universidade federal do rio grande do norte

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
CT – Centro de Tecnologia
DEE – Departamento de Engenharia Elétrica
Disciplina: Instrumentação Eletrônica
Professor: Luciano Fontes
RELATÓRIO
Capacímetro Digital
Aluno: Eilson Siqueira Spínola
Natal, Novembro de 2008
RESUMO
Este texto expõe detalhes operacionais e construtivos de um modelo de medidor
digital de capacitância – capacímetro –, baseado no tempo de carga e descarga de um
capacitor através de uma resistência. Arquitetamos o projeto a partir dessa concepção, e
iremos aqui esmiúça-lo, para a melhor compreensão possível.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO: ESTADO DA ARTE EM CAPACÍMETROS
2. PROJETO PROPOSTO: DIAGRAMA EM BLOCOS
3. O MONOESTÁVEL
4. FAIXA DE TRABALHO: CÁLCULOS DO PROJETO
5. LÓGICA DOS CONTADORES
6. CIRCUITO COMPLETO
7. MATERIAL UTILIZADOS
8. RESULTADOS E CONCLUSÕES
9. REFERÊNCIAS
4
5
6
7
8
9
9
9
9
1. INTRODUÇÃO: ESTADO DA ARTE EM CAPACÍMETROS DIGITAIS
TIPOS DE CAPACÍMETROS
Os capacímetros são encontrados em duas topologias básicas: pontes LCR, que além
de medir capacitância, podem medir indutância e resistência através de um detector
“Zero Volts”, e os capacímetros digitais, que são baseados no tempo de descarga de
capacitores, interpretado digitalmente.
Entre os capacímetros digitais, encontramos versões portáteis e versões de bancada,
variando muito na tecnologia empregada. Porém, generalizadamente os capacímetros
digitais são construídos com CI’s CMOS, Amp. Ops. e, às vezes, com
microprocessadores, que são responsáveis pela mudança automática de escala.
(a)
(b)
Figura 1 – (a) Ponte RLC, (b) capacímetro digital portátil
1.2. TÉCNICAS DE MEDIÇÃO
As técnicas de medição utilizadas nos capacímetros digitais podem ser realizadas
através de circuito integradores, ou então de monoestáveis, como aqui em nosso projeto.
Mostraremos a seguir o diagrama de blocos da técnica mais utilizada, com integradores
e um microprocessador.
Figura 2 – Diagrama em blocos de um dos principais tipos de capacímetro
Sem entrar em detalhes de projeto, o funcionamento de tal tipo de circuito pode ser
resumido:
 O microprocessador controla o nível de corrente aplicado ao circuito
analógico, reconhecendo a escala adequada ao capacitor em teste. A rampa
integrada é continuamente comparada com uma tensão de referência, e
quando a ultrapassa, interrompe o circuito analógico.


A tensão remanescente no capacitor, o nível de corrente utilizado, e a
contagem digital são armazenados no registrador, que, por último, tem seus
dados acessados pelo microprocessador.
O microprocessador tem então a tarefa de processar esses dados e enviar o
valor da capacitância para o display.
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS
•A maioria dos capacímetros portáteis no comércio apresenta 4 dígitos e 7 ou 8 escalas
diferentes de medição.
Tabela 1 – Faixas nominais
MÁXIMA INDICAÇÃO
RESOLUÇÃO
(MOSTRADOR DIGITAL)
200 pF
199,9 pF
0,1 pF
2 nF
1,999 nF
0,1 pF
20 nF
19,99 nF
10 pF
200 nF
199,9 nF
100 pF
2 µF
1,999 µF
1000 pF
20 µF
19,99
0,01 µF
200 µF
1999 µF
1 µF
FAIXA NOMINAL
• A exatidão geralmente é dada por:
+/- ( 1,0% da leitura + 1 dígito )




Mostrador digital: 0,5" (13mm) cristal líquido.
Razão de leitura: 2 leituras/seg.
Indicação de Bateria Descarregada ( LO BAT )
Alimentação: bateria 9VCC ou eliminador de baterias
2. PROJETO PROPOSTO: DIAGRAMA EM BLOCOS
Figura 3 – Diagrama em blocos do capacímetro
A idéia do projeto, representada no diagrama em blocos acima, é bastante
simples. O monoestável produz um nível alto em sua saída durante um determinado
tempo, denominado largura de pulso. A largura de pulso será proporcional à
capacitância aplicada ao monoestável. Enquanto a saída do monoestável estiver em
nível alto, a porta “AND” habilitará a passagem do clock, iniciando o processo de
contagem. O clock, que pode ser produzido por um gerador de sinais ou por um circuito
astável, terá sua freqüência ajustada de tal forma, que durante a sua habilitação produza
tantos pulsos (ou períodos) quanto à capacitância correspondente. Finalmente, a
contagem binária BCD armazenada no contador será decodificada para decimal, e
mostrada em um display.
5V
+
GERADOR DE CLOCK
0.01uF
555
Gnd
Trg
Out
Rst
Vcc
Dis
Thr
Ctl
R2
40k
+
Saída de clock
R1
40k
C2
1uF
O gerador de clock consiste no CI 555, no modo astável, ao qual são acoplados
duas resistências e dois capacitores. Seguem abaixo os cálculos dos valores das
resistências e dos capacitores para atingir a freqüência de 99Hz que gerará a base para a
escala do capacímetro.
1.44
frequency 
( R A  2 RB )C
1.44
99 
( RA  2 RB ).1
RA  2RB  14,545k
3. O MONOESTÁVEL
Utilizamos o CI 555 para funcionar como monoestável. A configuração do
circuito como monoestável é mostrada abaixo:
Figura 4 – Bloco monoestável com 555
A fórmula teórica para calcular o tempo em que, após o disparo, o pino 3 ficará em
nível lógico 1 (+Vcc = 5V) é dada por:
T = 1,1 x R x C
Onde: T = tempo em segundos; R = resistor R em ohms; C = capacitor C em Farads.
Entretanto, a constante 1,1 é apenas teórica, sendo imprecisa na prática. Testamos a
configuração com diversos resistores e capacitores, e obtivemos uma constante média
de 1,2.
TMONO=1,2 x R x C
Na condição de "stand by", o circuito integrado encontra-se em repouso. O pino de
disparo (pino 2) ficará com nível lógico 1 (+Vcc = 5V) e o pino 3, com nível lógico 0
(0V). No instante em que o pino 2 for posto em nível lógico 0, o pino 3 passará ao nível
1 instantaneamente e assim permanecerá enquanto se mantiver o nível 0 no pino 2.
Ocorrendo uma nova transição de nível do pino 2, o circuito continuará apresentando o
nível 1 no pino 3 só que durante o tempo determinado pela fórmula acima. Esgotado
este tempo, o pino 3 retornará ao nível 0 e o circuito entrará novamente em "stand by".
Figura 5 – Diagramas do 555
Função dos componentes no circuito
-R1 - Resistor de polarização. Responsável por manter o pino 2 do CI555 sempre em
nível lógico 1 na ausência do sinal de disparo (nível lógico 0). É da ordem de 2,2 KΩ.
-Pino 8 e 1 - São os pinos de alimentação do circuito integrado 555.
O pino 4 tem a função de "reset". Quando o nível lógico neste pino for 1, o circuito
funciona normalmente porém, se o nível lógico for 0, o circuito fica bloqueado
apresentando o nível lógico 0 no pino 3 independentemente do nível lógico presente no
pino 2.
-R e C - Conjunto RC que determina o tempo em que o pino 3 do circuito integrado 555
ficará em nível lógico 1 após a mudança de estado (pino 2) de 0 para 1.
-A conexão do pino 5, nesta configuração, é opcional. Conecta-se um capacitor de 100
nF entre este pino e o terra (pólo negativo) afim de dar mais estabilidade ao circuito.
Esta é a recomendação do fabricante.
4. FAIXA DE TRABALHO: CÁLCULOS DO PROJETO
Como um protótipo, nosso experimento será restringido a apenas dois displays,
isto é, apenas dois dígitos representarão a capacitância, nos levando a adotar uma faixa
de medição de 0 a 99 sub-unidades de Farad. Inicialmente escolhemos μF, mas
facilmente poderemos comutar o circuito para qualquer uma outra.
Em nosso circuito, deseja-se que a contagem final do contador, ou seja, o
número de pulsos de clock incrementados pelo mesmo, seja numericamente igual a
capacitância a ser medida. A resolução será então de 1 μF, onde cada μF corresponderá
a um pulso de clock. Se escolhermos a largura de pulso do monoestável para o capacitor
de 99 μF como sendo de 1 segundo, teremos:
TMONO  1,2  R  99  106  1s  R  8,42k
e a freqüência do clock será de 99Hz, já que deverão passar 99 pulsos ao contador em
um segundo.
f clock  99Hz
Para uma mudança de escala para ŋF, por exemplo, basta que multipliquemos a
resistência R por de 1000, sem alterar a freqüência de clock.
5. LÓGICA DOS CONTADORES
O problema aqui é que temos que fazer com que dois contadores binários atuem como
um contador BCD de dois dígitos. Isto é realizado com a lógica mostrada no diagrama
abaixo.
Figura 6 – Diagrama de conexão dos contadores
O contador LS (Least Signicant ou Menos Significante) deverá contar
ciclicamente de 0 a 9. Chegando a 10, manda um bit para o contador MS (Most
Significant ou Mais Significativo) e se auto-apaga, ficando preparado para mais um
ciclo. Como 10 em binário é 1010, os bit D e B são nível “1” e habilitam o reset LS, ao
mesmo tempo que mandam um pulso para o MS. O circuito será inibido quando uma
capacitância ultrapassar a faixa de 99 μF, ou seja, os contadores MS e LS atingem a
contagem 1010 simultaneamente. Nesse estágio, os dois contadores serão apagados e
um flip-flop armazenará “0” em sua saída invertida, fazendo com que o clock tenha
sua passagem inibida.
6. CIRCUITO COMPLETO
Figura 7 – Circuito completo
7. MATERIAL UTILIZADO (Simulador)
•2 CI TIMER 555
•2 CIs CONTADORES 4 BITS TTL – 7493
•2 CIs DECODIFICADORES BCD TTL – 7447
•2 DISPLAYS ANODO COMUM
•1 CI AND-3 PORTAS TTL –7411
•1 CI OR-2 PORTAS TTL - 7432
•1 CI INVERSOR TTL – 7404
•1 CI FLIP-FLOP JK TTL - 7473
•RESISTORES
3 x 14,5K
1 x 2,2K
1 x 1K
1 x 8,2K
•CAPACITORES
8. RESULTADOS E CONCLUSÕES
• A experiência foi valiosa por, além de exercitarmos o lado teórico e projetista, também
o fazemos com o lado prático e engenhoso, principalmente em hora de solucionar
problemas.
9. REFERÊNCIAS
• Notas de aula da disciplina Instrumentação Eletrônica, Prof. Luciano Fontes.
• Datasheets de CIs TTL, Texas Instruments.
• www.inf.ufsc.br/~hung/disciplinas/eel5310/frequencimetro.doc
• Tocci, Albert. Sistemas Digitais, 7a Edição.
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