FISIOLOGIA SENSORIAL Henrique Lopes 15 novembro de 2016 INTRODUÇÃO - TERMINOLOGIA q Sensação – Fenómeno mecânico que decorre da excitação de um órgão dos sentidos sem que tenhamos que estar conscientes q Deteção ou Perceção – assinala a presença da sensação q Identificação – dá um nome a essa perceção ORGÃOS SENSORIAIS PERCEÇÃO SENSORIAL - OLFATO O Ser Humano pode reconhecer perto de 10.000 odores diferentes O olfato canino é um milhão de vezes mais sensível que o humano O salmão utiliza o olfato para identificar o caminho de volta para casa PERCEÇÃO SENSORIAL - OLFATO qOlfato humano - pouco desenvolvido comparado com o de outros mamíferos qO epitélio olfativo humano - tem cerca de 20 milhões de células sensoriais, cada uma com 6 pêlos sensoriais q Um cão - tem mais de 100 milhões de células sensoriais, cada uma com 100 pêlos sensoriais q Os recetores olfativos - neurónios com recetores próprios que se ligam ao sistema nervoso central. O NARIZ q 2 narinas separadas pelo septo nasal sem comunicação entre elas q Acuidades sensoriais distintas narina direita - maior sensibilidade DETEÇÃO DE AROMAS - OLFATO q No ser humano a á área coberta pela mucosa olfativa de cerca de 5 cm2 q A parte superior das fossas nasais - mucosa olfativa - muito rica em terminações nervosas do nervo olfativo q Parte inferior - mucosa vermelha - muito rica em vasos sanguíneos, contém glândulas que segregam muco, que mantém húmida a região. Dilatação dos capilares – muco em excesso, o nariz fica obstruído - característico da constipação. DETEÇÃO E RECONHECIMENTO DOS AROMAS q As dendrites das células olfativas possuem pêlos olfativos mergulhados na camada de muco que recobre as cavidades nasais q As substâncias voláteis e lipossolúveis ao serem inspirados, entram nas fossas nasais dissolvem-se no muco e atingem os prolongamentos sensoriais que geram-se impulsos nervosos - conduzidos até o corpo celular das células olfativas - atingem os axónios que comunica com o bolbo olfativo q Esses axonios convergem para formar estruturas sinápticas chamadas glomérulos q Os glomerulos ligam-se em grupos que convergem para as células mitrais - essa convergência aumenta a sensibilidade olfativa que é enviada ao SNC - interpretação e decodificação. DETEÇÃO E RECONHECIMENTO DOS AROMAS q Sistema olfativo possui sensibilidade refinada e grande poder discriminativo O Odor liga-se ao recetor Ar carregado de odores q Ligeira diferença na estrutura de dois compostos odor odoríferos podem mudar em muito a perceção dos seus odores q As moléculas têm diferentes estruturas químicas q Essas estruturas diferentes são interpretadas como cheiros diferentes (Buck, 2004). EM SÍNTESE MORFOLOGIA DO NARIZ ALTERAÇÃO DA FUNÇÃO OLFATIVA COM A IDADE A diminuição da função Fatores (Doty e Kamath, 2014): olfativa - muito comum § Alteração da fisiologia nasal na população mais velha: § Aumento da propensão para Afeta metade daqueles doenças nasais entre as idades de 65 e 80 anos e em mais de § Danos cumulativos do epitélio olfativo três quartos dos mais de 80 anos de idade §Decréscimos de enzimas metabolizadoras da mucosa § Perda de seletividade de células recetoras § Alteração dos neurotransmissores § Pode ser sinal precoce de doenças neurodegenerativas. A BOCA PERCEÇÃO DOS SABORES § A língua é o órgão responsável pelo paladar § Existem cerca de 10 mil papilas na língua de um ser humano § Cada papila gustativa é formada por células sensoriais diretamente ligadas a terminações nervosas, que permitem que a informação chegue ao cérebro, que “descodifica” as sensações e permite distinguir os sabores § A ponta da língua - maior sensibilidade ao doce, as laterais notam mais a acidez. Entre estas duas zonas, o salgado é a sensação dominante e junto à base, o amargo impõe-se § Da combinação destes quatro sabores, surgem muitos outros. O umami, tido como um gosto extremamente delicioso; a sensação de gordura ou de cálcio, por exemplo, são sabores secundários § De referir que o olfato trabalha em parceira com o paladar, contribuído para a melhor perceção de determinado gosto. A LÍNGUA E A DETEÇÃO DE SABORES salgado: Potássio Ferro Magnésio Cálcio Cloretos Tartaratos Sódio Sulfatos Malatos ácido: Ácido tartárico Ácido succínico Ácido málico Ácido cítrico Ácido láctico Ácido acético doce: Açúcares residuais – glucose , frutose, arabinose Etanol Glicerol Poli álcoois Substâncias de gosto amargo: sais inorgânicos compostos fenólicos: flavonóides: narginina, limonina alcalóides: quinina, nicotina, atropina, emetina, cafeína : ácido inosínico ácido guanílico ácido glutâmico ou glutamato; molho de soja gosto da á água INTERAÇÕES ENTRE SABORES SABORES A e B RESULTADO ++ Salgado + Doce + Salgado atenua o Salgado + + Doce + Salgado +++ Doce acentua o Doce + + Doce + Ácido + Doce atenua o doce mas não a anula ++ Ácido + Doce + Ácido atenua a Ácido mas não a anula + + Adstringente + Ácido +++ Adstringente + + Ácido + Adstringente +++ Acido + + Ácido + Amargo +++ Ácido OBSERVAÇÃO acentua a Adstringência acentua o Ácido acentua o Ácido SABOR DO VINHO q Sensações qTacteis – Adstringência: ex. taninos polimerizados qSecura ou Adstringência dos taninos em contacto com a saliva: q formam agregados não solúveis que precipitam e provocam fricção q provocam perda de lubrificação devido à precipitação das proteínas da saliva e consequente perda de viscosidade q Há constrição dos tecidos da mucosa bucal - “encortiçamento” q A Adstringência dá volume ao vinho q Térmicas – quente, frio e sensação de frescura provocada pela acidez OUTRAS INTERAÇÕES FATOR EFEITO EFEITO Acidez Temperatura Doce Amargor Adstringência q A acidez e o Amargor acentuam-se mutuamente q Suporta-se melhor uma grande riqueza em taninos caso a acidez seja fraca e o grau alcoólico elevado. CURIOSIDADES q Anósmia e Agueusia - Inexistência dos sentidos do olfato e do gosto q Neurónios recetores olfativos e papilas regeneram-se q O gosto e o olfato são sentidos de alerta. Estes sentidos transformam realidades físico químicas em fenómenos interiores comunicáveis q De uma maneira geral, os limites de deteção de substâncias que têm a ver com o sabor são muito superiores ao das substâncias que detetamos ao nível olfativo q Certos odores (p.ex. de morango) aumentam a sensação de doçura. QUANDO ESTAMOS CONSTIPADOS OLHO HUMANO RECONHECIMENTO DAS CORES q O olho humano possui dois tipos de células responsáveis pela visão: os cones e os bastonetes q Os bastonetes - células que necessitam de pouca luz para serem estimuladas - não conseguem formar imagens coloridas ou nítidas - por isso à noite ou em locais escuro é muito difícil distinguir a cor q Os cones são estimulados com grande quantidades de luz - geram as imagens nítidas e coloridas q 3 tipos de cones: q Azuis - são ativado por ondas de comprimento muito aproximado às que formam a cor azul, também chamadas de ondas curtas q Vermelhos - São ativados por ondas de comprimento próximo ao vermelho, também chamadas de longas q Verdes – São estimulados por ondas de comprimento próximo ao verde, também, chamadas de ondas médias q As cores vermelho, azul e verde são as 3 cores que nossos olhos captam - Todas as outras cores são formadas a partir dessas 3 cores – cores primárias ou da síntese aditiva de cor. FORMAÇÃO DA IMAGEM q Uma fonte de luz emite fotões que atingem os objetos e são refletidos por estes, em todas as direções q Quando o reflexo do objeto atinge o olho atravessa a córnea e chegam à iris, que regula a quantidade de luz recebida por uma abertura chamada pupila q Quando passa a pupila, a imagem chega ao cristalino e é focada sobre a retina q O cristalino produz uma imagem invertida que é transmitida ao cérebro através do nervo ótico, que converte a imagem para a posição correta q Na Retina há mais de 100 milhões de células fotorrecetoras que transformam as ondas luminosas em impulsos eletroquímicos, descodificados pelo cérebro, formando a imagem real. AS CORES DO VINHO INFLUÊNCIA DA COR q A cor frequentemente afeta a perceção do gosto (Williams et al., 1984) q No caso dos vinhos tintos a qualidade e intensidade do seu gosto é frequentemente associada à sua intensidade de cor (Iland et al., 1993 e tonalidade (Sommers e Evans, 1974, Bucelli et al., 1993). FORMAÇÃO DA MEMÓRIA q Para criar memorias os neurónios formam novas projeções (axónios) e interligações q A informação é continuamente monitorizada, pela sua importância, pelo tálamo e pelo córtex q Certos factos, sentimentos e dados sensitivos, como o cheiro são selecionados para inclusão nas fases iniciais da formação de memória por partes como a amígdala e o hipocampo 1. Informação Um neurónio recebe uma informação associada a uma memória recolhida pelas suas dendrites. Envia uma série equivalente a um segundo neurónio 2. Novas Ligações 3. Aumento da Atividade Um segundo neurónio forma novas ligações com um terceiro, tal como o primeiro. As novas sinapses estabelecem-se por crescimento dos terminais dos axónios e das dendrites Mais atividade cria mais sinapses que gradualmente ficam mais estabelecidas. Recordar a memória “refresca” o circuito para prolongar a retenção 4. Integração Através da atividade continuada, o circuito da memória é assimilado na rede de neurónios próximos. A rede completa representa uma só memória AREA DA MEMÓRIA E RECORDAÇÃO SÍNTESE FISIOLOGIA SENSORIAL Henrique Lopes GRATO PELA VOSSA ATENÇÃO