ambiência como necessidade humana

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AMBIÊNCIA COMO NECESSIDADE HUMANA
SILVA, Rode Dilda Machado da1
BUB, Maria Bettina Camargo2
Introdução: A Política Nacional de Humanização (PNH) traz a tona um de seus
dispositivos denominado Ambiência. É um dispositivo que considera o espaço
físico, social, profissional e de relações interpessoais reguladores de um projeto
de saúde acolhedor, resolutivo e humano. Valorizar a ambiência é favorecer a
organização de espaços saudáveis e acolhedores de trabalho. O espaço deve
visar o conforto, facilitar o processo de trabalho e o encontro entre as pessoas
enfermas, seus acompanhantes, os gestores e os trabalhadores. Objetivo:
defender que a ambiência é uma necessidade humana e enquanto categoria ela é
singular na vida das pessoas. Metodologia: descritiva, bibliográfica. Resultados:
Necessidade para os gregos era uma deusa. Na mitologia grega, Ananke era a
mãe das moiras: Laquésis, Átropos e Kloto (elas decidiam - fiavam - sobre o
nascimento, a vida e a morte das almas). Ela era raramente adorada até a criação
da religião mística de Orphic. Em Roma, ela se chamava Necessitas
("necessidade"). Ananke é então a deusa da Necessidade, no sentido de se
precisar de alguma coisa. Representam as necessidades externas e internas, as
de relacionamento ou de afinidade, da criatividade e da cura. Platão, filósofo
grego ao refletir sobre necessidade, a designou como falta e busca do que falta.
Malinowski, antropólogo, institui como necessidades básicas aquelas condições
ambientais e biológicas que podem satisfazer a sobrevivência individual e do
grupo. A sobrevivência de ambos requer um mínimo de saúde e energia vital
necessária para a realização das tarefas culturais e evitar a diminuição gradual da
população. O economista Maslow criou a teoria da motivação humana embasada
na hierarquia das necessidades humanas básicas. Fundamentada no princípio de
que
todo
ser
humano
tem
necessidades
comuns
que
motivam
seu
Bacharel em Filosofia, MSc. em Engenharia de Produção, Doutoranda da Pós-Graduação de
Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, Técnica de Enfermagem do Hospital
Universitário Polydoro Ernani de São Thiago. E-mail: [email protected].
2
Enfermeira, Doutora em Enfermagem. Docente do Centro de Ciências da Saúde/Departamento
de Enfermagem e Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de
Santa Catarina. Orientadora.
1
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comportamento no sentido da satisfação hierárquica. O ser humano, sempre
busca satisfação e quando experimenta alguma satisfação em um nível, logo se
lança
para
o
próximo
e
assim
continuamente.
Maslow
classifica,
hierarquicamente, as necessidades em cinco níveis: necessidades básicas ou
fisiológicas; necessidades de segurança; necessidades sociais; Necessidades do
ego;
necessidades
de
auto-realização.
Na
enfermagem,
a
teoria
das
necessidades humanas básicas de WANDA HORTA possui três grandes blocos:
1) necessidades psicobiológicas: oxigenação; hidratação; nutrição; eliminação;
sono e repouso; exercícios e atividades físicas; sexualidade; abrigo; mecânica
corporal; integridade cutâneo-mucosa; integridade física; regulação: térmica,
hormonal, neurológica, hidrossalina, eletrolítica, imunológica, crescimento celular,
vascular; locomoção; percepção: olfativa, visual, auditiva, tátil, gustativa, dolorosa;
ambiente; terapêutica; 2) necessidades psicossocias: segurança; amor;
liberdade; comunicação; criatividade; aprendizagem; gregária; recreação; lazer;
espaço; orientação no tempo e espaço; aceitação; auto-realização; autoestima; participação; auto-imagem; atenção e 3) necessidades psicoespirituais:
religiosa ou teológica, ética ou de filosofia de vida. A enfermagem brasileira tem
se apoiado também em modelos vindos de outros paises como, por exemplo: o
sistema NANDA, (North American Nursing Diagnosis Association) que é uma
ferramenta que se orienta igualmente nas necessidades dos enfermos além de
outras funções. É essencial para dar continuidade à assistência ao paciente, para
possibilitar a comunicação entre as necessidades dos pacientes e os enfermeiros
responsáveis, para permitir uma maior uniformidade entre critérios e diagnósticos,
para dar às enfermeiras uma maior uniformidade nos parâmetros de descrição
das necessidades dos pacientes. O sistema pode listar de uma a quatro
categorias de classificação de doenças. Tem aproximadamente 100 diagnósticos
aprovados. Os organizadores formularam a proposta com o propósito de construir
um sistema uniforme de diagnósticos. Com o advento da Informatização, outro
instrumento que passou ser usado entre os enfermeiros é a Classificação
Internacional para a Prática de Enfermagem – CIPE (International Classification
for Nursing Practice). A definição de um padrão de vocabulário capaz de
descrever o que os enfermeiros fazem como fazem e que resultados conseguem
obter decorrentes de suas ações passou a ser necessário. Propostas e modelos
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para classificar a prática de Enfermagem e a construção de terminologias têm
avançado no mundo todo para universalizar a linguagem e a prática de
enfermagem em um sistema classificatório. No Brasil, a CIPE versão1. 0 já
avançou para outras versões. Todos estes instrumentos ou modelos se
preocupam com necessidades humanas básicas que são a essência do trabalho
em enfermagem. Em todos os modelos há a indicação do ambiente como
necessidade humana, mas, há também uma lacuna sobre o tratamento desta
necessidade. Benedet e Bub articularam um modelo aproximando a NANDA às
necessidades humanas básicas e definiram necessidade de espaço como
necessidade de delimitar-se no ambiente físico, ou seja, expandir-se ou retrair-se
com o objetivo de preservar a individualidade e a privacidade. Florence
Nightingale se ocupou deste tema mostrando suas preocupações quando
formulou uma série de orientações dirigidas às enfermeiras no sentido de se
ocuparem com condições físicas a serem instaladas para que os doentes
recuperassem a saúde. Dentre elas, procedimentos relacionados ao arejamento
e aquecimento, condições sanitárias, ruídos e iluminação do ambiente. Ambiência
é sinônimo de meio ambiente; ambientar é adaptar-se a um ambiente e ambiente
é entendido como aquilo que cerca e envolve os seres vivos e as coisas. A
conotação dada ao termo remete ao ambiente e a adaptação da pessoa ao seu
meio. A ambiência é uma necessidade humana? Presumivelmente, a ambiência
deve promover a melhor saúde como necessidade tanto de pessoas enfermas
que buscam a cura quanto de profissionais de saúde. Considerações finais:
Para que o espaço físico seja esse ambiente capaz de mobilizar manifestações
humanas saudáveis, é necessário que a enfermagem se aproprie dele e nele seja
gerada a ambiência para efetivação de práticas de saúde. Este parece ser o
desafio, de refletir sobre a sistematização da assistência de enfermagem, no que
diz respeito à dimensão da ambiência nas práticas de saúde. A necessidade
humana de ambiência evidenciada entre as pessoas que acrescentam a vida
suas próprias marcas no ambiente físico, modificando-o com sua lembrança, suas
histórias, suas apropriações momentâneas e, muitas vezes, definitivas.
A
concepção de ambiência aplicada à saúde pode tornar a passagem pelos
espaços físicos de saúde mais agradável e menos traumático, e, além disso,
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influenciar positivamente na saúde de enfermos, de seus acompanhantes e da
equipe de saúde.
Palavras-Chave: Sistema único de Saúde. Necessidade Humana Básica. NANDA.
Diagnóstico de Enfermagem. Ambiente.
REFERENCIAS
BRASIL, Ministério da Saúde. HumanizaSUS: ambiência. 2. ed. Brasília: Editora
do Ministério da Saúde, 2006. (Série B. Textos Básicos de Saúde.)
NIGHTINGALE, Florence. Notas sobre enfermagem: o que é o que não é. São
Paulo: Cortez, 1989.
HORTA, W.A. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU, 1979.
NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION. Diagnósticos de
enfermagem da NANDA: definições e classificação 2007-2008. Porto Alegre:
Artmed, 2007.
BENEDET, Silvana Alves; e BUB, Maria Bettina Camargo. Manual de Diagnóstico
de Enfermagem: Uma abordagem baseada na Teoria das Necessidades
Humanas e na Classificação Diagnóstica da NANDA. 2a ed., Florianópolis:
Bernuncia, 2001
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