9 1 INTRODUÇÃO Segundo o autor Pinto (2005), a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1978), classifica a planta medicinal, como todo e qualquer vegetal que possui uma ou mais substância utilizadas para fins terapêuticos. As plantas podem ser classificadas de acordo com sua ordem de importância, como: as usadas na finalidade terapêutica e as usadas para obtenção de princípios ativos. Sendo assim, toda planta que exerce algum tipo de farmacologia é considerado como planta medicinal. Embora a medicina moderna esteja bem desenvolvida, a maioria da população dos países depende das plantas medicinais para a sua atenção primaria e, grande parte da população faz uso de algum tipo de erva medicinal para a cura de alguns sintomas, doloroso ou desagradável. Segundo Simões et al. (1998), muitos fatores têm contribuído para o aumento da utilização das plantas medicinais nas comunidades rurais, entre os quais o alto custo dos medicamentos industrializados, o difícil acesso da população à assistência médica, além da maior margem de segurança dos fitoterápicos quando comparados com os medicamentos sintéticos. No Brasil, o uso de plantas medicinais como meio cura entre a população é feita de maneira incorreta, pois muitas plantas possuem efeitos tóxicos, e sua automedicação pode causar sérios problemas á saúde (SOARES, 2002). Outro aspecto é o fato de seus usuários conhecerem apenas os nomes populares, quando se sabe que um mesmo nome popular é atribuído a várias plantas. Embora a população acredite que as plantas medicinais por serem obtidas de fontes naturais, não possuem efeitos colaterais imediatos, estudos clínicos mostram que nem sempre decorrem de fatores inerentes ao produto, mas sim do modo de utilização das mesmas, como, dosagem excessiva e incorreta, interação com outros medicamentos, e reações alergias as substâncias existentes nas plantas, entre outros (YUNES; CALISTO, 2001). O uso de plantas por parte das famílias tem como objetivo a promoção da saúde, o tratamento de doenças, visando uma melhor qualidade de vida, evitando o uso de 10 medicamentos farmacêuticos. Contudo, é necessário conhecer sua composição química e contraindicações antes de orientação do seu uso, para que se possa usufruir de seus benefícios á saúde. Medeiros (2001) afirma que a maneira como é repassada o conhecimento sobre plantas medicinais no seio familiar é feita de forma difusa. De acordo com Ceolin et al. (2011), a família representa a principal fonte de transmissão de conhecimento em relação as plantas medicinais, é um saber que não se esgota, pelo contrario se amplia através das trocas de conhecimentos entre os membros da família. Esta construção se dar de forma oral e através do convívio familiar e demais membros da comunidade na qual estão inseridos. Segundo Arnous (2005). O reconhecimento e o resgate da sabedoria popular sobre as plantas medicinais são fundamental ás famílias rurais pelo fato da fitoterapia caseira ser fonte de cura, muitas vezes a único devido á falta de outros recursos para cuidar da saúde. O contexto familiar possui um rico conhecimento próprio, que é repassado de geração a geração, muitas vezes com algumas particularidades que ficam restritas somente aquelas família. É na família que as plantas são utilizadas com a finalidade de prevenir e tratar as doenças (DI STASI, 2007). O uso tradicional sobre plantas medicinais significa muitas das vezes à única forma de tratamento de muitas comunidades rurais. Nas regiões mais carentes e até em grandes cidades brasileiras, plantas são comercializadas em feiras livres, mercados populares e quintais residenciais. Dessa forma, usuários de plantas medicinais mantêm a pratica do consumo de fitoterápicos, tornando validados os conhecimentos que foram passados durante séculos (LÓPEZ, 2006). De acordo com as Diretrizes Curriculares do Ensino de Ciências (BRASIL, 2008) é necessário que o conhecimento adquirido pelos estudantes no seu convívio familiar seja valorizado, tornando-os como pontos de partida para a formação de conceitos científicos. Já Auth (2007), aborda a escola como uma ferramenta de resgate do 11 conhecimento sobre plantas medicinais, de promover a construção de atitudes que respeite o conhecimento tradicional e valorização da mesma. Dentro desse mesmo contexto, Souto; Silva (2010) atribuíram à escola a responsabilidade de despertar em seus educandos uma postura de reflexão e valorização da cultura na qual estão inseridos. Essas informações devem ser adaptadas à realidade das comunidades que costumam utilizar algumas plantas como potencial medicinal, porém deve haver um suporte da Secretaria Municipal de Saúde, com o auxilio dos agentes de saúde, pois o conhecimento da medicina caseira é limitado, principalmente, acerca dos princípios ativos contida nas plantas. Portanto, ao resgatar o saber popular, a exemplo das plantas medicinais e incorporá-las ao conhecimento científico, deve haver cuidados para que a escola enquanto espaço de conhecimentos, não só regenere a origem do saber popular, mas que valorize o incremento de estudos científicos, possibilitando a aproximação entre o conhecimento resultante das pesquisas científicas e aquelas acumuladas nas experiências de vida comum dos alunos (VIVEIROS; GOULART; ALVIN, 2004). O aluno durante sua formação profissional, não deve adotar uma postura alienada, mas uma conduta questionadora na determinação de praticas terapêutica que atenda a seus interesses de saúde, adequando-as a sua realidade, como ressaltado por Freire (1997). Sendo assim, as escolas enquanto espaços de construção de conhecimento deve ser o ponto de partida para se investigar o nível de informações, que os educandos originários de comunidades rurais possuem a cerca das plantas medicinais, seus usos, propriedades e potencial ação. Desse modo o presente trabalho, objetiva conhecer quanto do conhecimento tradicional a respeito das plantas medicinais ainda é possível de ser conhecida, bem como de sofrer intervenções posteriores no sentido de levar a difusão do conhecimento terapêutico das mesmas Com isso, o presente trabalho teve como objetivo geral, diagnosticar o nível do uso tradicional e de conhecimento das plantas medicinais como fonte de recurso terapêutico por alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental do Colégio Carlos 12 Pereira da Silva, bem como identificar se as plantas medicinais são utilizadas com frequência, motivo e sua forma de uso pelos alunos e seus familiares. 13 2 REVISÃO DE LITERATURA As plantas medicinais são utilizadas pelos homens desde a pré-história, quando descobriram suas propriedades curativas através das observações feitas a partir do comportamento dos animais na cura de suas feridas e dores, contudo esse uso foi passado de geração a geração até os dias atuais (FERRO, 2006). O Brasil é considerado um país de megabiodiversidade biológica, em razão da presença maciça de espécies variadas em seus diferentes ecossistemas. Contudo os povos indígenas são em grande parte responsáveis pela conservação e pela própria diversidade biológica de nosso ecossistema (STOCKMANN et al., 2007). Quando os primeiros europeus chegaram ao Brasil se depararam com inúmeras espécies de plantas medicinais que eram usadas pelos índios. As plantas que já eram conhecidas por eles foram incorporadas as espécies nativas. Os escravos, por sua vez deram sua contribuição trazendo espécies da África, muitas delas usadas nos rituais religiosos, o que fez aumentar a quantidade já existente da flora medicinal brasileira (MATOS, 2008). Segundo Adeodalto (1996), deve existir um resgate da fitoterapia para que muitas plantas medicinais não desapareçam das matas, antes de haver um estudo cientifico sobre as mesmas. Como principal providência deve haver técnicas de colheita e conhecimento dos princípios ativos, não comprometendo a reprodução da espécie para poder transformá-las em remédios. A utilização de plantas medicinais é uma das mais antigas práticas empregadas para tratamento de enfermidades humanas. Muito do que se sabe a respeito de tratamentos com plantas medicinais provém do conhecimento popular. Apesar da evolução do conhecimento científico, a utilização dos métodos alternativos de cura pelo uso das plantas medicinais ainda é muito frequente, fato ocorrido principalmente devido ao alto custo dos medicamentos sintéticos e a facilidade de obtenção das mesmas (VASCONCELOS, 2001). 14 A difusão do conhecimento popular permitiu que as plantas medicinais fossem positivamente relacionadas para sanar a necessidade de cura de determinadas enfermidades primárias. Sendo assim, a transmissão destes conhecimentos, muitas vezes de forma oral, permitiu que várias gerações tivessem acesso a diversas formas de tratamento (MACIEL, 2002). O conhecimento acumulado pela população e a forma de conservação das plantas representa o inicio para uma descoberta de novos medicamentos farmacêuticos (BRITO, 1993). Desta forma as práticas relacionadas ao uso popular de plantas medicinais são o que muitas comunidades têm como alternativa viável para o tratamento de doenças ou manutenção de saúde (YUNES; CALIXTO, 2001). Com isso, os estudos científicos fornecem subsídios para que a população possa utilizar as plantas medicinais da forma correta (AWANG, 1997). Segundo Silva (1997), aproximadamente 11,1% das plantas medicinais apresenta substâncias tóxicas. Por sua vez, Matos (1997) cita que o aspecto mais importante dos estudos científicos com plantas medicinais é direcionar a forma correta para o seu uso. É notável o conhecimento tradicional herdado pela sociedade, sobre o uso de plantas medicinais, o que aproxima cada vez mais a ciência da descoberta dos seus princípios ativos, favorecendo com isso todos os seus usuários (COX; BALICK, 1994). Nem sempre os princípios ativos de uma planta são conhecidos, mas mesmo assim ela pode apresentar atividade medicinal satisfatória, desde que seja preparada e usada corretamente. Para que a planta medicinal tenha efeito e propicie uma melhora rápida, é preciso que seja colhida pela manhã, pois é o momento em que há maior quantidade de princípios ativos. É preciso que a planta seja manipulada de forma a preservar esta quantidade de princípios ativos conferindo o máximo de eficácia (PINTO, 2005). 15 Desde que utilizada na dosagem correta, os efeitos colaterais dos fitoterápicos são poucos. A maioria dos efeitos colaterais conhecidos, registrados para plantas medicinais, são extrínsecos a preparações e estão relacionados a diversos problemas de processamentos, tais como identificação incorreta das plantas, necessidade de padronização, prática deficiente de processamento, contaminação, substituição e adulteração de plantas, preparação e/ou dosagem incorreta (ARNOUS, 2005). Atualmente, ainda existem pessoas que possuem receio em utilizar plantas medicinais, contudo, essa realidade esta sendo mudada, pois os produtores procuram investir na melhoria da qualidade com isso consequentemente pretendem gerar confiabilidade dos produtos fitoterápicos, para que os profissionais de saúde se sintam seguros em prescrevê-los (RIGOTTI, 2009). O maior problema na comercialização de fitoterápicos no Brasil é a falta de um estudo cientifico que lhe garanta eficácia, segurança e qualidade, padrões estes com bases científicas para a segurança dos usuários. Muitos exemplos de plantas medicinais brasileiras comercializadas no Brasil são vendidas sem nenhum estudo da sua eficácia e segurança. Assim, as plantas medicinais ainda são pouco conhecidas e se constituem num fascinante assunto de pesquisa acadêmica (PINTO et al., 2002). Muitas pessoas recorrem aos remédios, ditos naturais, sem o conhecimento prévio de seus princípios ativos, sem os devidos cuidados de qualidade e segurança que podem causar a saúde, para a cura de enfermidades. Portanto, a medicina oficial a cada dia que passa se torna algo de difícil acesso para a maioria do povo brasileiro, dados aos altos custos das consultas médicas e dos remédios, fazendo com que as plantas medicinais sejam utilizadas com maior frequência (ALVES et al., 2007). Porém, Lameira (2004) dizem que, a orientação médica, em caso de doença, não deve ser eliminada, mesmo possuindo elementos como uma horta medicinal ou uma farmácia viva. 16 Segundo Lorenzetti et al. (2006), o cultivo de plantas medicinais domiciliar tornou-se uma das formas mais importantes no processo de divulgação da utilização das plantas como medicamentos, por não requerer uma área muito grande, nem depender de custos elevados para a sua implantação. Contudo, muitas das fontes de informação não tem um critério pré estabelecido e acabam apresentando uma linguagem de difícil compreensão. Neste sentido, a escola deve orientar os alunos, objetivando esclarecimentos e conhecimento de práticas que poderão auxiliar no entendimento de sistemas de plantio e cultivo de plantas medicinais. 17 3 METODOLOGIA 3.1 ASPECTOS GERAIS O estudo foi desenvolvido na Escola Municipal Carlos Pereira da Silva do município de Cabaceiras do Paraguaçu, BA, no período de outubro a novembro de 2012, com alunos do 6° e 7° ano do Ensino Fundamental, totalizando uma população de 300 alunos sendo que destes, 50 responderam o questionário. 3.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Como procedimento metodológico, foi realizado um levantamento prévio sobre o estudo em questão, buscando um levantamento teórico a partir das concepções e ponto de vista dos principais estudiosos que se dedicaram ao estudo dessa temática. Primeiro foi entregue um termo de consentimento aos pais dos alunos autorizando que os mesmos participem da pesquisa. Em um segundo momento foi aplicado um questionário com os alunos, com a finalidade de diagnosticar o uso e conhecimento das plantas medicinais mais utilizadas pelos alunos e seus familiares. Para análise dos dados apoiou-se nos procedimentos qualitativos e quantitativos, uma vez que estes contribuem para o desenvolvimento de uma análise fundamentada nas perspectivas interpretativas lógicas. Durante esse período foi feito um questionário com alunos do 6º e 7º ano do Colégio Municipal Carlos Pereira da Silva, na Cidade de Cabaceiras do Paraguaçu – BA. A faixa etária dos entrevistados variou entre 12 e 22 anos. Todos são moradores da comunidade de Geolândia. Seguindo a metodologia de Martins (2000), utilizou-se os dados socioeconômicos para caracterizar diferentes aspectos da comunidade e dos usuais consumidores das plantas. 18 3.3 PARÂMETROS AVALIADOS Identificar se as plantas medicinais são utilizadas com frequência pelos alunos e seus familiares. Identificar como os alunos adquirem os conhecimentos sobre plantas medicinais. Identificar as partes das plantas medicinais que são utilizadas com maior frequência. 19 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a análise das entrevistas dos 50 alunos, foi possível observar que a maioria tinha conhecimento do uso de plantas medicinais, ao todo foram citadas 17 plantas medicinais utilizadas por eles. Na primeira questão “Você faz uso de plantas medicinais como medicamento? Qual (ais)?”, buscava-se saber se o aluno conhecia algumas plantas medicinais e se tinha o costume de utilizá-las (Quadro 1). NOME POPULAR RESPOSTAS 1 Anador Aroeira 2 Boldo 15 Capim Santo 7 Catinga de Porco 1 Erva cidreira 5 Erva Doce 3 Hortelã Miúdo 1 Manacaru 1 Manjericão 1 Maria Preta 1 Mastruz 2 Novalgina 1 Picão 2 Pitanga 1 Quebra Pedra 2 Quioiô 2 Sim 2 Quadro 1 – Respostas correspondentes à primeira questão, do questionário “Você faz uso de plantas medicinais? Especifique”, dadas pelos alunos dos Anos Finais da Educação Fundamental, da Escola Carlos Pereira da Silva, Geolândia-BA, 2012. 20 As plantas mais citadas foram: boldo (15%) erva doce (3%), erva cidreira (5%), capim santo (7%) e picão (2%). A validação científica da ação terapêutica de algumas plantas medicinais e a concordância quanto ao seu uso numa comunidade, podem explicar em parte, o fato de algumas espécies estarem entre as mais citadas nas farmacopeias populares. Observou-se que apenas que cerca de 2% dos alunos entrevistados nunca usaram nenhum tipo de planta medicinal e dentre os que já usaram, as plantas mais citadas foram o boldo, o capim santo, a erva-cidreira e a erva doce (Gráfico 1). Gráfico 1 – Respostas correspondentes à questão “Você faz uso de plantas medicinais? Especifique”, dadas pelos alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental da Escola Carlos Pereira da Silva, GeolândiaBA, 2012. 6% Erva doce 10% 40% 14% Erva cidreira Capim santo Boldo 30% Outras Confirma-se a ideia de Passos (1999), de que grande parte da população já fez uso de algum tipo de planta medicinal buscando aliviar seus males físicos. Além disso, lembra Sousa; Miranda (2003), o desejo que as pessoas têm de uma vida de hábitos mais saudáveis tem conduzindo muitas pessoas a buscar tratamento alternativo com uso de plantas medicinais. 21 Contudo, percebe-se que o uso dessas plantas não se limita apenas às classes mais baixas, ou às pessoas mais idosas. Atualmente, encontra-se como tratamento alternativo em praticamente todas as classes sociais e diferentes idades, indicando o crescimento do uso dessas plantas mesmo com a grande diversidade de medicamentos farmacêuticos (MAULI; FORTES; ANTUNES, 2007). Na questão “Com quem aprendeu a utilizar plantas medicinais?” esperava-se saber quem ensinou o aluno a utilização da planta, com fim medicinal. Gráfico 2 – Respostas correspondentes à questão: “com quem aprendeu a utilizar plantas medicinais?” dadas pelos alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental, da Escola Carlos Pereira da Silva, Geolândia-BA, 2012. 2% Família 50% 48% Rezadeiras, curandeiros e outros Amigos Verifica-se que normalmente a aprendizagem sobre o uso de plantas medicinais começa primeiramente na família, e depois com pessoas que não são da família, mas, que têm grande conhecimento de ervas medicinal, como as rezadeiras, e os curandeiros. Segundo Almeida; Albuquerque (2002), a utilização de plantas medicinais é resultado da influência cultural dos indígenas e da cultura europeia, o que criou raízes no Brasil e que vem sendo passada de pai para filho. Na questão “As plantas medicinais, se usadas de maneira inadequada, podem ser tóxicas?”, os alunos poderiam marcar a alternativa sim, se achassem que as plantas medicinais também podem ser tóxicas, ou não, se achassem o contrário (Gráfico 3). 22 Gráfico 3 – Respostas correspondentes à questão: “As plantas medicinais, se usadas de maneira inadequada, podem ser tóxicas?”, dadas pelos alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental, da Escola Carlos Pereira da Silva, Geolândia -BA, 2012. 16% Sim 84% Não Verifica-se que 16% dos alunos entrevistados não têm conhecimento da toxicidade das plantas medicinais, e que 84%, sabem que as mesmas podem ser tóxicas se usadas de maneira inadequada. O mais indicado é que antes de utilizar qualquer tipo de planta medicinal se procure um profissional que entenda sobre os efeitos colaterais das mesmas (MARTINS, 2000). Na questão “Qual a forma de preparo ou utilização das plantas medicinais?” Desejava-se saber o conhecimento que eles possuíam sobre a maneira correta de preparo das plantas. Os alunos poderiam assinalar mais de uma alternativa, porém assinalaram apenas uma (Gráfico 4). Gráfico 4 – Respostas correspondentes à questão “Qual a forma e utilização das plantas medicinais”, dadas pelos alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental da Escola Carlos Pereira da Silva, Geolândia – BA, 2012. Inalação Banho 2% 2% Xarope 6% Infusão Compressa 12% 0% Óleos 2% Chá 76% 23 Quanto às formas de uso, 76% dos entrevistados utilizam na forma de chá, o que revela o fato de que na maioria das vezes as plantas são utilizadas de maneira incorreta, até mesmo por não ter conhecimento que apenas as partes duras devem ser cozidas. Muitas das demais também foram assinaladas, mas o que se percebeu no decorrer do trabalho é que não sabiam a qual seria mais correta para cada planta ou parte dela. A forma de uso é muito importante, pois pode determinar se a planta terá ou não o efeito positivo no tratamento. Para cada tipo de material vegetal, há uma forma de preparo que é mais adequada e eficaz (MARTINS, 2000). Percebe-se que a maioria das pessoas utiliza a forma mais comum de preparo, não buscando saber se essa é realmente a maneira correta para a planta, ou parte dela, que está sendo utilizada. Esse comportamento influencia na eficiência de extração dos princípios ativos desejados. Bizzo (2002) afirma que não existe contradição entre o conhecimento popular e o científico, e que não dá para dizer que um está correto e o outro errado em termos absolutos. Eles estão interligados e precisam ser analisados juntos. Nesta questão, “Você acredita que as plantas medicinais têm ação benéfica no tratamento de doenças"? Os alunos foram convidados a responder se acreditam realmente na ação fitoterápica das plantas medicinais. Gráfico 5 – Respostas correspondentes à questão “Você acredita que as plantas medicinais têm ação benéfica no tratamento de doenças” dadas pelos alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental da Escola Carlos Pereira da Silva, Geolândia – BA, 2012. 18% SIM NÃO 92% 24 A maioria dos alunos respondeu “sim”, e 18% dos entrevistados responderam “não”, alguns acreditam apenas na eficácia de algumas plantas ou tratamentos. Martins (2000) afirmam que o uso das plantas medicinais, quando feito com critério, só tem a contribuir para a saúde de quem o pratica. Alguns acreditam na ação benéfica da planta, outros, não acreditam, porém utilizam. Entretanto, percebe-se que eles não têm embasamento científico que confirme a ação da planta que está sendo utilizada. Desde cedo, a criança recebe das gerações adultas ações educativas, pela família e pela escola. São ações formais e informais intimamente relacionados com os valores culturais da sociedade a qual o indivíduo pertence (TORRES; BOCHNIACK, 2003). Essas informações vão fazer parte da formação dessa criança, interferindo diretamente nas suas atitudes, auxiliando no caminho da construção da pessoa como cidadã. Nesta questão, os alunos assinalaram os locais onde adquiriam as plantas a serem consumidas. Gráfico 6 - Respostas dos alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental da Escola Carlos Pereira da Silva para a questão: “Onde você adquire as plantas medicinais?” Geolândia – BA, 2012. Mercado Feira livre Casa de Farmácia 2% 6% 4% produtos naturais 2% Vizinhos 22% Própria casa 64% 25 Analisando as respostas dos alunos, verificamos que todas as alternativas foram assinaladas; entretanto, teve maior frequência “Própria casa” e “Vizinhos”. A pesquisa revela também que o cultivo destas plantas é bem comum conforme se pode constatar no resultado em que 64% dos 50 alunos entrevistados afirmaram adquirir as plantas medicinais no seu próprio quintal e 22% com os seus vizinhos. Essa integração com os vizinhos pode explicar a declaração de Morin (2001) quando reforça que a cultura reproduzida em cada indivíduo mantém a identidade humana naquilo que têm de especifico como identidades sociais. Gráfico 7 – Respostas dos alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental da Escola Carlos Pereira da Silva para a questão: “Qual a parte da planta mais utilizada?” Geolândia – BA, 2012. Caule Fruto Flor 2% 2% Raiz 6% 4% Folha 86% Quanto à parte vegetal utilizada nas preparações dos remédios caseiros, observouse uma maior utilização das folhas com 43 citações, ou seja, 86% dos entrevistados utilizam as folhas na forma de chá, seguido de caule com três citações, raiz com duas citações, os frutos e as flores com apenas uma citação. 26 5 CONCLUSÃO Avaliando os resultados do trabalho e comparando com os objetivos propostos foi possível constatar que os alunos do 6° e 7° ano do Colégio Carlos Pereira da Silva, possuem um conhecimento sobre as plantas medicinais, que as mais usadas pelos alunos possui atividade farmacológica cientificamente comprovada, e são cultivadas nos próprios quintais de suas casas seguindo os costumes passados de geração a geração. As grandes partes das espécies de plantas medicinais mencionadas e utilizadas pelos alunos possuem atividade farmacológica cientifica comprovada, confirmando que elas propiciam uma melhor qualidade de vida, quando empregadas da maneira correta. Os alunos possuem pouco conhecimento sobre os princípios ativos, ou seja, não sabem se existe toxicidade em algumas plantas medicinais, o que acaba sendo preocupante quanto a sua utilização. Mesmo assim, o pouco conhecimento que possuem foi adquirido pela família o que constata que o uso de plantas medicinais tem influência dos nossos antepassados. 27 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados obtidos nesse trabalho levam a crer que é necessária a realização de novos estudos, a fim de analisar os potenciais terapêuticos e constatar os princípios ativos de algumas plantas medicinais usadas pelos alunos. Faz-se necessária também, a aplicação de um projeto interativo para que esse tema seja trabalhado na escola e que se crie uma estrutura de desenvolvimento de ações com definição de objetivos e metas ambientais, envolvendo, não só o professor de Ciências, mais os professores das demais disciplinas. Sendo assim, afirma-se que este trabalho revelou uma grande riqueza de informações, o que foi de fundamental importância para troca de informações, divulgação do conhecimento e valorização do ensino e da Pesquisa entre os alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental da Escola Carlos Pereira da Silva. 28 REFERÊNCIAS ADEODALTO, S. Uma farmácia no fundo do quintal. Globo Ciência, v. 6, n. 64, p. 44-49, 1996. ALMEIDA, C. F. C. B. R.; ALBUQUERQUE, U. P. Uso de plantas e animais medicinais no estado de Pernambuco. Interciência, v. 27, n. 6, p. 276-284, 2002. ALVES, R. R. N.; SILVA, A. A. G.; SOUTO, W. M. S.; BARBOSA, R. R. D. 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()Sim ( )Não Especifique: _________________________________________________________ 02 - Com quem aprendeu a usar plantas? ( ) família ( ) vizinho ( ) amigos ( ) curandeiros, rezadeiras Outros: _____________________________________________________________ 03 – As plantas medicinais se usadas de maneira inadequada podem ser tóxicas? ( ) Sim ( ) Não 04- Qual a forma de utilização das plantas medicinais: ( ) Inalação ( ) Infusão ( ) Xarope ( ) Compressa ( ) Banho ( ) Chá ( ) Óleo 05- Você acredita que as plantas medicinais são mais eficientes que os remédios farmacêuticos? ( ) Sim ( ) Não 06- Assinale o local onde você adquire as plantas medicinais: ( ) Vizinho ( ) Feira livre ( ) Casa de Produtos Naturais ( ) Casa própria ( ) Farmácia ( ) Mercado 07- Qual a parte da planta mais utilizada: ( ) Raiz ( ) Fruto ( ) Caule ( ) Flor ( ) Folha