MAPEAMENTO DAS FORMAS DE USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NO ALTO CURSO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO POTI (CEARÁ) Karoline Veloso Ribeiro (Programa de ICV/UFPI), Emanuel Lindemberg Silva Albuquerque (Orientador, Coordenação do Curso de Geografia – UFPI) INTRODUÇÃO Desde a última década do século XX, o campo de ação da pesquisa geográfica vem sendo influenciado por novos paradigmas do mundo moderno, sobretudo, quando atrelado ao uso das geotecnologias. Esse novo instrumental vem retratando, de forma marcante, as reais potencialidades no que concerne ao mapeamento das formas de uso e ocupação da terra, na perspectiva de subsidiar o planejamento ambiental na contemporaneidade. A rigor, quando o processo de uso e ocupação da terra é realizado de forma inadequada, ocasiona uma ação significativa de reestruturação da paisagem. O Rio Poti é um dos grandes afluentes do Rio Parnaíba, eixo principal da drenagem piauiense. A área em estudo compreende o alto curso da bacia hidrográfica do Rio Poti, este estando localizado na Macrorregião Administrativa dos Sertões dos Inhamuns, estado do Ceará. O mencionado rio nasce na Serra dos Cariris – CE, onde sua bacia abrange os municípios de Ararendá, Crateús, Independência, Ipueiras, Nova Russas, Novo Oriente, Porangá, Quiterianópolis e Tamboril (ALBUQUERQUE, et al. 2011; LIMA, 1982). O tema da pesquisa visou identificar e analisar as formas de uso e ocupação da terra no alto Poti e teve como objetivo mapear as classes do uso e ocupação da terra no mencionado setor espacial. Dessa forma, o mapeamento das tipologias de uso e ocupação da terra apresentou-se como ponto de partida imprescindível para se analisar e compreender a organização espacial do território, justificando, assim, a relevância acadêmica da pesquisa. METODOLOGIA No que diz respeito à metodologia do projeto em pauta, o mesmo se encontra fundamentado na análise sistêmica, em que foi estudado o conceito de natureza de maneira pormenorizada, possibilitando um estudo integrado da paisagem, a qual é regida e embasada em autores como Bertrand (1972) e Souza (2000). Em seguida, congregou procedimentos de análise bibliográfica, interpretação de produtos de sensoriamento remoto, bem como trabalhos de campo, ocasião na qual foram inseridos pontos georreferenciados de interesse, na perspectiva de validar in loco o trabalho realizado em gabinete. Foi adotada a proposta metodológica propugnada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir da utilização do Manual Técnico de Uso da Terra (2013), subsidiando o mapeamento das formas de uso e cobertura da terra no setor espacial em análise. Em seguida, foi utilizada a classificação supervisionada para a definição das classes proposto pelo Manual Técnico. A fase inicial consistiu na aquisição de imagens do satélite Landsat 8 - OLI (bandas 4, 5 e 6), seguindo os elementos texturais para o reconhecimento das formas de uso da terra. Para a realização e confecção dos planos de informação foi utilizado um conjunto de dados vetoriais e matriciais, a saber: arquivos shapefiles do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE); Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), por meio de imagens multiespectrais do satélite Landsat 8 – OLI (16/08/2015) e dados da missão SRTM; banco de dados da Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM), com ênfase para os aspectos geológicos e hidrográficos. O mapeamento foi realizado na escala de 1:250.000 a partir das técnicas de geoprocessamento e processamento digital de imagens. Em seguida, finalizada as etapas de mapeamento, foi realizada aferição em campo para o reconhecimento da área em estudo. O documento cartográfico final foi editado no software ArcGis 9.3 (versão Free Trial), com edição vetorial na elaboração dos mapas, finalizando com o recorte e geração da base cartográfica. Vale salientar que o sistema de projeção adotado corresponde ao Universal Transversa de Mercator (UTM), tendo como referencial geodésico o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS 2000), sendo este o Datum oficial do Brasil. Do ponto de vista da Geodésia, a área em estudo engloba a zona 24 Sul do sistema de projeção adotado. RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo do uso e ocupação da terra presente neste estudo consistiu em buscar o conhecimento de toda a sua utilização por parte do homem ou pela caracterização dos tipos e categorias de vegetação natural que reveste o solo (ROSA, 2003). Dessa forma, foi possível mapear as seguintes tipologias de uso e cobertura, a saber: I) Área de Vegetação Natural; II) Área Antrópica Agrícola; III) Área Antrópica Não-Agrícola e IV) Águas, como pode ser visualizado na figura 1. Figura 1. Mapa de uso e cobertura da terra no alto curso da bacia hidrográfica do Rio Poti (CE) Fonte: Elaboração do autor (2016). As definições e nomenclaturas apresentadas estão associadas aos tipos de usos da terra de natureza agrícola (pastagem, culturas temporárias e permanentes) e não agrícola (áreas urbanizadas). Nesta, foi considerada a área que corresponde às áreas urbanas e aos setores industriais, incluindo todas as terras cultivadas, caracterizadas pelo delineamento de áreas cultivadas ou em descanso. Podem-se constituir em zonas agrícolas homogêneas ou não. A tipologia I (Área de Vegetação Natural) inclui um conjunto de estruturas florestais e campestres, até formações florestais secundárias, arbustivas, herbáceas em diversos estágios de desenvolvimento, distribuídos por diferentes ambientes e situações geográficas. A tipologia IV (Águas) inclui todas as classes de águas interiores, como curso d’água e canais, corpos naturalmente fechados, sem movimento (lagos naturais ou regulados), além de reservatórios artificiais (construído para irrigação). Dentre os recursos, a vegetação tem sido a mais prejudicada em virtude da retirada da mata nativa, que a depender da intensidade e do ritmo de exploração, as características vegetacionais podem-se tornar irreversível, alterando o equilíbrio da fauna e da flora, o qual compromete a qualidade ambiental em suas mais diversas facetas, incluindo os reflexos para o ser humano. CONCLUSÃO O mapeamento realizado no alto curso da bacia hidrográfica do Rio Poti (Ceará) demonstrou resultados expressivos que podem ser empregados nos estudos ambientais, especialmente nas áreas onde as atividades exercem no solo uma pressão resultante do conflito de funções, essencialmente importante para diagnosticar a situação dos recursos naturais. O mesmo permitiu, também, a identificação e classificação de quatro classes (tipologias), revelando como se encontra o estado do uso e ocupação da área estudada. O conhecimento acerca dos softwares e a interpretação das imagens de satélite permitiram quantificar cada categoria e analisar as formas dos processos atuantes em cada forma de ocupação. Em suma, o trabalho em epígrafe possibilitou inferências críticas da área em análise, visando melhorar a qualidade ambiental e de vida da população envolvida, de modo a trabalhar e compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico em associação às características ambientais. Logo, diante da relevância do tema apresentado, as modificações impressas na bacia hidrográfica do Rio Poti acarretam transformações na paisagem que acaba por comprometer a qualidade ambiental em todo o seu conjunto territorial, o qual envolve o alto, médio e baixo curso fluvial. Portanto, numa análise integrada, é necessário associar os elementos do meio físico e humano, de modo a fazer da sociedade, articuladora e disseminadora de ideias sustentáveis em consonância com a disponibilidade dos recursos, especialmente no que diz respeito às formas de uso da terra. Palavras-chave: Geoprocessamento. Gestão Territorial. Semiárido. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, E. L. S; SOUZA, M. J. N. de. Bacias hidrográficas urbanas: reflexões Sobre o alto curso dos rios Catú e Mal Cozinhado no município de Horizonte, Ceará/Brasil. In: MEDEIROS, C. N. de; GOMES, D. D. M; ALBUQUERQUE, E. L. S; CRUZ, M. L. B. da (orgs). Os Recursos Hídricos do Ceará: Integração, Gestão e Potencialidades. Fortaleza: IPECE, 2011. BERTRAND, G. Paisagem e geografia física global: esboço metodológico. São Paulo, Instituto de Geografia USP. 27p. (caderno de ciências da terra, 13). 1972. LIMA, I. M. M. F. Caracterização Geomorfológica da Bacia Hidrográfica do Poti (Dissertação de Mestrado em Geografia). UFRJ, Rio de Janeiro, 1982. ROSA, R. Introdução ao sensoriamento remoto. 5. ed. Uberlândia, MG: UFU, 2003. p. 203. Disponível em: <http://marte.dpi.inpe.br/col/ltid.inpe.br/sbsr>. Acesso em 23/01/08. SOUZA, M. J. N. de. Bases naturais e esboço do zoneamento geoambiental do estado do Ceará. In: SOUZA, Marcos J. N. de; LIMA, L. C.; MORAIS, J. O. de (Org.) Compartimentação territorial e gestão regional do Ceará. Fortaleza: Ed. FUNECE, 2000.