzir que eles
não têm acesso aos mecanismos mínimos para sair da situação em
que se encontram. Falta-lhes educação, por exemplo, bem como saúde, trabalho, planejamento familiar, seguridade, etc.
Nossa democracia hoje se apresenta fortalecida nos seus aspectos
institucionais. Corroborando isso, basta atentar para a normalidade
democrática que vimos mantendo já há algum tempo após o regime
autoritário. Contudo, é evidente que no campo da igualdade econômica, de forma a garantir a todos condições dignas de sobrevivência,
ainda temos muito que avançar. Esse também parece ser o entendimento do presidente eleito, que vem enfatizando que sua prioridade
será o trabalho na área social. É por isso que o país inteiro aguarda
com expectativa o novo governo, que terá pela frente a imensa tarefa
de resgatar uma dívida social há muito vencida e nunca paga.
J
TACHO
ASSOCIAÇÃO
NACIONAL
DE JORNAIS
INSTITUTO
VERIFICADOR
DE CIRCULAÇÃO
DO LEITOR
Natal gaúcho
Vejo noticiados eventos natalinos nas nossas cidades,
principalmente no Interior, que dizem respeito às nossas
culturas, nossas origens e, portanto, mais autênticas, sem
o glamour norte-americano ou outros que nada nos dizem
respeito, a não ser para os turistas do centro do país ou do
exterior. Nada contra preferências pessoais, mas onde estão as nossas agências de turismo, que se esqueceram de
promover também o que é mais simples, mas também
mais sincero e autêntico?
Sueli Boff, Porto Alegre
Parlamentares
Concordo plenamente com Aldir Luiz Grando (CP
10/11) e Ruy Rasia (CP 15/12), que sugeriram redução do
número de vereadores, deputados e senadores. Acrescento que deveriam ser feitas consultas populares e mesmo plebiscito nesse sentido. Candidatos que empenham
sua palavra na luta pelo bem comum seriam melhor qualificados, exigindo deles um currículo mínimo.
Luiz Fantim, Viamão
Utopia
A utopia é o princípio de todo progresso e o esboço de
um futuro melhor, disse alguém muito inteligente. Como
seria bom se o momento que estamos vivendo em nossa
terra se globalizasse e a maneira de olhar os problemas
fossem trocados. Exemplo: o trilhão de dólares que custaria a guerra no Iraque seria aplicado na África. Certamente, a médio prazo,
daria aos poderosos um retorno muito maior
em riquezas, consumidores e admiradores.
Nunca mais teríamos torres derrubadas em
Nova Iorque nem veríamos os olhos famintos
das crianças moribundas na África.
Eduardo Targa, Porto Alegre
Os artigos publicados com assinatura nesta página não traduzem
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jornalista e juiz de direito
PANORAMA POLÍTICO / Armando Burd
Antes da questão partidária, a competência Vai e vem
Boas idéias
Apartes
O futuro chefe da Casa Civil, Alberto Oliveira, se reúne com presidentes
do PPB, PDT, PTB, PHS, PSDB, PL e PFL para concluir indicações do 2O escalão. Ao todo, são cerca de cem cargos de direção e presidência de órgãos, estatais e fundações. O que incomoda os aliados é que as principais funções
ficarão nas mãos do PMDB: Pedro Bisch Neto na Metroplan; Vítor Bertini na
Corsan; Lélio Souza e Fernando Lemos no Banrisul; e Edson Brum na Fundação de Recursos Humanos. Com orçamentos próprios e em alguns casos
melhores do que de secretarias, partidos não deixam de chorar. Alberto argumenta, corretamente, que antes da questão partidária o governo eleito
tem que levar em conta a competência dos indicados e o interesse público.
Agora, o PT resolveu que, para
entrar em acordo com demais partidos sobre a mesa diretora, quer cargos ligados à presidência da Assembléia, rateio do qual nunca participou. São 52 cargos em comissão e
funções gratificadas, maior parte
com PTB, PPB e PMDB. Desde o começo das negociações, a divisão vinha sendo proposta por Zambiasi.
Exemplos
O choro é livre
Reflexão
Cristovam Buarque, futuro ministro da Educação, quer criar sistema de avaliação do Ministério de Lula. Lançou a idéia “provão para os
ministros”, semelhante à avaliação
dos universitários. Já a futura ministra de Minas e Energia, Dilma
Rousseff, quer mudar a forma do
reajuste da gasolina, desatrelando o
aumento das variações cambiais.
Alberto garante que todos os
partidos serão contemplados, mas
de acordo com os critérios acima citados. Exemplos: Otomar Vivian
(PPB) está confirmado no IPE e Aloísio Classmann (PTB) na FGTAS.
Parte do 2O escalão foi negociado
entre o governador eleito Germano
Rigotto e os partidos nas definições
sobre o secretariado. Por que só
agora pararam para pensar e reclamar do que está sendo oferecido?
Presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, está em Cuba. Em
época de governo Lula, acha que precisa fazer estágio na terra de Fidel “para aprimorar relações com o PT”.
Dilma Rousseff foi “Estela”,
“Wanda” e “Patrícia” nos anos em
que era perseguida pelo regime militar e se escondia sob codinomes.
Lula pedirá esta semana demissão
da presidência de honra do PT, abrindo mão dos R$ 7 mil que recebe por
mês. Isso porque não pode ter outra
remuneração, além da de presidente.
Constatação dos próprios petistas: Banco Central, no governo Lula, será igual ao do governo FHC.
De José Dirceu: “Nunca mais quero
participar de montagem de governo”.
Logo após passar a faixa presidencial a Lula, Fernando Henrique
embarca para férias em Paris.
Com a saída de Túlio Zamin para a
EPTC, Sereno Chaise assumirá por tenpo indefinido presidência do Banrisul.
Simone Iglesias/Interina
E-mail: [email protected]
Para efeito de cálculo — Mesmo que os progressistas gaúchos rejeitem a idéia, feita a fusão do PTB com o PPB, o partido se tornaria força
expressiva no Rio Grande do Sul. Somaria cinco secretários, 16 deputados
estaduais, nove federais e 205 prefeitos. O novo partido uniria ainda eleitorado com perfil bastante diferente, agregando área rural, do PPB, e urbana, do PTB. Nas eleições municipais de 2004, faria chover votos.
Corrente interna do PT, O Trabalho, liderada por Laércio Barbosa,
faz crítica pontual ao governo Olívio.
Contrário ao Orçamento Participativo, o grupo não perdoa: “O governo
pagou religiosamente a dívida com a
União. Enquanto isso, obras do Orçamento Participativo estão há anos
na fila. É útil ouvir o que diz Antônio
Hohlfeldt de que o OP tenta cooptar
o movimento popular e não ouvi-lo.
Foi exatamente nisso que deu a chamada democracia participativa”.
Atrasados
Além do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Piauí, Paraíba e Espírito
Santo não conseguiram pagar em
dia o 13O salário dos servidores.
Condição
Entre as condições do PMDB para integrar governo Lula, constava
pedido especial: deixar o governador
do Distrito Federal, Joaquim Roriz,
em paz. Lula considerou reivindicação excessiva, fazendo naufragar
acordo e vetando PMDB no governo.
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