UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A Importância do desenvolvimento neuropsicomotor em crianças de 2a 4anos. Por: ISABEL CRISTINA BARRETO FIGUEIREDO Orientador Profª. : Fabiane Muniz Co-orientador Profª. : Fátima Alves Rio de Janeiro 2005 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A importância do desenvolvimento neuropsicomotor em crianças de 2 a 4 anos. Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicomotricidade. Objetiva-se conhecer a importância do processo de desenvolvimento neuropsicomotor em crianças de 2 a 4 anos. Agradecimentos A Deus que sempre esteve presente nesta jornada, onde nas dificuldades encontradas sua presença fez com que eu tivesse força e coragem para não desistir e chegar até aqui. As amigas, pelo apoio, paciência e ajuda sempre que necessária. A psicomotricista e fonoaudióloga Fátima Alves, pelo apoio e orientações dadas. A orientadora da monografia, Fabiane Muniz. Minha eterna gratidão Dedicatória Dedico ao meu filho, Antonio Carlos que é o ser mais precioso que tenho, e a meu pai, José Figueiredo que me acompanhou no início desse curso me incentivando a realizá-lo. Apesar de agora estar bem distante de nós. Resumo O objetivo deste trabalho é mostrar a riqueza de aprendizagem de uma criança em seu meio biopsicosocial, que antecede a entrada da pré-escola; mas também foi mostrado seu lado patológico para que sirva de alerta aos pais e responsáveis, mostrando também que não se deve nunca perder as esperanças dando enfoque a importância da dificuldade e como o profissional psicomotricista é crucial nesta empreitada, caminhando junto à criança e a família. Os capítulos foram divididos da seguinte forma, baseando-se no primeiro a parte neurológica que envolve o desenvolvimento neuropsicomotor. Já o segundo enfoca o desenvolvimento neuropsicomotor propriamente dito. O terceiro fala dos distúrbios, quais os possíveis problemas que acarretam. No quarto fala da relação do brinquedo com a aprendizagem. Já o quinto mostra a importância do brincar no desenvolvimento psicomotor. O sexto a educação e reeducação psicomotora. Fecho o meu trabalho concluindo sobre tudo que foi escrito e estudado. Metodologia Este trabalho foi baseado em pesquisas bibliográficas com o intuito de ajudar a esclarecer um assunto tão rico e de abrangência enorme: O desenvolvimento neuropsicomotor. A faixa etária escolhida foi de dois a quatro anos, porém houve a necessidade de incluir noções dos aspectos de desenvolvimento anteriores a essa faixa etária. Sumário Introdução Capítulo I Bases neurológicas 10 Capítulo II Desenvolvimento Infantil 62 Capítulo III Distúrbios neuropsicomotores 75 Capitulo IV A Relação do brinquedo com a aprendizagem 87 Capitulo V A importância do brincar no desenvolvimento psicomotor 88 Capítulo VI Educação e reeducação psicomotora 89 Conclusão 96 Bibliografia 97 Índice 98 Introdução O desenvolvimento neuropsicomotor é de suma importância, merece especial atenção pois mostra de forma clara como ele acontece quando o desenvolvimento neurológico e o psicomotor estão interligados, trabalhando concomitantemente de forma engenhosa e precisa .É algo tão complexo mas que de forma espetacular acontece em todo ser humano. A criança aos poucos amadurece neurologicamente, percorrendo diversos caminhos que aos poucos se unem e eclodem em uma grande descoberta, é como uma viagem deslumbrante. Qual a importância do desenvolvimento neuropsicomotor em crianças? Quando alterado, como pode afetá-las? Como os profissionais podem resolver essas alterações? Para existir um bom desenvolvimento motor, é necessária a maturação de alguns tecidos nervosos, aumento em tamanho e complexidade do sistema nervoso central, além do crescimento de ossos e músculos. É importante ressaltar que é junto à família que a criança aprende a formar a base da noção do seu “eu corporal”, isso tudo mediado pelos sentimentos da criança, por isso nessa fase o apoio é fundamental para que não ocorra reação negativa e conseqüentemente problemas. É preciso que a criança possa integrar cada um de seus progressos antes de adquirir um novo. Pelo desenvolvimento neuropsicomotor é que ocorre a formação global do indivíduo, onde a maturação neurológica caminha junto com a descoberta do ser como um todo e de suas potencialidades. A criança desde seu nascimento amadurece neurologicamente através das influências externas e experiência vivida, aos poucos, com o desenvolvimento neuropsicomotor se prepara para fase pré-escolar que também são ricas em experiências, porém, caso ocorra algum transtorno ou distúrbio em algum desses momentos, essa maturação será afetada e conseqüentemente o seu desenvolvimento será alterado, prejudicando assim a criança na sua vida social e escolar. É preciso lembrar também que a criança merece nesse momento uma atenção especial, pois se sente rejeitada pelos colegas e pelo ambiente que vive. Reintegrá-las a seu meio social é de primordial importância. Mostrar como é importante o desenvolvimento neuropsicomotor em crianças nessa fase que antecede o período escolar, onde qualquer deslize prejudicará todo o desenvolvimento global do indivíduo, influenciando seu futuro social e escolar. Esclarecer o assunto para provar que é possível educar e ou reeducar essas crianças, que por algum motivo ocorrido em seu desenvolvimento neuropsicomotor, ela foi afetada. É importante favorecer a criança com oportunidades de perceber que é capaz de realizar da melhor forma, e dentro dos seus próprios limites.Toda a experiência vivida em conjunto com a carga emocional organiza-se formando um comportamento sensório-motor global que é propicio a função de ajustamento necessária a toda criança. É necessário um trabalho em conjunto com outros profissionais e principalmente com a família, pois a maior parte do tempo dessa criança é com a família.A orientação deve ser feita, e, mostrar sempre como coisas simples como o brincar são de suma importância. O lúdico, a imaginação, o carinho e, sobretudo o respeito, são ferramentas importantíssimas para os terapeutas. Essa pesquisa abrangerá crianças de uma faixa etária de dois a quatro anos, pois é a fase do “eu corporal” rica em aquisições e que antecede a préescola.A criança passa do meio familiar para ser introduzida na escola um novo meio social.Através de pesquisa bibliográfica. I – Bases neurológicas: 1.1 Formação do sistema nervoso: Este estudo neurológico é baseado no livro de Roberto Lent,2004,porém há alguns momentos em que outros autores são citados,neste caso são identificados quando ocorrer. Ao iniciar o maravilhoso processo do encontro do espermatozóide com o óvulo, forma-se o zigoto e iniciam-se as várias etapas de modificações que fará surgir o embrião.No dia seguinte à fecundação na trompa de falópio, o zigoto sofre divisões mitóticas chegando a ponto de uma pequena esfera sólida cheia de células (parece uma amora) que se chama mórula. Esta prossegue sua divisão e, ao chegar ao útero, surge uma cavidade em seu interior denominada blastocele, que, a partir de agora, a mórula é oca e será chamada de blástula, que se implanta na parede do útero. A divisão celular continua, só que agora é mais localizada em um dos pólos e ao terminar a primeira semana de gravidez a blástula está bem inserida na parede do útero, passando agora a se chamar blastocisto. Surge nesta região mais espessa uma nova cavidade chamada amniótica. Entre esta cavidade e a blastocele, aparece uma estrutura plana em forma de fita, formada por dois folhetos de células que as separa. Tais folhetos são denominados de endoderma, o mais interno, e, ectoderma, o mais externo. É deste último que irá se originar o sistema nervoso. Pode-se dizer que os folhetos são o embrião na sua forma mais precoce. Ocorrerá no ectoderma por volta da segunda para terceira semana gestacional, uma invaginação onde as células aumentam rapidamente e deslocam-se para um orifício, gerando aí um terceiro folheto entre os dois já existentes e denominado mesoderma. Este junto com o ectoderma que o cobre, dando início ao primeiro indicio de formação de um espessamento do ectoderma que se localiza acima do notocorda, agora chamado neuroectoderma, formando o sistema nervoso. Esta união faz com que as células se alonguem e fiquem cilíndricas, surgindo daí a placa neural, onde as células continuam seu processo mitótico, tornando-se prismáticas e fazendo com que ocorra um dobramento da placa neural que continua a crescer de forma progressiva, ficando mais espessa, adquirindo, assim, um sulco longitudinal, denominado sulco neural. Ocorre o dobramento da placa neural em torno do sulco. Esta placa se fecha sobre si mesma, dando origem ao tubo neural. Na junção dos lábios do sulco neural surgem às cristas neurais, que são lâminas longitudinais e seu crescimento se dá no sentido crânio - caudal. O tubo neural originará o sistema nervoso central e da crista neural originar-se-á o sistema nervoso periférico. É importante salientar que, com, um mês de vida, paralelo ao sistema nervoso, vários órgãos já iniciaram formação. Quando ocorre o fechamento do tubo neural, ocorre que na extremidade dele surgem três dilatações como se fossem “bolhas” chamadas vesículas encefálicas primitivas, devido ao aumento celular no local. Elas são conhecidas como prosencéfalo (anterior), Mesencéfalo (meio) e robencéfalo (posterior). No seu interior existe um líquido denominado fluído orgânico que dará origem aos ventrículos cerebrais e aos canais de comunicação entre eles. No segundo mês o tubo neural se encurva e as vesículas se subdividem e passam a ser cinco, ocorrendo a divisão embrionária (didática). O prosencéfalo (anterior) divide-se em telencéfalo e diencéfalo. O telencéfalo, por sua vez, divide-se em córtex cerebral e núcleos de base, enquanto que o diencéfalo, não se divide.O mesencéfalo (meio) também não se divide.O robencéfalo (posterior), se divide em metencéfalo que por sua vez divide-se em cerebelo e ponte. Do robencéfalo também surge o mielencéfalo que originará o bulbo. Por trás do mielencéfalo o tubo neural permanece cilíndrico transformando-se aos poucos na medula espinhal primitiva. A medula primitiva dará origem à medula espinhal. As cristas neurais se formam nos dois lados do tubo neural quando ele se fecha, dando origem à maioria das estruturas do sistema nervoso periférico, além de outros tecidos como a pele ( melanócitos - células de pigmentação), migram para outras regiões formando gânglios (espinhais e autonômicos). As células da glia (bainha de mielina), porção medular da glândula supra-renal. Mesmo em fases mais adiantadas, permanecem nas extremidades cranial e caudal do embrião dois pequenos orifícios que são denominados, neuróporo rostral e neuróporo caudal. São essas últimas partes do sistema nervoso que se fecham. O sistema nervoso é dividido em central e periférico, sendo que o central abrange estruturas dentro do crânio e da coluna vertebral e o periférico abrange várias estruturas do nosso organismo. É importante frisar que essa divisão é mais esquemática, pois os nervos e as raízes nervosas para que ocorram conexões com o sistema nervoso central, penetram no crânio e no canal vertebral, além de alguns gânglios que se localizam dentro do esqueleto axial (cavidade craniana e canal vertebral). Tanto um como outro possui células primordiais, chamadas de neurônios e gliócitos. O primeiro tipo celular é uma unidade sinalizadora do sistema nervoso com funções de processamento e transmissão de sinais ( dendritos- antena / axônios – leva as mensagens). A comunicação neuronal é feita através de sinapses (entre dois neurônios ou entre um neurônio e uma célula muscular). Ela pode transmitir mensagens entre duas células, bloquear ou até modificar a informação. É o impulso nervoso o principal sinal de comunicação dos neurônios. Os neurônios apresentam identidade funcional e são agrupados, fazendo com que as diferentes funções sejam localizadas em regiões restritas, onde cada região faz a sua parte, integrando-as. Já os gliócitos desempenham papel de infra-estrutura (nutrem, sustentam mecanicamente, controlam o metabolismo, colaboram na construção do tecido nervoso, funcionam como células imunitárias), para que os neurônios desempenhem o seu papel. Eles são as células neuronais e seu conjunto recebem o nome de neuroglia. Cada função é feita por uma determinada parte do sistema nervoso, mas todas funcionam sincronicamente. Com o passar do tempo o sistema nervoso se modifica, fazendo com que ele passe por todas as etapas até chegar à sua morte. Os neurônios, conhecidos como unidades sinalizadoras, especializam-se gradativamente, respeitando uma seqüência. As células se dividem muitas vezes até que isso é interrompido, para que migrem a seu destino, adquirindo características morfológicas, funcionais e químicas, com o objetivo de enviar axônios e fazer sinapses. O desenvolvimento neural acaba através da eliminação seletiva dos neurônios, axônios e sinapses excedentes além da mielinização dos feixes.Quando acontecem as etapas degenerativas, chega-se a um ponto que ocorre a morte do sistema nervoso, e, aos poucos, ele se degenera, e o cérebro apresenta dificuldade em sintetizar as substâncias essenciais ao neurônio e sintetizam substâncias anômalas que ficam no tecido e com isso as deficiências surgem, o indivíduo envelhece e, por fim, a morte. No sistema nervoso encontra-se uma unidade processadora de sinais que recebe o nome de sinapse, é por ela que é feita a transmissão de mensagens entre o neurônio e a célula. Quando isso ocorre pode haver modificações nesse caminho, pois o sistema nervoso apresenta grande flexibilidade em suas funções. Essas unidades podem ser químicas ou elétricas. As elétricas são junções comunicantes, conhecidas como sincronizadores celulares, sua comunicação é rápida e de alta fidelidade.As químicas, são complexas, e, no decorrer do caminho até à célula, podem modificar as mensagens, quando necessário. Apresentam armazenamento de substâncias neurotransmissoras e neuromodeladoras que pode influenciar no potencial de ação do neurônio em sua fase pós – sináptica. O trabalho de processamento da informação no processo sináptico ocorre de forma integrada e sincrônica: desta forma, a mensagem é realizada através do axônio do segundo neurônio, para as outras células. Ao sistema nervoso central pertencem, o encéfalo,que está situado dentro do crânio neural, a medula, que se localiza dentro do canal vertebral, e estes (encéfalo + medula) juntos, constituem o neuro-eixo. Os nervos são cordões esbranquiçados que unem o SNC aos órgãos periféricos. Se esta união é feita com o encéfalo, os nervos são ditos cranianos: se esta união é feita com a medula, são ditos espinhais. Em alguns nervos existem dilatações constituídas de corpos de neurônios, que se denominam gânglios. Tais gânglios podem ser sensitivos ou motores viscerais do sistema nervoso autônomo. Os nervos são constituídos de fibras e nas suas extremidades situam-se terminações nervosas que, funcionalmente, são sensitivas ou aferentes e motoras ou eferentes. cérebro Encéfalo cerebelo tronco encefálico mesencéfalo ponte SNC bulbo Sistema nervoso Medula espinhal espinhais Nervos SNP gânglios cranianos terminações nervosas Fonte: Angelo Machado,p11,1991 Já foi visto anteriormente, a divisão do sistema nervoso, baseados em sua anatomia, agora será visto baseado em critérios funcionais, e posteriormente em sua segmentação. Com base nesses critérios funcionais ele se divide em somático ou visceral. O somático apresenta componentes aferentes e eferentes. Os aferentes levam aos centros nervosos impulsos originados em receptores periféricos, informandoos sobre o que se passa no meio ambiente, já o eferente leva aos músculos estriados esqueléticos, o comando dos centros nervosos, resultando em movimentos voluntários. O visceral está relacionado com a inervação e controle das estruturas viscerais. É importante, pois mantêm a constância do meio interno e se divide também em aferente e eferente. O componente aferente leva os impulsos nervosos originados dos visceroceptores a áreas específicas do sistema nervoso. Já o componente eferente leva os impulsos originados em certos centros nervosos até às vísceras que terminam em glândulas, músculos lisos ou músculo cardíaco. Esse componente é denominado sistema nervoso autônomo e pode ser subdividido em simpático e parassimpático, de acordo com vários critérios. aferente Sistema nervoso somático Divisão Funcional eferente do Sistema aferente Nervoso Sistema nervoso visceral eferente (SNA)→simpático parassimpático Fonte: Ângelo Machado, p 13,1991 Há também uma outra divisão do sistema nervoso. Sua divisão acontece quanto a sua segmentação, que pode ser supra-segmentar e segmentar. Esta divisão é evidenciada pelas conexões com os nervos. Ao sistema nervoso segmentar pertence todo o sistema nervoso periférico e parte do sistema nervoso central que é a medula espinhal e o tronco encefálico, pois estão em contato direto com os nervos típicos. O sistema nervoso supra-segmentar engloba a outra parte do sistema nervoso central, ou seja, o cérebro e o cerebelo. Nota-se também que as comunicações ente o sistema nervoso supra-segmentar e os órgãos periféricos, receptores e efetuadores, se fazem através do sistema nervoso segmentar. No entanto pode-se classificar os arcos reflexos em supra segmentares, quando o componente aferente se liga ao eferente no sistema nervoso supra segmentar, e segmentares quando isto ocorre também no sistema nervoso segmentar. Conhecendo-se a divisão do SNC pode-se falar de uma forma geral, em sua organização morfofuncional. Os neurônios sensitivos conduzem ao sistema nervoso segmentar os impulsos nervosos que foram originados em receptores situados na superfície (Ex. : pele), ou no interior do animal. Os prolongamentos centrais destes neurônios ligam-se diretamente (reflexos simples) por meio de neurônios de associação aos neurônios motores (somáticos/ viscerais), os quais levam impulsos a músculos ou a glândulas, formando-se assim arcos reflexos monosinápticos ou polisinápticos. Os neurônios sensitivos ligam-se rapidamente aos neurônios de associação situados no sistema nervoso segmentar, levando o impulso ao cérebro onde é interpretado, tornando-se consciente e enviando uma resposta (Ex.: dor). As fibras que levam ao sistema nervoso supra-segmentar as informações recebidas no sistema nervoso segmentar constituem as grandes vias ascendentes do sistema nervoso. Em virtude da informação que recebeu, os neurônios de associação do seu córtex cerebral enviam uma “ordem” através das fibras descendentes aos neurônios motores situados no sistema nervoso segmentar que retransmitem a ordem aos músculos que comandam, para que o ato seja realizado. A coordenação destes movimentos é feita pelo cérebro, que recebe por meio do sistema nervoso segmentar, informações sobre o grau de contração dos músculos e envia por meio de vias descendentes complexas, impulsos capazes de coordenar a resposta motora. O sistema nervoso apresenta capacidade de se adaptar, principalmente os neurônios em relação ao meio externo que cerca esse indivíduo. A isso se dá o nome de neuroplasticidade ou plasticidade. É um processo que pode variar desde respostas de lesões destrutivas até pequenas alterações de memória, além de outras. Ela é maior durante o desenvolvimento e se esvai conforme o indivíduo se torna adulto, sem acabar.Os tipos são vários, dentre elas tem-se a regeneração axônica, sinaptica, dendrítica e somática. Quando se fala em regeneração quer se dizer recrescimento de axônios lesados o que acontece mais no sistema nervoso periférico que são ajudados pelos gliócitos, porém é no sistema nervoso central que esse processo é interrompido, pela glia, que produz a mielina. A regeneração axônica é que reorganiza a distribuição em resposta aos estímulos do meio, já a sináptica é a base celular e molecular de alguns tipos de memória e é por ela que ocorre o aumento da eficácia da transmissão, no caso da dendrítica é ela que reorganiza sua morfologia de acordo com o estímulo do meio, acontece nos troncos, ramos e espinhas dendriticas, no caso dos adultos só na espinha dendrítica, que é a sede das estruturas da plasticidade sináptica, e por fim a somática que regula a proliferação ou a morte de células nervosas. Este fato só acontece no sistema nervoso central embrionário, que é capaz de proliferação e não responde ao meio, porém há regiões do sistema nervoso central adulto que tem a capacidade de responder pela substituição do neurônio que morre. É importante saber que na neuroplasticidade, nem sempre é compensatória, pois as transformações neuronais que respondem ao meio, podem não restabelecer funções perdidas, podendo levar a funções patológicas. Os estudos continuam, pois ainda falta esclarecer muitas coisas. 1.1.1 Nervos Cranianos 1.1.1.1 Sensibilidade No indivíduo existem receptores sensoriais, que traduzem a informação do meio ambiente para o sistema nervoso, através dos sentidos do ser humano, que não se restringe à visão, à audição, à sensibilidade corporal, à olfação e à gustação. O nosso cérebro é capaz de perceber muito além, sem que o ser humano se dê conta (movimentos viscerais, temperatura do sangue, posição espacial, etc...). Qualquer informação é recebida e processada pelo sistema nervoso de forma contínua, sobre a posição e o movimento das partes do corpo, e de forma globalizada sobre as condições das vísceras, textura de objetos, sua forma e temperatura, além da situação dos tecidos. Tudo isso é selecionado filtrado e encaminhado às regiões neuronais destinadas a que sejam usados quando necessárias, ou seja, é a percepção de informações sensitivas que se dá através de um processamento neural, onde gera reconhecimentos do mundo em que o indivíduo habita. Essa sensibilidade geral do corpo é designada de somestesia, e está composta de várias submodalidades, onde as que se destacam são o tato, a propriocepção, a termosensibilidade e a dor. Segundo dados colhidos de diversos autores, é importante frisar que não existe separação entre a sensibilidade ou inervação aferente e a motricidade ou inervação eferente, pois, ambas estão intimamente interligadas, constituindo uma estreita unidade biológica. Para iniciar esse assunto é necessário entender o que são nervos. São cordões esbranquiçados, constituídos por feixes de fibras nervosas que são reforçados por tecido conjuntivo, unindo o sistema nervoso central aos órgãos periféricos. Estes nervos podem ser espinhais, se a união for feita com a medula e, cranianos, se esta união for feita com o encéfalo. Sua função se baseia na condução de impulsos nervosos do sistema nervoso central para a periferia (impulso eferente) e da periferia para o SNC (impulsos aferentes), através de suas fibras. Essas fibras nervosas que constituem os nervos são em geral mielínicas com neurilema, com algumas exceções. Os nervos são muito vascularizados, onde são percorridos longitudinalmente por vasos que se anastomosam. Os nervos são quase totalmente desprovidos de sensibilidade. Se um nervo é estimulado ao longo do seu trajeto, a sensação é geralmente, dolorosa, não no ponto estimulado, mas no território sensitivo que ele inerva. Durante o caminho percorrido esses nervos se bifurcam ou então se anastomosam. Porém, não é o caso das fibras nervosas e sim de um reagrupamento de fibras que passam a constituir dois nervos ou então que se separam de um nervo para seguir outro. Sabe-se que os nervos espinhais originam-se na medula e os cranianos no encéfalo. Ocorre diferenças em um nervo de origem real (corresponde ao local onde estão localizados os corpos dos neurônios que constituem os nervos) e um de origem aparente (corresponde a ponto de emergência ou entrada do nervo na superfície do sistema nervoso central). A condução de impulsos nervosos sensitivos ou aferentes acontece nos nervos através de prolongamentos periféricos dos neurônios sensitivos. O corpo desses neurônios sensitivos se localiza nos gânglios das raízes dorsais dos nervos espinhais e nos gânglios de alguns nervos cranianos. Estas células (pseudo-unipolares), possuem um segmento periférico que se liga ao receptor e um seguimento central que se liga a neurônios da medula ou do tronco encefálico. O impulso nervoso é conduzido pelo prolongamento periférico, e este é morfologicamente um axônio, sendo, pois, funcionalmente um dendrito. Já o prolongamento central é um axônio no sentido morfológico e funcional uma vez que conduz centrifugamente. Esses impulsos nervosos sensitivos são conduzidos do prolongamento periférico para o central não passando pelo corpo celular. Já os impulsos nervosos motores são conduzidos do corpo celular para o efetuador. Pode-se estimular experimentalmente um nervo isolado dependendo apenas da extremidade estimulada. Essa velocidade de condução nas fibras nervosas depende do calibre da fibra. Essas fibras se subdividem em ABC (grande, médio e pequeno calibre). Ocorre muito frequentemente com os nervos periféricos, traumatismos devido a esmagamentos ou secções que geram conseqüências ,como perda ou diminuição da sensibilidade e da motricidade no território inervado. A conduta cirúrgica que deve ser aplicada deve ser orientada pelos fenômenos ocorridos Isto é muito importante para o médico. São muito intensas as alterações do corpo, ocasionando a desintegração do neurônio. A recuperação ocorre na maioria dos casos. Ocorre recuperação funcional completa, às vezes, com maior intensidade, e outros, com menor intensidade, quando ocorre reinervação dentro de algum tempo. Embora seja recomendado que a sutura feita no nervo lesado, seja precoce, ocorrem êxitos mesmo em lesões antigas. As terminações nervosas podem ser complexas, ou não, e localizam-se na extremidade periférica das fibras nervosas dos nervos. Dividem-se em sensitivas ou aferentes, onde encontramos os receptores.,e, motoras ou eferentes. Tais terminações sensitivas se forem estimulados adequadamente, através de energia, geram um impulso nervoso; este, percorre a fibra, sendo levado ao SNC, chegando a áreas específicas do cérebro onde é decodificado, gerando as diversas formas de sensibilidade. São as terminações nervosas motoras que fazem a ligação entre as fibras e o músculo. Para que o impulso nervoso chegue ao seu destino e desencadeie as diversas formas de sensibilidade, existe um elemento de fundamental importância, o receptor que é uma terminação nervosa sensível ao estímulo que identifica a via, ou seja, existe um receptor para cada tipo de sensibilidade. Quando este receptor é conectado, por meio de fibras às áreas específicas do córtex, ocorre à discriminação sensorial, acontecendo algumas exceções com os receptores cutâneos. A área de projeção cortical é localizada no córtex cerebral ou córtex cerebelar. Se esta área se localiza no córtex cerebral, a via nos fará permitir a distinção dos diversos tipos de sensibilidade (consciente), é formado por três neurônios se esta área for no córtex cerebelar. Neste caso não determina qualquer manifestação sensorial e produz uma função primordial de integração motora (inconsciente) formada por dois neurônios. Como já foi visto, o caminho que é seguido pelo impulso nervoso quando chega ao cérebro, é interpretado, resultando nas diferentes formas de sensibilidade. As vias que as conduzem são bi ou trineurais e possuem receptores específicos, terminações e vias próprias onde é necessário o conhecimento semiológico para que se possa avaliar. Assim sendo, as principais terminações nervosas encapsuladas serão mostradas a seguir. → Corpúsculo de Krause Localização: principalmente na derme no conjuntivo e na mucosa dos órgãos genitais externos. Função: receptores do frio → Corpúsculo de Meissner Localização: mais abundantes nas papilas dérmicas da pele espessa das mãos e dos pés. Função: receptores do tato (principalmente o epicrítico) → Corpúsculo de Vater - Paccini Localização: distribuição ampla ocorrendo no tecido celular subcutâneo das mãos e dos pés ou mesmo em territórios mais profundos (peritônio, cápsula de vários tendões, septos intermusculares, periósteo etc) Função: sensibilidade proprioceptiva → Corpúsculo de Ruffini Localização: distribuição igual dos anteriores Função: receptores de calor Dentro da submodalidade do tato e das fibras proprioceptivas, existem subsistemas chamados de sistema epicrítico (é preciso, rápido, discriminativo, e tem representação espacial), com funções discriminativas, e precisão sensorial (acuidade), além do sistema protopático (grosseiro, lento e impreciso), com funções de termosensibilidade, dor e sensibilidade grosseira do tato (menos discriminativo e menos preciso). A somestesia no sistema nervoso central, na sua maioria é contralateral, onde o hemisfério esquerdo recebe informações do lado direito do corpo e viceversa.Esta informação é interpretada e direcionada ao tálamo, onde os axônios (neurônio de terceira ordem) conduzem a mensagem para as regiões somestésicas do córtex cerebral.Já as fibras proprioceptivas secundárias permanecem no mesmo lado, se direcionando ao cerebelo, onde localizam os neurônios de terceira ordem, formando circuitos intracerebelares, não projetando as áreas do córtex. Encontram-se também fibras nociceptivas de segunda ordem que se conectam com o tronco encefálico, iniciando sinapses que levam a informação dolorosa a várias áreas cerebrais. No tato, os receptores situam-se na cabeça e abaixo dela. Os primeiros ligam-se a fibras que formam alguns dos nervos cranianos, principalmente o V par (trigêmeo) que passa pelo sistema nervoso central, no tronco encefálico. Já os que ficam abaixo, se juntam às fibras nervosas que formam os nervos espinhais e penetram no sistema nervoso central pelas raízes dorsais da medula.O tato se desenvolve por volta do segundo mês. O epicrítico apresenta duas submodalidades, o tato fino e a propriocepção consciente, com receptores localizados na pele e mucosas (tato) e nos músculos e articulações (propriocepção). Neurônios primários (gânglios periféricos), neurônios de segunda ordem (tronco encefálico do mesmo lado), neurônios de terceira ordem (tálamo somestésico do lado oposto), neurônios de quarta ordem (giro póscentral do córtex cerebral). O protopático produz a termosensibilidade e a dor. Os receptores são situados na pele e mucosas e tecidos do corpo menos o nervoso, na termosensibilidade. Os neurônios primários nos gânglios periféricos, já os de segunda ordem ficam geralmente na medula, no cruzamento de linha média e os de terceira ordem ficam no tálamo no lado oposto, e os de quarta ordem, no córtex. A termosensibilidade se dá também de forma consciente e inconsciente e são os mesmos receptores que atuam para ambos. Pelo primeiro componente percebe-se a temperatura do ambiente organizando o comportamento humano para a situação. Apresenta também termoreceptores nas paredes das vísceras digestivas e respiratórias. O inconsciente e o consciente se diferem, pois, os receptores da pele e das vísceras, fazem uso de receptores especiais situados no sistema circulatório e no cérebro, formulando as respostas vegetativas (tremer de frio).São processos primordiais para que a temperatura ideal seja mantida em equilíbrio.(Roberto Lent, 2004) Na dor, as fibras terminam na formação reticular e em outros núcleos do tronco encefálico.A dor apresenta uma particularidade, pois é ela que faz a proteção e sobrevivência do ser, apresentando também mecanismos analgésicos endógenos. É ela que nos limita em proteção do organismo e também nos avisa de qualquer estímulo externo que cause lesão ao mesmo.Os receptores da dor estão distribuídos em todos os tecidos do organismo, exceto no sistema nervoso central (tecido nervoso) (Roberto Lent,2004). Outra submodalidade importante é a propriocepção, pois é através dela que se tem noção da posição das partes do corpo em vários momentos. Percebem-se também os movimentos das partes do corpo e dele como um todo.Ela apresenta, além de um componente consciente, outro inconsciente que participa do controle da motricidade.As informações são encaminhadas ao córtex através dos receptores musculares e articulares, tornando-se conscientes e se ajustando às diversas situações, às posições do corpo e seus movimentos (Roberto Lent,2004). A visão também é muito importante, esta é codificada pelo processo visual, indo por vias paralelas da retina ao tálamo e por fim ao córtex. É esse percurso que permite ao ser humano olhar e através desse processo, identificar, codificar e traduzir o estímulo visual. A maturação ocorre por volta do oitavo mês. No cérebro apresenta-se de forma às vezes mais claras, ou nem tanto, dependendo de sua função. Um mapa que representa todo o nosso corpo, recebe o nome de somatotopia. Cientificamente seria a representação da superfície cutânea ou do interior do corpo, nas vias e núcleos somestésicos (Roberto Lent,2004). → Terminações livres Função: receptores de dor Os nervos espinhais são responsáveis pela inervação do tronco, dos membros e parte da cabeça. São em número de 31 pares de seguimentos medulares. Se divide em: - 08 pares de nervos cervicais - 12 pares de nervos torácicos - 05 pares de nervos lombares - 05 pares de nervos sacrais - 01 par de nervos coccígeno Cada nervo é formado pela união das raízes dorsal e ventral ou ligam-se aos sulcos lateral posterior e lateral anterior da medula através de filamentos radiculares. Na raiz dorsal está o gânglio espinhal onde fica os corpos do neurônio sensitivo pseudo-unipolares, cujos prolongamentos central e periférico formam a raiz. A raiz ventral se forma por axônios que se originam em neurônios situados nas colunas anterior e lateral da medula. Da raiz dorsal sensitiva com a raiz ventral motora forma-se o tronco do nervo espinhal. Funcionalmente é misto. O nervo trigêmeo possui uma raiz sensitiva e outra motora, além de três ramos, o nervo oftálmico, o maxilar e o mandibular controlando a sensibilidade somática geral de grande parte da cabeça das fibras aferentes somáticas gerais que geram impulsos extereoceptivos e proprioceptivos. No caso da sensibilidade consciente dividiremos em 3 neurônios: Neurônio I Localização: fora do SNC, em um gânglio sensitivo. Neurônio II Localização: coluna posterior da medula ou em núcleos do tronco encefálico (exceções vias ópticas e olfatória). Neurônio III Localização: tálamo * * Via temperatura e dor São vias que penetram no SNC através dos nervos espinhais. Os receptores do frio, do calor e da temperatura são respectivamente os corpúsculos de Krause, Ruffini e as terminações nervosas livres. Dividiu-se as vias em: Neurônio I Localização: gânglios espinhais, situados nas raízes dorsais. Neurônio II Localização: coluna posterior Neurônio III Localização: núcleo ventral póstero lateral do tálamo. É através dessa via que chegam ao córtex cerebral os impulsos nervosos mandados pelos receptores térmicos e dolorosos que se localizam no tronco e nos membros. Em nível talâmico estes impulsos se tornam conscientes. * * Via de pressão e tato protopático Já se conhece os receptores de pressão que é o Corpúsculo de Vater Paccini, o do tato que é o de Meissner e as ramificações dos axônios em torno dos folículos pilosos. Para entender melhor o processo dividiu-se em 3 neurônios: Neurônio I Localização; gânglios espinhais situados nas raízes dorsais. Neurônio II Localização: coluna posterior da medula. Constitui o tracto espino talâmico anterior. Neurônio III Localização: núcleo ventral póstero lateral do tálamo, que chega ao córtex, impulsos originados nos receptores de pressão e de tato que se localizam no tronco e nos membros, tornando-se consciente a nível talâmico. * * Via de propriocepção consciente e tato epicrítico. Já os responsáveis pela propriocepção consciente são terminações nervosas complexas situadas nos tendões ligamentos e cápsulas articulares, dividem-se em 3 neurônios: Neurônio I Localização: gânglios espinhais Neurônio II Localização: núcleos grácil e cuneiforme do bulbo. Neurônio III Localização: situado no núcleo ventral póstero lateral do tálamo. É através dessa via que chegam os impulsos ao córtex que são responsáveis pelo tato epicrítico, a propriocepção consciente ou sinestesia e a sensibilidade vibratória. O tato epicrítico e a propriocepção permitem ao indivíduo a diferença consciente de dois pontos e reconhecimento da forma tamanho dos objetos (estereognosia). Tais impulsos só se tornam conscientes em nível cortical. * * Via da propriocepção consciente Sabe-se que os receptores são fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos situados nos músculos e tendões. Divide-se em 2 neurônios: Neurônio I Localização: gânglios espinhais situados nas raízes dorsais. Tais neurônios podem se localizar em três vias diferentes até o cerebelo. Neurônio II 1ª parte: Localização: núcleo torácico ou dorsal. 2ª parte: Localização: base da coluna posterior e substância cinzenta intermédia central. 3ª parte: Localização: núcleo cuneiforme, acessório do bulbo, aí chegam os impulsos proprioceptivos do pescoço e membros superiores. * * Vias da sensibilidade visceral É uma terminação nervosa livre. Embora exista, também, corpúsculo de Vater-Paccini na cápsula de algumas vísceras. O que interessa são os que atingem os níveis mais altos de nervo e se tornam conscientes, pois está relacionado com a dor visceral. * * Vias trigeminais A sensibilidade somática geral da cabeça penetra no tronco encefálico pelos nervos V, VII, IX e X sendo que o mais importante é o trigêmeo. Os demais só inervam um pequeno território sensitivo, situado no pavilhão auditivo e no meato acústico externo. A via trigeminal se divide em: * Extereoceptiva Receptores são idênticos aos das vias medulares de temperatura, dor, pressão e tato. Neurônio I Localização: gânglios sensitivos anexos aos nervos V, VII, IX e X. - Gânglio trigeminal (V) - Gânglio geniculado (VII) - Gânglio superior do glossofaríngeo - Gânglio superior do vago Neurônio II Localização: núcleo do tracto espinhal ou no núcleo sensitivo principal do trigêmeo. No primeiro caso, levam impulsos de tato discriminativo (epicrítico). No segundo caso levam impulsos de temperatura e dor e no terceiro relacionamse no trato protopático e pressão. Nos casos de cirurgia irá depender do que for seccionado. Neurônio III Localização: núcleo ventral póstero medial do tálamo. * Proprioceptiva Localização: no núcleo do tracto mesencefálico. Possui os mesmos valores funcionais das células ganglionares. São neurônios idênticos aos glanglionares. Prolongamento periférico: liga-se aos fusos neuromusculares situados na musculatura mastigadora, mímica e língua e é ligado a receptores na área de articulação temporo - mandibular e nos dentes, nos quais geram informações sobre a posição da mandíbula e força da mordida. Prolongamento central: estabelece sinapse com neurônios do núcleo motor do V. formando-se arcos reflexos simples como o reflexo mandibular. Outros levam impulsos proprioceptivos inconscientes ao cerebelo. Uma outra parte faz sinápse no núcleo sensitivo principal de onde os impulsos proprioceptivos conscientes através do lemnisco trigeminal vão para o tálamo e de lá para o córtex. * * Vias Gustativas Oportunamente, poderão surgir o corpúsculo, na língua e epiglote. Os impulsos que se originam nos corpúsculos situados em 2/3 anteriores da língua após o trajeto periférico pelos nervos lingual e a corda do tímpano chegam ao SNC pelos nervos intermediários (VII par). Já os impulsos situados em 1/3 posteriores da língua e os da epiglote penetram no SNC, pelo glossofaríngeo e vago. Dividem-se em 3 neurônios, sendo que o 1º se localiza nos gânglios geniculado (inferior do IX) e o 2º se localiza no núcleo do tracto solitário e o 3º no tálamo, no núcleo ventral póstero medial.O órgão receptor é a cavidade oral, além das fibras aferentes dos três nervos cranianos, que se ligam ao tracto solitário no tronco encefálico, distribuindo a informação para o tálamo, o córtex ou regiões interessadas.Pela gustação, percebem-se sabores (doce, azedo, salgado e amargo). * * Via Olfatória Os receptores são os cílios olfatórios das vesículas olfatórias, se divide em 2 neurônios. O 1º são as próprias células olfatórias e se localizam na mucosa olfatória. O 2º são células mitrais que constituem os glomérulos olfatórios. A olfação é um sistema por onde se percebe diferentes substâncias que atinge o ser humano através do ar. É por esse sistema que se identifica vários odores agradáveis, ou não. É pelo nariz que se inicia o processo, depois pelo bulbo olfatório, o córtex piriforme, amígdalas, além de outras estruturas.Após o odor percorrer esse caminho ele é traduzido em padrões de impulsos que são reconhecidos através das regiões corticais. * * Via Auditiva Os receptores se localizam no órgão espiral (di Corti) situados na cóclea do ouvido interno e divide-se em 4 neurônios. O 1º localiza-se no gânglio espiral, situado na cóclea. O 2º se situa nos núcleos cocleares dorsal e ventral. O 3º localiza-se no colículo inferior e o 4º no corpo geniculado medial. A audição é uma importante modalidade sensorial, pois é através dela que os seres percebem estímulos sonoros do meio externo, codificando e traduzindo para uma boa relação com o mundo.A maturação ocorre no sétimo mês. * * Vias vestibulares conscientes e inconscientes Os receptores, assim como os neurônios, se localizam na retina e posteriormente na íris. A maturação ocorre no quarto mês. Classificação: S Inconsciente E N Especial S (sensorial) I visão, audição olfato, gustação Consciente B tátil I Geral → Extereoceptiva dolorosa L ↓ térmica I Proprioceptiva tato epicrítico D sensibilidade vibratória A estereognosia D barestesia E dor profunda noções de posição segmentar Objetiva: Qualidade e intensidade das percepções após estímulos sensitivos. Subjetiva: Dados colhidos na história relatada pelo paciente. As vias da sensibilidade levam os estímulos essenciais ao cérebro, proporcionando, ao indivíduo acometido, maiores chances de recuperação. São os nervos cranianos que fazem conexão com o encéfalo, somente os nervos olfatórios e ópticos que se ligam ao telencéfalo e ao diencéfalo. Os doze pares de nervos cranianos serão descritos abaixo: 1º par: olfatório Função: olfato Origem aparente no encéfalo: bulbo olfatório Origem aparente no crânio: lâmina crivosa do osso etmóide. * É um nervo exclusivamente sensitivo e suas fibras são classificadas como aferentes viscerais especiais. 2º par: óptico Função: conduz impulsos visuais Origem aparente no encéfalo: quiasma óptico Origem aparente no crânio: canal óptico * É um nervo exclusivamente sensitivo e suas fibras são classificadas em aferentes somáticas especiais. 3º par: oculomotor Função: controla a musculatura extrínseca do olho exceto o reto lateral e o oblíquo, controla o eiliar e esfinceter da pupila (parassimpático). Origem aparente no encéfalo sulco medial do pedúnculo cerebral. Origem aparente no crânio: fissura orbital superior. * É um nervo motor e suas fibras são classificadas em eferentes somáticas e eferentes viscerais gerais. 4º par: nervo troclear Função: controla o músculo oblíquo superior (motor) Origem aparente no encéfalo: véu medular superior Origem aparente no crânio: fissura orbital superior. * É um nervo motor. 5º par: trigêmeo Origem real: medula Origem aparente: ponte * É um nervo misto sendo o componente sensitivo consideravelmente maior. Divide-se em 3 ramos: ⇒ Ramo oftálmico (sensitivo): inerva parte superior da face (testa, nariz, olhos, córnea, meninge e parte da mucosa nasal) ⇒ Ramo médio ou maxilar (sensitivo): inerva o maxilar, dentes superiores, lábio superior e a mucosa nasal. ⇒ Ramo mandibular: É motor e sensitivo: Motor → Inerva os músculos da mastigação Sensitivo → Mandíbula, lábio inferior, língua, mucosa oral, dentes inferiores, queixo, meninges e parte do pavilhão auricular. 6º par: Abducente Origem aparente no encéfalo: sulco bulbo-pontino. Origem aparente no crânio: fissura orbital superior * As fibras que o inerva são eferentes somáticas e é um nervo com função motora e inerva o músculo reto lateral. 7º par: Facial Origem real: ponte Origem aparente: Sulco bulbo-pontino Função sensitiva: conduto auditivo externo Função motora: responsável pelos músculos da mímica facial, exceto o elevador da pálpebra. Função sensorial: gustação de 2/3 anterior da língua. 8º par: nervo vestíbulo coclear Função sensitiva (vestibular + coclear) conduz impulsos nervosos relacionados com a audição. Originados no órgão de Corti. Origem aparente no encéfalo: sulco bulbo pontino Origem aparente do crânio: penetra no osso temporal pelo meato acústico interno, mas não sai do crânio. * Possuem fibras aferentes somáticas especiais. 9º par: Glossofaríngeo Origem real: Bulbo Origem aparente: Bulbo Função sensitiva: sensibilidade da faringe Função motora: músculo da faringe Função sensorial: gustação de terço posterior da língua. É um nervo misto 10º par: Vago ou pneumogástrico Origem real: Bulbo Origem aparente: Bulbo Função sensitiva: faringe, laringe, esôfago, órgãos torácicos e abdominais. Função motora; musculatura da faringe e laringe (deglutição - fonação) Função vegetativa: vísceras torácicas e abdominais. A paralisia do nervo vago, leva rapidamente a morte. 11º par: Espinhal ou acessório Origem real: Bulbo Origem aparente: Bulbo * Formado por duas raízes motoras uma sai do bulbo e a outra da medula Raiz espinhal: Inerva os músculos esternocleidomastoideo (músculo lateral do pescoço) e o trapézio (músculo das costas). Raiz bulbar; Deglutição e fonação. 12º par: Hipoglosso Origem real: Bulbo Origem aparente: Bulbo Inerva a musculatura da língua. Lesão: paralisia total ou parcial da língua. 1.1.2 Tronco cerebral É constituído pelo bulbo (mielencéfalo) pela ponte (metencéfalo) e pelo mesencéfalo. O conjunto formado pelo bulbo e pela ponte também é conhecido como robencéfalo. É dele que se originam os nervos cranianos. Sua localização é entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventralmente no cerebelo. É constituído de corpos de neurônios que se agrupam em núcleos e fibras nervosas, que se agrupam em feixes chamados tractos, fascículos ou lemniscos. Vai desde o ponto de decussação dos feixes para cima, até o nível dos feixes ópticos. Muitos dos núcleos do tronco recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos, 10 fazem conexão no tronco. É importante identificar esses nervos e sua emergência do tronco para que se possa entender melhor o sistema nervoso. O bulbo ou medula oblonga possui a forma de um tronco de cone, cuja extremidade menor continua caudalmente com a medula espinhal. Por não haver uma demarcação nítida entre a medula e o bulbo, o limite considerado entre eles está em plano horizontal que passa acima do filamento radicular, mais cranial do primeiro nervo cervical, ao nível do forame magno do osso occipital. O limite superior do bulbo é o sulco bulbo pontino, que corresponde a margem inferior da ponte. A parte superior e delimitada por sulcos que continuam com os sulcos da medula. Estes delimitam também áreas ventral e dorsal do bulbo. A fissura mediana anterior termina no forame cego (depressão), de cada lado existe uma pirâmide formada por um feixe de fibras nervosas descendentes que ligam as áreas motoras do cérebro aos neurônios motores da medula e que é conhecido como tracto córtico-espinhal.Entre os sulcos será encontrada a área lateral do bulbo que é chamada de oliva (eminência oval) que é formada por substância cinzenta (núcleo olivar inferior). Em sua parte ventral a oliva, emerge do sulco lateral anterior, filamentos radiculares que se unem para formar os nervos glossofaríngeo e vago além do bullar do nervo acessório (XI par) que se une a raiz espinhal, proveniente da medula. Em sua parte mediana, encontra-se a porção fechada do bulbo, que é percorrido por um canal, que é a continuação do canal central da medula, que se abre para formar o IV ventrículo, cujo assoalho é constituído em parte pela porção aberta do bulbo. Entre o sulco mediano posterior e o sulco lateral posterior se encontra a área posterior do bulbo, que é a continuação do funículo posterior da medula e se divide em fascículo grácil e fascículo cuneiforme pelo sulco intermédio posterior. Estes fascículos são constituídos por fibras ascendentes, provenientes da medula, que terminam em duas massas de substância cinzenta, os núcleos grácil e cuneiforme, onde, determinam o aparecimento de dois tubérculos. Depois de surgir IV ventrículo, esses tubérculos se afastam lateralmente e sobem com o pedúnculo cerebelar inferior, que é formado por um grosso feixe de fibras que fletem-se dorsalmente para penetrar no cerebelo. A ponte, que se localiza entre o bulbo e o mesencéfalo, está situada ventralmente ao cerebelo e fica sobre a parte basilar do osso occipital e o dorso da cela túrcica do esfenóide. Foi assim denominada por Varolio, porque estabelece a ligação anterior entre os dois hemisférios cerebelares, formando uma ponte sobre o IV ventrículo. Apresenta estriação transversal devido a seus numerosos feixes de fibras transversais que a percorrem. Tais fibras convergem de cada lado formando o pedúnculo cerebelar médio, que penetra no hemisfério cerebelar correspondente. O nervo trigêmeo é considerado o limite entre a ponte e o pedúnculo cerebelar médio. Esta emergência se faz por duas raízes, a raiz sensitiva do nervo trigêmeo e a raiz motora do nervo trigêmeo. Ventralmente encontra-se o sulco basilar que geralmente aloja a artéria basilar. Essa parte é separada do bulbo pelo sulco bulbo pontino, de onde surgem de cada lado a partir da linha mediana o VI, VII e VIII pares cranianos. O nervo abducente emerge após a ponte, já o vestíbulo coclear surge lateralmente próximo a um pequeno lóbulo do cerebelo, chamado flóculo e o nervo facial surge medialmente ao vestíbulo coclear, com o qual mantém relações bem próximas. Entre os dois (VIII e VII) surge o nervo intermédio que é a raiz sensitiva do facial. O mesencéfalo localiza-se entre a ponte e o cérebro, do qual é separado por um plano que liga os corpos mamilares, pertencentes ao diencéfalo, à comissura posterior. Pelo mesencéfalo passa um estreito canal que é demoninado os aquedutos cerebrais, que une o III e IV ventrículo. Dorsalmente encontra-se o tacto do mesencéfalo, ventralmente encontram-se dois pedúnculos cerebrais, que são compostos de duas partes, uma é o tegmento (celular) e a outra é a base. Sabe-se que entre essas duas partes têm-se uma substância negra que é formada por neurônios que contém melanina. Existe sulcos que são denominados sulco lateral do mesencéfalo, sulco medial do pedúnculo cerebral, são eles que marcam na superfície o limite entre base e tegmento do pedúnculo cerebral. Do sulco medial, emerge o nervo oculomotor. Encontra-se no tecto do mesencéfalo, em vista dorsal quatro eminências arredondadas chamadas de colículos superiores e inferiores que são separados por dois sulcos, perpendiculares em forma de cruz. Na parte anterior da cruz, encontra-se o corpo pineal (pertence ao diencéfalo), já ao final de cada colículo inferior surge o nervo troclear dorsalmente ele contorna o mesencéfalo para surgir ventralmente entre a ponte e o mesencéfalo. Cada colículo se liga a um corpo geniculado (diencéfalo) através de um feixe de fibras nervosas. Os pedúnculos são vistos ventralmente aparecendo como dois grandes feixes de fibras nervosas, que formam uma depressão triangular denominada fossa interpenduncular, delimitadas pelos corpos mamilares (diencéfalo). Emerge de cada lado do pedúnculo o nervo oculomotor. 1.1.3 Sistema nervoso central Segundo Roberto Lent (2004), é bem protegido e coberto por membranas conjuntivas, que fazem com que exista um local cheio de líquido, onde nele, como um barco, tenha o encéfalo e a medula espinhal. Este líquido que envolve o sistema nervoso central também passa em suas cavidades internas.Qualquer abalo que atinja o crânio e a coluna vertebral é bem amortecido, até chegar no encéfalo e na medula, além de qualquer substância que obrigatoriamente passa por um filtro das estruturas que produzem o líquido, porém há substâncias que podem ser trazidas pela corrente sangüínea, mesmo assim são filtradas pelas paredes dos capilares sangüíneos que fazem uma seleção de moléculas. É importante frisar que essa proteção contra agentes químicos nocivos e de substâncias neuroativas não deve interferir nas que são primordiais ao sistema nervoso (oxigênio, glicose, etc...). Existe um envoltório no encéfalo, que o protege. São três membranas conjuntivas que se chamam meninges.A externa é a dura-máter rica em fibroblastos que produz colágeno, tornando-a bem dura e resistente. É bem vascularizada e inervada, por isso tem sensibilidade dolorosa. Sua constituição é de dois folhetos, onde o externo é aderido ao crânio internamente, tendo função de periósteo, no caso do interno é aderido ao externo só onde formarão seios e pregas, que não se aderem, estes seios contém sangue venoso, e as pregas ajudam na separação dos dois hemisférios, entre os hemisférios chama-se foice do cérebro indo a fundo no sulco inter-hemisférico. A prega que separa os hemisférios do cerebelo chama-se tenda do cerebelo. Já na medula há só um único folheto que acompanha um folheto interno da dura-máter e que não junta ao lado interno do canal vertebral. Ela só acompanha dando chance de emergência de nervos raquidianos em suas laterais, que foram resultados de união das raízes e dos gânglios espinhais.A dura-máter termina ao se juntar ao tecido conjuntivo abrangendo os nervos periféricos (epineuro), assim os furos dessa camada para saída dos nervos do canal vertebral, apresentam-se colados ao epineuro, evitando assim que o líquido penetre o organismo (Roberto Lent, 2004). A segunda meninge é a aracnóide que vem abaixo da dura-máter.Recebe este nome por ter trabéculas que é parecido como uma teia de aranha e é constituída de tecido conjuntivo, porém é menos dura em relação a primeira meninge, o que as separam é um fino filete de líquido que lubrifica o contato entre as meninges, porém o que a separa da terceira meninge são as trabéculas, fazendo com que apareça um espaço cheio de líquido(Robert Lent). A última meninge é chamada de pia-máter e é a mais delicada, seu tecido é conjuntivo e cobre o sistema nervoso central, seguindo os giros e os sulcos indo ligeiramente no tecido neural, seguindo os vasos até certo ponto dentro do parênquima neural, tornando-se contínua e recobrindo os vasos sangüíneos (Roberto Lent,2004). São as meninges que delimitam os espaços comunicantes com líquidos, são ditos compartimentos gerais do sistema nervoso central, esses se dividem em quatro: - Intracelular (Citoplasma dos neurônios e gliositos) - Intersticial (no espaço entre as células com líquidos e de matriz extracelular) - Sanguíneo e liquórico (espaços delimitados pelas meninges além das cavidades internas do sistema nervoso central). Na medula (dura-máter separada da face interna do canal vertebral) localiza-se o espaço epidural ou extradural que é composto de tecido adiposo e vasos sanguíneos. Entre a primeira e a segunda meninge, tanto do encéfalo como da medula existe espaço subdural que é fino e contem um pouco de liquido s para lubrificar o contato entre as meninges. Já entre a segunda e a terceira meninge existe um espaço subaracnóideo que é o mais importante, este é bem grande com bastante líquor e guarda os vasos sanguíneos superficiais (artérias e veias) que se ramificam com o objetivo de irrigar e drenar o tecido nervoso. É ele que se conecta com as cavidades de dentro do encéfalo e da medula espinhal. Como a Pia-máter segue a elevação da superfície do encéfalo e à aracnóide não faz o mesmo, existem variações de espaços desde cisternas até micro espaços em volta dos vasos que servem como amortecedores do impacto dos pulsos da pressão sanguínea. Existe um espaço chamado subpial que só aparece em casos de hemorragia, quando a Pia Mater é deslocada da superfície do encéfalo. Como existe bastante aderência da Pia Mater no encéfalo por existir prolongamentos dos astrocitos por serem em grande quantidade, chegam a formar uma membrana denominada pioglial. As cavidades existentes no espaço subaracnóideo são conhecidas como ventrículos que se unem entre si através de aberturas canais ou forames. São forrados por células denominadas epêndimas que fazem com que o tecido nervoso e o liquor não se misturem elaborando uma primordial função que é a regulação homeostática do tecido nervoso. Os ventrículos laterais localizam-se nos hemisférios cerebrais e apresentam pontas que vão à direção dos principais lobos. Estes ventrículos através dos forames intreventriculares ligam-se com a cavidade diencefalica (terceiro ventrículo). Esta cavidade denominada como terceiro ventrículo é fina e termina na cavidade mesencefálica, que é um estreito canal denominado aqueduto cerebral ou de sylvius, este segue até o quarto ventrículo na altura do tronco encefálico que se liga com o canal medular, que é um fino cilindro que finaliza na medula sacra. É neste quarto ventrículo que as cavidades do interior do encéfalo se ligam com o espaço subaracnóideo por aberturas onde uma é mediana e as outras duas são laterais. Este líquido que preenche todo este sistema de compartimentos recebe o nome de líquor (líquido encéfalo raquidiano), quando se fala em compartimentos refere-se a espaço subaracnóideo e cavidades internas do SNC. A produção é feita no plexo coróide, a partir dele a circulação é feita pelos ventrículos, espaços subaracnóideo sendo drenado a partir daí para o sangue. O líquor tem importância fundamental com funções de proteção e de homeostasia do tecido nervoso, favorecendo suas trocas metabólicas. No referente a proteção, esta é por fatores internos (Pulsação sanguínea) e externos (acidentes, movimentação de cabeça e corpo desde os mais simples). O líquor também faz, mesmo que parcialmente, excreção de produtos do metabolismo neural onde os metabólicos do tecido nervoso, que estão presentes no líquido, são conduzidos ao sangue dos seios venosos e filtrados para a circulação sistêmica. Existe também um outro papel ainda em estudo de muita importância que é o veículo de condução química, pois é nesse momento que ocorrem trocas entre ele e o compartimento intersticial do tecido nervoso através dos espaços perivasculares e pendimária que recobre toda a parte interna dos ventrículos e cavidades. O plexo coróido é bem vascularizado e tira do sangue a matéria prima para o líquor, porém, não é igual ao plasma, Esta diferença ocorre pela forma que é produzido. É uma filtração bem seletiva que se completa pela secreção de componentes do plexo coróide. É importante saber que as células ependimárias são o elemento central na tarefa realizada pelo plexo coróide, as que fazem parte do mesmo ou as que recobrem as paredes das cavidades ventriculares. Estas células fundamentais podem ser cúbicas ou cilíndricas, onde apresentam funções oclusivas que aderem e fecham qualquer passagem de substância para o líquor do sangue pelo espaço intersticial fazendo com que utilizem o caminho que leva à membrana celular. No interior do seu citoplasma, só realizam a passagem, a substância que tem moléculas transportadoras ou algum canal específico na membrana da célula empendimária. Para se produzir líquor, existem diferentes formas de transferência (moléculas e íons do sangue e do compartimento intersticial para as células empendimárias e para as cavidades ventriculares) 1- “Transporte ativo de moléculas 2- Difusão facilitadora de moléculas 3- Passagem de íons pelos canais 4- Transporte de íons por meio de bombas transportadoras”. (Roberto Lent,p429;430,2004) O líquor é renovado de três a quatro vezes ao dia. Com isso, percebe-se que existe também um processo de eliminação para que o volume seja constante. Fisiologicamente, sabe-se que a circulação liquórica é unidirecional e pulsátil, dos ventrículos laterais para os terceiro e quarto ventrículos e daí, em direção ao espaço subaracnóideo. Este local fica em volta da medula espinhal e encéfalo no momento em que chegam a área de drenagem no topo do encéfalo e ao longo da medula. A drenagem acontece através das granulações e vilosidades aracnóideas. São invaginações para os seios venosos. O líquor é drenado nas vilosidades aracnóideas para o sangue venoso, na mesma proporção que é secretado. Todo esse universo de liquido que envolve SN não garante todo o oxigênio e nutrição necessário ao tecido nervoso; este, necessita de uma rede grande e ramificada de vasos sanguíneos. No encéfalo o sangue que entra por meio da via anterior ou carotídea e da posterior ou vértebro-basilar. Ambas se comunicam no encéfalo, em sua base e suas ramificações irrigam várias partes do encéfalo. Já, a irrigação da medula é feita pela via posterior e alguns ramos da aorta descendente. O sangue que alimenta o tecido nervoso realiza isso por meio de capilares com características especiais, pois tem a função hemotoencefálica. É uma barreira seletiva garantindo aos neurônios e gliositos, todo o necessário a sua nutrição e respiração realizando também a proteção de algumas substâncias nocivas. Após a filtragem nesta barreira o sangue vai para o sistema venoso ocorre a drenagem venosa que deságuam nos seios venosos garantindo a drenagem sanguínea e o escoamento do liquor do espaço subaracnóideo, chega às vias de saída e é conduzido ao coração. 1.1.3.1 Homeostasia ou homeostase Seu significado foi descoberto por Walter Cannon (2004, in Lent ) e se explica na “sabedoria do corpo”. É o controle automático e inconsciente de manter uma constância do meio interno, ou seja, por regiões do SN, é muito delicado manter esta homeostasia, pois é muito frágil ao meio externo. É necessário organizar respostas reflexas localizadas (coração, vasos gastrointestinais) Sincronizando-as com as reações como um todo abrangendo todo o organismo e de comportamentos voluntários que favoreçam o equilíbrio orgânico. O SNC é bem ativo na homeostase, as regiões do diencéfalo em especial o hipotálamo e no tronco encefálico, a medula espinhal e uma grande rede do SNP, o sistema nervoso autônomo. Já que o sistema endócrino e imunitário fazendo com que os efetores localizados e distribuídos em todo o organismo. Percebe-se então que para ocorrer o equilíbrio interno é necessária a contribuição significativa do SN interferindo diretamente no SNA, porém ele não é totalmente autônomo. 1.1.4 Sistema Nervoso Autônomo (SNA) Este termo foi denominado por John Langley (2004, in Lent ). Na época, ele acreditou no grau de independência em relação à totalidade do SN, porém esta crença foi derrubada e nos dias de hoje acredita-se que o SNA agrupa neurônios localizados na medula e no tronco encefálico que, por meio dos gânglios periféricos, dominam toda a musculatura lisa dos vasos sanguíneos e todo o organismo. Devido a esse critério muitos acham que o SNA é puramente eferente e com neurônios secretomotores e viseromotores. Estudos mais apurados mostram que as funções do SNA acontecem em conjunto com dados vindos das vísceras. O que importa é que o SNA depende do controle de regiões neurais supramedulares e por isso, não é totalmente autônomo e que prepara suas atuações de acordo com suas informações recebidas das vias aferentes viserais. A divisão que o SNA apresenta é uma simpática e outra parasimpática que são clássicas, porém existe outra que é bem discutida e chamada de gastrointérica que se forma por plexos intramurais, que é um emaranhado de neurônios localizados nas paredes das vísceras que contribui para a digestão. Estudos atuais a denominam como “redimulticináptica” que pode ser comandada pelas áreas simpáticas como também pelas parasimpática. A simpática em sua parte anatômica ocupa medula toraco lombar, apresenta sinapse ganglionar entre o neurônio central e o alvo periférico. Seu circuito está no neurônio pré-ganglionar e um pós-ganglionar longo. O seu neuro transmissor é a ceticolina, porém no alvo ela libera noradrenalina. Funcionalmente atua em estados de emergência mesmo participando do funcionamento do organismo diariamente. A parasimpática, em sua função anatômica ocupa o tronco encefálico e a medula sacra, apresenta sinapse ganglionar entre o neurônio central e o alvo periférico. Seu circuito apresenta um pré-ganglionar longo e um pós-ganglionar curto. O seu neurotransmissor é a aceticolina. A sua função é oposta à simpática, pois age na regulação dos órgãos e seus sistemas constantemente, porém atua em situações estressantes quando necessário. Ambos apresentam neurônios centrais que se localizam no tronco encefálico e na medula, e seus axônios emergem do SNC, formando nervos que se finalizam em um segundo grupo de neurônios, agora periféricos. Os últimos são localizados em gânglios ou em plexos nas paredes das vísceras. Axônios do segundo grupo inervam estruturas efetoras. Esses neurônios centrais e seus axônios chamam-se pré-ganglionares e os neurônios periféricos e seus axônios denominam-se de pósganglionários. É importante mostrar que esta organização estrutural do SNA, onde ocorrem sinapses periféricas entre o neurônio eferente central e o órgão alvo é bem diferente do sistema motor somático, pois assim este motoneurônio inerve de forma direta o músculo estriado. O axônio de um único neurônio pré-ganglionar tem o poder de realizar sinapse com vários neurônios pós-ganglionários, é o resultado de um trabalho difuso, bem oposto ao comando muscular, que é bem preciso e específico do sistema motor somático. Existem também uma outra diferença entre o SNA e o SMS que é a existência de sinapses transformadoras entre o neurônio pós-ganglionar e a estrutura-alvo, independente de ser uma fibra muscular lisa ou uma célula glandular. Os ramos contem varicosidades em seqüência, próximas, mas não contíguo à célula alvo bem oposto às sinapses neuromusculares. Nas varicosidades existem vesículas que são parecidas com as vesículas simpáticas e sabe-se que as vesículas contém neurotransmissores que quando agem despolarizam a membrana das varicosidades. As células-alvo contem receptores específicos para os neurotransmissores autonômicos, porém, não existe especialização pós-sináptica. Esses neurotransmissores difundem-se por extensas áreas até os receptores das inúmeras células da região, não sendo só a que está mais perto. Tal estrutura sináptica colabora com todo o funcionamento do SNA, seja difuso e/ou extenso. O controle dos órgãos é feito pelo SNA, através das fibras musculares que são lisas na maior parte das vísceras e estriadas no coração e nas células glandulares. O SNA também regula sistemas do corpo digestório, a secreção das glândulas que desmancham o bolo alimentar e lubrificam sua ida pelo trato gastrointestinal, produzindo também os movimentos peristálticos que conduzem o bolo para frente. Já no cardiovascular regula-se a freqüência e força dos batimentos cardíacos, além do diâmetro dos vasos sanguíneos, deixando sob controle a pressão arterial e a irrigação dos tecidos de acordo com que necessite. A função respiratória é controlada pelo SNA através da ativação das glândulas mucosas das vias áreas e suas variações de diâmetro. No urinário participa da micção. No ato sexual, na ereção masculina e o ingurgitamento da feminina, além da produção de esperma e de secreções. 1.2 Sistema Motor Os movimentos não dependem somente do músculo, para que isso ocorra, existe um complicado processo de programação, comando e controle envolvendo várias regiões do cérebro que culminam na contração de fibras musculares. Percebe-se até agora, que os movimentos sejam eles desde o mais grosseiro, o mais delicado, o mais complexo reflexo, voluntário ou involuntário. São eles que dão as mais diversas possibilidades ao corpo do ser humano e a relação com o meio externo e interno, pois a emoção, à vontade e as opções de escolha nos colocam em um enorme plano de aprendizagem. Os movimentos que são tão complexos acontecem de forma tão sincronizada que se parecem tão simples no ser humano e tão belos. É importante frisar que não são todos os reflexos que são motores; existem reflexos secretores que não fazem parte dos movimentos. Para que ele exista são necessários alguns elementos que colaboram entre si para que ocorra o movimento. O primeiro elemento são os efetuadores; estes, realizam o movimento. São os músculos estriados esqueléticos do sistema motor somático, construídos por células musculares, inclusive as proteínas contráteis, que são capazes de deslizarem uma sobre as outras, alongando ou encurtando cada célula muscular, fazendo parte do citoesqueleto. Existem diferentes células musculares e é sua contração dentro de cada músculo que determina sua função. O segundo elemento são os ordenadores, responsáveis pelo controle dos efetuadores. Os ordenadores são os motoneurônios (conjunto de células motoras) da medula e do tronco. Em um mesmo músculo pode ocorrer a inervação de diferentes células musculares por um motoneurônio, porém cada célula só é inervada por um único motoneurônio. Esse conjunto de motoneurônios, com suas células musculares é chamado de unidade motora, que tem como função, comandar o sistema motor. Os efetuadores levam informações aos ordenadores através de receptores musculares denominados fusos e órgão de Golgi. Os primeiros localizam –se dentro da massa muscular e o segundo, nos tendões. São eles que informam ao motoneurônio, pelas fibras nervosas aferentes, toda a informação relativa ao comprimento e grau da tensão dos músculos. É importante saber que os motoneurônios mediais são responsáveis pela postura e os laterais, pelos movimentos finos dos membros. Os reflexos são ditos movimentos bem simples, pois são realizados por circúitos de neurônios (arcos reflexos) que estão na medula ou tronco encefálico. Existe reflexo com mais de um neurônio, entre eles temos: - Monosinápticos (dois neurônios). Exemplo: miotáticos - Dissinápticos (três neurônios). Exemplo: miotáticos inversos - - Multissináptico (vários neurônios). Exemplo: reflexos flexores de retirada. Os músculos ativadores de forma reflexa são determinados pelo local que são estimulados e a força empregada, além da duração de resposta dependente da intensidade que foi dada. Ocorre que os movimentos mais elaborados acontecem devido a seqüências de comandos automáticos, iniciados por ciclos rítmicos feitos na medula. (Exemplo: locomoção). O terceiro elemento são os controladores que protegem para que ocorra a execução certa dos comandos motores e por fim, o quart elemento, que são os planejadores, que fazem as seqüências de comandos produzindo os movimentos voluntários complexos. Movimentos voluntários e involuntários também participam do controle dessa postura, sendo chamados de movimentos posturais. Esse movimento abrange músculos que se localizam próximo à coluna vertebral, chamados de axiais ou proximais. Seus movimentos também são conhecidos pelos mesmos nomes. Os que se localizam nas extremidades também fazem parte desses movimentos e são conhecidos como apendiculares ou distais. O sistema motor não é tão simples. Para que ocorra é necessário não se restringir somente aos comandos do músculo pela medula e pelos núcleos motores dos nervos cranianos. É necessário o planejamento e a programação motora, que acontece a nível específico, no córtex, comando cortical sobre a medula e o tronco encefálico que fazem com que os reflexos e os movimentos mais grosseiros sejam modulados, além de ser controlado pelo cerebelo e núcleos de base com objetivo da realização do movimento no tempo devido e de forma harmônica pelas áreas responsáveis pelo planejamento. Existe um alto comando que é exercido pelos centros ordenadores do córtex e regiões sub–corticais, que coordenam as ações contráteis das unidades motoras pelas vias descendentes, que formam dois sistemas primordiais. O sistema medial que é constituído por vias que controlam o equilíbrio corporal e a postura, coordenando principalmente os músculos da coluna vertebral e os de ligação com os membros. O sistema lateral que abrange as vias de comando dos movimentos dá enfoque aos braços, mãos e pés. Através de experiências de Sherrington, Jackson (in Lent, 2004), associou as mesmas com animais e seres vivos, dando continuidade e acreditando que o ser humano teria uma cadeia hierárquica de comando motor onde os músculos motores do tronco encefálico gerariam modulação positiva dos reflexos modulares e modulação negativa de parte do córtex cerebral. Os centros motores, organizados de forma que os superiores controlariam os inferiores. É sabido que hoje já se conhecem os centros ordenadores que geram as vias descendentes de comando motor; localizam-se, alguns, no tronco encefálico e outros nos núcleos motores dos olhos, cabeça e pescoço. Os núcleos vestibulares encontram-se no bulbo cujos neurônios recebem aferência do nervo vestibulococlear. São formados feixes vestíbulo-espinhal através de axônios desses neurônios vestibulares. Esses feixes são responsáveis pela manutenção da postura e equilíbrio. Já, outro grupo de neurônios, ocupa toda a extensão rostrocaudal da ponte invadindo o bulbo em sua parte de baixo e o mesencéfalo na parte de cima. Esse grupo é chamado de formação reticular, os axônios descendentes dessa formação, formam feixes retículo-espinhais. Existem regiões motoras no mesencéfalo, conhecidas como núcleo rubro e o colículo superior. O núcleo rubro localiza-se no interior do mesencéfalo em forma de núcleo esferóide, formando uma via descendente: feixe rubro-espinhal, que ajuda no comando motor dos membros. O colículo superior fica na superfície dorsal do mesencéfalo, dando origem ao feixe tecto espinhal, que recebe aferências multissensoriais (visual, auditivo e somestésico). É devido a esse fato que suas fibras motoras participam das reações sensório-motora. O córtex apresenta grande quantidade de áreas onde os neurônios mandam axônios descendentes (córtex motor primário, outras áreas motoras adjacentes e áreas somestésicas do córtex parietal. Esse conjunto, em sua totalidade, gera feixes córtico-espinhais). É importante frisar que durante muitos anos os neurocientistas classificavam as vias motoras em dois grupos, onde o primeiro era sistema parietal e o segundo, em extra piramidal, porém essa classificação tornou-se ultrapassada. A partir do neuroanatomista Henricus Kuypeves, em 1960, onde relacionou, de forma lógica, as vias descendentes e suas origens, com suas principais funções motoras. Ele dividiu os motoneurônios do corno ventral da medula em lateral e medial. Os motoneurônios laterais inervam a musculatura apendicular distal (movimentos finos das extremidades): braços, pernas, mãos e pés. Os motoneurônios mediais inervam a musculatura axial do tronco e a apendicular proximal (antebraço e ombros) comandando esses movimentos de postura e equilíbrio. Os feixes vestíbulo-espinhais são responsáveis pelo controle involuntário (reflexos), tem como objetivo, repassar para os motoneurônios (alfa e fusomotores) as noções de posição da cabeça (equilíbrio no labirinto) Segundo Roberto Lent (2004), os feixes que iniciam no tronco encefálico baixo, ou melhor, na ponte e no bulbo, e colaboram com o sistema medial no geral ficam do mesmo lado durante seu percurso. Isso acontece para os feixes vestíbulo-espinhal lateral e para os retículos espinhais bulbar e pontino, porém os feixes do vestíbulo-espinhal medial contêm axônios de núcleos vestibulares mediais nos dois lados. Os axônios que ultrapassam a linha média após a emergência do núcleo de origem, no bulbo. Os feixes que tem sua base no mesencéfalo e no córtex, no geral são cruzados (tecto-espinhal, rubro-espinhal), após o surgimento dos seus núcleos de origem que se localizam no colículo superior e no núcleo rubro. É cruzado também, na maioria das fibras córtico-espinhais que vão do córtex até a medula, onde no trajeto, passam pela cápsula interna ainda no telencéfalo, o pedúnculo cerebral no diencéfalo e mesencéfalo e por fim a pirâmide bulbar. Agora as fibras cruzam a linha média gerando a decussação piramidal, continuando o caminho pelo funículo lateral da medula, dando origem ao feixe cortiço-espinhal lateral. O que não cruza a linha média da decussação piramidal “descende” pela medula no funículo ventromedial, ou melhor, no feixe córtico–espinhal medial. Ocorre que várias fibras desse feixe ultrapassam a linha média da medula, ao chegarem ao segmento que finalizam, formando assim, uma via de projeção bilateral. As fibras motoras apresentam seu início no córtex. Ao percorrerem seu trajeto, finalizam-se bem como os vários núcleos motores do mesencéfalo, do tronco encefálico. Não necessariamente chegam à medula. São elas que controlam o desempenho dos núcleos, sub-corticais. No caso da musculatura da cabeça e do pescoço, tanto a esquelética quanto, a estriada, que fazem o controle dos tecidos moles da face e da boca, são inervadas por motoneurônios localizados em vários núcleos de nervos cranianos que recebem aferência do córtex e dos núcleos motores do tronco encefálico, da mesma forma que a medula. Toda essa separação das vias é puramente didática. Os retículos espinhais são responsáveis pela contração voluntária do tônus através de regiões antecipatórias. Os neurônios da formação reticular recebem muitas aferências do córtex. 1.2.1 Tônus O tônus muscular é o estado constante de contração muscular, é delicado e controlado pelo sistema nervoso de forma que qualquer alteração de posição do corpo devido ao ambiente ou vontade própria que venha acontecer. É importante dizer que o tônus depende dos motoneurônios alfa, ou melhor, do seu nível de disparo, e da atuação dos neurônios fusimotores. Isso é feito pelas vias descendentes mediais que regulam o tônus axial, controlando a postura do indivíduo. O tônus pode ser alterado quando acometido de alguma patologia do sistema motor. Motoneurônio alfa: corpos celulares grandes ou médios e grandes árvores dendriticas. Seus axônios emergem de raízes ventrais medulares (ou das raízes do nervo craniano) e se integram aos nervos, até chegarem aos músculos correspondentes. Nos músculos, inervam a maioria das fibras musculares. Eles comandam a contratilidade muscular. O controle dos motoneurônios alfa é feito pelos motoneurônios fusimotores beta e gama. Pois esses neurônios inervam as fibras musculares intrafusais, gerando a contração e regulando a sensibilidade do fuso muscular, com isso ocorre o controle voluntário ou involuntário do tônus de forma direta, através da ativação dos neurônios fusimotores ou de forma direta sobre motoneurônios alfa. Isso ocorre pelas vias descendentes mediais, regulando o tônus da musculatura axial, controlando assim, a postura do indivíduo. O corpo humano realiza movimentos simples e complexos de forma simultânea e coordenada com suas várias partes corporais. Isso tudo acontece devido ao tronco encefálico que controla os reflexos de estiramento, favorecendo a manutenção desse tônus, com o objetivo de gerar postura. São os núcleos do tronco que coordenam a postura automaticamente. O corpo orienta-se em relação aos estímulos visuais e auditivos no ambiente. Os movimentos oculares são controlados pelo mesencéfalo e córtex, depois segue os movimentos da cabeça e do corpo, onde geram reações adequadas ao momento. Os movimentos voluntários são planejados, programados e coordenados por várias regiões corticais do lobo frontal, controlando força, velocidade, amplitude e direção com precisão. Todo esse processo é controlado pelo cerebelo e os núcleos de base que orientam na avaliação dos comandos e na avaliação da execução das contrações musculares que permitem a realização do movimento. 1.2.1.1 Função Tônica É através dela que, em especial, a extensibilidade, adquire primordial necessidade no desenvolvimento motor e ao mesmo tempo na construção do seu “eu” interior, isso acontece quando ocorre um aumento do tônus axial paralelo à diminuição da hipertonicidade dos membros. Segundo Fonseca (1998) quanto maior é o grau de extensibilidade, tanto maior é a facilidade de integração de novos esquemas motores. É uma certa extensibilidade que permite o jogo harmonioso e perfeito dos músculos para a realização de sinergias motoras. Deste fato, tira-se à conclusão da íntima relação deste grau com o eixo corporal e deste com o sistema nervoso central e por fim, com o emocional. É necessário um desenvolvimento neuromaturacional deste eixo corporal. De acordo com a maturação do ser humano, as crianças que são mais hipotônicas apresentam maior hiperextensibilidade, levando a um precoce e excelente controle de preensão. Já as crianças hipertônicas, apresentam maior hipoextensibilidade, gerando uma precoce e excelente locomoção. No primeiro caso ocorre a corticalização (vida mental) mais cedo, favorecendo o desenvolvimento óculo-manual, pois fica por um período maior sentado e com isso faz movimentos finos de mãos e dedos, facilitando a grafia. São crianças mais tímidas, afetivas e dependentes. No segundo caso, são agitadas, independentes, mais briguentas e menos agarradas aos pais. Em ambos os casos, não se deve esquecer que o meio influencia e sobretudo, a forma com que são educadas. “Para muitos autores, a função tônica é a mais complexa e aperfeiçoada do ser humano; ela encontra-se organizada hierarquicamente no sistema integrativo reticulado e toma parte em todos os comportamentos de postura e movimento, através de 232,1998) uma maturação progressiva”.( Fonseca,p Independente da forma de conduta, as musculares lisa e estriada, e o sistema hormonal se interconectam. É justamente a função tônica que intercede nesta troca dos sistemas muscular voluntário, o neurovegetativo e o hormonal. Para Wallon (in Fonseca,1998) o tônus é a base para as atitudes, sendo assim, este, responsabiliza-se pelas perturbações da evolução humana. A função tônica se arquiteta da medula ao cérebro. E o tônus é variável de acordo com sua atitude e postura sem contar que suas adaptações colaboram com a manutenção do equilíbrio, além de interferir na afetividade. 1.2.2 Músculos Tem a capacidade de alongar e contrair através das fibras nervosas que o comanda, e ritmos feitos por eles mesmos. É formado por conjuntos de células alongadas onde permanecem unidas ou relaxadas, de acordo com o seu estado. Essa função de contração das células musculares é proporcionada por proteínas do citoesqueleto que são ativadas através de potenciais de ação em sua membrana plasmática. Elas são “excitáveis” da mesma forma que os neurônios. Histologicamente, elas podem ser lisas ou estriadas onde as primeiras fazem a movimentação das vísceras com exceção do coração e a segunda se sub-divide em esqueléticas ou cardíacas. A esquelética produz movimentos dos membros e corpo. A cardíaca, movimentos do coração. É importante saber os tipos de fibras musculares para entender a função muscular. Existem três tipos de fibras musculares. As primeiras são as fibras vermelhas lentas onde apresenta um rico suprimento sanguíneo, mitocôndrias e mioglobina (tonalidade avermelhada), além de um processamento aeróbico. Sua função, são contrações lentas e sustentadas além de resistência a fadiga. A segunda, são fibras brancas rápidas, estas apresentam em menores quantidades os capilares, as mitocôndrias e a mioglobina, porém, grandes reservas de glicogênio e o seu processamento anaeróbico, produzem ácido lático. Já suas funções, são de contrações rápidas, fortes e transitórias, porém, alcançam mais rapidamente a fadiga. A terceira, são as intermediárias, que apresentam características mistas. É comum encontrar as fibras brancas rápidas nos músculos das extremidades e as fibras vermelhas, nos músculos proximais. A musculatura esquelética executa suas funções pelo comando neural (ordenadores), devido a isso, qualquer lesão neurológica pode causar paralisias e paresias. 1.2.3 Movimentos Segundo Roberto Lent (2004) a concepção contemporânea conceitua movimento voluntário como algo que some a um conjunto de movimentos reflexos, automáticos e estereotipados, modulando e transformando-os a cada momento, em função das informações globais internas e externas recebidas. Todo esse processo de comando, planejamento e execução, se localizam no córtex cerebral. Esta descoberta deu-se no início do século XIX por alemães (Eduard Hitzig e Gustav Fritsh). Já na década de 50 o neurocirurgião Wilder Penfield deu continuidade aos experimentos e identificou o giro pré-central como principal área motora, pois nessa região o menor estímulo provoca movimentos, porém, outras regiões também respondem (necessidade de maior estímulo), surgindo aí, dúvidas quanto à participação funcional das áreas. Surge depois de pesquisas e reuniões, um critério para classificar as áreas motoras corticais, que citaremos a seguir. Para ser uma área motora; segundo Roberto Lent,p 394,2004 1- “Projetar e receber de outras regiões motoras 2- Provocar um distúrbio motor quando lesada 3- Provocar movimentos quando estimuladas 4- Possuir atividade neural e fluxo sanguíneo aumentados precedendo e acompanhando a execução de movimentos” As áreas que se adequam aos quatro critérios e se tornam as grandes áreas motoras do córtex cerebral foram: - Área motora primária Localização: giro pré-central do lobo frontal. Função: comando dos movimentos voluntários - Área motora suplementar Localização: rostral e dorsalmente a área motora primária. Função: planejamento dos movimentos voluntários, mais que o comando de sua execução. - Área pré-motora Localização: rostral e lateralmente a área motora primária. Função:: planejamento dos movimentos voluntários, mais que o comando de sua execução. - Área motora cingulada Localização: face medial do córtex, acima do corpo caloso. Função: movimentos relacionados ao emocional. Todas as áreas motoras do córtex cerebral se conectam entre si e também com outras áreas motoras (somestésica primária e áreas associativas dos lobos parietal e frontal) e projetando-se para regiões motoras sub-corticais, contribuindo para o feixe córtico-espinhal. É importante saber que a mais participativa no processo é a área motora primária, pois apresenta uma maior densidade de neurônios que formam as vias descendentes para regiões sub-corticais. Já que ela apresenta menor estimulação para exercer sua função, é também a que mais projeta axônios pelas vias descendentes, é tida como sede do “alto comando motor”, pois é nela que surge o comando que se sobrepõe aos reflexos, as reações posturais e aos movimentos de orientação sensório-motora. - Área Motora Primária (M1) – Funcionamento Descobriu-se através de Jackson (in Lent - 2004) e outros colaboradores uma propriedade chamada somatotopia, que é uma organização topográfica ordenada, ou seja, na superfície cortical, as regiões corporais, os músculos e os movimentos se representam de forma ordenada, seguindo uma ordem. No giro pré-central, através da somatotopia, informa que as regiões da cabeça representam-se mais lateralmente de ação motora primária, enquanto que os membros superiores e tronco localizam-se mais dorsalmente, enquanto que os membros inferiores localizam-se na face medial do hemisfério. Já nas regiões distais dos membros (principalmente mãos) e as periorais da face, possuem maior representação cortical em relação aos outras regiões do corpo, pois são essas regiões do corpo, que apresentam mais diversidade de movimentos finos e com maior precisão, além de músculos mais inervados. A somatotopia é de suma importância para os médicos, pois além do que a face medial do giro pré-central é irrigada por uma artéria cerebral, enquanto a face dorso-lateral é irrigada por outra artéria. É por isso que quando há um acidente vascular cerebral em uma dessas artérias, surgem distúrbios motores na perna contra-lateral e se for na outra artéria, surgem distúrbios motores no braço. E é através do mapa somatotópico, que o médico pode diagnosticar e localizar a lesão. Sabe-se que quando a área motora é estimulada, ocorre um determinado movimento que envolve diversos músculos, mesmo reduzindo esse estímulo par um único neurônio motor, diversos músculos continuam a ser envolvido. O axônio cortiço-espinhal tem a capacidade de inervar em um mesmo momento, a população de motoneurônios de diferentes músculos. Esse fato recebe o nome de divergência. Existe também a convergência, onde o mesmo músculo pode ser ativado por pontos próximos, mas distintos na área motora primária, segundo Lent (2004). Chega-se à segunda conclusão a de que um músculo é comandado por um mosaico de pequenas regiões da área motora primária, que se ativam ao mesmo tempo. Quando ocorre o envolvimento de mais de um músculo, em um único movimento, as regiões do mosaico se juntam. Esse mosaico é dito plástico, e é essa plasticidade do córtex motor que é importante na recuperação de pacientes, com problemas de motricidade, portadores de lesões neurológicas. Após experiências com macacos, o fisiologista Edward Evarts (in Lent, 2004) chegou a seguinte conclusão: que o córtex motor comanda os movimentos voluntários, isso acontece com a ativação de um determinado grupo de neurônios motores que irão ser responsáveis pelo comando de músculos envolvidos em cada movimento. É uma tarefa sincrônica e cooperativa onde se determina os ajustes do movimento, porém, a seleção desses neurônios não é feita na área motora primária, e sim, em outras áreas motoras. Agora que se descobriu que a área motora primária é ordenadora e responsável pelo comando motor superior. Sabe-se que a motora suplementar e a pré-motora são planejadoras, é daí que surgirá o programa de comandos para a área motora primária mandar estruturas sub-corticais através das vias descendentes para que sejam executadas pelo músculo. A pouco tempo o fisiologista Richard Passigham (in Lent, 2004 p403), através de muito trabalho descobriu que quando se realiza movimentos “novos”, a área pré-motora se ativa, juntamente com o cerebelo, O córtex parietal e o córtex frontal. A partir do momento que esse “novo” aprendizado amadurece, a atuação cerebral muda de local, agora está na área motora suplementar, paralelo ao hipocampo, além de áreas occipitais e temporais. Passigham (in Lent,p 403;404,2004) concluiu: “O planejamento motor tem uma via exterior que se baseia na experiência sensorial não aprendida (somestésica, usual proprioceptiva) e uma via interior que repousa sobre o aprendizado, a memória”. Área motora cingulada – envolve movimentos com carga emotiva. Duas estruturas que participam diretamente do controle dos movimentos são o cerebelo e os núcleos de base que são estruturas controladoras, sua participação é indireta, pois, só participam da preparação para o movimento e do controle on line da harmonia da combinação dos múltiplos movimentos elaborados ao mesmo tempo e em seqüência, pelo indivíduo. Apresentam características comum, no que diz respeito de não possuir acesso direto aos motoneurônios, apesar de apresentarem conexões com quase todas as regiões motoras. O funcionamento é independente, pois não se conectam. Existe um circuito comum para ambos, com o nome de retroação (feedback), ou seja, recebem de extensas regiões do córtex cerebral e projetam de volta ao córtex motor, através do tálamo. É nesse processo que ocorre o controle do movimento de forma precisa e harmônica, assegurando ao sistema nervoso, que a ordem está sendo cumprida. 1.2.4 Cerebelo (Segundo Lent, 2004) Anatomicamente Um quarto do volume craniano no ser humano é uma estrutura globosa que apresenta dois hemisférios, com dobraduras paralelas transversais (folhas), distanciadas por fissuras. Divide-se em três lobos. O anterior, o lobo posterior e o lobo flóculo-nodular, este visto quando olhado de baixo, após cortar os pedúnculos cerebelares que fazem a ligação dele com o tronco encefálico. Histologicamente Formado por um córtex com três camadas e uma substância branca onde em seu interior existe quatro núcleos profundos em cada hemisfério que são o núcleo fastidial, os interpostos (globoso e emboliforme) e o núcleo denteado. O núcleo fastigal recebem aferência da região mediana do cerebelo verme, já os interpostos recebem de zonas longitudinais intermediárias, localizadas entre o verme e os hemisférios, já os denteados recebem das regiões mais laterais dos hemisférios. O córtex do lado flóculo-nodular se liga com os núcleos vestibulares que neste momento, são considerados núcleos profundos do cerebelo, mesmo que encontrados no tronco encefálico. Baseado nessas ligações foi proposto uma nova divisão no cerebelo, onde cada hemisfério teria quatro regiões que são: o verme, o hemisfério intermediário, o hemisfério lateral e o lobo flóculo-nodular. Fisiologicamente Lobo flóculo-nodular projeta e recebe aferentes dos núcleos vestibulares, se ocorrer uma lesão, aparecerá distúrbios do equilíbrio e da postura antigravitária. Este lobo ficou conhecido como vestíbulo-cerebelo, com função de manutenção do equilíbrio da postura. O verme e a zona intermediária recebem grande inervação originada da medula, por meio de feixes espinocerebelares que se juntam no espinocerebelo. Este manda fibras eferentes para o tronco encefálico e o mesencéfalo por meio do núcleo fastigal e dos interpostos inervando ao mesmo tempo, os músculos do sistema descendente medial que se formam pelos núcleos vestibulares, formação reticular e colículo superior e do sistema lateral, que é o núcleo rubro. Quando o espinocerebelo apresenta lesão, ocorrem erros de execução motora, deixando de contar com informações proprioceptivas carreadas pelos feixes espinocerebelares não sendo capaz de intervir o comando motor veiculado pelas vias descendentes. Hemisférios laterais recebem aferência de núcleos situados na base do córtex cerebral. Tal inervação origina-se no córtex frontal nas regiões motoras e cognitivas, no córtex parietal, nas regiões somestésicas e associativas, e no córtex occipital, na área responsável pela percepção visual de estímulos em movimento. Os núcleos denteados mandam fibras eferentes que se finalizam nos núcleos ventrolateral e ventro-anterior do tálamo, onde emergem axônios para o córtex motor. Os hemisférios laterais são chamados cérebro-cerebelo, devido as suas grandes ligações com o córtex cerebral. É ele que colabora com a coordenação e o controle de movimentos mais complexos, unindo-os às informações sensoriais com comandos de origem cognitiva e emocional. Lesões neste local (cérebrocerebelo) geram distúrbios de planejamento motor alterando movimentos voluntários, os automáticos aprendidos, e distúrbios de natureza mental. Neurohistologistas Circuitos intrínsecos do cerebelo, permitindo o estudo de propriedades funcionais de cada tipo neuronal em vista de seus aferentes e o destino de seus axônios. Descobriu-se que existe um circuito básico igual a todas as regiões onde o processamento da informação é igual em todo cerebelo. O que diferencia, é o seu significado em função da origem das fibras aferentes que chegam a cada região cerebelar e o destino das fibras eferentes. Circuitos intrínsecos iniciam através das fibras que chegam a ele trazendo informações de fora. São conhecidos como musgosas e trepadeiras. As primeiras originam-se de neurônios dos vários núcleos com exceção do olivar inferior e são o principal sistema de informação do cerebelo. Essas fibras são ditas excitatórias que usam como neurotransmissor o glutamato. Essas fibras chegam por fim, ao córtex e emitem colaterais para os núcleos profundos logo que entram no cerebelo. Já as trepadeiras surgem justamente no núcleo olivar inferior, localizado no bulbo. São ditas também excitatórias, indo terminar no córtex. Existe também aferentes difusos inespecíficos no cerebelo que apresentam função motora. No córtex cerebelar as musgosas ramificam-se e fazem sinapses na camada granular. São organizações complexas e formam estruturas denominadas glomérulos que apresentam terminais musgosos, terminais inibitórios das células de Golgi e dendritos das células granulares. Todo esse complexo é envolvido por um envoltório de células gliais, que o envolve. Toda essa informação aferente ativa essa células granulares e estas projetam seus axônios para uma camada molecular, que formam um sistema de fibras paralelas que se finalizam ao longo do processo terminando sobre os dendritos de outro tipo neural. A célula de Purkinje, que é característico do córtex cerebelar. Essa célula também ativada pelas fibras trepadeiras que emergem dos núcleos Olivares inferiores e se enovelam, em torno do soma, dando origem a várias sinápses excitatórias. Cada célula de Purkinje recebe ativação excitatórias de ambos os aferentes, a direta de uma fibra trepadeira e indireta das fibras musgosas, por meio de vários axônios das células granulares. Essas células são inibitórias, possuindo o gaba como neurotransmissor. Seus axônios emanam para os núcleos profundos, formase aí, a saída final do córtex cerebelar para os núcleos Quase todos os axônios que surgem dos núcleos profundos do cerebelo são excitatórios (há alguns inibitórios que emanam a oliva inferior). Esses axônios é que dão a informação de saída, que o cerebelo manda para os vários núcleos motores, onde existe em cada um, um mapa somatotópico da metade ipsolateral do corpo. O sistema descendente medial é formado pelos núcleos vestibular e, os núcleos reticulares e o colículo superior e seus axônios, onde as informações saídas do vestíbulo-cerebelo e do espinocerebelo, controlam toda ação motora desse sistema, gerando equilíbrio e tônus muscular originando várias mudanças de posição da cabeça e do pescoço. Os núcleos vestibulares formam uma parte do sistema medial de comando motor, com isso colaboram com os ajustes posturais propiciados por informações que vem do labirinto. Como apresenta função de inibição, as células de Purkinje, quando ativadas, conseguem conter a ação motora dos feixes vestíbulo-espinhais. Lesões nesta área geram marcha e posturas atóxicas, alterando, quando parados, o equilíbrio, pois necessitam, de pernas afastadas para não cair. Existe também no sistema medial, uma parte constituída por núcleos reticulares. Neste, chegam axônios dos núcleos fastigais do cerebelo. Lesões ao nível do espinocerebelo, geram movimentos axiais atóxicos, pois, seus feixes retículo-espinhais não conseguem a modulação vinda do cerebelo. O colículo superior e seus axônios eferentes formam também o sistema medial. Este colículo recebe fibras do núcleo fastigal. Se ocorrer uma lesão nesta área, o indivíduo apresenta movimentos anormais nos olhos. Após vários estudos, fisiologistas chegaram a uma conclusão, onde se descobriu a participação do cerebelo em funções metais, pois ocorre aumento de sua corrente sanguínea na execução de tais funções superiores (linguagem, aprendizagem de movimentos, etc.). Descobriu-se também que os circuitos do cerebelo possuem plasticidade sinaptica (depressão de longa duração L+D) que se relaciona à memória. Chega-se então a seguinte conclusão, segundo Lent (p:410, 2004): “O cerebelo não seria apenas uma máquina de controle motor, mas também um instrumento de planejamento que contribuiria com a capacidade mental do indivíduo”. É importante dizer que os estudos continuam em busca de várias respostas, ainda em pesquisas onde futuramente, poderão substituir ou adicionar, as existentes até o momento. 1.2.5 Núcleos da base( Baseado em Roberto Lent,2004) São conjuntos de núcleos localizados em várias partes do sistema nervoso, apresentando ligações entre si e colaboram diretamente no controle motor. Apresentam origens no telencéfalo, diencéfalo e mesencéfalo. No telencéfalo apresentam o corpo estriado e o globo pálido, já no diencéfalo tem-se o núcleo subtalâmico e por fim no mesencéfalo que apresentam substancias negra que subdivide em parte compacta parte reticulada e área tegmentar ventral (Esta ultima se associa a outro sistema funcional). O corpo estriado que se localiza no telencéfalo apresenta aspecto rajado microscopicamente, ele possui uma relação muito importante com a cápsula interna, pois são seus feixes que separam o núcleo caudado do putamen morfologicamente. É na cápsula interna que se localiza o principal feixe de fibras que comunica o córtex com as regiões subcorticais. É de primordial importância, pois é justamente o corpo estriado que é a parte de entrada de todas as informações vindas do córtex para os núcleos da base, é justamente ele que distribui aos outros núcleos que farão controle dos movimentos e demais funções (núcleo caudado, núcleo putamen, núcleo acumbente e tubérculo olfatório, sendo que estes dois últimos se associam a outros sistemas funcionais. O globo pálido que também se localiza no telencéfalo recebe este nome por ser visto microscopicamente corado, sua localização é na posição ventral ao corpo estriado se subdivide em núcleo do globo pálido externo, núcleo do globo pálido interno, de onde este último parte axônios eferentes para o tálamo e ventral que se associa a outros sistemas funcionais. Esta é a fase final do processamento da informação que é concluído pelo núcleo da base. Os circuitos neurais envolvidos com o núcleo da base iniciam pelos aferentes do córtex cerebral, que emanam fibras ao corpo estriado de acordo com a sua região. Mandam para o núcleo caudado se forem de origem associativa, e as que vão para o núcleo putamen são de origem sensorial e motora. Todas são excitatórias e fazem sinapses dendriticas com a célula espinhosa média (neurônio). Estes processam a informação recebida e emergem axônios (inibitórios) projetando-os para o núcleo do globo pálido interno e a parte reticulada que faz parte da substância negra no mesencéfalo. Isto pode ocorrer de forma direta ou por uma sinapse feita através do núcleo do globo pálido externo. O núcleo do globo pálido interno é que realiza por sua ação de inibição a eferência para o tálamo. Já a substância negra reticulada é que faz a eferência para o colículo superior elaborando movimentos com os olhos. Todo este circuito neural que envolve o núcleo da base é conhecido de retroação, pois conecta o córtex cerebral com o córtex motor. Existem dois núcleos que pertencem ao núcleo da base que são satélites, pois se conectam com o principal. A substancia negra compacta tem ligação direta com o corpo estriado e o núcleo subtalâmico tem ligação direta com o núcleo do globo pálido externo. Neste circuito neural existe um elo talâmico em que ocorre ligação com quatro núcleos. Eles são núcleo ventral anterior, núcleo ventral lateral e por fim um par de núcleos ligados ao sistema límbico. No ventral anterior e lateral chegam axônios do núcleo profundo do cerebelo que fazem com que os núcleos ventral e lateral se conectem com as áreas: pré-motora do córtex motor e motor primário do córtex motor, enquanto que os outros núcleos relacionados ao sistema límbico se conectam com a área motora angulada do córtex motor. A função ainda é um enigma, sabe-se de sua participação do núcleo da base que é justamente iniciar e terminar o movimento onde justamente seus axônios eferentes que conteriam os movimentos indesejados e a necessidade de praticar um movimento é que inibiria esses axônios eferentes liberando o comando motor cortical para os ordenadores subcorticais. Importante frisar três grandes características do núcleo da base que o diferencia do cerebelo: Aferência cortical enquanto que o cerebelo recebe também aferência sensorial ou de regiões motoras subcorticais. Eferentes para o tálamo. Eferentes com ação inibitória, pois no caso do cerebelo são excitatórias . II-Desenvolvimento 2.1 Filogenético e ontogenético do ser humano A nível filogenético, ocorreram grandes conquistas pelo ser humano, dentre elas, a postura bípede, a praxia, a visão binocular, a linguagem falada, a escrita e sua cultura social que dão à espécie humana uma importância soberba pois o futuro desta espécie mostra a existência de um passado remoto. Na criança, para que entendamos o processo de maturação biopsicosocial, esta precisa passar por conquista internas e externas. Os fatores neurológicos que gerarão o desenvolvimento neuropsicomotor que são mielinização, o crescimento dentritico, circuitos interneurononais, eventos bioquímicos, etc. É necessária a existência de componentes biológicos com o envolvimento cultural que interage favorecendo e a aprendizagem que surge préestruturada. Em primeiro plano surge o desenvolvimento da unidade de vigilância que responde pela tonicidade postural e atencional dando base a propriocepção e a conquista vestibular da postura bípede (macromotricidade) a confiança gravitacional, além do conforto tátil, a partir de agora se desenvolvem as áreas sensoriais e motoras primárias, através da praxia fina e a visão binocular (micromotricidade) surgindo à relação ambjetal e afetiva, dando noção corporal e equilíbrio emocional surgindo à ontogênese não verbal. Na genética a informação e transdução bioquímica que ordena e organiza fatores inatos e adquiridos nas espécies, gera uma seqüência evolutiva de transformações anátomo-funcionais que geram no primata e no ser humano. Segundo FONSECA (p:12,1998), “No envolvimento da mão pré-estruturam-se os reflexos, ou seja, a memória da espécie. No envolvimento com a família desenvolvem-se as primeiras aquisições motoras e lingüísticas.no envolvimento com a sociedade, evoluem as primeiras aquisições psicomotoras e psicolingüísticas”. É importante mostrar que a motricidade situa-se antes dos pensamentos, pois o feto humano movimenta-se na barriga da mãe. Isso, sem falar, que o “amadurecimento” cerebral só acontece através da motricidade, pois sem movimento não há mielinização, maturação, concluindo que para haver cognição é primordial a motricidade. As estruturas associativas que modulam a motricidade, agora, são entendidas, elaboradas, reguladas, controladas, executoras e integradoras. A neomotricidade mexe com as formas de atividades psíquicas mais elevadas, dando formato e conteúdo. A motricidade no se humano apresenta a ação e a representação bem independentes, ou melhor, um aspecto motor e outro ideacional antecipativo. Apresentam um significado holístico do desenvolvimento humano. A ontogênese acontece a partir do desenvolvimento intra-uterino onde ocorre o encontro do óvulo com o espermatozóide gerando uma única célula: o Zigoto, onde há todas as informações genéticas que influenciarão seu desenvolvimento até os 16 anos. *Zigoto»»»Embrião»»»Feto»»»Prematuro»»»recém nascido»»»criança... Ocorre em três períodos: - Pré-embrionário (da concepção até o primeiro mês) - Embrionário (do primeiro ao segundo mês) - Fetal (do segundo ao nono mês) - Neonatal Toda esta transformação que ocorre desde o zigoto, é totalmente influenciada pelo genoma e o meio, que funcionam em conjunto até que ocorra a completa separação dos corpos da mãe e da criança. Para que aconteça a ontogênese da motricidade é necessário seguir alguns axiomas que irão intervir diretamente no desenvolvimento. Estes podem ser intrauterinos e extra-uterinos, e acontecem normalmente na evolução do ser humano. O período neonatal se inicia quando ocorre o nascimento. Agora a criança passa de um meio fluido, liquido amniótico, para um meio gasoso, o ar. Surgem novas descobertas e, com elas mudanças necessárias, tanto na respiração, como na circulação, digestão, o sensorial, e a reativação reflexiva motora. Após o nascimento observa-se a criança em todo o seu aspecto físico, nos reflexos, no tônus e na sua mobilidade espontânea. No recém inato, se evidenciam inúmeros reflexos e através deles ocorre um “amadurecimento” tônico. A ausência ou persistência de alguns reflexos pode gerar problemas no desenvolvimento, como exemplo: perturbações neurológicas. De acordo com o desenvolvimento do recém inato os reflexos desaparecem com o tempo fazendo com que daí para sempre dêem lugar às aquisições motoras. Através do tônus se evidenciam as conquistas motoras, sua maturação ocorre no eixo caudo-cefálico, contrário às aquisições que seguem o eixo céfalo caudal. Com esse impasse, descobre a idade fetal neurológica (Fonseca, 1998). Surgiram várias metodologias de desenvolvimento, porém uma das que mais chamaram atenção foi a de GESELL (GESELL in FONSECA 1998, p. 155), pois esta se direcionou em cinco elementos (maturação, diferenciação individual, leis de desenvolvimento, ritmo de desenvolvimento e setorização de comportamentos) primordiais. Como serão abordadas crianças menores de cinco anos, só alguns comportamentos serão mencionados. Dentre eles tem-se o adaptativo, que envolve o sensório motor e a percepção de reações, o motor global que envolve a postura e a marcha, o motor fino, preensão e dextrabilidade, o lingüístico, que abrange a concepção verbal e não verbal, finalizando com o pessoal social que abrange reação social de cada um à cultura social. São todos interdependentes e se maturam normalmente. Neste caso são formas de comportamento que se maturam e se integram. Conforme a criança se desenvolve e cresce, o seu comportamento a acompanha. Tudo acontece de forma harmônica, os seus movimentos não são contrários às idéias. Ocorre uma maturação evolutiva. O neurológico “SN e endócrino” e o social (integração, imitação, linguagem) formando uma unidade de evolução. Os músculos são instrumentos importantes por onde as pessoas se comunicam e demonstram suas idéias e suas emoções, percebendo-se então que através dos movimentos voluntários e sua postura, molda-se o psiquismo e a comunicação na criança. No que diz respeito à motricidade a sua influencia no comportamento do individuo esta diretamente envolvido com a corticalização gradual, além de ser a base do organograma mental. A existência da motricidade se dá desde o feto até a formação global do ser. É por meio do movimento que prende e solta estruturas, gerando um amadurecimento interno, promovendo assim conquistas progressivas e futuras. O conjunto do movimento gera uma unidade (Início + Fim) que acompanha o ser humano. De acordo com o processo maturativo, o individuo transforma o movimento a cada idade cronológica. Este passa a ter significados expressivos e bem enriquecedores, de acordo com a relação do individuo com o meio. É importante frisar que quando o movimento acontece de forma isolada, não haverá significado. 2.2 Desenvolvimento Infantil e Psicomotor “Cada criança é única. O esquema do desenvolvimento é comum a todas as crianças, mas as diferenças de caráter, as possibilidades físicas, o meio e o ambiente familiar explicam que com a mesma idade crianças perfeitamente normais possam comportar-se de maneiras diferentes. A criança que progrediu inicialmente muito rápido pode reduzir o seu ritmo e ser alcançada por aquela criança que parecia atrasada alguns meses antes”. (ALVES 2003, p 17.). A primeira infância é primordial para o desenvolvimento global do individuo. Sabe-se que o cérebro apresenta potencialidades enormes e também que a carga genética influencia em demasia, porém não se deve esquecer do ambiente e das pessoas que cercam o individuo desde a sua concepção. É todo um conjunto evolutivo tomando-se a isso inúmeros fatores. Nos primeiros anos de vida, um cérebro , tem 400 gramas, podendo chegar a 1 Kg, no indivíduo adulto. Este se desenvolve pelas variadas conecções que geram um emaranhado de informações variadas.Para que o ser humano consiga se desenvolver bem, este cérebro tem necessidade de estímulos, oriundos do meio que o cerca, porém excessos prejudicam. Todo e qualquer estímulo deve acontecer com equilíbrio, mas sempre incentivado. A evolução histórica cultural que aconteceu desde a época dos primatas até os dias de hoje, modificou o homem das cavernas ao homem contemporâneo. De um desenvolvimento pessoal, de uma personalidade única, onde o indivíduo amadurece por etapas (didático), desde a nascença à vida adulta. É uma cultura complexa por sua diversidade e riqueza no que diz respeito ao ser humano, porém as crianças se moldam, nos percursos da vida, mas se deve ter cuidado nos casos traumáticos, pois os danos podem não reverter. Vê–se a necessidade, de um ambiente acolhedor, aconchegante, cheio de carinho e com equilíbrio, com uma educação estimulante, sem exageros, que, muitas vezes, colaboram para amenizar os traumas. A própria criança modela o seu meio, fazendo com que seja agente diretos deste processo de desenvolvimento. Ela não é passiva ao seu desenvolvimento global, mas, é única,e nunca será igual a outra. É importante frisar que alterações que não percebidas no tempo devido, e, quando, não resolvidas de forma adequada, afetará as aprendizagens globais futuras. 0 à 3 meses Em vigília seu tônus é marcado, que geram flexões nos membros superiores e inferiores. Apresenta agitação quando está acordada e rotação na cabeça. Logo de início apresentam reflexos primitivos (moro, encurvação do tronco, alongamento cruzado de membros inferiores e de marcha), até um mês os reflexos não são coordenados com informações e sentidos. Alguns movimentos de orientação de olhos e cabeça, principalmente na direção da luz, descobre as mãos.Coordena visão aos poucos nas quatro posições, seu olhar agora fala. Sorrisos vocalizações e mímicas.Reações circulares com as mãos, pegam objetos, agora, a cabeça já firma, levanta o tronco. Aqueles primeiros reflexos somem com exceção da marcha automática e do reflexo de moro, que ainda persiste um pouco mais. Repetem o que gostam às vezes, é através de suas informações sensoriais, que, iniciam sua coordenação. Surgem as reações circulares primárias. 4 à 6 meses Ocorrem importantes modificações, seu tônus agora colabora para uma amplitude maior, a hipotonia chega aos membros, dando maior agilidade. Seu eixo corporal, o seu tônus ativo e seu equilíbrio, apresentam melhora, percebe-se que a cabeça está bem firme. Mãos coordenadas, surge a preensão voluntária, o controle visual aumenta, as mãos já coordenam separadamente. Surgem posturas de compensação de eixo corporal, juntamente com seu equilíbrio. Senta com suporte, fica de bruços, e de costas logo em seguida. Quanto ao ambiente natural sente a brisa e percebe a sombra (Celso Antunes, 1999, p.21). Na fase sinestésico corporal, brinca com chocalho e o pé vai a boca, puxa e arrasta qualquer coisa. 7 à 9 meses A lei céfalo caudal faz com que ocorram evoluções na mielinização.Melhora o controle tônico postural, sustenta seu corpo com apoio, mas não consegue realizar só. Na descoberta do espelho se identifica.Através da boca, quer conhecer o mundo.Dá tchau e bate palmas.Surge a reação de para - quedas como proteção, inicia sua própria proteção em reações de desequilíbrio. Descobre objetos bem pequenos, faz pinça, solta um objeto para pegar outro e explorá-lo. As vocalizações iniciam, de forma simples, e, variada, sem significado (balbucio).Na fase pré - objetal, surge uma simbiose afetiva da criança em relação à mãe que supre todas as suas necessidades. É através dela como mediadora que vivencia o seu emocional. A criança liga o prazer à mãe, e a frustração quando ela está ausente. É a angustia. A mãe é a base inicial simbólica. 10 meses à um ano e três meses As mãos livres para explorar o mundo que a cerca, mexer em tudo, conhecer objetos antes inatingíveis,agora sua locomoção é quadrúpede pode engatinhar de joelhos ou na planta dos pés,com muita rapidez, iniciam ensaios para ficar na postura bípede( de pé ), fica de pé com apoio, até que aos poucos se liberte dele, e com seu equilíbrio em ordem inicie a marcha.Suas descobertas são bem ampliadas.Inicia-se a fase final da lei céfalo -caudal, surgindo a lei próximo–distal. Dá-se início a motricidade fina. Já percebe algumas partes do seu corpo e brinca com o espelho aos poucos, descobre o todo e se fascina. Já consegue falar até cinco palavras, com significados, mas é importante frisar que a sua linguagem interior é muito mais ampla, do que a expressiva, conhecimento do seu corpo (ex: mão, pé,...) e da área sensório-motora que atua. Quanto ao ambiente natural, percebe animais e plantas é generosa e carinhosa com crianças e animais.Não gosta de ficar só e dá beijos em suas relações.No sinestésico corporal pode folhear livros e revistas (Celso Antunes, 1999, p.21). 2 anos Antes o interesse era nas pessoas, agora recai sobre os objetos, uma curiosidade enorme, surge então atividades perceptomotoras, gerando praxias surgindo funções de ajustamento. Agora a criança descobre o peso e a resistência. Ao adulto só resta respeitar “o princípio do prazer”, e, sobretudo colaborar com situações que favoreçam a criança dando valor as suas conquistas, lógico que no momento de perigo, deve-se impor limites, com isso a criança vivencia um novo princípio, “o principio da realidade”, que controla seus impulsos. Já corre e coordena movimentos óculo-pedais Entende o espaço que está no espelho mais ou menos aos 2 anos e meio, adquire autonomia ,para comer, e, beber sem ajuda. Quanto a higiene há controle diurno dos esfíncteres. Surge brincadeiras com cubos, elaborando a função práxica construtiva.Ocorre maior controle visual no desenho, o movimento é impulsivo. É o olho que segue a mão, com domínio sobre as coordenações finas distais, nesta fase pintar é de primordial importância. Utiliza frases mais completas (palavra-frase). Jogos de imitação melhoram a função de ajustamento. Conversam e respondem, perguntas, surge o plural e mais de 500 palavras. Na visão de Celso Antunes (p.21,1999), no que diz respeito à lógica e a matemática, percebe a ocorrência de fatos, mesmo que não queiram.Já no sinestésico corporal, anda de triciclo, faz esportes simples, já segura o lápis.Sua atenção é maior.Ouve e cria histórias.Nas relações, é a fase do “não”. A nível espacial acreditam em mitos (Papai Noel,...). A criança demonstra pensar com a sua musculatura. 3 anos Aos 3 anos sua postura é perfeita, seu equilíbrio amadureceu, já fica estático,seus gestos já são dissociados( membros superiores e membros inferiores).Come só, e, de forma harmônica.Seu grafismo de corpo humano é representado através de um círculo, com olhos, nariz e boca, além de dois traços saindo deste círculo, representando as pernas. A criança vivencia a etapa do corpo vivido, onde mistura vivências emocionais, deste corpo e do meio que o cerca, surge daí praxias, dando a ela a noção de que seu corpo é um objeto na relação. Este momento é paralelo à crise da personalidade, onde ela é o centro e daí tudo acontece. É o equilíbrio afetosensório-motor que é a base, para o espaço temporal (Le Boulch, p69, 1992). Na visão de Le Boulch (1992), a praxia aperfeiçoou-se bem, já a gnosia ainda é bem crua. Em relação ao espelho, ela começa entender que o que ela sente é o mesmo que ela vê.A imagem própria é grosseira em sua visão.Ocorre a estruturação das percepções do meio externo, influenciando na percepção do seu corpo.Surge a consciência segmentar deste corpo com seu interior. De acordo com o que vê relaciona esta imagem a sensações sinestésicas com sons, fase analítica, início da organização do esquema corporal. Ocorre a dissociação motora, sua imagem corporal é mais afetiva (“corpo fantasma”).Dá-se inicio aos jogos simbólicos, sem ligação com o real, só para satisfação pessoal. É a mudança do mundo mágico para o organizado e bem estruturado. Através do corpo a criança mostra seu emocional consciente ou não.O período pré-escolar é onde ocorre a mudança do estado topológico para o espaço euclidiano. É a percepção e estruturação do esquema corporal. Os desenhos são exercícios percepto motores, traduzindo toda sua vivencia passada. Seus personagens são desenhados em qualquer direção, só há preocupação na forma. Início da compreensão da gramática. Quanto a higiene ocorre controle diurno e noturno dos esfíncteres. Para Vítor da Fonseca (1998), seus movimentos são harmoniosos e rítmicos. Seu quadro motor de uma forma geral favorece a eclosão sensória motora, com isso influencia o ambiente que o cerca, podendo optar pela maneira de agir. Na visão de Celso Antunes (p:19, 1999), é a etapa da auto-afirmação.Na área musical, entende os sons e associa a quem os emite, já na matemática percebe o que é fino, grosso, largo, estreito curto e comprido.No social já é mais independente dos pais Quanto à imaginação, descobre monstros nas histórias, e adoram quando eles são vencidos.No desenvolvimento físico, demonstram que com o crescimento se alongam, com isso, o motor grosso (pular, correr,...), e, o fino (copiar abotoar...), acompanham e amadurecem. 4 anos Na visão de Vítor da Fonseca (1998), suas funções motoras globais e fixas, estão bem dominadas. Ocorre diferenciações, em sua linguagem. Tem-se o préoperacional. Narcisista, dá-se início de sua personalidade emergente. No seu grafismo representa o ser humano, desenha círculo para a cabeça, com olhos, nariz, boca, orelha, cabelo, depois outro círculo será o tronco de onde saem os braços e as pernas. Para Le Boulch (1992), a partir de agora os desenhos são figurativos e já mostram a questão da orientação das figuras ao meio. Apresenta confusão só em direcionar o corpo humano, que é desenhado de frente, com comprimento e altura, já os bichos aparecem de perfil (frente, costas). Identifica ângulos, o quadrado é diferente do círculo, porém é confundido com o retângulo. Surgem as dimensões (comprimentos e ângulos). Aos poucos identifica as diferenças entre quadrado e retângulo, identifica triângulos e diferencia círculos. Descobre a reta, dando noção de eixo. Já brincam em grupos de dois, três, ou, quatro, porém o grupo não é estável. Até agora o trabalho motor e sinestésico, tem tido prioridade em relação aos visuais e topográficos, isso se deve à aquisição da dominância lateral segundo De Ajuriaguerre (in Le Boulch,1992). Surgem os primeiros conceitos de forma e cor. Celso Antunes (p. :19, 1999) diz que na lingüística a criança já fala mais ou menos 10000 palavras. Na questão musical, diferencia os ruídos e sons, além de reconhecer sons de instrumentos musicais.Já na matemática percebe o significado de conjuntos e grandezas, na questão da imaginação, descobre os super-heróis e os amigos imaginários. Para R. L. Selman (in L. Boulch, 1992) Inicia o egocentrismo. Jean Piaget (in L. Boulch, 1992) Diz que para a criança a sua forma de pensar e seu julgamento são iguais para todos. 2.3 Elementos básicos da psicomotricidade no desenvolvimento 2.3.1 Esquema corporal É um elemento básico na formação da personalidade do indivíduo, é através dele que a criança se descobre e descobre o mundo através do seu corpo, que aos poucos lhe dá autonomia. Segundo Wallon (in F. Alves, 2003) é através do saber desse corpo que a criança adquire autonomia para seu conhecimento interior e suas relações com o meio, ou seja, de forma global, científica e diferenciada, deste corpo ela relaciona-se. “Esquema corporal é a integração das sensações relativas ao próprio corpo, em relação aos dados do mundo exterior” (P. Vayer, in Alves, p48, 2003) A criança que vivencia, diferencia e controla o corpo, tem já elaborado, a sua percepção corporal, o seu equilíbrio, a sua lateralidade, independência de membros, controle muscular e da respiração. (F. Alves, 2003). O esquema corporal se desenvolve em três etapas, o corpo vivido, até os três anos, o corpo percebido de três a sete anos, e por fim o representado, dos sete aos doze.(F.Alves, 2003). 2.3.2 Imagem corporal “A absoluta imagem do corpo é função da organização das emoções, o que naturalmente implica e exige, a relação com o outro, isto é, implica um determinado tempo e momento”.(F. Alves, p55, 2003). “A imagem corporal diz respeito aos sentimentos do indivíduo em rela ção a estrutura de seu corpo como bilateralidade, lateralidade, dinâmica e equilíbrio corporal” (F. Alves, p53. 2003). É relacionada com os sentimentos que abordam o indivíduo em torno desse corpo, mexe com o seu interior. 2.3.3 Coordenação geral e facial segundo F. Alves(2003) É através dela que ocorre a evolução da cognição, do psicomotor e do afetivo no ser humano. Para que haja uma boa coordenação de forma geral há necessidade de uma harmonia, além de um sincronismo muscular, caso a primeira infância não seja bem estimulada poderão ocorrer déficits. Tipos de coordenação: -Motora fina: É segmentar, faz uso das mãos, realiza atividades complexas com precisão. Faz uso de pequenos grupos musculares; -Motora ampla: Movimentos amplos, a princípio não são dissociados, só mais tarde; -Visomotora: coordenação da visão com os movimentos efetuados; -Audiomotora: Através do estímulo auditivo pode modificar o movimento; -Facial: Através da face, pode-se comunicar e expressar, através da mímica facial. A sucção, a mastigação e a deglutição, também fazem parte, só que agora referem-se a sobrevivência. 2.3.4 Equilíbrio Não há movimento corporal sem equilíbrio, a coordenação global depende dele, este pode ser estático, são os movimentos sem locomoção, e dinâmico, qualquer movimento com locomoção. “A manutenção dum corpo na posição normal, sem oscilações ou desvios. Igualmente entre forças opostas. Estabilidade mental e emocional”(prof. Aurélio in F. Alves,p60,2003). 2.3.5 Lateralidade “É a generalização da percepção do eixo corporal a tudo que cerca a criança” (F. Alves, p66, 2003). “A lateralidade é importante na evolução da criança, pois influi na idéia que a criança tem de si mesma, na formação de seu esquema corporal, na percepção da simetria de seu corpo, contribuindo para determinar a estruturação espacial (percebendo seu eixo corporal)” (F. Alves, p67, 2003). Problemas de lateralidade levam a problemas futuros na escola. Esta só se completa ao fim da primeira infância. 2.3.6 Estruturação espaço –temporal É a relação do corpo com o meio, das pessoas com os objetos, e, com, o tempo. É a organização do indivíduo com o mundo. Corpo, espaço e tempo são fundamentais, nesta estruturação com o mundo, e não funcionam dissociados. 2.3.7 Pré-escrita Após as aquisições necessárias, quando já se tem um controle gestual, espacial e temporal, tem-se a base para a fase da escrita, ou melhor, escolar. III- Distúrbios neuropsicomotores(baseado em, José E. e Coelho M.T.,1999) Qualquer distúrbio psicomotor influenciará na organização do esquema corporal, podendo também em alguns casos, afetar a estruturação espacial e temporal, porém são bem amplos e variados os casos, com, conseqüências para toda uma vida, seja no comportamental, psicológico, social, orgânico, etc..., caso, não educado ou reeducado, onde uma coisa simples, pode se tornar uma bola de neve. As seguintes perturbações podem ocorrer: Motoras - Atraso no desenvolvimento motor - Grandes déficits motores - Problemas de equilíbrio - Coordenação - Sensibilidade Intelectuais - Debilidade leve - Debilidade moderada - Debilidade Severa Esquema Corporal - Motor - Intelectual - Afetivo Lateralidade - Motoras - Neurológicas - Sociais - Psicológicas Estruturações Espaciais - Má integração do esquema corporal - Perturbações de lateralidade - Manipulação de objetos - Psicológicos Orientação Espacial - Motoras - Psicomotoras - Psicológicas Grafismo - Coordenação motora - Rigidez ou crispação de dedos - Psicológico Perturbações Afetivas -Família Antes de qualquer distúrbio deve-se saber o que é psicomotricidade, para entender o que eles acarretam e como somá-los. Segundo Pick e Vayer(in L. Boulch,1992) existe um estreito paralelismo entre o desenvolvimento das funções motoras e o desenvolvimento das funções psíquicas. É a relação entre o pensamento e a ação envolvendo a emoção. É uma perfeita interação entre o controle mental e a expressão motora. O desenvolvimento psicomotor evolui paralelamente ao desenvolvimento mental. Sem o suporte psicomotor o pensamento não poderia chegar ao uso e compreensão dos símbolos e abstração. É uma determinada organização funcional da conduta e da ação. Para a SBTP – Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora, “psicomotricidade é uma ciência cujo objetivo de estudo do ser humano , através de sua relação com seu mundo interno e externo, assegurando através de sua corporalidade e da consciência de si mesmo a sua unidade como pessoa. É uma ciência subdividida por outras, biologia, psicologia, sociologia, neurologia, filosofia, psiquiatria, etc( Fonseca,1998). Função da Psicomotricidade Intervir sobre o corpo, através de situações vivenciadas, para estimular a organização cognitiva, perceptiva e possibilitar a readaptação funcional dos músculos e da maturidade relacional. Objetivo da Psicomotricidade Contribuir para tomada de consciência da realidade pessoal do indivíduo, possibilitando a este assumir o seu próprio crescimento psíquico, valorizar a disponibilidade, a perfeição de ajustamento, a autonomia e o investimento relacional, tendo em vista uma melhor adaptação ao meio. Existem distúrbios de conduta evolutiva que se evidencia por uma série de problemas que se apresentam durante a infância, ocorre desvio das normas de conduta pré-estabelecidas que uma criança em seu desenvolvimento apresenta em relação ao ambiente familiar, com significados para si própria dos sons; do motor; do afetivo e do social. O crescimento e a maturação devem equilibrar-se. Têm-se também distúrbios do desenvolvimento que afetam a conjugação das áreas psíquicas e neurofisiológicas. Os distúrbios psiconeurológicos, pois em sua maioria são determinados por disfunções cerebrais mínimas ou por maturidades neurológicas além de uma dificuldade de adaptação e ajustamento da criança em relação ao meio. Podem ser por causas orgânicas (mielinização tardia), e, por causas funcionais (ambiente hostil, rejeição, superproteção) que geram alterações de conduta. Os transtornos psicomotores são as dificuldades apresentadas, mesmo aquelas de fundo neurológico ao conjunto da história da criança, seu contexto sócio-educativo. Tais transtornos são: de atitude, paratonia, sincinesias, lateralidade e instabilidade. Atitude – identificado como hábito de postura relacionado ao desenvolvimento psicológico infantil. É relacionado a um aspecto de comportamento geral onde uma ação reflete o seu eu. Paratonia – é a persistência de rigidez muscular particular, está relacionada com o tônus de base e a maturação nervosa. São insuficiências de inibição motora. Conforme o crescimento infantil os movimentos musculares voluntários se reorganizam a medida que a criança se desenvolve, pode acontecer em crianças normais, com melhor resultado, e crianças com síndromes neurológicas, e de origem psico-afetivo. São variados, porém só tem em comum a ligação com o comportamental infantil, a relação com o outro. Sincinesias – são movimentos involuntários, que acompanham os movimentos voluntários. Podem ser de reprodução e tônica. A primeira desaparece de acordo com o desenvolvimento cronológico. A tônica o aumento é ausente nas idades de 6 a 10 anos, às vezes aos 12. Ambas através de intervenção por desejo resolvemse de forma gradativa, através da musculatura. Quando se consegue intervir por meio da consciência infantil chega-se a um controle dessas contrações, mesmo na ausência de algum movimento indevido. Nos casos através da indução da criança por meio da percepção ao controle de seu corpo conjuntamente as posturas, a respiração leva a um desaparecimento das sincinesias em todos os casos, mesmo nos casos neurológicos, pois estão ligados a evolução do esquema corporal. Lateralidade – predomínio infantil e geram problemas de estruturação espacial e problemas na escrita, leitura e ditado; circundados por fracassos e problemas afetivos. Neste caso pode-se educar o corpo de forma global, que os problemas serão sanados. No início do desenvolvimento infantil normal existem algumas atividades motoras primitivas que são ditas patológicas. Rítmicas, limitadas em um processo sensório-sensitivo-motor, as simples. E as complexas, que se juntam e se completam pela ambigüidade e suas relações. Instabilidade – pode ser subcoréica, quando não se consegue controlar os movimentos (neuro-motora), e a afetivo-caracterial relativa as confusões de personalidade (psico-afetivo). Geram fadiga e transtornos de atenção podendo ser profundos. Como causa pode-se dizer da carência de atividades lúdicas (sócioeconônicas) entre outras. Acontecem na infância. Em todos os casos independentes de serem neurológicos ou não ficam evidente dois aspectos de forma permanente que são o esquema corporal, e relacional com seu “eu”. 3.1 Hábitos Motores Persistentes 3.1.1 Ritmias Motoras São processos motores ou psicomotores mais ou menos regulares, de forma brusca e com amplitude variável dependendo do caso. Podem ser ritmia cefálica (cabeça), ritmo óculo-cefálico (cabeça e olhos) e ritmo céfalo-corporal (cabeça e tronco) (M Schater, in José E. e Coelho M.T.,1999). Segundo R S Lourie(in José E. e Coelho M.T.,1999), esse processo atinge crianças normais em maior freqüência e mostrou que as partes do corpo envolvidas dependendo grau de desenvolvimento neuromotor tudo isso é interrompido de dois anos e seis meses a três anos, porém, poucos casos vão dos os oito a dez anos. São movimentos que persistem e aumentam nas mudanças posturais antes de serem adquiridas. Balanceios infantis regridem entre nove meses e dois anos, pode ocorrer que aos três, quatro e cinco anos existam crianças ainda com esse problema. Alguns autores deixam claro que este fato acontece mais em crianças hipertônicas e são balanceios prematuros, que chega a dois anos e meio, o que não acontece com as hipotônicas que apresentam balanceios raros, com surgimento bem mais demorado e duração curtos. Para R S Lourie( in José E. e Coelho M.T.,1999), tais movimentos acontecem por necessidades do instinto da satisfação além de facilitar o desenvolvimento motor e que forma o ego, transformando depois em expressão emocional. Existe, também, as ritmias, tanto de dia como de noite, elas diminuem o nível de consciência realizando em um momento uma auto-hipnose e no outro através de movimentos libera sua ansiedade. 3.2 Hábitos Motores Pessoais 3.2.1 Head Banging São cabeçadas em qualquer superfície sólida próxima no momento, bem barulhenta, acontecem sem horário previsto e podem acontecer de sessenta a oitenta cabeçadas por minuto, com duração de quinze a sessenta minutos, percebe-se que existem movimentos que acompanham este. Inicia aos oito meses durando até os dezessete meses. Desaparecem com o passar do tempo, mas, em alguns casos persiste além dos quatro anos, às vezes até aos dez. Não passam da pré-adolescência. Esse problema ocorre em crianças que são muito pouco estimuladas afetivamente, pela mãe, a criança passa por alguns processos de isolamento, e a mãe não sabe se relacionar com os filhos. 3.2.2 Tricotilomania É o impulso irresistível de arrancar cabelos, tais distúrbios aparecem após trauma do couro cabeludo, puramente ligada, ao emocional. 3.2.3 Onicofagia Hábito de roer unhas, seu ápice é aos onze e treze anos, em geral são hiperativos, autoritários e guardam sentimentos. Apresentam pequenos distúrbios de comportamentos. Na verdade tem instabilidade psicomotora com tensão e ansiedade e aflições do seu meio relacional ocasionando a onicofagia. Para L Bovet(, in José E. e Coelho M.T.,1999) a onicofagia é uma descarga motora primitiva, com movimento pulsional, movimento fenômeno motor. Naquele momento é a solução para as aflições. Já S A Shentoub(, in José E. e Coelho M.T.,1999), diz que é uma conduta agressiva, mas com sentimento de culpa, sendo agressivo consigo mesmo, é uma autopunição. Por anos as descargas motoras foram consideradas patologias, porém, descobriu-se que era comum acontecer no desenvolvimento normal da criança. É usado o termo de atividade auto-erótica para a sucção, a masturbação, os balanceios, e, as cabeçadas. Percebe-se que alguns levam ao prazer do corpo e outros a agressões neste próprio corpo. São comportamentos onde as manifestações são por meio da motricidade, fazem uso do corpo desde que seja para formação da personalidade. Há hábitos motores que surgem no desenvolvimento entre eles, têm-se as descargas exploratórias que geram conhecimento do corpo, descargas rítmicas redutoras da tensão, que levam a criança ao isolamento e descargas autoofencivas rítmicas ou não rítmicas. Tais comportamentos podem ser desvios no desenvolvimento, como também posem colaborar, isso depende do momento. Podem vir através do lúdico pela realização por ela ou virarem uma briga intrapsíquica. Considera-se como patologia quando não adicionam estímulos positivos e geram prazer virando situações estereotipadas impossíveis de serem mudadas. 3.3 Tiques “Execução súbita e imperiosa, involuntária e absurda, repetida a intervalos irregulares, porém próximos de movimentos simples, isolados ou complexos em seu conjunto, que representam objetivamente um ato adaptado a um fim determinado” ( R Cruchet,p. :224 , in José E. e Coelho M.T.,1999). Para que ocorra, existe a necessidade de não se reprimir, porém à vontade e a distração acabam com ele, alem do que no período do sono ele aumenta. Características: - Brusquidão de movimentos - Bruscos - Abruptos - Variáveis de uma criança para outra e também na mesma pessoa - Inoportuno - Estéril - Incompleto - Variam em circunstância, posições e situações. Eles podem ser, faciais, de cabeça e pescoço, de tronco e de membros, respiratórios, de fonação e verbais além dos digestivos. Os faciais são mais vistos e aparecem em qualquer ato funcional que interfira em sua musculatura. “O tique é vivenciado, diz ele, como uma necessidade imperiosa de executar um ato, necessidade que se impõe como obsessão e cuja realização provoca uma satisfação” excessiva “, deslocada” (H Meige e E. Feindel,p. :225 in José E. e Coelho M.T.,1999). É importante frisar que o indivíduo tem vergonha e não gosta da observação do outro no momento.O diagnóstico se baseia em suas próprias características da execução de movimentos e no eu interno desse indivíduo. O diagnóstico diferencial se dá inicialmente com os movimentos coreicos que se diferenciam pela impossibilidade de inibir da coréia e de sua evolução. Já com os movimentos conjuratórios dos psicatênicos são movimentos simples que acontecem em intervalos regulares e acontecem na cabeça e no tronco. As clonias deferem pelo seu contexto clínico, já os espasmos faciais se diferenciam pelas sincinesias, como elas iniciam o espasmo e como será controlado. Início tardio. A epilepsia bravais – Jacksoniana quando levam a tiques unilaterais se diferem também. Os hábitos motores e manipulatórios com o corpo, estes iniciam de forma mais precoce, não tem brusquidão, tem que ter preparação, a duração é maior e são complexos: A duração a intensidade e o movimento variam e se repetem, além de controle voluntário. Seu início é por volta dos seis e oito anos, pode também na puberdade. Em sua etiologia têm-se alterações emocionais, distúrbios de linguagem, de defecção, sintomas obsessivos, hipocondríacos, cólera e depressão. Algumas teorias tentam explicar a patogenia entre elas tem-se a orgânica, as psicogenéticas e as psicomotoras. Existe tratamento psicomotor que levam a redução da instabilidade pela associação. O relaxamento psicoterápico ocorre com bons resultados. Em qualquer tratamento deve-se descobrir o foco e direcioná-lo além de apoio de outros profissionais. 3.4 Debilidade Motora “Interrupção do desenvolvimento funcional, cuja equivalência nos primeiros anos de infância, mas que não se baseia no estudo genético coerente que permita distinguir o que é patológico do que é fisiológico em uma determinada idade”, ( p. :233, José E. e Coelho M.T.,1999). Segundo A Collin, (in José E. e Coelho M.T,p. :233, 1999), “Síndrome infantil normal psiconeuromuscular”. A sintomatologia na neuropsiquiatria da criança é valorizada de acordo com a idade cronológica além da evolução do sintoma no tempo. A personalidade, as sincinesias (de difusão tônica, a de difusão tônico cinética e a imitativa do movimento) modificações no corpo (partes) as reações tônicas, maturação do sistema nervoso, reflexos de rótula e do aquileu com exceção de alguns casos e por fim sinal de weel. Como exemplo psicomotoras, de inibições, debilidades inaptidões de motoras têm-se origem as emocional, instabilidades distúrbio de lateralização, dispraxias de evolução, algumas disgrafias, alguns tiques, tartamudez.. Como exemplo de debilidade psicomotora citam-se as paratonias para que possa se demonstrar que a terapia psicomotora tem como objetivo a organização do esquema corporal, modificando globalmente esse corpo inclusive suas percepções e emoções, atua nas vivências e no eixo de orientação, ( José E. e Coelho M.T.,1999). 3.5 Síndrome Hipercinética Tratada como distúrbio do comportamento surgiram hipóteses patogênicas e opiniões de tratamento bem pessoais para vários estudiosos. Já foi descrita a hipercinesia como sintoma de uma total desorganização de várias outras patologias (Síndrome impulsiva hipercinética da criança hiperativa, Síndrome coreiforme, distúrbio de caráter,...) já os franceses a colocaram como síndrome de instabilidade psicomotora (distúrbio da conduta e do comportamento além de ligações com distúrbio de aprendizagem). Já 1957 foi dita sintomática, mas em 1966 mudou para sindrômica. Surge uma síndrome com características de desorganização total, mas com uma hiperatividade, instabilidade e impulsividade bem destacadas. 3.6 Distúrbios( DCM) Primeiro foi conhecida como lesões cerebrais mínimas, mas esse nome foi modificado para disfunção cerebral mínima. • Características - Distúrbio do comportamento motor, hiperatividade e alterações na coordenação. - Distúrbio da atenção e perceptivos. - Distúrbios de aprendizagem escolar. - Distúrbios do controle dos impulsos. - Alterações das relações interpessoais. - Distúrbios afetivos. P H Wender( in José E. e Coelho M.T,p.: 241,1999), separa pelos sintomas neurológicos, se é leve, ou, importante, e, com o somatório de interações orgânicas e psicogenéticas. DCM reativa não há questão neurológica e sim comportamental em relação aos ambientes e seus conflitos psíquicos. DCM sintomática ligam-se a um retardo mental, uma esquizofrenia. Os autores apresentam posições diferentes onde um grupo acredita limitar este diagnóstico hipercinético onde o grave liga-se a outros elementos. Já outro grupo a hipercinesia liga-se aos distúrbios psicológicos. No geral o cognitivo na integração conceitual é precário e as hiperativas fazem estratégias e solucionam seus problemas de forma não tão rápidos como os outros. Valorizam pela idade individual e evolução. Não há lesão neurológica nos estados hipercinéticos e nos dias de hoje é chamada de disfunção cerebral. Seria uma disfunção no metabolismo da norepinefrina de origem genética no sistema de vigília, da sensibilidade. É importante frisar que só o eletro sem considerar as perturbações tônico-motoras, psicomotoras e afetivas não tem calor, só o conjunto identifica, independente do nome dado a com uso de medicações psicotônicas (anfetaminas, ocorreram melhoras). Apesar das várias opiniões e estudos sobre o assunto o que se pode dizer é que quanto aos distúrbios psicomotores em seu conjunto varia do neurológico e o psiquiátrico entre e que se deseja e o que sofre em relação as vivenciadas. Não se deve dizer que a hipercinesia é puramente motora, nem colocá-la, nos variados comportamentos sem levar em consideração a afetividade e as relações com o ambiente. 3.7 Distúrbios da Realização Motora Distúrbio da eficiência motora na desorganização das praxias. Tanto as encefalopatias, como retardo motor e mental. O retardo das evoluções acompanha a inteligência elaborando assim um paralelo no psicomotor. 3.8 Apraxias Infantis Apraxia das realizações motoras acontece sem alteração do esquema corporal, mas em paralelo ao déficit motor neurológico podendo atingir a organização motora. Ocorre falta de coordenação com movimentos lentos e desajeitados. Apraxia construtiva: Acontece isoladamente, junto a uma lateralidade mal estabelecida, dificuldade de gnosia nas extremidades distais, dificuldade em gestos. 3.9 Cinesias Espaciais Desorganiza o gesto em paralelo a falta de organização do esquema corpora. Interfere na seqüência elementar da execução da tarefa. Dificuldades de atar, abotoar e ordenar a roupa. Quanto ao esquema corporal, não conseguem apontar as partes do corpo em alguns casos. Apraxias especializadas direcionam-se a uma parte do corpo ou a parte gestual, estas, são a apraxia facial, postural, objetiva e verbal. Os distúrbios práxicos ocupam área intermediária onde se combinam gestos e atitudes o que interfere é a pré-figuração do ato na concepção espacial e temporal. Já, as dispraxias, que são os distúrbios das apraxias não é a desintegração da função realizada. Neurologicamente tem-se um, onde, as crianças apresentam dificuldades motoras explicadas psicologicamente, e, outro, onde, só se percebe a problemática, quando se exige precisão nas tarefas executadas. Há casos onde o psicológico é afetado, é bem mais complexo, onde se afeta muito o esquema corporal. 3.10 A Escrita e seus Distúrbios Tanto a escrita como o grafismo depende da execução motora para que dê forma a escrita e praxia e linguagem e depende de organização da motricidade e de uma coordenação fina além da área espacial que envolve. Na escrita considera-se a força, a coordenação e a organização dos movimentos, rapidez, ritmo e forma. É um movimento direcionado com organização. Quando a escrita é deficiente, onde a criança não apresenta problemas neurológicos e nem intelectivos, diz que é disgráfica, são crianças impulsivas, às vezes lentas. IV - A relação do brinquedo com a aprendizagem Esse texto é baseado em monografia, in Figueiredo,1998. Todo brinquedo é educativo, ou seja, sempre há em qualquer brinquedo um conjunto de relações implícitas ou explícitas a serem assimiladas ou transformadas pela criança. Contudo ela tenderá a assumir com plenitude suas mais significativas funções educativas, na medida em que engendrar mistérios capazes, de sugerir diferentes recriações por parte da criança. O brinquedo estimula a inteligência porque faz com que a criança solte sua imaginação e desenvolva a criatividade. Ele proporciona o aprender fazendo-o para ser o melhor, o mais proveitoso e conveniente, oferece atividades dinâmicas e desafiadoras, que exigem participação ativa da criança. As situações problemas contidas na manipulação de certas matérias se estiverem adequados às necessidades do desenvolvimento da criança, fazem-na crescer através da procura de soluções e de alternativas, mas ao mesmo tempo possibilita exercícios de concentração e de atenção. Distrai porque oferece uma saída para a tensão provocada pela pressão do contexto adulto, possibilita exercícios de atenção e concentração, porque leva a criança a absorver-se na atividade. Pode-se aumentar gradativamente a capacidade para a criança permanecer em uma mesma atividade fornecendo-se inicialmente, brinquedos que exijam menos tempo para que as atividades sejam realizadas e, à medida que a criança consegue executá-las, oferecer jogos que solicitem maior tempo de utilização. Com conseqüência da realização de uma atividade agradável e que provocou concentração, a criança fica mais calma e relaxada. Para que um brinquedo seja significativo para a criança, é preciso que tenha pontos de contatos com sua realidade. V-A Importância do brincar no desenvolvimento psicomotor. Esse texto é baseado em monografia, in Figueiredo,1998. Segundo a visão de Helena Saldanha Marinho, é através do ato de brincar que a criança cria condições de desenvolver as suas próprias potencialidades e de descobrir o mundo, criando soluções, fantasias, aguçando sua curiosidade, expressando seus sentimentos. É nesse momento que os sonhos surgem, e a imaginação vai longe, tudo é festa, é alegria. A partir desse momento a criança expressa o seu eu, sua personalidade, cria socializações com o outro. Em todo o momento que a criança brinca ela aprende, se desenvolve. É o cantar, fantasiar, deixar a imaginação aflorar, é certo que cada vez mais esse espaço fica restrito, mas isto serve de alerta para que se encontre alternativa para o desenvolvimento infantil ser completo, pois brincar é vital para o desenvolvimento infantil. No momento do brincar a criança exercita o cérebro, desenvolve sua linguagem, expressa sentimentos, descobre seu eu, seus limites, frustrações, alegrias e aprende a competir. O brincar inicia desde o nascimento, a princípio funciona o binômio mãebebê, e aos poucos isso é ampliado. Esse brincar colabora com o desenvolvimento global e é essencial para um bom desenvolvimento psicomotor. O corpo e a mente necessitam de vivências lúdicas. É através do brincar que a psicomotricidade, encontra formas de relação entre adultos e crianças, sem contar que através desse trabalho lúdico e espontâneo por parte da criança, podem-se traçar metas e colaborar precavendo e tratando as dificuldades das crianças principalmente no que diz respeito à coordenação global e harmonia corporal. Pode-se desenvolver trabalhos com inúmeras brincadeiras e que apresentam ganhos incríveis, o trabalho psicomotor pode ser desenvolvido através de parlendas, travalínguas, advinhas, provérbios, construção de brinquedos com sucata, fórmulas de escolha, jogos,etc.... VI- Educação e Reeducação Psicomotora Quando se fala de educação psicomotora, fala-se de todo e qualquer aprendizado individual ou coletivo que acontece com o ser humano; é uma abrangência global a nível biopsicosocial maturacional evolutiva. No caso da reeducação é primordial, quando necessário, fazê-la o mais precoce possível para que se consiga adquirir estruturas motoras e intelectuais corretas. Caso o tempo passe e demore a fazer a reeducação, com certeza, o quadro dessa criança piora progressivamente, pois o seu desenvolvimento se torna cada vez mais desastroso e o meio vai cobrar dessa criança, fazendo com que ela se angustie cada vez mais; o seu psíquico será bastante afetado. A negligência dos responsáveis nesses casos, deixa nítido o abandono a elas na sua dificuldade de viver. Nos casos afetivos é primordial a reeducação. É necessário diagnosticar as causas e tudo que envolve a criança inclusive suas carências afetivas, antes de se iniciar a reeducação, pois será através dessa reeducação que a criança desabrochará para a vida ficando feliz onde quer que esteja. Antes de qualquer coisa é necessário que o psicomotricista consiga, a princípio com muito cuidado, o contato inicial que deve ser gradativo, afetuoso, respeitando, sobretudo a criança, no seu limite. E nada mais afetuoso de que carinho e à atenção através do lúdico, do brincar, dividindo a mesma brincadeira. Caso contrário, à criança criará um bloqueio que não permitirá o acesso, e uma boa construção, na reeducação. Na faixa etária de 2 a 4 anos, a criança se prepara para a pré-escola, o mundo para ela aumenta de forma gradativa. É esta a etapa do corpo vivido, onde a criança organiza o seu eu através do seu esquema corporal onde se deve deixá-la descobrir os movimentos e as potencialidades do seu corpo de forma livre através do andar, do correr, dos saltos, jogos com bola, equilíbrio, trabalhar a inibição motora, a harmonia desse corpo. É importante usar também brinquedos que chamam atenção da criança (boneca, bola, jogos de encaixe,...) direcionando-os através do brincar ao seu objetivo. Depois dessa etapa inicial de esquema corporal, quando a criança conhece partes do corpo e consegue se colocar neste ambiente pode-se ir para a segunda etapa que é a orientação espaço temporal, onde já aos quatro anos apura os sentidos do olfato gustativo, auditivo e tátil. Inicia-se também o aprendizado da propriocepção onde internamente ela passa a reconhecer seus movimentos. Como exemplo temos a brincadeira do escultor onde o terapeuta a molda com os seus olhos fechados para que ela sinta seu corpo e reproduza em seu interior. Pode-se trabalhar também a lateralidade, que se inicia também aos quatro, onde ela descobrirá aos poucos seu lado dominante, de forma que o equilibre com o não dominante. Deve ser feito de forma lúdica onde são usados pulos, corridas, jogo da amarelinha, jogos com enfoque aos membros superiores. Outra etapa importante, nessa reeducação quando necessária é a questão da estruturação espacial que nesta faixa etária inicia o conhecimento das noções espaciais, que a princípio é fazer com que essa criança identifique e conheça o ambiente em que esta. As noções de situação (ex: dentro/fora; longe), de tamanho, de posição, de movimento, de formas, de quantidade, também são importantes. Deve-se trabalhar com materiais concretos que façam com que a criança perceba diferenças nas espessuras, formas, cores, tamanhos, trabalhar as progressões (altura, tamanhos,...) Aos quatro anos iniciam-se as noções de situação de plano, trabalha-se através de loto de posições. Já as situações de três dimensões, como as noções de perspectiva. Trabalham-se também reproduções, reconstituições, através de desenho, quebra cabeça. É o início também da orientação espacial, pois ela aprendeu as denominações usadas, agora se deve orientar-se e estabelecer em relação às coisas. Surge a noção de fila. A memória espacial se inicia nesta fase também por isso pode-se trabalhar através de brincadeiras com dança, corrida, pulos, ou melhor, com o seu próprio corpo. Deve-se também brincar com o ambiente, memorizando-o. A memória perceptiva é iniciada nesta fase, nela se trabalha com o ambiente e objetos, tirando-os para que a criança descubra qual é, pode-se fazer esta mesma, só que com crianças em grupo. A questão da organização espacial nesta fase esta sendo iniciada também, agora é preciso combinar as diversas orientações, os espaços são prédeterminados. A orientação temporal na questão da ordem e sucessão (antes, depois, primeiro, segundo,...), faz uso de ontem, hoje e amanhã, reconstitui e reproduz as ordens das coisas, do que é pedido (vista, escutadas, ouvidas,...). Arrumar na ordem cronológica os fatos, perceber o tempo de duração, aprendizagem da hora. Associações de materiais com períodos (manhã, noite, estações). Usar o quando na interrogativa, sempre através do lúdico. O ritmo através de sons, marchas. A pré-escrita também se inicia nesse final de etapa onde as crianças devem trabalhar a força muscular, a flexibilidade articular para que possa entrar bem estruturada na escrita propriamente dita. Deve-se trabalhar cada articulação (ombros, punhos, dedos) de forma lúdica, a plasticina (massinha) é uma excelente aliada. Depois de bem trabalhado é que se inicia o grafismo, onde, a princípio, trabalha-se com traçados na horizontal, vertical, quadrado, semicírculos, círculos. Como já foi dito, ao ser reeducar uma criança antes de qualquer coisa é necessário observá-la, analisá-la, descobrindo as causas para daí direcionar a reeducação. É uma análise ampla e que deve ser feita de forma criteriosa. Na psicomotricidade os transtornos apresentam necessidade de uma educação, e até mesmo uma reeducação. 6.1 Transtornos Motores Atraso no desenvolvimento psicomotor. • Sintomas: Debilidade intelectual que leva a um atraso motor psicológico. • Reeducação: É baseada em estímulos sensórios-motores, estímulos motores por movimentos e amparado sempre pelo afeto. Deve-se trabalhar também a percepção desse corpo em relação ao mundo. Não esquecendo nunca o esquema corporal. 6.2 Grandes Déficits Motores Por paralisias, hemiplegias,... • Sintomas: Causas neonatais. • Reeducação: Deve-se incentivar a se aproximar do normal, respeitando seus limites através da consciência do esquema corporal e o seu eixo, trabalha-se também a estruturação espacial. A nível motor trabalhar o “corpo vivido”( L. Boulch,1992), através de destrezas e coordenação. A nível corporal trabalha-se esquema corporal, e com desenhos para perceber como é para ele o problema, e sua evolução com o trabalho psicomotor. A lateralidade, que ajudará no eixo corporal. Ao nível de estruturação espacial, pois ela não tem uma boa integração do lado que está afetado. 6.3 Transtornos no Equilíbrio • Sintomas: Motores – por problemas de fundo neurológico e sensibilidade proprioceptiva. Psicológicas – insegurança, afeto, falta de concentração. •Reeducação: Deve-se trabalhar a propriocepção, o equilíbrio, o corpo de forma global, nunca deixando de dar segurança e afeto. 6.4 Transtornos de Coordenação • Sintomas: Subjetivos – falta de gestos harmônicos, desajeitada, habilidades manuais falhas. Objetivos – descronometria (atraso de desencadeamento do movimento quando pára). - dismetria (não localiza o movimento) • Hipermetria = passa do ponto • Hipometria = não chega ao ponto - assinergia (incoordenação de movimentos) - adiadococinesia (dificuldade de fazer movimentos alternados. • Causas: neurológicas – vestibulares ou cerebelosas. sensibilidade – superficial ou profunda. psicológica – ansiedade, insegurança. • Reeducação: Trabalha-se a confiança em seus movimentos, através de movimentos globais, coordenação e motricidade fina, além de exercícios preparatórios da pré-escrita. 6.5 Transtornos de Sensibilidade Quando a criança não executa gestos que mostramos, só pelo espelho, derruba objetos quando segura, costuma torcer os tornozelos, é sensível ao contato. Acriança pode apresentar dificuldade ou inabilidade. • Sintomas: Não consegue se fixar, nem executar nenhum movimento com os olhos fechados. Não localiza sensações táteis, não reconhecem formas, nem objetos desenhados em suas mãos. • Causas: Motoras ou Neurológicas. • Reeducação: Exercícios de reconhecimento interno, tátil, posições, equilíbrio, coordenação, destreza, exercícios com olhos vendados,... 6.6 Transtornos Intelectivos Podem ser leves, moderados e profundos, sempre demonstram realizações de idades menores que a sua. • Causas: Neonatais, alcoolismo, encefalite, meningite, hemorragia cerebral. • Reeducação: Exercícios motores amplos, memória de identificação sonora, tátil. Transtornos de Esquema Corporal • Causas: Motoras, intelectuais e afetivas. • Reeducação: Trabalhar o esquema corporal de acordo com a necessidade da criança baseando-se na afetividade. Trabalha-se também a lateralidade, estruturação espacial e temporal. 6.7 Transtornos de Lateralidade • Causas: Motoras, neurológicas, sociais e psicológicas. • Sintomas: Problemas de direita e esquerda, desajeitada usa as duas mãos para realizar a tarefa (não tem preferência), insegura na escolha. • Reeducação: Trabalhar a lateralidade, no seu lado dominante, gestos no espelho, esquerda/direita, discriminação visual, direção gráfica. 6.8 Transtornos da Estrutura Espacial • Causas: Má integração do esquema corporal, problemas de lateralidade, psicológica. • Reeducação: Exercícios de estruturação espacial, porém deve-se direcionálos ao tipo de problema que acontece com a criança. A criança provavelmente terá problemas na organização da matemática e concordância verbal. 6.9 Transtornos de Orientação Espacial • Causas: Motoras – ritmo respiratório irregular, problemas auditivos. Psicomotoras – orientação e organização espacial. Psicológicas – afetividade. • Reeducação: Será feita por meio da orientação espacial dependendo do quadro apresentado. 6.10 Transtornos do Grafismo • Causas: Incoordenação motora, rigidez dos dedos, transtornos afetivos. • Causas: Ambiente familiar, escolar. • Reeducação: Baseia-se na afetividade. Conclusão No decorrer deste trabalho fica claro como a atuação psicomotora é fundamental na educação e na reeducação psicomotora. É colocado também, a importância da detecção dos problemas o mais precoce possível, sem que haja a omissão, ou, mesmo, negligência dos responsáveis pela criança que devem conduzi-las a um profissional para identificar o problema e encaminhá-la à terapia quando necessário. O desenvolvimento do ser humano é fabuloso, pois inúmeras descobertas são feitas a cada dia e quando este ser tem todo um estímulo biopsicosocial favorável amparado na afetividade as descobertas fluem de forma espantosa. A criança deve desde seu nascimento ser estimulada sob todos os aspectos e não tolhida nem privada principalmente das relações afetivas e do lúdico para que possa explorar o mundo que a cerca organizando-se e situando-se no mundo. Finalizando, pode-se dizer que o desenvolvimento neuropsicomotor é muito importante, pois além de todos os benefícios já mostrados, sobretudo, deixa a criança feliz. Bibliografia ALVES, Fátima. Psicomotricidade :Corpo ação e emoção. RJ: Wak,2003 ANTUNES, Celso. Jogos para a Estimulação das Inteligências Múltiplas. Petrópolis: Vozes, 1999. A de Meur e L Staes. Psicomotricidade – educação reeducação. São Paulo: Manole, 1984. CANONGIA, Marly Bezerra. Psicomotricidade em Fonoaudiologia. 1986. FONSECA, V. da. Psicomotricidade – Filogênese, Ontogênese e Retrogênese. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. HERREN & HERREN. Estimulação Psicomotora Precoce. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. JOSÉ, Elisabete Dafunção,e, COELHO, Maria Teresa, Problemas de aprendizagem/ Série educação,SP:Editora :Ática,1999. LE BOULCH, J. O Desenvolvimento Psicomotor do nascimento até 6 anos Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. LE BOULCH, J. Rumo a uma ciência do movimento humano. Editora Artes Médicas Sul Ltda. Porto Alegre: 1987. LEBOVICI, S.;DIATKINE, R. Significado e função do brinquedo na criança. 3 ed. Porto Alegre: Artes Médicas LENT ROBERTO, Cem bilhões de neurônios – conceitos fundamentais da neurociência. Ed. Atheneu. São Paulo, 2004. MACHADO, Ângelo. Neuroanatomia Funcional. RJ: Atheneu. 1988. MARINHO, Helena Saldanha. Brincar e Reeducar. Rio de Janeiro: Revinter. 1993. OLIVEIRA, Paulo Salles. O que é o brinquedo? 2 ed. São Paulo: brasiliense,1989. Índice Introdução Capítulo I Bases neurológicas 1.1 Sistema nervoso 10 10 1.1.1 Nervos cranianos 17 1.1.1.1 Sensibilidade 17 1.1.2 Tronco cerebral 33 1.1.3 Sistema Nervoso Central 36 1.1.3.1Homeostasia e ou homeostase 40 1.1.4 Sistema Nervoso Autônomo 41 1.2 Sistema motor 43 1.2.1 Tônus 48 1.2.1.1 Função Tônica 50 1.2.2 Músculos 51 1.2.3 Movimentos 52 1.2.4 Cerebelo 56 1.2.5 Núcleos da base 60 Capítulo II Desenvolvimento infantil 62 2.1 Filogenético e ontogenético 62 2.2 Desenvolvimento infantil e psicomotor 66 2.3 Elementos básicos da psicomotricidade no desenvolvimento 72 Capítulo III Distúrbios neuropsicomotores 75 3.1 Hábitos Motores Persistentes 79 3.1.1 Ritimias Motoras 79 3.2 Hábitos Motores Pessoais 80 3.2.1 Head banging 80 3.2.2 Tricotilomania 80 3.2.3 Onicofagia 80 3.3 Tiques 81 3.4 Debilidade Motora 83 3.5 Síndrome Hipercinética 84 3.6 Distúrbios( DCM). 84 3.7 Distúrbio de Realização Motora 85 3.8 Apraxias infantis 86 3.9 Cinesias Espaciais 86 3.10 84 A escrita e seus distúrbios. Capítulo IV A relação do brinquedo com à aprendizagem Capítulo V 88 A importância do brincar no desenvolvimento psicomotor 89 Capítulo VI Educação e reeducação psicomotora 89 6.1 Transtornos motores 92 6.2 Grandes déficits motores 92 6.3 Transtorno de equilíbrio 92 6.4 Transtorno de coordenação 93 6.5 Transtorno de sensibilidade 93 6.6.Transtornos intelectivos 94 6.7 Transtorno de esquema corporal 94 6.8 Transtorno de lateralidade 94 6.9 Transtorno de estruturação espacial 95 6.10 Transtorno do grafismo 95 Conclusão 96 Bibliografia 97 Índice 98