CULTO AO CORPO, RISCO E FISICULTURISMO: MULHERES PARTICIPANTES DE SITES E COMUNIDADES NA INTERNET Flavia Mestriner Botelho Iniciação Científica/ Ciências Sociais - Universidade Estadual de Londrina (UEL) Orientadora: Leila Sollberger Jeolás Objeto e objetivos O objetivo do projeto de Iniciação Científica, aqui apresentado, é o de compreender a relação existente entre a construção dos corpos das atletas de fisiculturismo e o mercado de consumo de dietas, suplementos alimentares e esteróides anabolizantes. O objeto de estudo é a análise da lógica do risco na construção das práticas corporais entre as mulheres praticantes desse esporte. A partir de uma Antropologia do Corpo pretende-se analisar como se apóiam tais projetos individuais, no desafio de ultrapassar limites físicos pessoais, através do treino árduo, da dor física e de uma alimentação rígida, apresentando-se como tentativas de construção de identidades e de marcas de diferenciação. Esses projetos também ressignificam lógicas de risco, uma vez que, nesse tipo de prática, os riscos desafiados representam uma forma de ganhar status dentro do grupo ao qual pertencem essas mulheres. Metodologia A pesquisa e o trabalho de campo estão sendo realizados na Internet, em sites e comunidades do Orkut que têm como foco discutir e trocar informações sobre a prática do fisiculturismo, sobre o uso de anabolizantes e sugestões para a prática de musculação. A partir da análise e participação em algumas dessas comunidades do ciberespaço, selecionei algumas participantes a fim de se realizar entrevistas via e-mail. Resultados e conclusões Apesar de a pesquisa encontrar-se ainda em andamento, os dados preliminares permitem analisar a relação existente entre fisiculturismo, risco e mercado de consumo relacionado a essa prática. O risco é parte do cotidiano dessas atletas e a disponibilidade de uma série de produtos no mercado, além do fácil acesso a eles, compõem o quadro de riscos experimentados por essas mulheres no desejo de transformarem seus corpos para fazerem parte do universo do fisiculturismo. Os riscos não são percebidos como riscos ou são minimizados e consentidos frente a um objetivo a ser alcançado. Nesse universo, o risco tem uma lógica própria, ele é o meio de ascender e de ter sucesso na carreira. Além disso, alcançar as metas para se ter o corpo almejado nesse meio, é requisito para se conseguir alunos para treinar e, assim, garantir ou aumentar a renda para poder continuar investindo no seu próprio corpo e obter maior sucesso no esporte. Referências Bibliográficas CASTRO, A.L. Culto ao corpo e sociedade. Mídia, estilos de vida e cultura do consumo. SP: Annablume /Fapesp, 2003. ESTEVÃO, A.; BAGRICHEVSKY, M. Cultura da corpolatria e body-building: notas para reflexão. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. SP, ano 3, n. 3, p. 13-24, 2004. LE BRETON, David. Adeus ao corpo. Antropologia e sociedade. Campinas-SP: Papirus, 2003. LUZ, M.; SABINO, C. Forma do corpo e saúde na cultura Fisiculturista. 25a Reunião Brasileira de Antropologia. Goiânia, p. 209-229, 2006. RIFIOTIS, T. Antropologia do ciberespaço. Questões teórico-metodológicas sobre a pesquisa de campo e modelos de sociabilidade. Antropologia em Primeira Mão, Florianópolis, v. 51, p. 1-19, 2002. SABINO, César. As Drogas de Apolo. O Consumo de Anabolizantes em Academias de Musculação.In: Goldenberg, M. (Org.). Nu e Vestido. Dez antropólogos revelam a cultura do corpo carioca. RJ: Record, 2002.