A Análise Fenomenológica: da Filosofia aos Estudos Organizacionais Autoria: José Osmar Gomes, Eros Renato Silva Cardoso, Eloísio Moulin de Souza RESUMO Este artigo busca apresentar a pesquisa fenomenológica como alternativa ao viés funcionalista, e mostrar suas características principais nos estudos organizacionais. Neste sentido, apresenta-se a fenomenologia como estudo qualitativo interpretativista, oposto ao viés funcionalista, buscando a compreensão dos fenômenos, em estudos organizacionais, indo à essência do objeto pesquisado. Portanto, a pesquisa fenomenológica entende a investigação científica como subjetivista, indo à essencialidade do objeto pesquisado (redução eidética) e a supressão das preconcepções do pesquisador (redução fenomenológica). Observa-se que apesar de poucas pesquisas de cunho fenomenológico estar em desenvolvimento na área de estudos organizacionais, é possível perceber um crescimento pelo seu interesse. 1 1 INTRODUÇÃO O objetivo do presente artigo é analisar a fenomenologia como uma forma de estudo interpretativista alternativo ao viés funcionalista, viés este predominante dentro dos estudos organizacionais, bem como analisar como a fenomenologia oriunda da filosofia inseriu-se nos estudos organizacionais. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre a fenomenologia tanto em textos relacionados ao campo da filosofia e ciências sociais, bem como em textos que abordam à fenomenologia nos estudos organizacionais. Boava e Macêdo (2011) retratam a falta desse tipo de pesquisa para a área, tanto de cunho fenomenológico, quanto o aprofundamento no termo fenomenologia para estudos organizacionais, o que pode ser verificado em pesquisas às bases de dados como Spell e Scielo. Além disso, faz-se necessário aprofundar e alinhar conceitos, pois a transferência de conceitos da filosofia para as ciências sociais e especificamente para os estudos organizacionais é complexa, mas necessária (BRUYNE; HERMAN; SCHOUTHEETE, 1987) e importante (TRIVIÑOS, 1997). Silveira, Fisher e Olivier (2010) salientam que entre 1997 a 2002 havia uma média de um (1) artigo por ano abordando aspectos epistemológicos no campo organizacional e que entre 2003 a 2008 já são cinco (5) artigos por ano, abordando esse tipo de “alinhamento” para evitar deturpações, e equívocos nos usos dos conceitos como descrevem Borges, Souza e Souza, (2012). Outra lacuna que deve ser explorada é a ausência de trabalhos sobre este tema em outras revistas e eventos, uma vez que quase 75% de toda produção sobre o tema está nos Encontros da ANPAD (SILVEIRA; FISHER; OLIVIER, 2010) o que mostra a necessidade de gerar e encaminhar trabalhos sobre o tema para revistas de ponta, bem com os editores dos periódicos estarem abertos à temática. Todavia, esta “lacuna” de publicações, não significa a “falta de interesse” ou “não representatividade” do tema, como veremos mais a frente. Isso ocorre porque a fenomenologia ficou muito tempo na sombra do paradigma funcionalista, para então nos últimos anos começar a ganhar força. Assim, o debate de cunho epistemológico vem se consolidando ao longo dos anos nos estudos organizacionais, surgindo inclusive congressos específicos sobre o assunto, bem como um tema sobre o mesmo na área de estudos organizacionais nos congressos da Associação Nacional de Pós-graduação em Administração (ANPAD). Portanto, este artigo pretende contribuir para este debate, focando nos aspectos epistemológicos relacionados à fenomenologia e seu uso nos estudos organizacionais. Desta forma, para atingir seu intento, este artigo está estruturado da seguinte forma: inicia-se debatendo aspectos relacionados aos paradigmas nos estudos organizacionais e sua relação com a fenomenologia. Posteriormente, serão apresentados os principais conceitos filosóficos desenvolvidos pela filosofia fenomenológica, analisando-se as duas formas de redução, como propostas por Husserl (2002) em seu método. Em seguida serão debatidos os conceitos no campo nos estudos organizacionais. Por fim, serão feitas as principais considerações finais sobre o tema abordado. 2 “PARADIGMAS” NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS Segundo Bertero, Caldas, Wood Jr (1999), nos estudos organizacionais ainda predomina o viés funcionalista ou positivista nas pesquisas científicas brasileiras, contudo pesquisas interpretativistas vêm crescendo no campo organizacional (BOAVA; MACÊDO, 2011). Estas 2 definições de “funcionalista” ou “interpretativista” podem ser delineadas de diversas formas, entre elas os escritos de Burrell e Morgan (1979) que descrevem e organizam quatro grandes paradigmas (Figura 1), que ajudam na compreensão das teorias que os constroem bem como dão indicativos das correntes que os unem. Figura 1 - Quatro grandes paradigmas Fonte: Adaptado de Burell e Morgan (1979) Contudo, esse mapeamento proposto pelos autores, é um reducionismo dos paradigmas que são muito mais amplos e complexos do que o originalmente proposto por Burel e Morgan (BURREL, 1999), principalmente por essa configuração não ser estática e existirem pontos de “conversação” entre os paradigmas. Sobre o viés funcionalista a organização é vista como entidades à priori e toda a pesquisa é direcionada aos interesses dessa estrutura. Os funcionalistas consideram a realidade social como pré-existente ao indivíduo e independente da ação humana, como se fossem sistemas orgânicos. Já para a perspectiva Interpretacionista buscou-se a compreensão das formas e práticas das interações que por sua vez criam a realidade (MORGAN; FROST; PONDY, 1983). Este “criar a realidade” vai ao encontro dos argumentos de Berger e Luckmann (1985) de que a sociedade é construída e não “pré-existente” como apontam os autores funcionalistas. Segundo Carvalho e Vergara (2002), acadêmicos brasileiros preferem enfoques de orientação positivista e de cunho eminentemente prescritivo a enfoques orientados à fenomenologia, notadamente interpretativos. Essa questão é significativa para a percepção da baixa adoção da fenomenologia como prática efetiva de pesquisa, contudo a explicação dessa atitude é complexa, indo da consciência da dominância de um paradigma até as escolhas pessoais dos autores, influenciados inclusive pelo seu contexto de vida (olhando pela lente de uma realidade socialmente construída). Dito isso, não se trata de aclamar o certo ou errado, o melhor ou pior, o central e o periférico e sim, para uma ou outra forma de desenvolver ciência, que provavelmente levarão a caminhos diferentes de se construir ciência, todas válidas. Todavia, diferente do que já foi apresentado, considera-se aqui, uma “não existência” de paradigmas para os estudos organizacionais, tal como Kuhn (1990) apregoava. Para Kuhn (1990) um campo científico só torna-se paradigmático quando existe um paradigma aceito e considerado como a única forma de se fazer ciência, o que implica na existência de um único método apropriado para se estudar os 3 fenômenos deste campo, características estas inexistentes ao campo organizacional, principalmente devido a diversos “paradigmas” estarem convivendo mutualmente e a inexistência de um único método para se estudar fenômenos organizacionais. Conforme o próprio Kuhn (1990) salienta, pelo fato de não ter um único paradigma e método as ciências sócias são pré-paradigmáticas. Assim, salienta-se que estas classificações que reduzem o conhecimento dentro de áreas sociais, intentando criar delimitações, negando a complexidade dos estudos nas ciências sociais, não se aplicam aos estudos organizacionais, uma vez que há múltiplos "paradigmas" nessa área de estudos e não existe uma forma única de se estudar organizações. A demarcação em interpretativismo serviu então para ajustar um “direcionamento” de ideias, e não uma “redução” a este ou aquele paradigma. Essa ideia pode ser reforçada além de Kuhn (1990), Carvalho e Vergara (2002), e outros autores, que defendem a pluralidade de paradigmas e a conversação entre eles. Por exemplo, existem estudos, tal qual o de Vogel (2012), que mostram a emergência, o agrupamento, a fragmentação e desaparecimento de escolas de pensamento, o que pode ser relacionado diretamente ao comportamento paradigmático. Assim, dentre as múltiplas formas de estudos organizacionais e dentro de uma visão não funcionalista tem-se a fenomenologia como alternativa qualitativa interpretativista, porém não única (BURRELL; MORGAN, 1979). Por exemplo, como apontam Morgan, Frost e Pondy (1983), pesquisas sobre simbolismos organizacionais podem ser tratadas dentro de qualquer paradigma, mesmo com metodologia Fenomenológica, e este argumento é reforçado em Boava e Macêdo (2011) que demonstram as alterações metodológicas da fenomenologia quando enquadrada dentro deste, ou daquele paradigma. Logo, o direcionamento deste artigo será o entendimento “aparadigmático”, já que fenomenologia pode ser utilizada em várias perspectivas dentro dos estudos organizacionais, e foi tratada como um termo epistemológico, oriundo da filosofia, que será mais bem tratado adiante. Não se pretende, entretanto esgotar o assunto sobre “paradigmas” neste artigo, uma vez que além da complexidade que o tema paradigmas e fenomenologia em estudos organizacionais apresentam, há necessidade de pesquisas nas ramificações dentro do campo de estudos organizacionais. Como bem colocou Vogel (2012) estes campos não são estáticos, o que representa uma necessidade constante de pesquisas. Portanto, o próximo tópico debaterá os principais conceitos fenomenológicos desenvolvidos pela filosofia para posteriormente discutir as implicações destes conceitos no campo organizacional. 3 FENOMENOLOGIA NO CAMPO DA FILOSOFIA De acordo com Boava, Macêdo e Ichikawa (2010) o termo fenomenologia foi utilizado pela primeira vez em uma obra de “Joham Lambert (1728-1777) [...] [e] Depois de Lambert, muitos filósofos utilizaram o termo, com variadas acepções, como Kant, Hegel, Eduard von Hartmann, entre outros” (BOAVA; MACÊDO; ICHIKAWA, 2010, p. 70). Os autores complementam ainda que foi Edmundo Husserl que transformou o termo para o sentido que é conhecido hoje em dia, este “termo transformado”, a fenomenologia, “pode ser entendida como um estilo de pensamento desenvolvido em função de certas objeções à visão tradicional da ciência” (CUPANI, 1985, p. 29). Para Cupani (1985, p. 36) a “filosofia fenomenológica” seria a pesquisa sistematizada, isto é, como uma metodologia para entender as essências, sendo então de natureza complementar à ciência para entender os objetos. Outra possível definição de fenomenologia pode ser, o 4 "discurso sobre aquilo que se mostra como é" (BOAVA; MACÊDO, 2011, p. 470), em outras palavras, o estudo pela lógica de algo como ele é, ou aparece, ou se mostra. Resumidamente, a fenomenologia é o estudo de algo, na busca da sua essência, porém o observador deve “suspender” seus conceitos e "pré-conceitos" de "algo" para não contaminar o que se pretende estudar; esses argumentos podem ser confirmados pelo recorte: A busca da essência, isto é, o que o fenômeno verdadeiramente é, depois de sofrer um isolamento total, uma redução, eliminando o eu vivencia e o mundo com seus valores, cultura, etc., carece de toda referência que não seja a de sua pureza como fenômeno, de modo que o componente histórico, que tão pouco interessava ao positivismo, não é tarefa que preocupe o pesquisador que se movimenta orientado pelos princípios da fenomenologia (TRIVIÑOS, 1997, p. 47). O Recorte apresenta uma síntese do que já foi exposto, contudo deve-se ainda resgatar que a fenomenologia proposta nas definições de Husserl (formulador de suas linhas gerais) foi necessária uma nova forma de pensar cientificamente de forma objetiva tornando os objetivos claros e críticos (HUSSERL, 2002). Esta “nova forma” de se pensar era a crítica ao positivismo (CUPANI, 1985; BOAVA; MACÊDO; ICHIKAWA, 2010). Husserl pregava o radicalismo filosófico em busca da essência do fenômeno em contraposição à ciência moderna e ao radicalismo. A proposta então é “acabar com a naturalização da consciência, considerando que fatos psíquicos não se equiparam aos fatos físicos” (BOAVA; MACÊDO; ICHIKAWA, 2010, p.71). Entretanto, deve-se ter cuidado com o termo “fatos psíquicos” uma vez que Husserl faz diferença entre a fenomenologia e a psicologia (quando com status de ciência “natural”) (ABBAGNANO, 1970), sendo esta uma ciência dos fatos, acontecimentos psíquicos, que não chegariam até a essência da consciência. Dessa forma, a fenomenologia seria uma ciência eidética, com fenômenos “irreais”. Para abordar estes fenômenos "irreais" Abbagnano (1970, p. 118) aponta duas principais condições: “a redução eidética que substitui a consideração dos factos ou das coisas naturais pela intuição das essências; e a epoché que suspende ou põe entre parêntesis a tese da existência do mundo em geral”, que são aplicáveis à filosofia fenomenológica, e à perspectiva fenomenológica. Assim, o que seriam redução eidética e epoché? Os parágrafos seguintes irão descrever as principais características da redução eidética e da epoché. Na perspectiva fenomenológica as ideias preconcebidas do pesquisador precisam ser deixadas de lado da pesquisa. Para um método qualitativo isso pode ter um alto grau de dificuldade para ser alcançado, uma vez que o simples fato de o pesquisador realizar uma pesquisa pressupõe que é do desejo desse pesquisador realizá-la e, sendo de seu desejo, há necessariamente uma ideia já formada ainda que não completamente. Mas a redução fenomenológica apregoa que deve haver, para o pesquisador, a obtenção de uma descrição conceitual na qual há uma total abertura para o fenômeno. É necessário eliminar as pressuposições, teorias e definições, a que Husserl chamou de epoché. Toda preconcepção, ou seja, toda experiência e conhecimento anteriores necessariamente precisam ser invalidados pelo próprio pesquisador. Assim após isso, o que sobra é o fenômeno puro, livre de qualquer pensamento, experiência anterior e preconcepções do pesquisador, todavia é impossível colocar de lado os preconceitos e pré-suposições, mas que deve haver a supressão do julgamento como apontam Boava e Macêdo (2011). O ponto central da fenomenologia é a redução eidética. Trata-se da busca pela essência, redução à ideia (do grego eidos, que significa ideia ou essência). Apos eliminar das observações todas as preconcepções, deve o pesquisador buscar um significado único e verdadeiro para o fenômeno: a essência, a estrutura invariável e atemporal da experiência. Sai-se então dos objetos concretos para as essências puras. Dá-se então a busca por 5 significados e sua análise e interpretação. Assim, a busca pela essência torna o objeto da pesquisa único, e essa essência representa aquilo que o objeto realmente é. Por exemplo: pode-se analisar o objeto triângulo, dai tense que ele pode ser pequeno, ou grande, pode ser equilátero, escaleno ou isósceles, pode ser retângulo, obtusângulo ou acutângulo. Reduzir eidéticamente o objeto triângulo é eliminar todas essas características particulares e ater-se apenas na essência do objeto, qual seja, o triângulo é uma figura geométrica plana e fechada de três lados. Além destas duas abordagens do reducionismo, o trabalho de Husserl na fenomenologia possui as seguintes características (ABBAGNANO, 1970, p. 105-106 – grifos nossos): 1) É uma ciência teórica (contemplativa) e rigorosa, isto é, ‘fundamentada’, no sentido de ser ‘dotada de fundamentos absolutos’. 2) É uma consciência intuitiva porque tenta apreender as essências que se apresentam à razão de uma forma análoga àquela em que as coisas se apresentam à percepção sensível. Este aspecto da filosofia mantém o carácter da razão acima descrito, isto é, como manifestação ou revelação do ser. 3) É uma ciência não-objectiva, dado ser completamente diferente das outras ciências parcelares, consideradas ciências dos factos ou das realidades (físicas ou psíquicas), enquanto que ela prescinde de qualquer facto ou realidade e se preocupa apenas com as essências. 4) É uma ciência das origens e dos primeiros princípios, dado que a consciência contém o sentido de todos os possíveis modos como as coisas podem ser dadas ou constituídas. 5) É uma ciência da subjectividade, na medida em que a análise da consciência se dirige para o eu considerado como sujeito ou pólo unificador de todas as intencionalidades constitutivas. 6) É uma ciência impessoal porque ‘os seus colaboradores não têm necessidade de prudência mas de conhecimentos teóricos’. Além dessas características, Boava e Macêdo (2011) acrescentam os principais fundamentos da perspectiva fenomenológica, a saber: 1) conhecimento só pode ser construído a partir dos constructos individuais manifestados na linguagem e de forma ativa; 2) as perspectivas dos participantes observados precisam ser mantidas intactas e o observador precisa confiar nessa dinâmica de observação e; 3) deve haver descrição e interpretação por parte do pesquisador das: experiências - fenômeno vivido; significados - o que se acredita ter experimentado; linguagem - o que ele diz ter experimentado; e comportamento - o que foi feito durante a experiência. Contudo, Husserl só foi o precursor do movimento em prol da teoria fenomenológica, pois vários autores já se propuseram a estudar essa área. Partindo da análise bibliométrica de Silveira, Fisher e Olivier (2010) se tem uma amostra das principais referências dos artigos sobre fenomenologia, destas Berger e Luckmann com o livro A Construção da Realidade Social (1985) e Burell e Morgan com Sociological Paradigms (1979) são respectivamente os dois (2) primeiros na lista. Isto já representa a necessidade por parte dos autores de delimitar seus estudos e a busca na construção social, as bases para o entendimento da relação humana. Dos achados de Silveira, Fisher e Olivier (2010) têm-se que das dezoito (18) referências mais citadas nos estudos organizacionais, dez (10) são diretamente ligadas ao método fenomenológico, quatro (4) tratam sobre a fenomenologia dentro de parâmetros filosóficos, dois (2) são trabalhos executados e as outras duas (2) são os livros de Berger e Luckmann e Burrel e Morgan. Destas quantidades, é possível perceber que mais da metade das obras citadas são de textos diretamente ligados ao “apoio” à pesquisa, sendo que, a discussão sobre 6 a “fenomenologia” enquanto filosofia, ou como epistemologia, está sendo deixado de lado uma vez que o foco está no “método”. Não que os textos apontados por Silveira, Fisher e Olivier (2010), listados como metodológicos não contenham esse “teor” filosófico/epistemológico, com certeza em algum nível, o possuem, porém em uma menor gradação do que os artigos interessados inteiramente na fenomenologia como filosofia ou epistemologia. Borges, Souza e Souza, (2012) trazem a preocupação do foco excessivo no método, quando apontam que os conceitos da fenomenologia são complexos, justamente por poderem ser considerados como filosofia, epistemologia, ou método, ou os três simultaneamente; o que os torna muito importantes. Esse “desequilíbrio” pode ser explicado pela "à ausência da exploração do mesmo, além da dificuldade de correta compreensão” (BORGES; SOUZA; SOUZA, 2012, p. 2). Entretanto, sendo este um tema de interesse crescente ainda há um longo caminho a ser trilhado pelos pesquisadores, “a fim de superar tais dificuldades, reconhecendo a adequação desse método para pesquisas qualitativas, revelando assim notável interesse de pesquisadores em se chegar à essência, ao âmago dos fenômenos analisados” (BORGES; SOUZA; SOUZA, 2012, p. 2). Outro ponto que retrata essa “dificuldade" é variação dentro das tendências da fenomenologia, isto é, consegue-se organizar conjuntos de autores alinhados dentro de algumas concepções e períodos de estudo dentro do tema. Nesse sentido Embree et al. (1997, p. 1-6), citado por Boava e Macêdo (2011 p. 472-473) apresentam quatro grandes tendências, e períodos dentro do movimento fenomenológico: 1. fenomenologia realista – busca as essências universais de vários tipos de assuntos: ciências formais, linguagem, percepção e representação (memória, empatia, confiança, imaginação), incluindo estudos de gênero, direito, antropologia filosófica, religião, valor, estética, arquitetura, música e cinema. Principais nomes: Johanes Daubert, Adolf Reinch, Alexander Pfander, Herbert Spiegelberg, Karl Schuhmann, Barry Smith, Max Scheler, Edith Stein, Moritz Geiger e Roman Ingarden; 2. fenomenologia constitutiva– a investigação fenomenológica inclui a filosofia das ciências naturais. Aplicação das chamadas redução fenomenológica e redução eidética, visando suspender a aceitação do estado pré-dado da vida consciente como algo que existe no mundo. Surgiu com a obra ‘Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica...’, de 1913 (HUSSERL, 2006). Principais nomes: Alfred Schütz, Oskar Becker, Aron Gurwitch, Elisabeth Stroker, Gaston Berger, Jean Cavailles, Eugen Fink, Ludwig Landgrebe, Jitendra Mohanty, Thomas Seebohm, Robert Sokolowski; 3. fenomenologia existencial – discussões sobre a ação, conflito, desejo, finitude, opressão, morte, teoria política, problemática da etnicidade, gênero, idade, percepção, corpo vivido, liberdade e literatura. Desenvolve-se a partir da obra de Heidegger ‘Ser e tempo’, de 1927 (HEIDEGGER, 1999). Principais nomes: Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Maurice Merleau-Ponty, Hannah Arendt, Emmanuel Levinas, Gabriel Marcel, Alexandre Kojeve, Dean Wahl, John Compton, Henry Michel, Natanson Maurice e Bernhard Waldenfels; 4. fenomenologia hermenêutica – deriva de ‘Ser e tempo’, considerando que toda a existência humana é interpretativa, não havendo acesso a nada. Somente é possível compreender o fenômeno como ele aparece dentro do contexto. A temática dessa tendência filosófica inclui todas as que já estavam nas fases anteriores, diferindo somente na ênfase dada à hermenêutica, ou método de interpretação. Inclui estética, ética, história, línguas, direito, literatura, percepção, política, religião, filosofia da natureza (especialmente as ciências humanas) etc. Principais nomes: Martin Heidegger, Hans- Georg Gadamer, Paul Ricoeur, Patrick Heelan, Graeme Nicholson, Joseph Kockelmans, Calvin Schrag, Gianna Vattimo, Carlo Sini, Don Ihde. 7 Estas quatro grandes tendências servem para registrar o amadurecimento gerado pelos autores que vieram após os textos de Husserl, após essas contribuições a fenomenologia, que era considerada como qualquer estudo diferente do positivismo, passou a ter maior rigor conceitual e metodológico (BOAVA; MACÊDO, 2011). Além disso, são registros de movimentos dentro da fenomenologia, isto é, podem ser demarcações para autores que trabalham cada um daqueles temas. Aponta-se, desta forma, como o início do mapeamento para "tradução" da fenomenologia para os estudos organizacionais como descrito a seguir. 4 FENOMENOLOGIA, DA FILOSOFIA AOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS Partindo das quatro grandes tendências apontadas anteriormente, deve-se frisar que, apesar de terem sido descritas somente quatro, outras combinações de autores podem não ter sido citadas e, com a evolução dos estudos relacionados ao alinhamento fenomenológico, possivelmente, haverá mudanças nas tendências. Contudo, a transposição da fenomenologia para a prática, quer dizer, em estudos empíricos nas organizações, não é uma tarefa simples. São campos de “reflexão” muito diferentes e que inclusive não pode ser feita de maneira simples (MOREIRA, 2004). Entretanto Paiva Júnior e Mello (2008) argumentam contra essa colocação da ida da fenomenologia em direção ao “empirismo”, fazendo com que os conceitos devam ser ajustados. Empirismo para Moreira (2004) abrange a mudança da filosofia para a prática, enquanto que, para Paiva Júnior e Mello (2008) está relacionado às questões funcionalistas, isto é, empirismo em um sentido quantitativo. Feita uma pesquisa às principais bases, logo os principais textos e publicações científicas, chega-se à seguinte conclusão: há “predominância de estudos com base empírica, de abordagem positivista e utilizando métodos e técnicas quantitativistas tradicionais de pesquisa e coleta de dados” (SANTOS; PINTO, 2007, p. 1). De maneira complementar, Paiva Júnior e Mello (2008) propõem a evolução da pesquisa qualitativa como alternativa ao empirismo (pesquisas quantitativas), porém neste artigo, como apresentado anteriormente, buscou-se a característica “aparadigmática”, já que a fenomenologia pode dar contribuições para métodos mistos e ir além das barreiras limitadores (paradigmas) mesmo sendo relativamente nova “como metodologia de pesquisa na ciência social aplicada da Administração” (PAIVA JÚNIOR; MELLO, 2008, p. 27). Vieira (2009) tratando sobre o campo organizacional argumenta também em prol de pesquisas de viés fenomenológico, principalmente dentro de pesquisas interpretativistas, uma vez que possibilitam a “análise de fenômenos do cotidiano das organizações a partir da perspectiva de quem os vivencia. No contexto fenomenológico, as organizações exprimem fatos sociais, espelhando uma configuração que viabiliza a compreensão de nossas sociedades” (VIEIRA, 2009, p. 4). Berger e Luckmann (1985) argumentam em sentido parecido ao discutir a questão da história de vida, da “biografia das pessoas”, pois que são as “experiências vividas” que servirão como “dados para posterior análise na consecução do trabalho de pesquisa” (Vieira, 2009, p. 7). Ainda nesse sentido, Borges, Souza e Souza (2012) apresentam que atividades relacionais, como aquelas ligadas à gestão a partir de uma orientação fenomenológica, são investigadas levando em consideração os significados da experiência humana. Retomando a questão da “passagem/transposição” da fenomenologia filosófica para os estudos organizacionais nas experiências vividas dos atores relacionados aos objetos, Moreira (2004) dá atenção a duas questões: “A primeira delas refere-se ao tipo de situação de pesquisa onde o método fenomenológico é apropriado. A segunda – importantíssima – questão diz respeito aos elementos do método original” (MOREIRA, 2004, p. 232). A primeira Resolve8 se pelas quatro tendências fenomenológicas (hermenêutica, existencial, constitutiva, e realista). Já a segunda chama à atenção para o método, isto é, como adaptar e utilizar o método fenomenológico para cada situação, lembrando que a fenomenologia é pensada com um alto rigor metodológico (BOAVA; MACÊDO, 2011). Boava e Macêdo (2011) asseveram que o uso da fenomenologia nas ciências sociais e na administração são instrumentos para a legitimação do status quo, pois se preocupam com o imediatismo dos resultados se posicionando ingenuamente e sem reflexão, isso ocorre, pois o discurso, as interações, as experiências acabam por revelar elementos que formam grandes quantidades de dados para a análise (VIEIRA, 2009) que podem ser usados para fortalecer essa legitimação. Essa situação pode ser revertida questionando-se as práticas e valores vigentes. Deve ser questionado também o uso equivocado "que a administração faz de conceitos de outras ciências sociais. Modificando o sentido original, os pesquisadores alteram o significado inicial, muitas vezes, utilizando os conceitos de forma inversa ao sentido inicialmente proposto” (BOAVA; MACÊDO, 2011, p. 480-481). A utilidade da fenomenologia se estende também às pesquisas que pretendem a identificação e interpretação dos símbolos e simbolismos, vinculados tanto à consciência quanto às experiências do ator em relacionamento com o objeto da pesquisa. Morgan, Frost e Pondy (1983) indicam exatamente os métodos fenomenológicos para estudos organizacionais, voltados para aproximações nas interações simbólicas, para mostrar, por exemplo, como as ações seriam sempre simbólicas e que “precisam de símbolos para existirem” (MORGAN; FROST; PONDY, 1983, p. 20). Como as análises estão vinculadas aos indivíduos que interagem com o objeto de pesquisa, e pela percepção do pesquisador, gera múltiplas formas de interpretação, pois "cada pesquisador acaba por criar sua própria forma de interpretar, o que é resultado da maneira pela qual ocorre o relacionamento com o objeto de pesquisa” (VIEIRA, 2009, p. 4-5). A figura 2 apresenta a exemplificação de uma abordagem fenomenológica mais genérica. Figura 2 - Abordagem Fenomenológica DESCRIÇÃO, INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE OBJETIVO EXPERIÊNCIAS NO PLANO INDIVIDUAL E NO PLANO GERAL Pergunta de pesquisa Como se estrutura uma experiência vivida em uma situação particular? Coleta de dados Enfoque na experiência vivida: entrevistas e narrativas Análise dos dados Análise por temáticas de significação geral e específica Base epistemológica Filosofia Fonte: Adaptado de Vieira (2009). As pesquisas dentro dessa "natureza interpretativa", como exemplificado na figura 2, tendem a possibilitar a entrada da fenomenologia nos estudos organizacionais, porque podem analisar a organização no seu dia a dia, a partir da experiência e interação das pessoas que compõem aquele grupo a partir da visão de indivíduos daquele grupo (VIEIRA, 2009). Nesse sentido, a partir das ideias de Berger e Luckmann (1985), o grupo composto pelas pessoas que formam a organização formam uma sociedade, que estão conectadas às outras "sociedades" em outras organizações viabilizando a compreensão dessas "sociedade de organizações" (VIEIRA, 2009, p.7). Assim, se pode concluir que as sociedades, as culturas, símbolo e simbolismos, por exemplo, são construídos pela interação das pessoas em cada ação (prática ou práxis), e podem ser analisadas em sua essência, para trazer a compreensão da motivação por trás de cada ação. Contudo, tentar alcançar a compreensão de todo o enredamento das relações sociais no entorno de um objeto, pela lente interpretativa, é quase impossível dada a dinâmica e 9 complexidade das relações, isto ocorre tanto para a fenomenologia quanto pela etnografia, pois: não é o caso de apenas mapear formas simbólicas mas, de maneira mais ampla, concentrar atenção na constituição da vida social dos integrantes da organização, a partir de seus diferentes (e observáveis) modos de pensamento e suas experiências construídas (VIEIRA, 2009, p.7). Então, se há uma rede dinâmica e complexa, quais seriam "as contribuições da fenomenologia social para as investigações no campo dos estudos organizacionais?” (PAIVA JÚNIOR; MELLO, 2008, p. 43). Em resposta a esta pergunta, no tocante ao método, Vieira (2009) apresenta que a escolha do método é do pesquisador, e que deve ser considerado o rigor cientifico, feito isso a contribuição seria a busca por definições mais firmes dos simbolismos e as interpretações dos seus significados sendo estes "um dos maiores desafios da pesquisa qualitativa em estudos organizacionais, dada a necessidade de se atribuir um campo de investigação claro e uma sistematização de observações" (VIEIRA, 2009, p. 9). Já a partir de Paiva Júnior e Mello (2008), considerando o conhecimento organizacional como resultado das redes construídas pelos atores, que geram as diversidades de leituras, interpretações, além dos ajustes de significados feitos pelas negociações entre os indivíduos a fenomenologia, como pesquisa qualitativa, acessa os fenômenos sociais que permitiria revelar como se dá a produção de ações e situações dentro dos "mundos sociais" enquadrados nos estudos organizacionais. Assim, tendo-se apresentado os principais aspectos conceituais e filosóficos da fenomenologia relacionados aos estudos organizacionais serão apresentadas as seguir as principais considerações deste trabalho. 5 BREVES CONSIDERAÇÕES Segundo Boava e Macêdo (2011), os estudos organizacionais é uma área do conhecimento com poucas pesquisas e pesquisadores que trabalha a vertente interpretativista fenomenológica, mas tem havido um crescente interesse pela área. Pode-se citar Gil (2003), Anosike (2008), Giorgi (1985), Paiva Júnior (2004), Gibson e Hanes (2003), Thiry-Cherques (2004), Carvalho e Vergara (2002), Ehrich (2005) e Boava e Macêdo (2011). A pesquisa em estudos organizacionais tem encontrado dificuldades para avançar na utilização da fenomenologia estando à margem das teorias funcionalistas que em geral são tidas como centrais e hegemônicas e como a forma correta e mais eficaz de se fazer ciência. Contudo, apesar disto observa-se um crescimento das pesquisas que utilizam a abordagem fenomenológica nas organizações. A percepção desse crescimento frente aos estudos dominantes foi identificada dentro das pesquisas brasileiras, contudo certamente é uma visão que se estende às produções dos outros países, e certamente em pesquisa similar feita as bases europeias, berço da fenomenologia, trará resultados próximos pela leitura feita para a composição deste texto. Outra acepção de Carvalho e Vergara (2002), é que “a fenomenologia parece, portanto, particularmente interessante para examinar as percepções dos participantes de uma interação de serviços.” (CARVALHO; VERGARA, 2002). Portanto, sendo que existe alternativas a visão da fenomenologia somente pelo viés interpretativista, há espaço para pesquisas em outros campos, por exemplo, em métodos mistos como proposto anteriormente. Há também, uma necessidade de melhor adequação pelos pesquisadores da perspectiva filosófica nos estudos organizacionais á realidade da pesquisa e aos conceitos de fenomenologia no que se refere à passagem do seu uso da filosofia para as ciências sociais e 10 aos estudos organizacionais (MOREIRA, 2004). Não se trata, por exemplo, de utilizar os conceitos de redução fenomenologia e redução eidética tal qual idealizados por Husserl, mas de ter em mente que a fenomenologia possui um método que precisa ser minimamente seguido. Talvez, por esse motivo, Gil (2003) considere que várias pesquisas ditas fenomenológicas não deveriam ser definidas dessa forma. Finalmente, a contribuição mais direta da filosofia no campo organizacional corresponde ao que é chamado de fenomenologia ou método fenomenológico (SILVEIRA; FISHER; OLIVIER, 2010), ou seja, existem outros aspectos da fenomenologia que não se restringem somente ao método mais que merecem atenção do campo organizacional e devem ser explorados. Neste sentido, sugere-se que estudos epistemológicos mais aprofundados, bem como empíricos utilizando base fenomenológica sejam realizados. 11 REFERÊNCIAS ABBAGNANO, Nicola. História da filosofia. Portugal: Editorial Presença, 1970. v.XIV. BERGER, Peter, L. LUCKMANN, Thomas - A construção Social da Realidade: tratado de sociologia do conhecimento trad. Floriano Fernandes, Rio de Janeiro, editora Vozes, 9ª edição 1985. BERTERO, Carlos O., CALDAS, Miguel P., WOOD JR., Thomaz. Produção científica em administração de empresas: provocações, insinuações e contribuições para um debate local. Revista de Administração Contemporânea, v. 3, n. 1, 1999. 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