Bobina de Tesla de Estado Sólido: Construção de Protótipo de Baixo Custo Para Aplicações no Ensino Médio Hugo Jonhantan Donadon Paniago1, Lucas Kriesel Sperotto1 1 Curso de Ciência da Computação Faculdade de Letras, Ciências Sociais e Tecnológicas (FALECT) Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) - Alto Araguaia - MT - Brasil [email protected], [email protected] Abstract. This work is an interesting proposal to make the teaching of physics more attractive and dynamic. Thus, this work consists in design and build a solid-state tesla coil to generate high-voltage sparks modulated by an audio signal. This low-cost coil will be applied as a teaching tool in laboratory practical activities of high school physics courses, and is expected to assist her students understand abstract concepts of electricity. Resumo. Este trabalho consiste em uma proposta interessante para tornar o ensino de Física mais atrativo e dinâmico. Sendo assim, projetamos e construímos uma bobina de tesla de estado sólido capaz de gerar faíscas de alta tensão moduladas por um sinal de áudio. Esta bobina de baixo custo será aplicada como recurso pedagógico em atividades práticas laboratoriais dos cursos de Física do Ensino Médio, e, espera-se que ela auxilie os alunos a compreender conceitos abstratos de eletricidade. 1. Introdução Uma das principais dificuldades encontradas, não só pelos estudantes, mas também pelos professores da disciplina de Física é quanto a alta abstração dos conceitos envolvidos, principalmente por se tratar de fenômenos relacionados à eletricidade e o magnetismo (SOUZA E SILVA, 2012). Outra dificuldade encontrada pelos alunos é a linguagem matemática, que muitas das vezes é utilizada na modelagem dos fenômenos físicos e na resolução de exercícios quantitativos aplicados na sequência das explicações teóricas (SOUZA E SILVA, 2012). A baixa compreensão dos conceitos teóricos acarreta um entendimento mais deficitário sobre a matemática envolvida. Dessa forma, são necessárias maneiras de propiciar a participação de uma maior parcela de estudantes por meio de abordagens que não valorizem excessivamente a importância do formalismo matemático inerente à física experimental. A Bobina de Tesla (Tesla Coil em língua inglesa), a qual denominaremos, doravante, de BT, foi criada por Nikola Tesla, engenheiro iugoslavo residente nos Estados Unidos que nasceu em 9 de junho de 1856 e faleceu no dia 7 de janeiro de 1943. A BT consiste em um transformador de núcleo de ar para altas frequências, contendo um circuito ressonante LC, e, dessa forma, a BT é capaz de elevar a tensão elétrica a níveis muito altos. Com sua bobina, Tesla realizou várias experiências utilizando altas frequências (acima de 100KHz) buscando uma forma de transmitir energia elétrica a longas distâncias, sem perdas, e via ar (BRITTAIN,2005). Por causa de sua alta frequência de funcionamento, a BT provê um modo relativamente seguro para demonstrar fenômenos que envolvem alta tensão. A BT é capaz de criar grandes descargas elétricas semelhantes a relâmpagos. A BT proporciona um efeito espetacular devido ao campo eletromagnético formado ao redor da bobina, podendo acender lâmpadas fluorescentes e néon até uma distância considerável do aparelho. A BT pode ser um recurso didático bastante interessante, seu princípio de funcionamento envolve teorias físicas da eletrostática um tanto abstratas. Sendo assim, além de ser um recurso para aulas experimentais, a bobina cativa quem a vê funcionando, tendo em vista a beleza dos raios por ela produzido. O uso da bobina de tesla como recurso didático permite aos alunos interagir mais com o conteúdo, além de nos dar a oportunidade de visualizar certos efeitos elétricos interessantes, em virtude de ampliá-los e simulá-los, estimulando, de certo modo, a curiosidade pelo estudo em pauta. Apesar de os fenômenos eletromagnéticos ligados à bobina se basearem em princípios eletrodinâmicos, analogias podem ser feitas à eletrostática, ampliando a aplicação demonstrativa do aparelho, conforme leciona Laburú e Arruda (2004, p. 217-226). Em razão da carência de equipamentos em laboratórios escolares, a construção da BT pode ser uma boa opção para o processo didático, pois sua construção pode ser realizada em ambiente domiciliar, com baixo custo e, em alguns casos pode-se utilizar materiais que seriam descartados na natureza de forma equivocada pelo ser humano, e dessa maneira, podem ser reaproveitados. A BT já foi construída e está em fase de teste para maior aperfeiçoamento, a fim de propiciar sua aplicação em sala de aula. A próxima etapa é preparar as aulas e aplicar o conteúdo teórico em sala de aula; em seguida partir para a prática em si mesmo, quando então será aplicado um questionário para a coleta de dados. Destaque-se que essa modalidade de exposição de aula é uma forma mais atrativa para o aluno, pois saímos do campo teórico diretamente para a prática e, em seguida, coletamos informações para termos as percepções dos alunos. Essa bobina terá suporte a modulação de sua frequência através de um sinal de áudio. Dessa forma, a bobina de tesla de estado sólido será utilizada em aulas de Física do Ensino Médio, acompanhada de material didático elaborado para melhorar a aprendizagem dos alunos. 2. Metodologia e Resultados Para a produção da BT, se fez necessária pesquisa por meio de leituras de livros, apostilas e TCCs, em que se iniciaram os cálculos da bobina secundária. O cálculo do valor da indutância da bobina secundária foi efetuado com base na capacitância da esfera utilizada no topo da bobina, de forma que ambos os componentes estejam sintonizados de uma frequência de ressonância pré-estabelecida no projeto. Tendo o valor da indutância da bobina, partimos para o dimensionamento do indutor, ou seja, calcular o número de espiras com base nas dimensões físicas do indutor e de sua indutância. Para esse cálculo comparamos três modelos encontrados na Literatura especializada (TOMPSON, 1999), (NAGAOKA, 1909) e (WHEELER, 1928). Optamos por escolher o modelo de NAGAOKA (1909), pois os resultados pareceram mais condizentes com nossos experimentos práticos. Os dados expostos na Tabela abaixo são parâmetros necessários para a construção das bobinas primária e secundária da BT. Parâmetros Construtivos Calculados para as Bobinas Primário Propriedade Número de voltas Secundário Valor Unidade Valor Unidade 8 # 1010 # Raio da forma 5,45 Cm 3,75 cm Comprimento do Indutor 8,88 Cm 50,06 cm Diâmetro do fio (com espaçamento e isolação) Indutância do Indutor Capacitância do indutor 11 Mm 0,50 mm 0,005 mH 10,17 mH 5,19 pF 7,02 pF Raio da Esfera do Secundário NA Cm 7,50 cm Capacitância da Esfera NA pF 8,47 pF 1 uF 15,57 pF Capacitância Total No processo de construção da bobina secundária, o cano de PVC utilizado como forma, isolado com cadarço e duas camadas de verniz isolante antes e após enrolar as espiras fio de cobre esmaltado; logo em seguida foi feita a seleção dos componentes para a compra; então foi iniciado a modelagem da placa de circuito impresso, com utilização de software livre. Foram geradas três placas, utilizando método caseiro para a confecção das placas, que consiste em utilizar o papel couchê, o ferro de passar e percloreto de ferro. Foram feitos vários protótipos, até acertar o método perfeito da transferência das trilhas, utilizando o ferro de passar. Para colocação dos componentes foram feitos furos com uma micro retífica e broca de 0,8mm. As três placas consistem em: uma placa para fonte de alimentação, outra para o circuito logico e uma placa para o circuito de potência. O circuito de potência é apresentado na Figura abaixo. Nele a alimentação de 127VAC entra pelos terminais J1 e J2. Essa corrente é retificada pela ponte retificadora BR1 e filtrada pelos capacitores C1 a C5. O resistor R1 é utilizado para descarregar os capacitores quando a bobina for desligada. O sinal modulado (gerado na placa lógica) para disparo das faíscas é ligado através do conector J3. Esse sinal é ligado nos gatilhos dos MOSFETS Q1 e Q1. Esses MOSFETS irão chavear o sinal modulado a reenviado para o primário da bobina. Os diodos D3 e D4 são utilizados para anular a corrente reversa do primário da bobina. Os capacitores C6 e C7 são calculados juntamente com o primário da bobina para entrar em ressonância na mesma frequência do circuito do secundário. J1 1 1 1 1 C1 C2 C3 C4 C5 220uF 220uF 220uF 220uF 220uF R1 220k 5w 2 2 10A 1000V 2 BR1 2 1 2 J2 ~ Neutro 1 1 ~ 127VAC R2 6R8 5W D1 Q1 IRFP4868 1N4148 J3 D3 C6 MUR860 1uF 1N4744A 4 3 2 1 Entrada Placa Lógica D5 R3 ~ Primário 1 1N4744A 6R8 5W J5 Q2 D2 IRFP4868 D7 1N4148 J4 1 D6 1 D4 MUR860 C7 1uF ~ Primário 2 1N4744A D8 1N4744A Circuito Eletrônico de Potência Projetado Para Esta BT. Este trabalho se encontra na etapa final de testes da BT, toda a construção já foi efetuada. Como próximas etapas, podemos citar a confecção do material didático para as aulas e a aplicação da BT em sala de aula. 3. Conclusões Com esse trabalho viabilizamos um recurso didático de baixo custo e com alto potencial pedagógico. Os resultados de sua aplicação didática serão publicados. O grau de dificuldade dessa experiência foi elevado por se tratar de conceitos de física, eletrônica e eletrotécnica. São circuitos que envolvem alta tensão e necessitam de cuidados especiais. Referencias LABURÚ, Carlos Eduardo; ARRUDA, Sérgio de Mello. A Construção de uma bobina de Tesla para o uso em demonstrações na sala de aula – Cad. Bras. Ens. Fís, v.21, n. especial: p. 217-226, 2004. SOUZA E SILVA, Domingos Sávio, A versatilidade da bobina de Tesla na prática docente do ensino do eletromagnetismo - Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências e Tecnologia, Curso de Física, Fortaleza, 2012. BARRETO, Jéssica Rayane Alves. Uma Nova Proposta de recurso didático: A bobina de tesla para uso em temas do eletromagnetismo – Universidade de Brasília, Faculdade UNB Planaltina, Licenciatura em Ciências Naturais, 2014. BRITTAIN, James E. Electrical engineering hall of fame: Nikola Tesla. Proceedings of the IEEE, v. 93, n. 5, p. 1057-1059, 2005. TOMPSON: Indutance Calculation Techniques - Part I: Classical Methods Power Control and Intelligent Motion, vol. 25, no. 12, December 1999, p. 40-45. NAGAOKA, H. "The Inductance Coefficients of Solenoids," J. Coll. Sci., vol. 27, 1909. WHEELER, H. A."Simple Inductance Formulas for Radio Coils," Proc. I.R.E.,1928.