DENISE PASSOS ELEMENTOS TEXTUAIS

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1
INTRODUÇÃO
Segundo o autor Pinto (2005), a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1978),
classifica a planta medicinal, como todo e qualquer vegetal que possui uma ou mais
substância utilizadas para fins terapêuticos. As plantas podem ser classificadas de
acordo com sua ordem de importância, como: as usadas na finalidade terapêutica e
as usadas para obtenção de princípios ativos. Sendo assim, toda planta que exerce
algum tipo de farmacologia é considerado como planta medicinal.
Embora a medicina moderna esteja bem desenvolvida, a maioria da população dos
países depende das plantas medicinais para a sua atenção primaria e, grande parte
da população faz uso de algum tipo de erva medicinal para a cura de alguns
sintomas, doloroso ou desagradável. Segundo Simões et al. (1998), muitos fatores
têm contribuído para o aumento da utilização das plantas medicinais nas
comunidades rurais, entre os quais o alto custo dos medicamentos industrializados,
o difícil acesso da população à assistência médica, além da maior margem de
segurança dos fitoterápicos quando comparados com os medicamentos sintéticos.
No Brasil, o uso de plantas medicinais como meio cura entre a população é feita de
maneira
incorreta,
pois
muitas
plantas
possuem
efeitos
tóxicos,
e
sua
automedicação pode causar sérios problemas á saúde (SOARES, 2002). Outro
aspecto é o fato de seus usuários conhecerem apenas os nomes populares, quando
se sabe que um mesmo nome popular é atribuído a várias plantas.
Embora a população acredite que as plantas medicinais por serem obtidas de fontes
naturais, não possuem efeitos colaterais imediatos, estudos clínicos mostram que
nem sempre decorrem de fatores inerentes ao produto, mas sim do modo de
utilização das mesmas, como, dosagem excessiva e incorreta, interação com outros
medicamentos, e reações alergias as substâncias existentes nas plantas, entre
outros (YUNES; CALISTO, 2001).
O uso de plantas por parte das famílias tem como objetivo a promoção da saúde, o
tratamento de doenças, visando uma melhor qualidade de vida, evitando o uso de
10
medicamentos farmacêuticos. Contudo, é necessário conhecer sua composição
química e contraindicações antes de orientação do seu uso, para que se possa
usufruir de seus benefícios á saúde. Medeiros (2001) afirma que a maneira como é
repassada o conhecimento sobre plantas medicinais no seio familiar é feita de forma
difusa.
De acordo com Ceolin et al. (2011), a família representa a principal fonte de
transmissão de conhecimento em relação as plantas medicinais, é um saber que
não se esgota, pelo contrario se amplia através das trocas de conhecimentos entre
os membros da família. Esta construção se dar de forma oral e através do convívio
familiar e demais membros da comunidade na qual estão inseridos.
Segundo Arnous (2005). O reconhecimento e o resgate da sabedoria popular sobre
as plantas medicinais são fundamental ás famílias rurais pelo fato da fitoterapia
caseira ser fonte de cura, muitas vezes a único devido á falta de outros recursos
para cuidar da saúde.
O contexto familiar possui um rico conhecimento próprio, que é repassado de
geração a geração, muitas vezes com algumas particularidades que ficam restritas
somente aquelas família. É na família que as plantas são utilizadas com a finalidade
de prevenir e tratar as doenças (DI STASI, 2007).
O uso tradicional sobre plantas medicinais significa muitas das vezes à única forma
de tratamento de muitas comunidades rurais. Nas regiões mais carentes e até em
grandes cidades brasileiras, plantas são comercializadas em feiras livres, mercados
populares e quintais residenciais. Dessa forma, usuários de plantas medicinais
mantêm
a
pratica
do
consumo
de
fitoterápicos,
tornando
validados
os
conhecimentos que foram passados durante séculos (LÓPEZ, 2006).
De acordo com as Diretrizes Curriculares do Ensino de Ciências (BRASIL, 2008) é
necessário que o conhecimento adquirido pelos estudantes no seu convívio familiar
seja valorizado, tornando-os como pontos de partida para a formação de conceitos
científicos. Já Auth (2007), aborda a escola como uma ferramenta de resgate do
11
conhecimento sobre plantas medicinais, de promover a construção de atitudes que
respeite o conhecimento tradicional e valorização da mesma.
Dentro desse mesmo contexto, Souto; Silva (2010) atribuíram à escola a
responsabilidade de despertar em seus educandos uma postura de reflexão e
valorização da cultura na qual estão inseridos. Essas informações devem ser
adaptadas à realidade das comunidades que costumam utilizar algumas plantas
como potencial medicinal, porém deve haver um suporte da Secretaria Municipal de
Saúde, com o auxilio dos agentes de saúde, pois o conhecimento da medicina
caseira é limitado, principalmente, acerca dos princípios ativos contida nas plantas.
Portanto, ao resgatar o saber popular, a exemplo das plantas medicinais e
incorporá-las ao conhecimento científico, deve haver cuidados para que a escola
enquanto espaço de conhecimentos, não só regenere a origem do saber popular,
mas que valorize o incremento de estudos científicos, possibilitando a aproximação
entre o conhecimento resultante das pesquisas científicas e aquelas acumuladas
nas experiências de vida comum dos alunos (VIVEIROS; GOULART; ALVIN, 2004).
O aluno durante sua formação profissional, não deve adotar uma postura alienada,
mas uma conduta questionadora na determinação de praticas terapêutica que
atenda a seus interesses de saúde, adequando-as a sua realidade, como ressaltado
por Freire (1997).
Sendo assim, as escolas enquanto espaços de construção de conhecimento deve
ser o ponto de partida para se investigar o nível de informações, que os educandos
originários de comunidades rurais possuem a cerca das plantas medicinais, seus
usos, propriedades e potencial ação. Desse modo o presente trabalho, objetiva
conhecer quanto do conhecimento tradicional a respeito das plantas medicinais
ainda é possível de ser conhecida, bem como de sofrer intervenções posteriores no
sentido de levar a difusão do conhecimento terapêutico das mesmas
Com isso, o presente trabalho teve como objetivo geral, diagnosticar o nível do uso
tradicional e de conhecimento das plantas medicinais como fonte de recurso
terapêutico por alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental do Colégio Carlos
12
Pereira da Silva, bem como identificar se as plantas medicinais são utilizadas com
frequência, motivo e sua forma de uso pelos alunos e seus familiares.
13
2
REVISÃO DE LITERATURA
As plantas medicinais são utilizadas pelos homens desde a pré-história, quando
descobriram suas propriedades curativas através das observações feitas a partir do
comportamento dos animais na cura de suas feridas e dores, contudo esse uso foi
passado de geração a geração até os dias atuais (FERRO, 2006).
O Brasil é considerado um país de megabiodiversidade biológica, em razão da
presença maciça de espécies variadas em seus diferentes ecossistemas. Contudo
os povos indígenas são em grande parte responsáveis pela conservação e pela
própria diversidade biológica de nosso ecossistema (STOCKMANN et al., 2007).
Quando os primeiros europeus chegaram ao Brasil se depararam com inúmeras
espécies de plantas medicinais que eram usadas pelos índios. As plantas que já
eram conhecidas por eles foram incorporadas as espécies nativas. Os escravos, por
sua vez deram sua contribuição trazendo espécies da África, muitas delas usadas
nos rituais religiosos, o que fez aumentar a quantidade já existente da flora medicinal
brasileira (MATOS, 2008).
Segundo Adeodalto (1996), deve existir um resgate da fitoterapia para que muitas
plantas medicinais não desapareçam das matas, antes de haver um estudo cientifico
sobre as mesmas. Como principal providência deve haver técnicas de colheita e
conhecimento dos princípios ativos, não comprometendo a reprodução da espécie
para poder transformá-las em remédios.
A utilização de plantas medicinais é uma das mais antigas práticas empregadas para
tratamento de enfermidades humanas. Muito do que se sabe a respeito de
tratamentos com plantas medicinais provém do conhecimento popular. Apesar da
evolução do conhecimento científico, a utilização dos métodos alternativos de cura
pelo uso das plantas medicinais ainda é muito frequente, fato ocorrido
principalmente devido ao alto custo dos medicamentos sintéticos e a facilidade de
obtenção das mesmas (VASCONCELOS, 2001).
14
A difusão do conhecimento popular permitiu que as plantas medicinais fossem
positivamente relacionadas para sanar a necessidade de cura de determinadas
enfermidades primárias. Sendo assim, a transmissão destes conhecimentos, muitas
vezes de forma oral, permitiu que várias gerações tivessem acesso a diversas
formas de tratamento (MACIEL, 2002).
O conhecimento acumulado pela população e a forma de conservação das plantas
representa o inicio para uma descoberta de novos medicamentos farmacêuticos
(BRITO, 1993).
Desta forma as práticas relacionadas ao uso popular de plantas medicinais são o
que muitas comunidades têm como alternativa viável para o tratamento de doenças
ou manutenção de saúde (YUNES; CALIXTO, 2001).
Com isso, os estudos científicos fornecem subsídios para que a população possa
utilizar as plantas medicinais da forma correta (AWANG, 1997). Segundo Silva
(1997), aproximadamente 11,1% das plantas medicinais apresenta substâncias
tóxicas. Por sua vez, Matos (1997) cita que o aspecto mais importante dos estudos
científicos com plantas medicinais é direcionar a forma correta para o seu uso.
É notável o conhecimento tradicional herdado pela sociedade, sobre o uso de
plantas medicinais, o que aproxima cada vez mais a ciência da descoberta dos seus
princípios ativos, favorecendo com isso todos os seus usuários (COX; BALICK,
1994).
Nem sempre os princípios ativos de uma planta são conhecidos, mas mesmo assim
ela pode apresentar atividade medicinal satisfatória, desde que seja preparada e
usada corretamente. Para que a planta medicinal tenha efeito e propicie uma
melhora rápida, é preciso que seja colhida pela manhã, pois é o momento em que
há maior quantidade de princípios ativos. É preciso que a planta seja manipulada de
forma a preservar esta quantidade de princípios ativos conferindo o máximo de
eficácia (PINTO, 2005).
15
Desde que utilizada na dosagem correta, os efeitos colaterais dos fitoterápicos são
poucos. A maioria dos efeitos colaterais conhecidos, registrados para plantas
medicinais, são extrínsecos a preparações e estão relacionados a diversos
problemas de processamentos, tais como identificação incorreta das plantas,
necessidade de padronização, prática deficiente de processamento, contaminação,
substituição e adulteração de plantas, preparação e/ou dosagem incorreta
(ARNOUS, 2005).
Atualmente, ainda existem pessoas que possuem receio em utilizar plantas
medicinais, contudo, essa realidade esta sendo mudada, pois os produtores
procuram investir na melhoria da qualidade com isso consequentemente pretendem
gerar confiabilidade dos produtos fitoterápicos, para que os profissionais de saúde
se sintam seguros em prescrevê-los (RIGOTTI, 2009).
O maior problema na comercialização de fitoterápicos no Brasil é a falta de um
estudo cientifico que lhe garanta eficácia, segurança e qualidade, padrões estes com
bases científicas para a segurança dos usuários. Muitos exemplos de plantas
medicinais brasileiras comercializadas no Brasil são vendidas sem nenhum estudo
da sua eficácia e segurança. Assim, as plantas medicinais ainda são pouco
conhecidas e se constituem num fascinante assunto de pesquisa acadêmica (PINTO
et al., 2002).
Muitas pessoas recorrem aos remédios, ditos naturais, sem o conhecimento prévio
de seus princípios ativos, sem os devidos cuidados de qualidade e segurança que
podem causar a saúde, para a cura de enfermidades. Portanto, a medicina oficial a
cada dia que passa se torna algo de difícil acesso para a maioria do povo brasileiro,
dados aos altos custos das consultas médicas e dos remédios, fazendo com que as
plantas medicinais sejam utilizadas com maior frequência (ALVES et al., 2007).
Porém, Lameira (2004) dizem que, a orientação médica, em caso de doença, não
deve ser eliminada, mesmo possuindo elementos como uma horta medicinal ou uma
farmácia viva.
16
Segundo Lorenzetti et al. (2006), o cultivo de plantas medicinais domiciliar tornou-se
uma das formas mais importantes no processo de divulgação da utilização das
plantas como medicamentos, por não requerer uma área muito grande, nem
depender de custos elevados para a sua implantação. Contudo, muitas das fontes
de informação não tem um critério pré estabelecido e acabam apresentando uma
linguagem de difícil compreensão. Neste sentido, a escola deve orientar os alunos,
objetivando esclarecimentos e conhecimento de práticas que poderão auxiliar no
entendimento de sistemas de plantio e cultivo de plantas medicinais.
17
3
METODOLOGIA
3.1 ASPECTOS GERAIS
O estudo foi desenvolvido na Escola Municipal Carlos Pereira da Silva do município
de Cabaceiras do Paraguaçu, BA, no período de outubro a novembro de 2012, com
alunos do 6° e 7° ano do Ensino Fundamental, totalizando uma população de 300
alunos sendo que destes, 50 responderam o questionário.
3.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Como procedimento metodológico, foi realizado um levantamento prévio sobre o
estudo em questão, buscando um levantamento teórico a partir das concepções e
ponto de vista dos principais estudiosos que se dedicaram ao estudo dessa
temática.
Primeiro foi entregue um termo de consentimento aos pais dos alunos autorizando
que os mesmos participem da pesquisa. Em um segundo momento foi aplicado um
questionário com os alunos, com a finalidade de diagnosticar o uso e conhecimento
das plantas medicinais mais utilizadas pelos alunos e seus familiares.
Para análise dos dados apoiou-se nos procedimentos qualitativos e quantitativos,
uma vez que estes contribuem para o desenvolvimento de uma análise
fundamentada nas perspectivas interpretativas lógicas.
Durante esse período foi feito um questionário com alunos do 6º e 7º ano do Colégio
Municipal Carlos Pereira da Silva, na Cidade de Cabaceiras do Paraguaçu – BA. A
faixa etária dos entrevistados variou entre 12 e 22 anos. Todos são moradores da
comunidade de Geolândia. Seguindo a metodologia de Martins (2000), utilizou-se os
dados socioeconômicos para caracterizar diferentes aspectos da comunidade e dos
usuais consumidores das plantas.
18
3.3 PARÂMETROS AVALIADOS

Identificar se as plantas medicinais são utilizadas com frequência pelos
alunos e seus familiares.

Identificar como os alunos adquirem os conhecimentos sobre plantas
medicinais.

Identificar as partes das plantas medicinais que são utilizadas com maior
frequência.
19
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a análise das entrevistas dos 50 alunos, foi possível observar que a maioria
tinha conhecimento do uso de plantas medicinais, ao todo foram citadas 17 plantas
medicinais utilizadas por eles.
Na primeira questão “Você faz uso de plantas medicinais como medicamento? Qual
(ais)?”, buscava-se saber se o aluno conhecia algumas plantas medicinais e se tinha
o costume de utilizá-las (Quadro 1).
NOME POPULAR RESPOSTAS
1
Anador
Aroeira
2
Boldo
15
Capim Santo
7
Catinga de Porco
1
Erva cidreira
5
Erva Doce
3
Hortelã Miúdo
1
Manacaru
1
Manjericão
1
Maria Preta
1
Mastruz
2
Novalgina
1
Picão
2
Pitanga
1
Quebra Pedra
2
Quioiô
2
Sim
2
Quadro 1 – Respostas correspondentes à primeira questão, do questionário “Você faz uso de plantas
medicinais? Especifique”, dadas pelos alunos dos Anos Finais da Educação
Fundamental, da Escola Carlos Pereira da Silva, Geolândia-BA, 2012.
20
As plantas mais citadas foram: boldo (15%) erva doce (3%), erva cidreira (5%),
capim santo (7%) e picão (2%). A validação científica da ação terapêutica de
algumas plantas medicinais e a concordância quanto ao seu uso numa comunidade,
podem explicar em parte, o fato de algumas espécies estarem entre as mais citadas
nas farmacopeias populares.
Observou-se que apenas que cerca de 2% dos alunos entrevistados nunca usaram
nenhum tipo de planta medicinal e dentre os que já usaram, as plantas mais citadas
foram o boldo, o capim santo, a erva-cidreira e a erva doce (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Respostas correspondentes à questão “Você faz uso de plantas
medicinais? Especifique”, dadas pelos alunos dos Anos Finais do
Ensino Fundamental da Escola Carlos Pereira da Silva, GeolândiaBA, 2012.
6%
Erva doce
10%
40%
14%
Erva cidreira
Capim santo
Boldo
30%
Outras
Confirma-se a ideia de Passos (1999), de que grande parte da população já fez uso
de algum tipo de planta medicinal buscando aliviar seus males físicos. Além disso,
lembra Sousa; Miranda (2003), o desejo que as pessoas têm de uma vida de hábitos
mais saudáveis tem conduzindo muitas pessoas a buscar tratamento alternativo com
uso de plantas medicinais.
21
Contudo, percebe-se que o uso dessas plantas não se limita apenas às classes mais
baixas, ou às pessoas mais idosas. Atualmente, encontra-se como tratamento
alternativo em praticamente todas as classes sociais e diferentes idades, indicando o
crescimento do uso dessas plantas mesmo com a grande diversidade de
medicamentos farmacêuticos (MAULI; FORTES; ANTUNES, 2007).
Na questão “Com quem aprendeu a utilizar plantas medicinais?” esperava-se saber
quem ensinou o aluno a utilização da planta, com fim medicinal.
Gráfico 2 – Respostas correspondentes à questão: “com quem aprendeu a utilizar
plantas medicinais?” dadas pelos alunos dos Anos Finais do Ensino
Fundamental, da Escola Carlos Pereira da Silva, Geolândia-BA, 2012.
2%
Família
50%
48%
Rezadeiras,
curandeiros e outros
Amigos
Verifica-se que normalmente a aprendizagem sobre o uso de plantas medicinais
começa primeiramente na família, e depois com pessoas que não são da família,
mas, que têm grande conhecimento de ervas medicinal, como as rezadeiras, e os
curandeiros. Segundo Almeida; Albuquerque (2002), a utilização de plantas
medicinais é resultado da influência cultural dos indígenas e da cultura europeia, o
que criou raízes no Brasil e que vem sendo passada de pai para filho.
Na questão “As plantas medicinais, se usadas de maneira inadequada, podem ser
tóxicas?”, os alunos poderiam marcar a alternativa sim, se achassem que as plantas
medicinais também podem ser tóxicas, ou não, se achassem o contrário (Gráfico 3).
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Gráfico 3 – Respostas correspondentes à questão: “As plantas medicinais, se
usadas de maneira inadequada, podem ser tóxicas?”, dadas pelos
alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental, da Escola Carlos
Pereira da Silva, Geolândia -BA, 2012.
16%
Sim
84%
Não
Verifica-se que 16% dos alunos entrevistados não têm conhecimento da toxicidade
das plantas medicinais, e que 84%, sabem que as mesmas podem ser tóxicas se
usadas de maneira inadequada. O mais indicado é que antes de utilizar qualquer
tipo de planta medicinal se procure um profissional que entenda sobre os efeitos
colaterais das mesmas (MARTINS, 2000).
Na questão “Qual a forma de preparo ou utilização das plantas medicinais?”
Desejava-se saber o conhecimento que eles possuíam sobre a maneira correta de
preparo das plantas. Os alunos poderiam assinalar mais de uma alternativa, porém
assinalaram apenas uma (Gráfico 4).
Gráfico 4 – Respostas correspondentes à questão “Qual a forma e utilização das
plantas medicinais”, dadas pelos alunos dos Anos Finais do Ensino
Fundamental da Escola Carlos Pereira da Silva, Geolândia – BA, 2012.
Inalação
Banho
2%
2%
Xarope
6%
Infusão Compressa
12%
0%
Óleos
2%
Chá
76%
23
Quanto às formas de uso, 76% dos entrevistados utilizam na forma de chá, o que
revela o fato de que na maioria das vezes as plantas são utilizadas de maneira
incorreta, até mesmo por não ter conhecimento que apenas as partes duras devem
ser cozidas. Muitas das demais também foram assinaladas, mas o que se percebeu
no decorrer do trabalho é que não sabiam a qual seria mais correta para cada planta
ou parte dela.
A forma de uso é muito importante, pois pode determinar se a planta terá ou não o
efeito positivo no tratamento. Para cada tipo de material vegetal, há uma forma de
preparo que é mais adequada e eficaz (MARTINS, 2000).
Percebe-se que a maioria das pessoas utiliza a forma mais comum de preparo, não
buscando saber se essa é realmente a maneira correta para a planta, ou parte dela,
que está sendo utilizada. Esse comportamento influencia na eficiência de extração
dos princípios ativos desejados.
Bizzo (2002) afirma que não existe contradição entre o conhecimento popular e o
científico, e que não dá para dizer que um está correto e o outro errado em termos
absolutos. Eles estão interligados e precisam ser analisados juntos. Nesta questão,
“Você acredita que as plantas medicinais têm ação benéfica no tratamento de
doenças"? Os alunos foram convidados a responder se acreditam realmente na
ação fitoterápica das plantas medicinais.
Gráfico 5 – Respostas correspondentes à questão “Você acredita que as plantas
medicinais têm ação benéfica no tratamento de doenças” dadas pelos
alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental da Escola Carlos
Pereira da Silva, Geolândia – BA, 2012.
18%
SIM
NÃO
92%
24
A maioria dos alunos respondeu “sim”, e 18% dos entrevistados responderam “não”,
alguns acreditam apenas na eficácia de algumas plantas ou tratamentos.
Martins (2000) afirmam que o uso das plantas medicinais, quando feito com critério,
só tem a contribuir para a saúde de quem o pratica.
Alguns acreditam na ação benéfica da planta, outros, não acreditam, porém utilizam.
Entretanto, percebe-se que eles não têm embasamento científico que confirme a
ação da planta que está sendo utilizada.
Desde cedo, a criança recebe das gerações adultas ações educativas, pela família e
pela escola. São ações formais e informais intimamente relacionados com os valores
culturais da sociedade a qual o indivíduo pertence (TORRES; BOCHNIACK, 2003).
Essas informações vão fazer parte da formação dessa criança, interferindo
diretamente nas suas atitudes, auxiliando no caminho da construção da pessoa
como cidadã.
Nesta questão, os alunos assinalaram os locais onde adquiriam as plantas a serem
consumidas.
Gráfico 6 - Respostas dos alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental da Escola
Carlos Pereira da Silva para a questão: “Onde você adquire as plantas
medicinais?” Geolândia – BA, 2012.
Mercado Feira livre
Casa de Farmácia
2%
6%
4%
produtos
naturais
2%
Vizinhos
22%
Própria casa
64%
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Analisando as respostas dos alunos, verificamos que todas as alternativas foram
assinaladas; entretanto, teve maior frequência “Própria casa” e “Vizinhos”.
A pesquisa revela também que o cultivo destas plantas é bem comum conforme se
pode constatar no resultado em que 64% dos 50 alunos entrevistados afirmaram
adquirir as plantas medicinais no seu próprio quintal e 22% com os seus vizinhos.
Essa integração com os vizinhos pode explicar a declaração de Morin (2001) quando
reforça que a cultura reproduzida em cada indivíduo mantém a identidade humana
naquilo que têm de especifico como identidades sociais.
Gráfico 7 – Respostas dos alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental da
Escola Carlos Pereira da Silva para a questão: “Qual a parte da planta
mais utilizada?” Geolândia – BA, 2012.
Caule Fruto Flor
2% 2%
Raiz 6%
4%
Folha
86%
Quanto à parte vegetal utilizada nas preparações dos remédios caseiros, observouse uma maior utilização das folhas com 43 citações, ou seja, 86% dos entrevistados
utilizam as folhas na forma de chá, seguido de caule com três citações, raiz com
duas citações, os frutos e as flores com apenas uma citação.
26
5
CONCLUSÃO
Avaliando os resultados do trabalho e comparando com os objetivos propostos foi
possível constatar que os alunos do 6° e 7° ano do Colégio Carlos Pereira da Silva,
possuem um conhecimento sobre as plantas medicinais, que as mais usadas pelos
alunos possui atividade farmacológica cientificamente comprovada, e são cultivadas
nos próprios quintais de suas casas seguindo os costumes passados de geração a
geração.
As grandes partes das espécies de plantas medicinais mencionadas e utilizadas
pelos alunos possuem atividade farmacológica cientifica comprovada, confirmando
que elas propiciam uma melhor qualidade de vida, quando empregadas da maneira
correta.
Os alunos possuem pouco conhecimento sobre os princípios ativos, ou seja, não
sabem se existe toxicidade em algumas plantas medicinais, o que acaba sendo
preocupante quanto a sua utilização. Mesmo assim, o pouco conhecimento que
possuem foi adquirido pela família o que constata que o uso de plantas medicinais
tem influência dos nossos antepassados.
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6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos nesse trabalho levam a crer que é necessária a realização de
novos estudos, a fim de analisar os potenciais terapêuticos e constatar os princípios
ativos de algumas plantas medicinais usadas pelos alunos.
Faz-se necessária também, a aplicação de um projeto interativo para que esse tema
seja trabalhado na escola e que se crie uma estrutura de desenvolvimento de ações
com definição de objetivos e metas ambientais, envolvendo, não só o professor de
Ciências, mais os professores das demais disciplinas.
Sendo assim, afirma-se que este trabalho revelou uma grande riqueza de
informações, o que foi de fundamental importância para troca de informações,
divulgação do conhecimento e valorização do ensino e da Pesquisa entre os alunos
dos Anos Finais do Ensino Fundamental da Escola Carlos Pereira da Silva.
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APÊNDICE
Nome: _____________________________________________________________
Idade:________________ Série: _______________ Turno: ___________________
Questionário sobre uso de plantas medicinais
01 - Você faz uso de plantas medicinais como medicamento?
()Sim
( )Não
Especifique: _________________________________________________________
02 - Com quem aprendeu a usar plantas?
(
) família
(
) vizinho
(
) amigos
(
) curandeiros, rezadeiras
Outros: _____________________________________________________________
03 – As plantas medicinais se usadas de maneira inadequada podem ser tóxicas?
( ) Sim
( ) Não
04- Qual a forma de utilização das plantas medicinais:
( ) Inalação
( ) Infusão
( ) Xarope
( ) Compressa
( ) Banho
( ) Chá
( ) Óleo
05- Você acredita que as plantas medicinais são mais eficientes que os remédios
farmacêuticos?
( ) Sim
( ) Não
06- Assinale o local onde você adquire as plantas medicinais:
( ) Vizinho
( ) Feira livre
( ) Casa de Produtos Naturais
( ) Casa própria
( ) Farmácia
( ) Mercado
07- Qual a parte da planta mais utilizada:
( ) Raiz
( ) Fruto
( ) Caule
( ) Flor
( ) Folha
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